3. Livro Um Corpo Estranho - Guacira Lopes Louro

November 23, 2017 | Author: juscost | Category: Homosexuality, Queer Theory, Michel Foucault, Lesbian, Homophobia
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©

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2004,

by Guacira

Lopes Louro

Capa Jairo Alvarenga

Fonseca

(Sobre cartografia fotografia

interior

nO 9. acetato e

a cor tipo C - 1995 de Tatiana

Parcero)

Revisão Vera Lúcia

De Simoni

Castro

2004 Todos os direitos Nenhuma

no Brasil reservados

parte desta publicação

eletrônicos,

Autêntica

pela Autêntica

Editora.

poderá ser reproduzida,

seja via cópia xerográfica

sem a autorização

seja por meios mecânicos,

11

prévia da editora.

Editora

7

Viajantes pós-modernos Uma política pós-identitária para a educação

Belo Horizonte Rua São Barto lorneu,

160 - Nova Floresta - 31140-290

Te!: (55 31) 3423 3022 - TELEVENDAS: www.autenticaedito

ra.corn.br

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/ e-mail: [email protected]

Marcas do corpo, marcas de poder

São Paulo Rua Visconde 01.303.600

de Ouro

Preto. 227 - Consolação

- São Paulo/SP

Louro, L892u

Guacira

Um corpo

- Te!.: (55 lI)

3151

2272

Lopes estranho

- ensaios sobre sexualidade

uacira Lopes Louro. - Belo Horizonte:

Autêntica,

e teoria

queer

2004.

96 p. ISBN 1

"E stran h"ar o curncu / 1o

85-7526-116-9

.Educação

sexual.

I.Tículo. CDU

613.88

I

Estes textos carregam rastros da teoria queer, Dela aproveitam conceitos, estratégias, figuras teóricas, Estão, contudo, de pretender

explicá-Ia ou descrevê-Ia, Querem

longe

ter a liberdade

dos ensaios, porque são "prosa livre que versa sobre um tema sem sgotá-lo" e porque se constituem num exercício, numa espécie de

xperimentação.

A irreverência e a disposição antinorrnalizadora

da teoria

quccr me incitam a jogar com suas idéias, sugestões, enunciados C;I

rcstá-los no campo (usualmente

no~malizador)

(,,10, "11.1

1\"(' pretendeu negar.

lIillll1l1!.

I hl IIIIlIhém os que se demoram 1111'111"

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11111

11(' M'

no espaço "entre" dois ou mais lu-

nbandonam

',1dl'ix;\1l1ficar numa espécie de esquina ou encruzi1',111'1 ido com o que acontece aos membros de gru-

11\" 1111111','.

11(

111I.l1ll'l1 temente em trânsito, sobre os quais se

11!lI. 1 I.III\() () 'ele onde você é?', mas o 'entre onde í \.111'1 lIi !1111111,

p . .37). A fronteira é lugar de relação, 11/:1111('1)( o c con fron to. Ela sepa 1';1 c, ao

\1(1 I, U

d(' sexualidade talvez não "escolham" livremente essa traves-

I'flfJ

si:I, eles podem se ver movidos para tal por muitas razões,

I!II11hl~!1I

18

na fronteira, aqueles e

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onr.u o culturas

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IClII\1de I r:lllsgrcssi\() I'

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,~\t1IV('rs;\O.

ilícito circula ao longo da fronteira. Ali os enfrentamentos ostumam ser constantes, não apenas e tão somente através da luta ou do conflito cruento, mas também sob a forma da críti-

propositalmente

ambígua em sua sexualidade e em seus afetos.

Feita deliberadamente

de excessos, ela cncarna a proliferação e

vive à deriva, como um viajante pós-moderno.

ca, do contraste, da paródia. Quem subverte e desafia a fron-

Talvez seja uma espécie de nômade e, se assim o for, dela se

teira apela, por vezes, para o exagero e para a ironia, a fim de

poderia dizer que só tem "estadia provisória, via de passagem.

tornar evidente a arbitrariedade das divisões, dos limites e das

Seu próprio território é construído constantemente

separações. Por isso, a paródia que arremeda os "nativos" do

mento" (PEIXOTOapudLoPES, 2002, P: 183). O nômade é uma

"outro" lado, que embaralha seus códigos com os "desse lado",

ficção política e uma "figuração", ele se distingue do migran te c

que mistura e confunde as regras, que combina e distorce as

,11)exilado (BRAIDOTTI,2002). Para Rose Braidotti, o migrante

linguagens é tão perturbadora. Ela se compraz da ambigüidade,

11;11\ um "itinerário" de deslocamento entre sua terra natal e ou-

da confusão, da mixagem.

11(l Illgar que o recebe. Seu processo é o de recorrer a seus valo-

Para as fronteiras constantemente

vigiadas dos gêneros e

da sexualidade, a crítica paródica pode ser profundamente

pelo movi-

I'.·'~'k origem, ao mesmo tempo em que tenta se adaptar aos do

sub-

1111',;11' dl' acolhida. O exilado, por sua vez, é obrigado a se sepa-

versiva. Em sua "imitação" do feminino, umadrag queen pode

1\11,nulirnlmcnte, do lugar de origem e a ele não pode retomar.

ser revolucionária.

Como uma personagem estranha e desor-

~!lll'l\lllIh().~,migrante e exilado, lidam com lugares de algum

deira, uma personagem fora da ordem e da norma, ela provo-

tilll,lll (1X!l~."O nômade, por outro lado, se posiciona pela re-

ca desconforto, curiosidade e fascínio. De que material, traços, restos e vestígios ela se faz? Como se faz? Como fabrica seu corpo? Onde busca as referências para seus gestos, seu modo de ser e de estar? A quem imita? Que princípios ou normas "cita" e repete? Onde os aprendeu? A dragescancara a construtividade dos gêneros. Perambulando vel, confundindo que a fronteira

e tumultuando,

por um território inabitásua figura passa a indicar

está muito perto e que pode ser visitada a

Hi'til,

I I i,

111(' t!1'scnnstrução de qualquer senso de identidade fixa 0.1 til I

li 'li Íi 111~j I'" ( I"

"(litl

nômade !lVI

tem a ver com transições e passagens, sem

\'1'111

inados ou terras natais perdidas" (BRAIDOTI"I,

111 uu.ulcs estão sempre no meio", eles "não têm pas(lilllln,

iiili,di1t

1(\111 apenas devires", "não têm história, ape-

(I )1.:1 1',\1/,1':

C PARNET,

1998, p. 41).

fVf,l1f:(1I11 1'1,ll'SS:\S representações para pensartam-

ela se satis-

1j(1Ii)~11',lltl'I',II·ivos de gRD, James. Routes. Trauel and translation in the late tu/entieth 11111,1",\: l lnrvard University Press, 1997. 111 1 I' \ l/E,

Cilles; PARNET, I 1111" I ,'~I 111.1,1998.

Claire. Diálogos. Trad. EloísaAraújo

Ribeiro.

SilO

I n \lI(! 1',1\, 101[\
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