Download 3. Livro Um Corpo Estranho - Guacira Lopes Louro...
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2004,
by Guacira
Lopes Louro
Capa Jairo Alvarenga
Fonseca
(Sobre cartografia fotografia
interior
nO 9. acetato e
a cor tipo C - 1995 de Tatiana
Parcero)
Revisão Vera Lúcia
De Simoni
Castro
2004 Todos os direitos Nenhuma
no Brasil reservados
parte desta publicação
eletrônicos,
Autêntica
pela Autêntica
Editora.
poderá ser reproduzida,
seja via cópia xerográfica
sem a autorização
seja por meios mecânicos,
11
prévia da editora.
Editora
7
Viajantes pós-modernos Uma política pós-identitária para a educação
Belo Horizonte Rua São Barto lorneu,
160 - Nova Floresta - 31140-290
Te!: (55 31) 3423 3022 - TELEVENDAS: www.autenticaedito
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Marcas do corpo, marcas de poder
São Paulo Rua Visconde 01.303.600
de Ouro
Preto. 227 - Consolação
- São Paulo/SP
Louro, L892u
Guacira
Um corpo
- Te!.: (55 lI)
3151
2272
Lopes estranho
- ensaios sobre sexualidade
uacira Lopes Louro. - Belo Horizonte:
Autêntica,
e teoria
queer
2004.
96 p. ISBN 1
"E stran h"ar o curncu / 1o
85-7526-116-9
.Educação
sexual.
I.Tículo. CDU
613.88
I
Estes textos carregam rastros da teoria queer, Dela aproveitam conceitos, estratégias, figuras teóricas, Estão, contudo, de pretender
explicá-Ia ou descrevê-Ia, Querem
longe
ter a liberdade
dos ensaios, porque são "prosa livre que versa sobre um tema sem sgotá-lo" e porque se constituem num exercício, numa espécie de
xperimentação.
A irreverência e a disposição antinorrnalizadora
da teoria
quccr me incitam a jogar com suas idéias, sugestões, enunciados C;I
rcstá-los no campo (usualmente
no~malizador)
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1\"(' pretendeu negar.
lIillll1l1!.
I hl IIIIlIhém os que se demoram 1111'111"
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11111
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no espaço "entre" dois ou mais lu-
nbandonam
',1dl'ix;\1l1ficar numa espécie de esquina ou encruzi1',111'1 ido com o que acontece aos membros de gru-
11\" 1111111','.
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111I.l1ll'l1 temente em trânsito, sobre os quais se
11!lI. 1 I.III\() () 'ele onde você é?', mas o 'entre onde í \.111'1 lIi !1111111,
p . .37). A fronteira é lugar de relação, 11/:1111('1)( o c con fron to. Ela sepa 1';1 c, ao
\1(1 I, U
d(' sexualidade talvez não "escolham" livremente essa traves-
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si:I, eles podem se ver movidos para tal por muitas razões,
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18
na fronteira, aqueles e
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ilícito circula ao longo da fronteira. Ali os enfrentamentos ostumam ser constantes, não apenas e tão somente através da luta ou do conflito cruento, mas também sob a forma da críti-
propositalmente
ambígua em sua sexualidade e em seus afetos.
Feita deliberadamente
de excessos, ela cncarna a proliferação e
vive à deriva, como um viajante pós-moderno.
ca, do contraste, da paródia. Quem subverte e desafia a fron-
Talvez seja uma espécie de nômade e, se assim o for, dela se
teira apela, por vezes, para o exagero e para a ironia, a fim de
poderia dizer que só tem "estadia provisória, via de passagem.
tornar evidente a arbitrariedade das divisões, dos limites e das
Seu próprio território é construído constantemente
separações. Por isso, a paródia que arremeda os "nativos" do
mento" (PEIXOTOapudLoPES, 2002, P: 183). O nômade é uma
"outro" lado, que embaralha seus códigos com os "desse lado",
ficção política e uma "figuração", ele se distingue do migran te c
que mistura e confunde as regras, que combina e distorce as
,11)exilado (BRAIDOTTI,2002). Para Rose Braidotti, o migrante
linguagens é tão perturbadora. Ela se compraz da ambigüidade,
11;11\ um "itinerário" de deslocamento entre sua terra natal e ou-
da confusão, da mixagem.
11(l Illgar que o recebe. Seu processo é o de recorrer a seus valo-
Para as fronteiras constantemente
vigiadas dos gêneros e
da sexualidade, a crítica paródica pode ser profundamente
pelo movi-
I'.·'~'k origem, ao mesmo tempo em que tenta se adaptar aos do
sub-
1111',;11' dl' acolhida. O exilado, por sua vez, é obrigado a se sepa-
versiva. Em sua "imitação" do feminino, umadrag queen pode
1\11,nulirnlmcnte, do lugar de origem e a ele não pode retomar.
ser revolucionária.
Como uma personagem estranha e desor-
~!lll'l\lllIh().~,migrante e exilado, lidam com lugares de algum
deira, uma personagem fora da ordem e da norma, ela provo-
tilll,lll (1X!l~."O nômade, por outro lado, se posiciona pela re-
ca desconforto, curiosidade e fascínio. De que material, traços, restos e vestígios ela se faz? Como se faz? Como fabrica seu corpo? Onde busca as referências para seus gestos, seu modo de ser e de estar? A quem imita? Que princípios ou normas "cita" e repete? Onde os aprendeu? A dragescancara a construtividade dos gêneros. Perambulando vel, confundindo que a fronteira
e tumultuando,
por um território inabitásua figura passa a indicar
está muito perto e que pode ser visitada a
Hi'til,
I I i,
111(' t!1'scnnstrução de qualquer senso de identidade fixa 0.1 til I
li 'li Íi 111~j I'" ( I"
"(litl
nômade !lVI
tem a ver com transições e passagens, sem
\'1'111
inados ou terras natais perdidas" (BRAIDOTI"I,
111 uu.ulcs estão sempre no meio", eles "não têm pas(lilllln,
iiili,di1t
1(\111 apenas devires", "não têm história, ape-
(I )1.:1 1',\1/,1':
C PARNET,
1998, p. 41).
fVf,l1f:(1I11 1'1,ll'SS:\S representações para pensartam-
ela se satis-
1j(1Ii)~11',lltl'I',II·ivos de gRD, James. Routes. Trauel and translation in the late tu/entieth 11111,1",\: l lnrvard University Press, 1997. 111 1 I' \ l/E,
Cilles; PARNET, I 1111" I ,'~I 111.1,1998.
Claire. Diálogos. Trad. EloísaAraújo
Ribeiro.
SilO
I n \lI(! 1',1\, 101[\