3. ÉTICA ESPORTIVA

March 22, 2019 | Author: Ricardo Assis Dos Santos | Category: Association Football, Sports, Doping In Sport, Sociology, Morality
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3. ÉTICA ESPORTIVA 3.1. DEFINIÇÃO "Segund "Segundoo Ferrei Ferreira ra (1986), (1986), ética ética sig signif nifica ica o "estud "estudoo dos juízos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto." Dentro desta conceituação, quando Ferreira se refere a determ det erminad inadaa socied sociedade, ade, pod podemo emoss direci direcioná oná-la -la para para o caso caso esp especí ecífic ficoo do esporte, possibilitando-nos uma abordagem sob o aspecto ético. Os sociól sociólogos ogos colocam colocam a ética ética com comoo um atribut atributoo ind indisp ispens ensáve ávell à prática das atividades esportivas de forma limpa, honesta e bonita, chegando mesmo ao extremo de considerar que o esporte praticado sem os postulados da ética mais se parece com as manifestações "esportivas" da Roma antiga. Naturalmente que não chegamos a tanto, porém, dentro de uma ordem normal, a falta de ética na pratica esportiva representa um passo em direção ao delito, ou seja, a ocorrência da transgressão. Esta, à luz da sociologia traduz-se num misto de desvio, desobediência civil e crime, mas no meio esportivo primeiramente se constitui numa desobediência às regras, um desvio, para posteriormente ser enquadrada como desobediência civil e até crime, dependendo da sua gravidade. (...) Tubino (1992) (...) [definindo a ética no esporte]: "Ciência da conduta moral das pessoas nas práticas desportivas". Referenciado neste princípio ético do associacionismo surgiram os clubes e as federações nacionais e internacionais, que viriam a consolidar a institucionalização esportiva (...). O humanista Pierre de Coubertin viria a enriquecer a ética esportiva. (...) A gentileza do atleta numa competição de esporte coletivo, como o futebol, o basquetebol, o handebol, ao estender a mão para auxiliar um adversário a se levantar (...), o cumprimento do vencedor ao vencido e vice-versa (...) situam-se como exemplos significativos da ética esportiva. Entretanto, a correção, a lealdade e a elegância do atleta (...) representam ações em que a ética está permanentemente presente no campo esportivo." (Adaptado de Análise de condutas éticas e anti-éticas na prática desportiva. José Maurício Capinussu, Revista da Educação Física número 128, 2004 - UFRJ).

3.2. CÓDIGO MUNDIAL ANTIDOPING: ÉTICA E FAIR PLAY NO ESPORTE OLÍMPICO 3.2.1. Introdução A nova ordem internacional no combate e prevenção ao doping, com o advento do Código1 (World AntiDoping Agency, 2003), é reflexo do recente salto evolutivo dado pelo homem no domínio de novas tecnologias e da crescente tomada de consciência ética para o respeito aos Princípios Fundamentais da Carta Olímpica, ou seja, um posicionamento sobre a relação do doping com valores tais como o esforço próprio, o valor educativo do bom exemplo, o respeito aos princípios éticos fundamentais e o fair play. Este ensaio tem por objetivo abordar a ética e o fair play à luz do Código, da Agência Mundial Antidoping (AMA/WADA) do Comitê Olímpico Internacional (COI), e sua relação com a eqüidade e os princípios fundamentais da Carta Olímpica a partir da premissa de que é a "atitude ética, antes de tudo, um dever-ser no mundus sportivus, sem necessitar exacerbar distinções, diferenciações ou discriminações" (Puga, 2002). Sendo o doping fundamentalmente contrário ao espírito esportivo, pois não leva em conta os interesses de todos os que forem por ele afetados, sua ocorrência gera desigualdade. Destarte, o Código visa a proteção do direito fundamental dos atletas de participar de atividades esportivas isentas de doping e garantir a eqüidade e a igualdade de oportunidades no esporte e a preservação da saúde dos atletas. Com o escopo de consolidar o direito ao esporte sem doping e considerando-se que a razão de ser do esporte somente é respeitada quando todos os atores do esporte são responsavelmente solidários pelo fair play, o que pressupõe a consciência desta realidade, conclui-se que a formação de todos os atores do esporte deve fundamentalmente compreender e projetar todos os aspectos educacionais que encontrem fulcro na tecnologia da 'ética esportiva'. A iniciativa do ensaio se justifica porquanto a complexidade do tema aliada às novidades introduzidas pelo Código podem efetivamente representar aos atores do mundo esportivo o risco de violação de regra antidoping por falta de informação. Por outro lado, visa-se através desta proposta buscar a redução da incidência de atitudes que retirem do Esporte sua credibilidade, com todas as repercussões de ordem moral e econômica decorrentes. 3.2.2. Ética, Fair play e Educação Em que pese a necessidade da referência a conceitos relacionados à ética e à ética esportiva, não constitui objetivo deste ensaio o aprofundamento da discussão sobre esta que é uma das mais vastas áreas do conhecimento. Destarte, abordar-se-á o tema com as definições a seguir descritas. De todas as abordagens da Ética, para Singer (1993, p. 19) o que elas têm em comum é mais importante que suas divergências. Assim, "a ética se fundamenta num ponto de vista universal, o que não significa que um juízo ético particular deva ser universalmente aplicável", mas que, ao emitir-se juízos éticos, deve-se extrapolar eventuais preferências ou aver aversõ sões es para para que que se poss possaa cheg chegar ar ao juíz juízoo univ univers ersal aliz izáv ável el,, "ao "ao pont pontoo de vista vista do espectador imparcial". E isto pressupõe a consideração eqüitativa de todos os interesses

relevantes afetados por determinada decisão (ibid, pp. 19/20), ou, nas palavras de Kant (1991, pp. 84/85), "que possa ser tal máxima uma lei universal e, portanto, que a vontade, pela sua máxima, possa considerar-se a si própria ao mesmo tempo como universalmente legisladora". A ética esportiva, ou fair play, é, por seu turno, influenciada por duas grandes tradições: as da ética e as do esporte. Isto porque o esporte tem tradições éticas próprias, uma lógica de competição própria e valores próprios aos quais os juízos éticos se relacionam de modo também particular (Wada, 2003). O fair play, enquanto elemento de Educação Olímpica e valor central do Olimpísmo, pode também ser "referido como espírito esportivo, jogo limpo, legal, honesto, correto, propõe-se como uma estratégia de educação de valores éticos e morais" (Constantino, 2001. p. 261). Nesta ordem de idéias é possível compreender o fair play como algo que, muito além do respeitar das regras, "cobre as noções de amizade, de respeito pelo outro, e de espírito esportivo". É necessário entendê-lo como um "modo de pensar, e não simplesmente um comportamento" pois o desporto é uma "atividade sócio-cultural que enriquece a sociedade e a amizade entre as nações" sendo também considerado como uma atividade que, quando exercida de maneira leal, permite ao indivíduo conhecer-se melhor, exprimir-se e realizar-se; desenvolver-se plenamente, adquirir uma arte e demonstrar as suas capacidades. O desporto permite uma "interação social, é fonte de prazer e proporciona bem-estar e saúde, além de contribuir para o desenvolvimento  As brigas no Hóquei no gelo são comuns, e o da sensibilidade para com o meio ambiente" (Código de Ética do Conselho fair play, não passa nem perto de algumas  partidas. da Europa, 1992). No que tange ao Olimpísmo, o artigo 2 dos Princípios Fundamentais do texto fundador do Movimento Olímpico indica que ele: "est une philosophie de la vie, exaltant et combinant en un ensemble équilibré les qualités du corps, de la volonté et de l'esprit. Alliant le sport à la culture et à l'éducation, l'Olympisme se veut créateur d'un style de vie fondé sur la joie dans l'effort, la valeur éducative du bon exemple et le respect des principes éthiques fondamentaux universels." (Charte Olympique, 2003, p. 9).

Assim, parece irrefragável que a postura ética no esporte, e mais precisamente no Esporte Olímpico, por ter  que ponderar sobre os interesses relevantes que serão afetados por cada atitude, não é inata, bem ao contrário, é adquirida. Com efeito, o ator do mundo esportivo deixado ao seu livre arbítrio e sem prévios condicionamentos culturais, educacionais e éticos, tende a agir pautado pelo respeito aos seus próprios interesses, estes sim influenciados, não raramente, pela compreensão deformada do ideário do esporte e pela supervalorização da vitória e, é claro, por  eventuais interesses econômicos em jogo. Fato, aliás, que não se lhe deve recriminar com exclusividade, a partir do momento em que ele apenas reproduz um paradigma que reflete a distorção do juízo ético no Esporte Olímpico. Neste sentido, Todt (2001, p. 261) sustenta que os atletas do mundo inteiro "desconhecem o real sentido dos Jogos Olímpicos. A falta de referencial prático para uma outra postura dos atletas e a desinformação cultural sobre essa temática com certeza contribuem para isto". A postura ética no esporte passa, logo, pela abordagem educacional e cultural dos valores e princípios fundamentais do esporte, dos princípios éticos fundamentais e do fair play, na formação de todos os atores do esporte.

3.2.3. Considerações finais Buscou-se demonstrar que é desejável, para a preservação e restauração do fair  play, a disseminação a todos os atores do esporte dos valores protegidos pelo Código, bem como a assimilação dos instrumentos que representam a garantia do direito ao esporte sem doping. O intuito de conservar a credibilidade do esporte, "gangrenada pela dopagem" (Zermatten apud Bento, 2001, p. 49) representa, além do objetivo precípuo de tornar viável o Espírito Esportivo, ou exatamente por aí, uma atitude racional visando à manutenção do mundus sportivus ele mesmo, quer sob o ponto de vista da perpetuação do círculo virtuoso do esporte, quer pela não cessação dos efeitos econômicos e sociais de si decorrentes. Para tanto, aponta Bento (2001, p. 48) que a educação com todos os seus meios e instrumentos "carecem de ser repensados sob o primado de uma ética apostada em ampliar os círculos da solidariedade em diminuir as bandas da ignorância moral e do egoísmo". Isto porque "o desporto só o é por ser idealista, por perseguir ideais justificados no contexto ético e cultural" (id. p. 50). Neste contexto, cabe-nos questionar se qualquer compreensão do desporto ou das regras e normas a ele aplicáveis, que se afaste daquela noção, pode representar, efetivamente, a abertura a um processo de aviltamento paulatino dos valores intrínsecos ao Esporte Olímpico? 3.3. CASOS DE ÉTICA E ANTI-ÉTICA NO ESPORTE Thierry Henry, jogador francês de futebol, na partida da repescagem das eliminatórias européias para a Copa do Mundo da África do Sul, partida entre FRANÇA e IRLANDA, nos momentos finais ele deu um passe de mão extremamente explicita ao melhor estilo basquete e seu companheiro fez o gol. Todo mundo viu, menos o juiz sueco Martin Hansson. Thierry Henry teve a coragem de ainda dizer: “que sim fez o passe com a mão, •







mas que não era a intenção e que ele não era o juiz do jogo”. O técnico da Irlanda o italiano Giocanni Trappatoni reagiu indigna dizendo que do que adiantava ele dar palestras em escolas sobre ética no esporte se ainda existiam pessoas como Thierry Henry; Final da Copa do Mundo 2010: ESPANHA x HOLANDA, após um lance de fair flay no jogo um jogador holandês devolve a bola para o goleiro Casillas mas na direção do gol e este tem q fazer uma defesa. A ética foi para o espaço. Mas no lance seguinte, o escanteio, a ética voltou, e a Holanda cobrou o escanteio para o goleiro espanhol. Vôlei: Grand Prix Feminino 2010 partida entre Brasil e Holanda, a  jogadora brasileira ataca e todas as jogadas holandesas comemoram, e a juíza da o ponto para Holanda, mas uma jogadora holandesa acusa voluntariamente que teria tocado na bola antes dela sair; Tênis: é o esporte mais ético entre todos, muito pelo DESAFIO eletrônico;

Cumprimento entre os tenistas Roger Federer e Rafael Nadal, rivais na quadra, amigos fora dela. •

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Campeonato Inglês de Futebol, goleiro se machuca e o jogo continua atleta adversário pega o cruzamento que poderia ser convertido em gol, pois o juiz não parou o jogo, mas ele pega a bola com a mão e para o jogo para atendimento do goleiro; Formula 1: um esporte SEM ÉTICA nenhuma Beisebol: os atletas profissionais; Natação: Atenas 2004 final dos 200 metros costas masculino Aaron Peirsol ganha mas é desclassificado por não ter feito corretamente a ultima virada, mas o beneficiado pela medalha de ouro Markus Rogan, confirma aos juizes que Peirsol virou corretamente, e após uma discussão entre árbitros dão a vitória a Peirsol; Caso Neymar, jogador do Santos.

3.4. A ÉTICA DO ESPORTE CONTEMPORÂNEO Para se falar de uma Ética Esportiva atual é necessário passar pela própria evolução do esporte moderno, mostrando a construção da ética esportiva ocorrida ainda na segunda metade do século XIX e chegar à percepção de que o Esporte é um direito de todos, o que remete a um conceito ampliado do fenômeno sócio-cultural esportivo.

3.4.1. A Gênese da Ética Esportiva O Esporte Moderno, construído a partir da década de 1820, com as iniciativas de Thomaz Arnold em Rugby (Inglaterra), logo incorporou o primeiro componente ético que era o Associacionismo, cultivado pelos ingleses em todas as suas manifestações. Logo a seguir, com a restauração do Movimento Olímpico, em 1892, por Pierre de Coubertin, o Esporte recebeu o seu segundo componente ético: o Fair Play. O Esporte Moderno entrou no século XX na perspectiva do Ideário Olímpico. Além do Associacionismo e do Fair Play, a Carta Olímpica não fazia concessões ao profissionalismo no esporte, o que permite afirmar que este posicionamento inflexível do Movimento Olímpico trazia uma terceira referência para a Ética Esportiva, que era o Amadorismo. Foi com o Associacionismo, o Fair Play e o Amadorismo que o Esporte teve construída a sua Ética. É fundamental acrescentar que o conceito de Esporte vigente nesta Ética construída era o do Esporte de Rendimento. 3.4.2. A Destruição da Ética Esportiva Construída no Século XIX O uso do Esporte e suas circunstâncias como um palco da Guerra Fria foi o fato marcante da destruição da Ética Esportiva, construída no período histórico do Ideário Olímpico no Esporte. O exemplo de Hitler, tentando tirar os Jogos de Berlim (1936) como um acontecimento a favor de suas teses de supremacia dos arianos, inspirou os Estados Unidos da América e os países socialistas, principalmente a União Soviética a tornar o Esporte apenas como uma manifestação efetiva de superioridade ideológica. Evidentemente que os Jogos Olímpicos despidos dos preceitos éticos, passaram a representar 

o "locus" ideal para fatos político-ideológicos de ressonância mundial como o dos corredores negros americanos no podium em 1968, o massacre dos atletas israelenses nos Jogos de Munique em 1972 e outras). Nesta destruição da Ética do Ideário Olímpico, o profissionalismo rapidamente substituiu o Amadorismo, através de formas enganosas. Os socialistas criaram a carreira esportiva, na qual as crianças de talento eram selecionadas e arregimentadas para escolas esportivas, de onde as melhores saíam para as equipes nacionais para as disputas esportivas internacionais. Quando encerravam suas carreiras como atletas, recebiam uma formação pedagógica e voltavam para ser treinadores em suas especialidades. Por outro lado, os Estados Unidos da América criaram o chamado amadorismo marrom, onde os atletas, embora estudantes, recebiam apoio financeiro e adequações nas suas vidas escolares. Na verdade, os atletas já eram profissionais. Por outro lado, o Associacionismo e o Fair Play foram pouco a pouco destruídos neste período pelo "chauvinismo da vitória" que significava "a vitória a qualquer custo". O Esporte, criado para reunir as pessoas, chegava ao final dos anos 80 completamente decadente e com um Movimento Olímpico incerto. A criação do "Good Will Games" deixa claro que os dirigentes do esporte mundial já não acreditavam numa paz duradoura.

3.4.3. A Renovação Conceitual do Esporte e a Necessidade de Uma Ética Esportiva Durante a exacerbação do Esporte Moderno, algumas manifestações importantes de reação surgiram com o Movimento Esporte para Todos, a Sociologia Esportiva e os chamados Documentos dos Organismos Internacionais. O Movimento Esporte para Todos pedia uma democratização da prática esportiva estendendo-a a todas as pessoas. A Sociologia Esportiva surgia reivindicando re-estudos nas dimensões e relações sociais do esporte com trabalhos de José Maria Cagigal, George Magnane, Pierre Parlebas e outros. Os Organismos Internacionais editaram vários documentos como o Manifesto do Esporte (CIEPs), Manifesto da Educação Física (FIEP), Carta Européia do Esporte para Todos (Conselho da Europa) e Manifesto do Fair Play (CIFP). Todas estas manifestações, de fato, denunciavam o rompimento da Ética construída anteriormente, o que tornava o Esporte menos saudável, expressando uma lógica que, na expectativa de vencer como única proposta, estimulava, inclusive, a chegada dos ilícitos nos confrontos esportivos, entre eles, o doping. A convergência e importância destas contestações e o interesse da UNESCO em redescobrir a Educação substituindo o conceito de Educação terminal por uma Educação Permanente, levaram este organismo da Organização das Nações Unidas (ONU) a começar uma intervenção no debate internacional do Esporte, promovendo a I Conferência de Ministros do Esporte e Responsáveis pela Educação Física, em Paris (1976), da qual saiu um documento ressaltando a responsabilidade dos governos das nações diante da relevância social, política, cultural e econômica do fenômeno esportivo. A seguir, em 1978, era a própria UNESCO que editava a Carta Internacional de Educação Física e Esporte. Esta Carta mostrou em seu primeiro artigo que a Educação Física e a prática esportiva eram um direito de cada uma das pessoas. Estava estabelecido um novo referencial ético a partir do rompimento de entendimento único do Esporte para o Esporte de Rendimento, incorporando também as perspectivas da Educação e do Lazer. Tinham surgido novas necessidades éticas no Esporte, que deixava de ser Esporte Moderno para constituir-se no Esporte Contemporâneo. 3.4.4. O Esporte Contemporâneo e a sua Ética A re-conceituação do Esporte como direito de todos, criando a base do chamado Esporte Contemporâneo, o qual reconhece na sua abrangência o EsporteEducação, o Esporte-Lazer e o Esporte de Rendimento, evidentemente que passou a exigir uma ética específica para cada uma destas manifestações conceituais. A busca de um caminho para esta imposição conceitual, levou ao desenvolvimento de princípios que possam servir de suporte na construção destas éticas, as quais integradas formam a própria Ética do Esporte Contemporâneo. Nesta linha de pensamento, o Esporte-Educação será referenciado em princípios sócio-educativos que orientem para uma formação para a cidadania. A Ética desta manifestação será a da Formação. Nesta Ética, além do respeito ao crescimento biológico dos jovens, deverá ser levado em conta todas as possibilidades de preparação para uma vida futura com um estilo de vida saudável e responsável diante da sociedade que vai atuar. A Ética da Formação, como referência no Esporte-Educação é inesgotável no oferecimento de caminhos viáveis. O Esporte-Lazer, voltado para o Bem-Estar (Wellness), como uma prática espontânea em que o Princípio do Prazer é a referência, deve ser orientado para uma Ética de Convivência que reforce os laços comunitários. O Esporte de Rendimento, por sua vez, compromissado com o espetáculo e o negócio, e cujos protagonistas devem ser profissionais, regido pelo Princípio da Superação, deverá também estar referenciado numa Ética de Convivência que não se assemelha àquela do Esporte-Lazer, pois será uma possibilidade de estabelecer-se uma rede de relações saudáveis entre profissionais que se preparam para vencer os adversários. Esta convivência, exposta nos meios de

Durante os Jogos de Pequim em 2008, a Ossétia do Sul, território da Geórgia que reivindica Independência, estava sob ataque de tropas da Rússia, mas mesmo assim o Fair Play foi colocado em  jogo quando as atletas do tiro, a russa Natalia Pederina e a georgiana Nino Salukvadze, subiram ao pódio juntas e abraçadas para receber  respectivamente as medalhas de

comunicação, quando obtida, cria uma ambiência extremamente ética e moral, tendo como suporte as regras e os regulamentos, desenvolvendo nos atletas um espírito esportivo que certamente servirá de exaltação ao Esporte. Em suma, o homem é um ser moral, pois que avalia sua ação e sua realidade a partir de valores. “Mas que coisa é homem, que há sob o nome: uma geografia?  um ser metafísico?  uma fábula sem signo que a desmonte?  Como pode o homem sentir-se a si mesmo quando o mundo some?  Como vai o homem  junto de outro homem, sem perder o nome?”  Carlos Drummond de Andrade

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