20180830 - Noções de Tanatologia
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Noções de Tanatologia...
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Noções de Tanatologia Profª Msc. Luciana Alvares 1
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As coisas mais simples e óbvias podem ser as mais difíceis de conceituar. Definir o que é a morte é tão difícil quanto conceituar a sua antítese: a vida. A maior parte das definições sobre morte são definições negativas, expressas pela via da exclusão. Como por ex.: dizer que ocorre morte qdo não ocorrem certos fenômenos considerados vitais. Do ponto de vista jurídico, a conceituação seria “ é a extinção do sujeito de direito.”
Ponto de vista médico: cessação da vida. v ida. Prognóstico de irreversibilidade de um processo: não há mais de se retornar à vida. 2
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Tríade de sistemas: respiratório, circulatório e nervoso. Os 2 primeiros existem em função de atender às necessidades do terceiro. Classificação dos tipos de morte: Quanto à realidade morte real morte aparente
1- Morte real: Caracterizada pela suspensão total e definitiva de
todas as atividades vitais. Cessação da respiração Cessação da circulação Cessação de atividade ativ idade cerebral cerebral * * *
A Medicina Medicina Legal adotou a etapa da morte clínica como definidora. Para evitar uma inumação precipitada, que poderia ser fatal, era preciso determinar se uma pessoa estava realmente morta ou apenas se encontrava em um estado de morte aparente. Assim foram estabelecidos prazos mínimos para que sejam feitos procedimentos como necropsia e sepultamento. 3
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atividade neurológica é a única das funções vitais 1- Morte real: A atividade que ainda nao teve condições de ser mantida por meios artificiais (ou de ser prolongada). Daí que seus prejuízos , sua irrecuperabilidade ou a sua extinção sejam, praticamente, sinônimos da própria extinção da vida. É ao nível neurológico que ocorrem os mais variados e sutis estados intermediários entre a vida e a morte, os “estados fronteiriços”, como por ex os “estados de vida parcial” (comas).
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2- Morte aparente: Estado transitório em que as funções vitais aparentemente estão abolidas, em consequência de uma doença ou entidade mórbida que simule a morte. Esses casos tb podem ser causados pelo abuso de depressores do SNC ou por acidentes, onde a temperatura corporal cai sensivelmente e há um grande rebaixamento das funções cardio-respiratórias, fornecendo, a um simples exame clínico, a aparência de morte real. Neste quadro, a vida continua ainda que seus sinais externos não se manifestem: os batimentos cardíacos tornam-se imperceptíveis, assim como os movimentos respiratórios , e podem inexistir elementos de motricidade e de sensibilidade cutânea.
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2- Morte aparente: a denominada tríade de Thoinot define clinicamente o estado de morte aparente, e é constituída por: Imobilidade, Ausência aparente da respiração, Ausência de circulação.
A duração desse estado de morte aparente pode durar, de acordo com diversas opiniões (das mais controversas) de alguns minutos até dias.
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Tanto o conceito qto o momento em que a morte ocorre ainda é polêmico entre os autores. Há quem defenda ser no momento da parada cardiorrespiratória (morte biológica ou real), e outros no momento em que há parada neurológica (morte encefálica). A lei brasileira adotou como momento da morte a encefálica , segundo dispõe o art. 3º da Lei 9.434/97 (Lei de Transplante de Órgãos). Importante não confundir morte encefálica com morte cerebral! Embora rotineiramente sejam consideradas sinônimas, o cérebro é apenas uma parte do encéfalo (tronco encefálico, cérebro e cerebelo), e a lei exige morte encefálica!! Portanto, este é o critério de momento da morte adotado pela Medicina legal.
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Uma série de fenômenos começa a ocorrer no corpo, pois a morte não é um acontecimento instantâneo, mas sim um processo gradativo que vai evoluindo com o tempo. Assim, qto maior o tempo que tiver decorrido desde o momento da morte, mais efeitos poderão ser observados no cadáver. Esses fenômenos serão estudados pelos legistas na necropsia ou exame cadavérico. Este só poderá ser feito após o interstício de 6 horas desde a constatação da morte, salvo qdo esta puder ser verificada de imediato pelo médico, dispensando-se esse prazo.
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1- Fenômenos abióticos: a) IMEDIATOS b) MEDIATOS ou consecutivos 2- Fenômenos transformativos ou tardios: a) DESTRUTIVOS b) CONSERVADORES
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1- Fenômenos abióticos: a) IMEDIATOS: São aqueles que surgem instantaneamente com a constatação do óbito. Não podem ser dissociados da morte. São eles: - perda da consciência - perda da sensibilidade - cessação dos movimentos respiratórios - cessação da circulação sanguínea - cessação das atividades neurológicos - abolição da motilidade e do tônus muscular (imobilidade cadavérica) •
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1- Fenômenos abióticos: a) IMEDIATOS: São aqueles que surgem instantaneamente com a constatação do óbito. Não podem ser dissociados da morte. São eles: - perda da consciência: pode ser diagnosticada tentando se comunicar com a pessoa. Caso esta não responda ou não faça nenhum sinal indicativo, significa que está inconsciente. •
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1- Fenômenos abióticos: a) IMEDIATOS: São aqueles que surgem instantaneamente com a constatação do óbito. - Cessação dos movimentos respiratórios: uma das formas de diagnosticar é auscultar os movimentos peitorais. - O primeiro sinal é a não movimentação do peito. Após isso, podemos posicionar um espelho próximo das narinas e da boca para saber se há entrada e saída de ar dos pulmões. - Se o espelho embaçar é porque a pessoa está respirando. Atualmente este diagnóstico tb pode ser feito por medições eletrocardiorrespiratórias. •
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1- Fenômenos abióticos: a) IMEDIATOS: São aqueles que surgem instantaneamente com a constatação do óbito. - Cessação da circulação sanguínea: tb pode ser diagnosticada pela auscultação. Se o coração estiver bombeando sangue, é provável que exista circulação. Senão, haverá parada cardíaca. •
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1- Fenômenos abióticos: a) IMEDIATOS: São aqueles que surgem instantaneamente com a constatação do óbito. - Cessação da atividade neurológica: essa medição é feita por meio de aparelhos de eletrocardiograma, que medem as frequencias neurais. •
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1- Fenômenos abióticos: a) IMEDIATOS: São aqueles que surgem instantaneamente com a constatação do óbito. - Cessação da motilidade e do tônus muscular (imobilidade cadavérica): Via de regra, mortos não andam. Portanto, esse diagnóstico poderá ser visual e facilmente extraído qdo se tem a perda da consciência e da sensibilidade. •
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1- Fenômenos abióticos: b) MEDIATOS ou CONSECUTIVOS: São aqueles que surgem logo após os imediatos, podendo levar minutos, horas ou até dias para ocorrerem. Alguns provocam efeitos que demoram dias para desaparecer, como a rigidez cadavérica. •
Outros demoram poucas horas após o óbito para surgire, como o resfriamento do corpo e a desidratação. Portanto, não são fenômenos instantâneos ao óbito, como são os imediatos. 17
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1- Fenômenos abióticos: b) MEDIATOS ou CONSECUTIVOS: b.1) Desidratação do corpo, que abrange:
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Perda de peso Pergaminhamento da pele Dessecamento das mucosas dos lábios Modificações dos globos oculares (dilatação da pupila)
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b.2) Esfriamento da temperatura corporal b.3) Rigidez cadavérica b.4) manchas de hipóstase cutâneas ou livores cadavéricos b.5) manchas de hipóstase viscerais b.6) espasmo cadavérico 18
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1- Fenômenos abióticos: b) MEDIATOS ou CONSECUTIVOS: b.1) Desidratação do corpo, que abrange:
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Perda de peso: perda de líquidos (sangue, água);
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Pergaminhamento da pele (pele seca, dura e amarelada);
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Dessecamento das mucosas dos lábios (ficam secos e opacos);
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Modificações dos globos oculares (dilatação da pupila): olho fica
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enegrecido (“olhares negros dos cadáveres). Devido à essa aparência,
deu-se o hábito de fechar os olhos dos mortos.
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1- Fenômenos abióticos: b) MEDIATOS ou CONSECUTIVOS: b.2) Esfriamento do corpo: não tem uma escala precisa, mas crê-se que o corpo perde cerca de 1º C por hora após a morte, variando de acordo com o local onde se encontra o corpo. A tendencia é o corpo resfriar-se até atingir o equilíbrio com o meio em que se encontra, ou seja, com a temperatura ambiente. Por isso, o local onde é encontrado pode interferir no diagnóstico da hora da morte.
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1- Fenômenos abióticos: b) MEDIATOS ou CONSECUTIVOS: b.3) Rigidez cadavérica: enrijecimento dos músculos, que se contraem, tornando o corpo estático. Manifesta-se primeiramente nos ossos maxilares e no pescoço. Algumas horas depois, atinge os membros superiores, até chegar aos inferiores. Acredita-se que esse processo tem início por volta de 1-2 horas após a morte, atingindo a totalidade do corpo aproximadamente 8 h após o óbito. 24 h após a morte, o corpo começa a ir perdendo a rigidez e aos poucos vai tornando-se flácido, até dar início à fase de 21 putrefação (48-72 h pós-morte).
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1- Fenômenos abióticos: b) MEDIATOS ou CONSECUTIVOS: b. 4) manchas de hipóstase cutâneas ou lividez cadavérica: Consistem no acúmulo de sangue nos tecidos cutâneos. Formam-se de acordo com a lei da gravidade, ou seja, nas partes mais baixas do cadáver, permitindo determinar a posição em que o corpo foi encontrado. Com a morte, o sangue para de circular e fica sujeito à lei da gravidade. Se um corpo for encontrado deitado com o ventre voltado para o chão, é nessa região do corpo que encontraremos as manchas avermelhadas na pele.
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1- Fenômenos abióticos: b) MEDIATOS ou CONSECUTIVOS: b. 5) manchas de hipóstase viscerais: Tambem chamadas de lividez visceral, são as mesmas manchas cutâneas decorrentes do acúmulo de sangue, porém agora nos órgãos internos. A tendência do sangue ao parar de circular é de se acumular na parte do órgão que estiver voltada para baixo, devido à ação da gravidade, principalmente nos órgãos com maior irrigação sanguínea, como os rins e o fígado.
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1- Fenômenos abióticos: b) MEDIATOS ou CONSECUTIVOS: b. 6) Espasmo cadavérico: Decorrente da rigidez cadavérica abrupta. Pode não ser um fenômeno totalmente aceito pelos autores. Consiste na manutenção da posição em que se encontrava a pessoa antes de ser surpreendida pela ação letal. Não deve ser confundida com a rigidez cadavérica que se instala progressivamente. O espasmo surge de imediato após a morte. É como se a pessoa ao morrer ficasse paralisada na posição em que estava, como uma estátua. Pode denotar uma possível surpresa na agressão sofrida pela vítima.
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Fenômenos TRANSFORMATIVOS ou tardios destrutivos: São aqueles que surgem após algumas horas e até alguns dias posteriores a morte. Por este motivo são denominados tardios. São destrutivos porque irão DECOMPOR e DESTRUIR os tecidos do corpo. São eles: 1) Autólise
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2) Putrefação
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Fenômenos consecutivos ou tardios destrutivos: 1) Autólise: é a autodestruição das células do organismo.
Com a morte há perda de água no interior das células, e os compostos químicos que foram diluídos pela água passam a ficar concentrados, principalmente os ácidos. Com isso, as células começam a romper uma a uma, até que fenômenos químicos internos dos próprios compostos que constituem o corpo destroem-nas. Não há interação ou interferência de seres externos (bactérias, por ex.) na autólise. Ela é decorrente das enzimas do próprio corpo que alteram sua natureza, passando a destruir os tecidos. 28
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Fenômenos consecutivos ou tardios destrutivos: 2) Putrefação: É a destruição do tecido por interferência do meio-ambiente e de MO existentes no interior do corpo. Inicia-se após a autólise e consiste na decomposição da matéria orgânica do corpo pela ação de diversos MO. Com a autólise, o corpo destrói suas células e, por conseguinte, suas defesas contra agressões de seres externos e até mesmo internos. Assim, as bactérias que antes eram controladas, passam a decompor o tecido humano. Geralmente, ela começa pelo intestino, dando origem à mancha verde abdominal. 29
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Fases ou períodos da putrefação: A) Fase de coloração B) Fase gasosa C) Fase coliquativa D) Fase de esqueletização
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Fases ou períodos da putrefação: A) Fase de coloração: Há a formação de uma mancha verde inicialmente na região abdominal, que depois se espalha pelo corpo todo até atingir uma tonalidade verde-escura. Em geral é por onde se inicia a putrefação. Inicia-se por volta de 20-24 h após a morte.
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Fases ou períodos da putrefação:
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B) Fase gasosa: Há a formação de gases no interior do corpo, dando a aparência de inchaço. Muitas vezes o corpo pode chegar a ficar com uma forma gigantesca. Esses gases se formam abaixo da epiderme e fazem pressão sobre o sangue acumulado que se acumula na região periférica do corpo, devido à ação da gravidade.
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Em virtude do destacamento ou deslocamento da epiderme, na derme o sangue esboça o que a doutrina denomina de circulação póstuma de Brouardel, formando espécies de tatuagens na derme com o sangue acumulado. 34
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Fases ou períodos da putrefação: B) Fase gasosa:
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Fases ou períodos da putrefação: B) Fase gasosa:
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Fases ou períodos da putrefação: B) Fase gasosa:
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Fases ou períodos da putrefação: B) Fase gasosa:
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Fases ou períodos da putrefação: B) Fase gasosa:
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Fases ou períodos da putrefação: B) Fase gasosa:
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Fases ou períodos da putrefação: B) Fase gasosa: Circulação póstuma de Brouardel: é o acúmulo de sangue já em decomposição, por esse motivo bem mais escuro que o normal, nos tecidos mais superficiais da pele, formando uma espécie de tatuagem na pele, desenhando os trajetos dos vasos sanguíneos. Tem origem com o aumento da pressão interna no corpo, que empurra o sangue para a superfície da pele.
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Fases ou períodos da putrefação: C) Fase coliquativa: é onde há a desintegração progressiva dos tecidos mais moles, fazendo o corpo reduzir o seu volume e a sua forma. Varia conforme as condições do ambiente, podendo perdurar por meses após a morte. É como se o corpo fosse se consumindo e ficando com uma aparência menor, mais magra. O adulto pode ficar com o tamanho aproximado de um adolescente, e este pode ficar do tamanho aprox. de uma criança.
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Fases ou períodos da putrefação: C) Fase coliquativa:
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Fases ou períodos da putrefação: C) Fase coliquativa:
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