2016 - Informativo Corrente 93 No. 3

May 10, 2017 | Author: shakti-babalon | Category: N/A
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Colegiado da Luz Hermética Fundado a Serviço da A∴A∴

CORRENTE93 INFORMATIVO

No. 03

An V2, in 0° , in 0°  An. CXII da Era Thelêmica ________________________________________________________________________________________________________

A∴A∴ Publicação em Classe B Imprimatur N. Fra: A∴A∴

2 Sociedade de Estudos Thelêmicos

Informativo Corrente 93 No. 3

Conteúdo Editorial O Sabbath das Bruxas, Fernando Liguori A Bruxa Aquática, Fernando Liguori Choronzon & Mídia Social, Fernando Liguori Notícias da Linha de Frente Colegiado da Luz Hermética

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Informativo Corrente 93, No. 3. © 2016 Fernando Liguori © 2016 Sociedade de Estudos Thelêmicos Realização: Sociedade de Estudos Thelêmicos Av. Barão do Rio Branco, 3652/14 Passos – Juiz de Fora – MG 36 025020 (32) 3026 0638 | 9112 3590 E-mail: [email protected] Conselho Editorial: Alex B. Elias (Juiz de Fora) Fernando Liguori (Juiz de Fora) Jeanine Medeiros (Juiz de Fora) Priscila Pesci (Juiz de Fora) J.R.R. Abrahão (São Paulo) Publicação registrada sob o nº 135.749 no Escritório de Direitos Autorais do Ministério da Cultura/Biblioteca Nacional. Todos os direitos reservados e protegidos pela lei 9610 de 19/02/1998. Nenhuma parte desta publicação pode ser utilizada ou reproduzida – em qual- quer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação, etc. – nem apropriado ou estocado em sistema de banco de dados ou mídia eletrônica, sem a expressa autorização do editor.

tensivas, seminários e cursos intensivos, preparação e divulgação de estudos e relatórios, edições e publicações. Corrente 93 é uma publicação da SETh, Sociedade de Estudos Thelêmicos, em nome da A∴A∴, que aborda temas sobre Magia, Tarot, Qabalah, Filosofia de Thelema, Tradição Tântrica, Yoga, Āyurveda e temas conectados como Ocultismo Thelêmico. Os recursos gerados com a venda de exemplares são integralmente reinvestidos no projeto, promovendo seu desenvolvimento organizacional e técnico, buscando sempre oferecer melhor conteúdo.

Contribuições e comunicações com o editor podem ser enviadas para Sociedade de Estudos Thelêmicos. A Sociedade de Estudos Thelêmicos é uma organização da sociedade civil com sede em Juiz de Fora, Minas Gerais. Tem como objetivo promover o desenvolvimento humano através das atividades realizadas por seus movimentos organizados. Através de nosso trabalho, promovemos atividades para elevação da consciência por meio da realização de projetos sociais sustentáveis, pesquisas, aulas ex-

Citações de trechos desta publicação podem ser usadas, desde que mencionada à fonte e que tenham autorização escrita dos autores. O copyright © de todo material de autoria de Aleister Crowley pertence à O.T.O. – (http://oto.org/).

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Editorial Care Frateres et Sorores, Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

B

em vindo a edição No. 8 do Jornal CORRENTE 93. Esse é um projeto do Outer College Brasil, linha da A∴A∴ transmitida por Frater ON120 e Colegiado da Luz Hermética através da SETh, órgão oficial de divulgação dos trabalhos desses dois Colegiados Thelêmicos. Na edição deste mês nós dedicamos grande parte aos Mistérios e Arcanos do Sabbath das Bruxas. No entanto, eu preferi percorrer por vielas, fendas, fissuras ou até abismos, golfos que nos levam a um período remoto e draconiano da antiguidade onde o Sabbath era um evento orgástico, onírico, astral, muito distinto dos rituais modernos sazonais da roda do ano. Tradições modernas de bruxaria como a Wicca afirmam que seus oito rituais da roda do ano são – embora modernamente interpretados – celebrações cujas raízes se perderam na noite dos tempos. Mas não é assim! Como celebrados na modernidade, estes rituais se baseiam nas premissas pré-cristãs da bruxaria italiana, que posteriormente veio a influenciar outras tradições. Suas celebrações se baseiam apenas no fluxo e refluxo da Natureza como observado nos mitos da flora e do floro, da fauna e do fauno. Baseados nesses mitos que demonstram apenas ciclos de fenômenos naturais de marés telúricas, bruxas e feiticeiras modernas deixaram de observar os ciclos cósmicos e sua relação com os processos fisiológicos da gnose ofidiana. Estes rituais ou celebrações sazonais são jovens em demasia quando comparados com os cultos draconianos do interior do continente africano e a alquimia xamânica de inúmeras culturas espalhadas pelo globo. Em sua obra DOGMA & RITUAL DE ALTA MAGIA, Éliphas Lévi (1810-1875) explica de onde vem a antiguidade dos Arcanos que envolvem o Sabbath das Bruxas: Abordaremos aqui o fantasma de todos os espantos, o dragão de todas as teogonias, o Arimã dos persas e o Tifon dos egípcios, o Piton dos gregos e a antiga Serpente dos hebreus [...], a Grande Besta da idade média e pior que tudo isso, o Baphomet dos Templários, o ídolo barbudo dos alquimistas, o deus obsceno de Mendes, o Bode do Sabbath.

Os Mistérios e Arcanos da Iniciação, corrompidos através das eras, primeiro manifestou-se na observação do homem antigo acerca de seus processos fisiológicos. Essa observação pode ser rastreada desde o paleolítico, quando o homem ainda não compreendia ou estava aprendendo sobre o cosmos e sua relação com a fisiologia humana. A mulher, por exemplo, era considerada um mistério e por conta disso ela tinha uma destacada posição social. Nos tempos antigos o papel da mulher na sociedade era de fundamental importância para a manutenção da vida e do controle da integridade social e religiosa. O papel do homem era desconhecido no processo de fecundação e todo o ciclo social era baseado nos princípios femininos e, portanto, matriarcais. Nestes tempos existia uma estreita conexão, uma profunda identidade entre o crescimento das plantas e o nascimento das crianças. No intuito de se celebrar esta identidade, cerimônias com ritos sexuais eram realizadas para promover a fertilidade nos campos. Embora isso seja um fato real e comprovado pelos estudiosos modernos o simbolismo da mulher fértil está intrínseco neste processo. Assim como a terra deveria ser fértil a fim de prover alimento a sociedade, a mulher também deveria ser fértil para prover a vida e assim a continuidade social. Para as tribos primitivas, a necessidade de 4 Sociedade de Estudos Thelêmicos

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fertilidade era um imperativo não só para as mulheres – a fim de se combater as altas taxas de mortalidade infantil – mas também para os rebanhos e campos, fornecedores de alimento. Os primeiros indícios de rituais associados à maternidade, à fertilidade do solo e a agricultura foram encontrados nas pesquisas arqueológicas das antigas civilizações do Vale do Indo, nas cidades de Harappa e Mohenjodaro (2500 a.C.). Contudo, traços de uma sociedade baseada nestes princípios foram encontrados no neolítico (8000 a.C.), e muitos de seus símbolos são datados do paleolítico (20 000 a.C.). Todas estas descobertas arqueológicas testemunham sua reverência à fertilidade da mulher e sua capacidade de gerar a vida. A vulva foi o primeiro portal espiritual que exercia a função de se estabelecer comunicação entre o plano material e o espiritual. Também era sabido que o sangramento, se não estancado, podia levar a morte. Essa relação estabeleceu uma conexão entre o sangue e o princípio da vida, pois a perda de sangue lava consigo a vida. Esta mesma relação entre o sangue e a vida fora observada quando a mulher ao parar de sangrar, pela suspensão do ciclo menstrual, dá início ao processo em que uma criança nasce através de sua vulva. Correlacionando os fatos, as tribos primitivas não somente estabeleceram cultos envolvendo o sacrifício de animais onde o sangue era oferecido como oferenda às divindades, mas também cultos à vulva, pois para eles, ela representava um portal mágico capaz de trazer uma vida do mundo dos espíritos para a legião dos vivos. Deste ponto em diante a mulher passou a ser percebida como uma encarnação divina, àquela que possuía capacidades supra-normais de se desdobrar em dois; capaz de trazer o Cosmos à vida. Portanto, seu corpo passou a representar a incorporação sagrada do aspecto divino da natureza, um templo vivo da Deusa, a Grande Mãe. Por representar e incorporar um princípio divino feminino, as mulheres excepcionalmente férteis eram reverenciadas, ao mesmo tempo em que consideradas como possuidoras de poderes especiais que as capacitava dar à luz com frequência. Uma mulher fértil com fartos seios e largos quadris – aumentados por tantas gestações sucessivas – tornou-se o modelo ideal de mulher, um protótipo da Deusa Mãe tão cobiçada pelos homens de sua época, uma representante terrena do poder inerentemente criativo do cosmos. Pesquisas apontam que neste período arcaico da civilização, era o costume dos caçadores tribais mascararem-se com cabeça de animais, utilizarem pelos, chifres, peles e etc. com a finalidade de assimilar os poderes super-humanos possuídos por certos animais. Essa prática causava um efeito profundo sobre a psicologia dos caçadores. Isso porque o homem evoluiu das bestas, ele possui – profundamente aterrado em seu subconsciente – as memórias de poderes super-humanos de que uma vez possuiu. Cada animal tipifica um ou mais poderes: força e sutileza para o leopardo; visão noturna para o gato, coruja e morcego; poder de lidar rapidamente com a morte para serpente; o poder de transformação para hiena e assim por diante. Qualquer atavismo requerido poderia ser evocado pela assunção da forma divina apropriada. Pátañjali, que codificou o yoga disse: através do samyama sobre a força de um elefante ou um tigre, o estudante adquire aquela força. Dessa maneira, ao copular com uma mulher fértil logo após uma caçada, essas qualidades super-humanas eram transferidas – através da cópula sexual ritualizada – para

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a criança que iria nascer e que, por sua vez, herdaria estes poderes, o que consequentemente enriqueceria a vida da tribo. Quanto maior o sucesso do caçador em fornecer alimento para a tribo, maior seu status entre o grupo e maior as possibilidades dele ser escolhido para fecundar a Mãe da tribo, quem lhe daria prazeres sexuais até a próxima caçada. Uma mulher poderosa e inteligente seria capaz de influenciar o curso de toda uma jornada semestral de caça com a promessa de sua inclinação sexual ao melhor e mais forte caçador. O que certamente contribuiu para o desenvolvimento da tribo como um todo, gerando caçadores mais habilidosos e determinados, ao mesmo tempo que suscitava no coração dos mais novos um ímpeto de crescimento e desenvolvimento. É deste período que remonta os mistérios do Sabbath das Bruxas, a gnose ofidiana, presente de maneira velada em muitas tradições e mitos, inclusive modernos. Diferente da moderna celebração sazonal dos ritos da roda do ano que emulam os processos de fenômenos naturais das marés telúricas apenas, o Sabbath das Bruxas celebra o movimento do dragão, o Grande Arcano da magia explorado de maneira extensiva por célebres autores como Éliphas Lévi e Stanislas de Guaita (1861-1897), o fluxo e refluxo das marés cósmicas e sua relação com a fisiologia humana. O renascimento da magia na idade média teve grande parte de seus símbolos e mistérios pretensiosamente velados, mascarados ou corrompidos e a Bruxa copulando com Satã no Sabbath é um deles. No seu DOGMA & RITUAL DE ALTA MAGIA, Éliphas Lévi diz que quando o Cristianismo prescreveu o exercício público dos antigos cultos, os partidários das outras religiões viram-se obrigados a se reunir em segredo para celebração de seus mistérios. [...] Assim, os mistérios de Ísis, de Ceres, de Eleusis e de Baco reuniram-se aos da Grande Deusa e aos do druidismo primitivo. Dessa maneira, nós temos um amalgama de mitos e tradições que se mesclaram em assembleias secretas para celebrar os mistérios da antiguidade. Sobre essa confluência de tradições Lévi destaca três tipos de Sabbath: 1. os que se referem a um sabbath fantástico e imaginário; 2. os que traem os segredos das assembleias ocultas dos verdadeiros adeptos; 3. as revelações das assembleias loucas e criminosas, tendo por meta a prática da magia negra. Na presente edição do Jornal CORRENTE 93 nós trataremos do primeiro Sabbath citados por Lévi. O primeiro refere-se ao Sabbath das Bruxas nos planos internos, precisamente na experiência onírica da bruxa, quando ela copula com Satã. Eu explorei o assunto no artigo O SABBATH DAS BRUXAS e em seguida Kenneth Grant (1923-2011) discorre sobre o mesmo tema no texto O SABBATH DAS BRUXAS & A REINCARNAÇÃO DE OBSESSÕES PRIMEVAS. O segundo Sabbath citado por Lévi é àquele das assembleias orgásticas de magia sexual que ele condena veementemente. Sobre esses dois sabbaths eu inseri nessa edição do Jornal CORRENTE 93 um texto que publiquei na REVISTA SOTHIS1 por volta de 2005 E.V. chamado A BRUXA AQUÁTICA, onde descrevo uma experiência envolvendo os mistérios do Sabbath das Bruxas. O terceiro sabbath citado por Lévi e que não vamos tratar aqui eram os encontros de necromantes que ocorriam nos cemitérios e nas catedrais em ruinas para a prática da magia negra. A Sabbath das Bruxas que ocorre nos planos internos é uma prática de controle onírico através da magia sexual. É necessário explicar que o estado de sonho não abrange somente os sonhos que ocorrem durante o sono, mas também delírios ou ilusões, devaneios, fantasias, alucinações, visões e o mundo da mente em geral. O estado de sonho «swāpna» abrange a vasta gama de atividade mental e astral que está confinada por um lado pelo vazio livre de pensamento do sono sem sonho «suṣupti» e por outro lado pelas atividades do corpo

Publicação oficial da extinta Loja Shaitan-Aiwass que funcionou entre 2003 e 2009 E.V. Fiz algumas alterações e ajustes para essa edição do Jornal CORRENTE 93. 1

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no estado de vigília «jagrat». Todas estas atividades têm sua origem no estado de sonho, quer elas se manifestem como reflexos instintivos ou atos volitivos por assim dizer. Dion Fortune (1890-1946) enfatizava a importância do sonho-desperto conscientemente controlado. Baseando suas práticas em aspectos dos EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS do Santo Inácio de Loyola, ela demonstrava o valor mágico do sonho real. A teoria é que se um homem compuser uma visão com suficiente intensidade ela induz uma abstração tão total dos sentidos que o sonhador se funde com um sonho desperto, onde ele é o criador e mestre de suas próprias fantasias. Se poderosamente formulada, ela concretiza, reifíca, e assume uma realidade equivalente em grau – e frequentemente até mais – do que aquele que é experienciado no estado de vigília comum. As vantagens de se ser capaz de induzir tal estado são evidentes, particularmente se forem estudados sob o prisma da psicologia moderna. As limitações, de um ponto de vista mágico, são também evidentes. Crowley inverteu o processo criando o caminho para uma forma de controle onírico que capacita o sonhador a fazer infinitamente mais do que abstrair seus complexos no nível swapnico, pois o sonho com intenção é uma atuação consciente no plano astral. Meramente traduzir as fantasias de alguém para o pano astral, contudo, é uma experiência regressiva que, embora possa ela ser tão lúcida quanto um sonho induzido por drogas, é contudo não mais uma admissão de falha de ligar a terra ao sonho e influenciar o mundo objetivo. Embora elementos externos sejam em última análise ilusórios, eles são não menos do que os resultados de desejos obscuros e impulsos que existem nos níveis astrais. O verdadeiro controle onírico, portanto, não somente requer a satisfação do desejo (i.e. a realização da vontade) em um estado de sonho, mas, como observado por Austin Spare (1886-1956), requer a representação viva dele agora na total consciência de vigília no mundo desperto. É pouco provável que Spare e Fortune praticassem algum tipo de controle onírico que tenha tornado possível para eles, em suas respectivas esferas, colher o benefício total de uma prática deste nível. Parece que Fortune não foi bem sucedida na real-ização de seu sonho, e Spare traduziu suas vívidas experiências internas em uma quantidade massiva de arte que o mundo ainda não avaliou apropriadamente. Crowley, por outro lado, conectou a terra sua Grande Obra e a Corrente que ele iniciou está agora, mais decem anos após a sua morte, inspirando multidões a se apegarem à liberdade individual desde que Adam Weishaupt (1748-1830) e os Illuminati transmitiram a fagulha que deu início à conflagração que mudou a história da humanidade no séc. XVIII. A Mulher Escarlate é o Portal da Visão e é em determinado estágio do rito sabático que o controle onírico se torna possível, pois ela estabelece contato direto com o estado swapnico enquanto permanece semi-desperta; um parceiro eficiente é capaz de controlar a visão da Vidente, a Mulher Escarlate, enquanto ela a desenvolve.2 Aleister Crowley empreendeu muitas experiências mágico-sexuais com inúmeras videntes no curso de sua carreira. Seus diários mostram que muitas candidatas aspiraram ao ofício de Mulher Escarlate, a maioria delas sendo rejeitadas por uma razão ou outra. No entanto, foi observado por vários críticos de Crowley que as mulheres que realmente se qualificavam para o papel de Mulher Escarlate quase sempre terminavam seu ofício em hospícios ou instituições similares. Isto pode ser verdade, mas não é uma critica válida aos métodos de Crowley, pois o que não é considerado é que um tipo especial de temperamento é requerido para se estabelecer contato com um estado onírico ainda em estado de vigília. As mulheres ocidentais que possuem os traços requeridos são raras e uma vez que elas não possuem a vantagem hereditária de iniciação nas técnicas ocultas – como possuem certas mulheres africanas e orientais – o impacto súbito da energia mágica na personalidade feminina ocidental tende a causar distúrbios de insanidade. Tais mulheres, portanto facilmente astralizam; mas é a falta de preparação prévia nas mulheres ocidentais que resulta na demência definitiva. Considere que – mesmo no Oriente – as atuais condições modernas tornam quase impossível encontrar mulheres com aptidão necessária; quantos problemas deve Crowley ter sofrido para encontrar parceiras mágicas após o colapso ocorrido na Abadia de Cefalù? Se as experiências de Cefalù tivessem se sucedido de maneira promissora no exterior talvez nós tivéssemos hoje um núcleo thelêmico poderoso capaz de transmitir a Corrente para nós, seus herdeiros e sucessores. Como se encontra, nós somente podemos preservar a fórmula, confiantes de que o atual renascer da magia trará genuínas Sacerdotisas para servir a Nossa Missa. 2

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O Oráculo Ofidiano por Austin Osman Spare (1951)

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Deveria estar claro para qualquer pessoa com experiência na operação astral do controle onírico que existe na verdade nada senão um estado de vigília da consciência. Nós chamamos de estado onírico aquele estágio logo após os sonhos terem cessado; durante este estado nenhum sentido de ilusão é experimentado. Similarmente, o estado de sono com sonho é descrito como estado oblívio ou de esquecimento somente a partir de um estado de vigília. Enquanto o suṣupti (sono sem sonho) esta sendo experienciado há, ao contrário, Consciência Total, Consciência Completa, não de nada – pois isso é impossível – mas do Sagrado Anjo Guardião. O Sagrado Anjo Guardião é Consciência Pura, sem qualquer mácula do ego. O pensamento não existe em suṣupti, a própria mente, que é senão o funcionamento do pensamento, não existe neste estado; a mente não é uma entidade em si mesma. Portanto, durante os três estados existe presente somente consciência desperta, i.e. vívida, consciência imediata. No jagrat (estado de vigília) a realidade é mascarada por objetos, que são pensamentos cristalizados; no estado de sonho «swāpna» a realidade é obscurecida por pensamentos que aparecem tão reais para o sonhador quanto os objetos no estado de vigília. No estado de suṣupti (sono profundo e sem sonho) a realidade é mascarada pela ausência de pensamento e este estado é confundido pelos não-iluminados como inconsciência ou vazio. A ausência de mentação, mquer dizer, movimento do construto da mente, é tomada para subentender a ausência do Sagrado Anjo Guardião; na verdade ela indica a presença do Sagrado Anjo Guardião em seu puro estado, destituído de todos os atributos ou pensamentos. A Consciência Pura é a única realidade porque ela é o único fator comum a todos os três estados. Não existe sonho ou sonhador; existe somente Realidade, Consciência não fragmentada por sujeito e objeto. Se este substrato é realizado ele brilhará, totalmente não obscurecido e o organismo automaticamente funcionará com espontaneidade perfeita em todos os estados. Por que então usar sexo, álcool, drogas, mantras, dança e etc.? A utilização deles é somente um auxiliar para aqueles que não realizaram a Unidade dos Três Mundos ou Estados. Pela utilização destes auxiliares, é despertada e mais tarde controlada, a consciência primeva que está adormecida como kuṇḍalinī-śakti. Ela que deve ser despertada a fim de vitalizar e integrar os três estados de consciência é representada por uma serpente de três voltas e meia dormindo na base da espinha. O meio representa um número entre os números, o espaço entre espaços onde a eternidade habita e transcende os três estados; onde todo sonho, todo pensamento, toda atividade, funde-se na Clara Luz. O método de Crowley para despertar a Serpente de Fogo está em um trabalho intitulado DA LUCIDEZ ERATO-COMATOSA baseado nos experimentos de Ida Nellidoff do Nono Grau, O.T.O., como segue: O Candidato é preparado para o Ordálio através de treinamento atlético geral e banquetes. No dia designado ele é assistido por um ou mais assistentes escolhidos e experientes cujo dever é: (a) exauri-lo sexualmente por todos meios conhecidos, (b) despertá-lo sexualmente por todos os meios conhecidos. Todo dispositivo e artifício da cortesã serão empregados e todo estimulante conhecido ao médico. Também não devem os assistentes se importarem com o perigo, mas buscar e conseguir brutalmente a sua presa designada. Finalmente o Candidato entrará em um sono de exaustão absoluta parecendo-se em coma, e é agora que aquela delicadeza e habilidade devem ser primorosas. Que ele seja despertado deste sono pela estimulação de um tipo definitivamente e exclusivamente sexual. Também se conveniente, música sabiamente regulada ajudará. Os assistentes olharão com assiduidade para sinais de despertar; e no momento que isto ocorrer, toda a excitação tem que cessar instantaneamente, e o Candidato será permitido a entrar em sono novamente; mas tão logo isto tenha ocorrido que a prática anterior seja retomada. Esta alteração continuará indefinidamente até que o Candidato esteja em um estado que não é nem sono nem vigília, e no qual o seu Espírito, liberto pela perfeita exaustão do corpo, e ainda impedido de adentrar na Cidade do Sono, conversa intimamente com o Altíssimo e o Santíssimo Senhor Deus de sua existência, o criador do céu e terra. 9 Sociedade de Estudos Thelêmicos

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O Ordálio termina pelo fracasso — a ocorrência de sono invencível — ou pelo sucesso no qual o despertar final é seguido por uma última performance do ato sexual. O Iniciado pode então ser permitido a dormir, ou a prática pode ser renovada e pode ser continuada até que a morte termine tudo. A morte mais propícia é que acontece durante o orgasmo, e é chamada Mors Justi. Como está escrito: Deixe-me morrer a morte dos Justos, e que seja o meu fim como o seu! 3

A consciência total deve ser mantida durante o processo de absorção do mundo onírico,4 e daí para frente para o Mundo Criativo de Briah. Como Spare demonstrou, o verdadeiro Sabbath das Bruxas possuía como objetivo a reificação do sonho inerente, que é outra maneira de se dizer que se tornar consciente ou realizar o sonho deve ser uma capacidade idêntica à experiência de vigília. Na terminologia thelêmica o sonho inerente é a Verdadeira Vontade, que é o objetivo do magista para encarnar. O Sabbath popular corrompido na idade média na imagem de Satã e a Bruxa voando na Vassoura, amplamente explicado em meu artigo O SABBATH DAS BRUXAS mais adiante nessa edição, trata-se de uma caricatura grotesca, uma paródia deliberada do rito secreto que visava despertar a Mulher Serpente pelo uso positivo da corrente sexual ou ofidiana. O Coven das Bruxas sempre é atribuído ao número 13 ou as 13 Luas. 13 é um número lunar par excellence, o número da fêmea e suas manifestações ou ciclos periódicos que acompanham os ciclos cósmicos. No entanto, o número treze foi considerado maldito pelos crististas posteriores. Talvez a herança mais remota dos rituais sazonais que compõem a roda do ano moderna seja o fluxo e refluxo da Natureza, o que torna essas celebrações válidas e valiosas quando avaliadas de certa perspectiva. No entanto, os Mistérios e Arcanos mágicos do Sabbath das Bruxas como interpretados aqui são ainda mais antigos e não tratam apenas dos fluxos naturais do planeta, mas dos fluxos e marés cósmicas e sua relação com a fisiologia humana. Uma auto-proclamada Grã-Sacerdotisa de um Coven de Bruxas recentemente afirmou que Crowley não se importava ou deu a devida atenção aos processos fisiológicos e as marés cósmicas. Infelizmente, mais de cinquenta anos após a sua morte, Crowley ainda é vítima de comentários idiotas e imprecisos como este, o que leva inúmeras pessoas a desacordarem com suas ideias, pois o que eles têm recebido é uma imagem destorcida e antipática de uma das maiores mentes de nosso tempo. Eu tenho como missão pessoal, portanto, combater esse tipo de desinformação contra Aleister Crowley a ferro e fogo. Amor é a lei, amor sob vontade. Frater ON120 6°=5⌷ A∴A∴ Imperator

Aleister Crowley, DE ARTE MAGICA. Veja RITUAIS, DOCUMENTOS & A MAGIA SEXUAL DA O.T.O. (Vol. I), por Fernando Liguori. 4 Swāpna ou, em terminologia qabalística, Yetzirah, o Mundo da Formação. 3

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O Sabbath das Bruxas Frater ON120 Fernando Liguori Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei. O sexo é a música sagrada da alma; o sexo é o santuário do Ser. ~ Aleister Crowley.

T

alvez essa epístola seja mais útil as mulheres no seu papel ou ofício de Mulher Escarlate do que aos homens. No entanto, há muito material aqui através do qual os homens podem adquirir certa sabedoria sobre a complexidade feminina. Aleister Crowley (1875-1947) foi um dos frutos mais bem-sucedidos da Ordem Hermética da Aurora Dourada, uma organização espiritual que convergia ideias religiosas e científicas. Muitas autoridades dão ênfase ao fato de que é na estrutura desta Ordem Mágica que a magia começou a ter seus efeitos mensurados pelas ideias da psicologia moderna. Uma das inovações tecnológicas da Ordem foi a ascensão nos planos, uma prática de projeção do corpo de luz com a finalidade de sutilizar a consciência humana. Nesse processo, a Aurora Dourada adotou como mapa para suas jornadas astrais o complexo esquema da Árvore da Vida, o qual era explorado meticulosamente, Caminho por Caminho, Esfera por Esfera, até que o Candidato pudesse conquistar ou alcançar o Eu Superior. Uma vez que o Candidato tenha conquistado esse ordálio espiritual, atribuído a esfera de Tiphereth-Sol na Árvore da Vida, ele era então conhecido como Adepto Menor Interno ou Externo. Um Adepto Externo é aquele que dirige sua consciência solar para baixo, quer dizer, para os planos mais densos de Assiah e Yetzirah, para o Guph e o Nephesh, na intenção de organizar a base de sua Árvore da Vida, colocando em ordem Malkuth sob o ponto de vista de Tiphereth. O Adepto Interno, por outro lado, está mais interessado em organizar seus arquétipos subjetivos que contêm um vasto reservatório de imagens mescladas com a experiência pessoal. O Adepto Externo procurará operar com a estrutura de seu inconsciente pessoal. O Adepto Interno, por outro lado, se lançará em aventura no inconsciente coletivo ou Corpo de Deus. O Adepto Externo trabalha com sua Árvore da Vida pessoal, o Adepto Interno trabalha com a Árvore da Vida universal, visitando e comandando os reinos que estão fora de si. Um dos maiores temas abordados na Ordem Hermética da Aurora Dourada era a imaginação. A Ordem insistia na produção adequada e no ordenamento da imaginação, não como imaginação tida no imaginário popular, mas uma ferramenta poderosa para mudar a realidade de cada um. Dr. Wynn Westcott (1848-1925), um dos fundadores da Ordem, explica: A imaginação deve ser distinguida da fantasia, desejos, pensamentos desconexos ou visões vazias. Em outras palavras, cada um deve se indagar, nesse processo, se a imaginação não está sendo utilizada para atender as demandas dos desejos ou as volições da Verdadeira Vontade. Enquanto um Adepto vitaliza uma imagem criada para propósitos superiores, um não-iniciado produz vampiros fantasmagóricos que drenam sua energia. Westcott continua: A Qabalah ensina o Homem a dirigir o poder criativo por sua Vontade. Esse se torna assim mais divino que os Anjos, pois através disso ele pode criar, os Anjos não. Isso é uma realidade! Não-iniciados caminham pelo mundo como zumbis em estado de sonho. Eles não têm poder para criar, vitalizando sua imaginação com o poder de sua Vontade, pois estão perdidos em

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devaneios, expectativas e ilusões O Adepto, ao contrário, se preocupa em ordenar e controlar o poder da imaginação na intenção de um objetivo maior. Não é nenhum segredo que inúmeros membros da Ordem Hermética da Aurora Dourada utilizavam substâncias psicoativas para obterem visões e outras experiências enquanto visitavam os planos da existência. Estas substâncias psicoativas, muitas delas legais na época, permitem ao corpo de luz se deslocar com mais facilidade. No entanto, a mesma força que liberta também aprisiona. Muitos dos membros que se envolviam com substâncias psicoativas sem um treinamento mágico-espiritual que pudesse edificar suas bases ou Fundação espiritual se viram posteriormente atormentados pelos fantasmas que criaram e que posteriormente lhes drenaram energia. A quimiognose, quando não compreendida ou praticada sem prudência, alimenta fantasias e devaneios ao ponto de se tornarem entidades obsessoras. Para testar a validade de suas visões o magista é ensinado uma complexa gama de sinais e símbolos, palavras de passe e armas mágicas que o habilitam a averiguar se as imagens são arquétipos que têm correspondência com planos de existência ou se são fantasias criadas por uma mente desordenada alimentada por alguma substância psicoativa. Esse tipo de teste foi designado para que o magista possa manter o foco em sua jornada pelo plano que deseja explorar ao invés de lhe permitir vagar com os pensamentos. Quanto mais poderoso for o foco de sua mente, quanto mais ele manter a mente unidirecionada no objetivo da jornada no corpo de luz, mais fácil será ao magista adquirir o Conhecimento do reino explorado, seja nele mesmo ou no inconsciente coletivo. Sem a quimiognose, o nível mais baixo de imaginação – e genericamente alcançado por qualquer pessoa – é o sonho sexualmente orientado, comumente chamado de polução noturna. Homens e mulheres costumam se distribuir em duas categorias: àqueles que têm experiências sexuais oníricas e àqueles que não têm. Todas as pessoas passam a maior parte de sua vida chafurdadas em alguma fantasia sexual secreta intimamente, não envolvendo ninguém conhecido ou o próprio parceiro. Isso é muito comum a todos, pois nada mais é do que um efeito colateral da imaginação, que todos nós possuímos. No entanto, abraçar verdadeiramente sob a luz do dia essas fantasias é algo deveras desconfortável para a grande maioria das pessoas. Isso é tão forte e real que é capaz de manter essas fantasias ocultas na mente das pessoas, sem que ninguém as descubra. A questão é: se todos nós temos esse tipo de experiência, qual é a importância das fantasias sexuais? A psicologia tem produzidos inúmeros estudos sobre esse tema e vem demonstrando que nossas fantasias sexuais mais ocultas têm um papel fundamental no comportamento de nossa mente e na criação dos padrões pelos quais nós vivemos. Mesmo desejosas, as pessoas também são medrosas. Elas têm medo dessas fantasias, descartando-as como frivolidades. Mas o Adepto vê de outra maneira. Ele sabe que é imperativo que todos abracemos nossos sonhos por conta de seu potencial transformador e uma vez que ele se esforça em utilizar todas as coisas relacionadas as Leis Naturais, ele também sabe que o estado de sonho também pode dirigir e manipular a Serpente de Fogo, o que lhe possibilitará jornar em seu corpo de luz e ascender nos planos com muita facilidade. No entanto, a maioria das escolas iniciáticas se nega a explorar a região mais densa do plano astral, que envolve diretamente Malkuth e Yesod, os planos etérico e astral inferior. Essas duas esferas abrangem o que nós chamamos de nível horizontal ou mundano no Grau de Homem da Terra. As organizações espirituais mais tradicionais costumam operar verticalmente, quer dizer, estão interessadas no trabalho espiritual interior, além da esfera de Yesod. Isso indica que seus participantes estão mais envolvidos com a ascensão nos planos e pouco atuantes no plano físico ou nível mundano. A grande incompreensão reside no fato de associarem o plano físico apenas a objetos tangíveis. Por conta dessa dedução imprópria, o trabalho mágico no plano físico tem sido deixado de lado em detrimento do trabalho com níveis mais sutis. Nessas escolas mais tradicionais, nós aprendemos que as coisas do mundo

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ou plano físico têm de ser conquistadas para que possamos superá-lo e então nos aprofundar em níveis mais sutis. Sob esse ponto de vista não é de se surpreender que os membros dessas organizações têm sérios problemas com seu corpo e com sua sexualidade, especialmente no que diz respeito as mulheres, consideradas malignas por sua sensualidade corrupta que deve ser superada – ou reprimida – a qualquer custo. Mas para a Mulher, essas esferas não são malignas. É nessas esferas que a mulher naturalmente abraça a magia da Terra e a magia da Lua. Os homens têm erigido Ordens Mágicas cujo sistema lhes auxilia a escapar desses planos. No entanto, o trabalho mágico da mulher é muito distinto. As mulheres deveriam criar Ordens Mágicas para ensinarem outras mulheres a abraçar a fórmula mágica da Terra e da Lua, ou seja, é necessário um sistema coeso que ensine as mulheres primeiro a utilizar bem o seu corpo físico «Malkuth», a sua sexualidade e sonhos «Yesod». Nessa função ela assume o título de Bruxa ou no misticismo thelêmico, Mulher Escarlate.

A Mulher Escarlate compreende bem seu complexo Malkuth-Yesod «gupf-nephesh» e diferente das alto-proclamadas Grãs Sacerdotisas, ela entende e manipula os pensamentos sexuais que brotam na superfície da Mente para excitação de seu Corpo. A Mulher Escarlate sabe que isso não é pecado, pois ela eliminou de si o pudor imposto pela consciência moral cristista. O único pecado em Thelema é a restrição! Na magia, a ação consciente de despertar o que está adormecido «kuṇḍalinī» em Yesod é o objetivo do Candidato na graduação do Homem da Terra. Eis aqui um mistério do kuṇḍalinī-yoga na relação entre o mūlādhāra e o ājñā-cakras (ambos colocados em operação na iniciação do 0° O.T.O.): quando devidamente despertos e colocados em ação, criam uma conexão entre Corpo e Mente que anteriormente não havia devido ao entorpecimento do corpo e da mente impregnados de toxidade.5 Essa interação, no entanto, é a medida entre o Céu e a Terra. Mas isso é conquistado de maneira distinta entre homens e mulheres. 5

Para um estudo completo acerca dos cakras e o despertar da kuṇḍalinī, veja meu livro CAKRA SĀDHANĀ: O DES-

PERTAR DA SERPENTE DE FOGO.

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Para o homem, primeiro é importante aprender dominar a sua Mente, atribuída a Chokmah na Árvore da Vida.6 Por conta disso, ele aprende a deslocar-se em direção a essa esfera e se ele consegue fazer isso, estará apto a sublimar as energias das esferas mais baixas no Pilar Esquerdo de energia descendente até Malkuth. Nessa função ele opera ou maneja apropriadamente a Lança Sagrada ou o Falo em Hod. Sua Arma Mágica é Thelema. Todo esse processo está encerrado na Fórmula Mágica de O na Palavra ON. Nessa Palavra, a letra O recebe os mesmos significados do conceito oriental de Yang conforme apresentado no TAO TE KING. Na O.T.O., todo esse mistério é ensinado nos Rituais de Minerval ao III°. Para a mulher existe um processo reverso. Ao invés de começar no alto da Árvore da Vida, suas energias naturalmente se alocam em Malkuth, orientando-se pelo Pilar Direito de energia ascendente em direção a Netzach. Todo esse processo está encerrado na Fórmula Mágica de N na Palavra ON. Nessa Palavra, a letra N recebe os mesmos significados do conceito oriental de Yin conforme apresentado no TAO TE KING. Nessa função ela se encontra apta a se tornar o Cálice do Santo Graal, sendo este seu próprio corpo. Sua Arma Mágica é Ágape. No sistema de iniciação da O.T.O., os Mistérios Femininos fazem parte do IV° e P.I., no entanto, Crowley não teve tempo para terminar de ajustar isso na Ordem e infelizmente os Mistérios de Babalon ficaram perdidos nos bastidores das Cerimônias de Iniciação. No entanto, Crowley compreendeu perfeitamente os Arcanos encerrados na Palavra Mágica ON e é por isso que no seu sistema de magia sexual a mulher não precisa saber o que está sendo lhe transmitido pela Mente do Sacerdote ou precisa colocar as energias de sua Mente no processo. Sua função é focar-se em seu Corpo durante as operações do IX° O.T.O. Crowley já havia deixado bem claro que em ambos os Graus, 0° e IX°, a esfera de Chokmah é ativada. É por essa razão que uma mulher sendo iniciada no 0° pode ser facilmente elevada ao IX° por um Iniciado no Soberano Santuário da O.T.O. apenas por dormir com ele. A atividade sexual lhe permite ser elevada naturalmente de Malkuth-Yesod (Corpo) até Chokmah (Mente). Mas isso só ocorre se o Iniciado do IX° O.T.O. for realmente um Adepto Consagrado do Soberano Santuário da Ordem. Isso implica que ele, tendo o Conhecimento dos Segredos e Arcanos, deixou de praticar sexo casual devido a seriedade de seu Juramento Mágico. Uma vez conhecido o Arcano Mágico da Palavra ON, homem e mulher devem viver suas vidas emulando o Caminho do Atu VII, O Carro, que corresponde a letra cheth «tyx», cujo valor soma 418. Esse é o número sagrado da Grande Obra. Todos nós somos o Cocheiro cujo Carro é o Corpo. Nós temos de aprender a reinar e conduzir nosso veículo na direção apropriada, que é a descoberta e a aplicação da Verdadeira Vontade. No entanto, é difícil para muitas pessoas reconhecerem as forças arquetipais e conjuga-las com a Vontade para manter O Carro no Caminho apropriado. Muitas vezes O Carro permanece imóvel no seu Caminho simplesmente por nossa inabilidade em distinguir que caminho seguir. Nessa bifurcação de nossa imaturidade espiritual, um Caminho aponta na direção da Verdadeira Vontade, o outro aponta na direção dos desejos frívolos e passageiros do Ego. No entanto, nenhum dos Caminho é errado, ambos são certos, dependendo do nível de cada um, pois todas as coisas são de Deus, dizem os não-dualistas e não há lei além de Faz o que tu queres, diz O LIVRO DA LEI. O magista, no entanto, segue o Caminho do Meio, pois os outros irão se fundir nele em certa etapa da jornada espiritual. Se uma palavra pudesse traduzir esse Caminho, talvez Sonho seja uma bem apropriada, pois o Caminho do Meio sempre estará entre os dois outros Caminhos como a conexão entre eles e este é um dos Mistérios que envolvem os Pilares da Árvore da Vida. Para a mulher o Caminho do meio é importante pois é nele que ela opera naturalmente no complexo Malkuth-Yesod. É por isso que a mulher, mais do que o homem, não deve ignorar as fantasias sexuais de seu mundo onírico, pois dessa maneira ela conduz Qabalísticamente, associar Chokmah a mente é uma heresia. A mente não existe além do Abismo. Nesse caso, quando eu associo a Mente a Chokmah me refiro especificamente as faculdades do ājñā-cakra. 6

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O Carro (Corpo). Eu penso que a abordagem da Tradição Ocidental de Mistérios acerca da encarnação, que diz que se encarnamos como homem ou mulher é para passarmos pela experiência de homem ou mulher no corpo e não o transcender, é uma atitude saudável em relação ao ponto de vista de muitas religiões estabelecidas que impõem a abstinência sexual, o que reprime o Gênio. A moralidade é algo completamente arbitrário. A Magia examina a questão como um todo, sem restrições. As mulheres não devem fugir de sua pequena rocha fraca chamada Terra. Ao contrário, elas devem abraçar sua natureza e tudo o que a constitui. Mas para fazerem isso elas precisam se ajustar, pois somente quando elas se ajustam nasce o conforto de estarem e si mesmas. E como isso é feito? Através da exploração de si mesma e descobrir quais são as forças em seu interior capazes de lhes levar ao objetivo almejado. Sexo, fantasias, desejos, masturbação etc. são assuntos que têm perturbado muitas mulheres. Essa perturbação nasce de um confronto direto entre sua Natureza mais íntima e os códigos sociais morais que elas carregam desde a infância. Quantas não são as mulheres que têm medo de falar sobre o que realmente as excita, no entanto, não existe lei além de Faz o que tu queres. No seu trabalho como a Mulher Escarlate, a mulher engajada na tarefa deve descobrir o que lhe desperta verdadeiramente. Nós estamos constantemente em estado de sonho. Desperte! O ato de se estar desperto canaliza a Mente até o Corpo. Isso expande a percepção sexual, o que facilita levar o corpo ao estado de torpor que descondiciona o Gênio. A excitação sexual não é pecado, pois tudo aquilo que nos excita desperta o Gênio. O pecado é o que fazemos com esses impulsos após eles terem nos excitado, pois se a energia não for dirigida de maneira apropriada – e nenhuma descarga dessa energia será dissipada – ela se tornará em um momento fugaz de prazer sexual que restringirá o Gênio. Sob essa perspectiva, homens e mulheres não devem ter pudores para se excitar, encontrando nesse processo os melhores caminhos para expressão do Gênio. Tentar ensinar esses Mistérios aos meus alunos tem sido difícil pois eles têm sido ensinados desde a infância que a sexualidade deve ser reprimida e que as urgências sexuais naturais de alguma maneira nos tornam impuros. No entanto, no sistema thelêmico de iniciação, o Corpo e a Sexualidade são utilizados como Armas Mágicas. E como os Arcanos encerrados na O.T.O. têm relação com o Sabbath das Bruxas? As instruções do VII° e VIII° Graus tratam do poder fálico e de sua utilização. São instruções para os homens, primeiro para a Mente, depois para o Corpo. Estas instruções ensinam o homem a tornar-se um Baphomet ou Satanas Rex. No entanto, como as mulheres são ensinadas a se tornarem a Bruxa do Sabbath na O.T.O.? Elas não são! Não existem instruções oficiais da Ordem que ensinem esses Mistérios as mulheres. No entanto, a diferença na abordagem espiritual precisamente é essa: o que o homem conquista através da Vontade «thelema», a mulher conquista através do Amor «agape». A tradição luciferiana francesa utiliza um Rito muito similar àquele da Ordem dos Cavaleiros de Kadosh na O.T.O. e seu ritual tem sido considerado mais direto e com menos metáforas. Eles ensinam que assim como o homem deve aprender a usar de maneira apropriada seu pênis, a mulher também. Quer dizer, o pênis em si é a medida entre o Céu e a Terra, não apenas para o homem, mas para ambos os sexos. Em palavras claras, o que eles aprendem no IX° O.T.O. é que o homem é o Céu e a mulher é a Terra e durante sua união sexual (IX°) o que une Rei e Rainha é o Falo! O Falo é o prego «Vav-wvv» que une as coisas. Para a Bruxa, o Sabbath não é necessariamente um destino tanto quanto uma metáfora para seu desejo de ser penetrada e nutrida por Baphomet. Isso implica que ela compreende a medida entre Céu e Terra ou aquilo que reside no alto da Montanha com aquilo que reside no Vale abaixo, onde ela repousa adormecida. Dessa maneira, para ela no início é essencial aprender a dominar a arte do desdobramento astral no corpo de luz, quando ela estará apta a voar até o Sabbath em uma vassoura, cavalgando um Falo. A primeira menção conhecida sobre uma bruxa montando uma vassoura foi obtida sobre tortura em 1453 por uma bruxa conhecida como Guillaume Edelin. No entanto, uma Bruxa verdadeira conhece o 15 Sociedade de Estudos Thelêmicos

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Arcano revelado por Guillaume Edelin a seus torturadores e isso está claro na imagem de Baphomet. Na imagem de Baphomet existem duas serpentes gêmeas se entrelaçando ao redor de uma haste ereta sobre um Círculo Verde (Netzach-ON). Enquanto alguns vêm apenas o Caduceu de Mercúrio, uma bruxa vê uma Baqueta Mágica. Ela sabe que a baqueta Mágica na imagem de Baphomet é uma referência a sua vassoura, que é apenas uma metáfora para o Falo. A Bruxa o abraça – como assim faz o círculo – na intensão de se excitar para poder voar em seus sonhos. Ela voa utilizando seu Corpo de Luz, atribuído a Yesod-Lua. É por conta disso que o Sabbath sempre ocorre a meia-noite, uma referência ao estado onírico da Bruxa que se estende até o canto do galo na alvorada, quando ela desperta. Pois para a Bruxa, em seus sonhos existe apenas um Satanas Rex e a imagem de seu Falo apenas, que ela utiliza para se excitar em suas fantasias noturnas. Nesse processo a Bruxa nunca confunde o amor mortal por seu consorte físico com o amor que sente por Satanas Rex (Baphomet). Essa é uma premissa importante: a Bruxa não deve consumar o coito sexual (IX°) com seu parceiro, o representante de Baphomet, pois a intimidade com ele e a união sexual física «Malkuth» pode destruir suas fantasias «Yesod». Na cultura ocidental, a grande maioria das pessoas têm seu impulso natural sexual tolhido e elas acatam esse tolhimento para não serem constrangidas socialmente. No entanto, para uma Bruxa que frequenta o Sabbath, o refreamento do impulso sexual não é um entrave, mas a chave pelo qual ela tem acesso ao Ritual Orgástico de Satanas Rex. Isso ocorre porque a energia acumulada não é dissipada. Ela sempre é direcionada a algum ponto e uma boa excitação sexual é capaz de produzir grande quantidade de energia que pode ser canalizada e direcionada ao plano astral. Mas por que uma mulher deveria frequentar o Sabbath? Quais as vantagens para ela? No nível físico, o homem penetra seu Falo na vagina da mulher e lhe deposita sua semente. Ela recebe essa semente e a nutre. Isso irá formar uma criança em seu útero que nascerá em um dado momento. No entanto, assim como é acima também é abaixo! As mesmas leis da natureza se aplicam a um Falo imaginado. Ele da mesma maneira irá projetar a SementeVontade que a Bruxa irá receber e nutrir para futura frutificação. Através da Mulher Escarlate vem todo o Poder. Sua criança mágica pode ser projetada no plano astral ou dentro de sua Mente «Chokmah». Isso dependerá da magia da Lua Cheia ou a magia da Lua Nova. De todo modo, uma maçã somente pode ser arrancada de um galho da Árvore da Vida na qual o homem habita e lhe provoca fantasias. A maçã é a semente do homem ou o presente que a Serpente deu a Eva e o galho da árvore além de representar o Falo também representa o cabo da vassoura. Ela deve escolher com todo cuidado sua vassoura, pois essa não simboliza apenas a natureza de seu poder, mas também a ferramenta pela qual ela recebe o poder. É por isso que uma Bruxa nunca escolhe visualizar o pênis jambrado de um profano, mas ao contrário, o Falo ereto de um representante legítimo de Satanas Rex, seu Rei, pois ele é àquele que faz sua morada no Trono no alto da Montanha, não nas profundezas do Vale abaixo. O Sabbath das Bruxas envolve os Arcanos Mágicos da Magia da Lua. Nesse processo, 16 Sociedade de Estudos Thelêmicos

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ambos homem e mulher mantêm em mente que os dois devem estar juntos no Sabbath e é por isso que datas especiais como a Lua Cheia são mais apropriadas para este rito, quando é possível Satã e a Bruxa participarem através de suas fantasias. A chave do processo reside no entusiasmo energizado e seus ingredientes mágicos: música, sexo e intoxicantes. A operação pode ser efetivada entre homem e mulher ou sozinho e a dinâmica do processo se relaciona aos Mistérios do VIII° O.T.O. Na prática individual eu oriento meus alunos a utilizarem fotografias de seus parceiros antes de dormir, pois aquilo que é visto é passível de ser desejado e fantasiado, mas aquilo que não é visto pode produzir fantasmas obsessores através de impulsos qliphóticos reprimidos. O segredo de todo o poder vem daquilo que os gregos chamaram de daimom e que os cristãos perverteram no conceito de demônio. Homens e mulheres operam de maneira distinta com esse daimon. Não é o nosso foco aqui dissertar em como o homem opera com seu daimon, pois aqui estamos nos referindo aos Mistérios da Espiritualidade Feminina de Babalon. Para a Bruxa, seu daimon tem sido conhecido como espírito familiar ou animal de poder que irá assisti-la no processo de sua Magia da Lua. Na Tradição Esotérica Ocidental, apenas o ser humano possui um espírito. Toda e qualquer criatura sobre a terra que não seja humana possui uma entidade Elemental que, quando convocada, pode auxiliar no processo mágico da Bruxa. Essa entidade pode ser convocada por qualquer Bruxa no Sabbath apenas imaginando ali sua presença. A entidade escutará os desejos da Bruxa e então se deslocará no plano astral para atender suas demandas. Tanto na Lua Cheia (benévola) quanto na Lua Nova (malévola) a entidade Elemental pode ser convocada. No entanto, essa entidade é como uma criança de três anos que deve ser conduzida com cautela. Como uma criança que primeiro precisa ser ensinada a andar, no seu primeiro Sabbath a Bruxa não pode lhe exigir muito. Com cuidado, sistematicamente a cada Sabbath a criatura Elemental ganha confiança e destreza no plano astral. A Bruxa deve construir uma relação simbiótica com seu familiar e isso leva muito tempo. No entanto, a construção sadia dessa relação sempre está conectada a qualidade de sua excitação através de suas fantasias. Lembre-se do que falei acima: tudo aquilo que nos excita desperta o Gênio.

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A operação mágica segue nesse caminho: Durante a Lua Cheia a Mulher Escarlate deve tomar um banho de sal grosso (Malkuth) e executar algum ritual de banimento como o Ritual Menor do Pentagrama ou RITUAL RUBI ESTRELA para purificar seu corpo de luz (Yesod). Que ela consagre sua eucaristia espiritual com um sacramento mágico como a infusão de cannabis e alguma bebida alcoólica e vá para cama. Caso queira ela pode ainda utilizar qualquer outra quimiognose. Aleister Crowley insistia que a mão é um instrumento mágico por excelência e a Mulher Escarlate a utiliza como uma Arma Mágica para se excitar. A Mulher escarlate então visualiza que se encontra no alto de uma montanha, em um descampado verde. Ali ela imagina Satanas Rex na forma de suas fantasias. Para chegar no alto da montanha, ela deve voar no cabo da vassoura, quer dizer, ela se excita com a mão enquanto mantém em sua Mente o Falo de Satanas Rex. Como Eva antes dela, ela deve confiar na Serpente. Em um primeiro momento, uma vez inebriada pelo êxtase de sua excitação, ela deve visualizar seu familiar sentando-se próximo, enquanto ela lhe transmite seus desejos de modo claro e objetivo. Esse é seu Juramento Mágico. Mas seus desejos devem seguir sua Verdadeira Vontade, pois qualquer pedra jogada na superfície de uma lagoa cria ondas, mas quando lançada ao céu ela volta para terra. Em um segundo momento, já com preparo e experiência em jornar no Corpo de Luz, ela projetará sua consciência para dentro do corpo de seu animal de poder, podendo utilizar seus olhos, patas ou asas para burcar informações.7 A Mulher Escarlate deve continuar a se excitar até que caia no sono. Ao acordar, ela não deve ter ânsia pelo resultado, pois uma semente foi plantada e leva tempo para que a árvore cresça. Trazê-la a luz do dia pode matá-la. É melhor que ela esqueça e deixe que a natureza siga seu curso. Uma vez que a mulher domine todos os aspectos da graduação de Homem da Terra, ela está apta a criar fantasias sexuais sadias. No processo, ela tem de se deslocar até Netzach, o que ela faz visualizando o descampado verde no alto da montanha. Ali o seu daimon pode se tornar fértil ou estéril; ele pode seguir sua Vontade ou seus Desejos, quer dizer, ele pode operar na magia branca ou na magia negra: uma é a magia da Lua Cheia, a outra é a magia da Lua Nova. Essa é a natureza dualista de Kundry. Assim, a mulher deve estudar cuidadosamente as fases da Lua e a natureza sexual de cada signo do zodíaco em que a Lua se encontra. Ela ainda deve conhecer bem o Caminho da Lua, pois esse conecta seu corpo físico «Malkuth» a esfera de Netzach. Eu dou prazeres inimagináveis sobre a terra; certeza, não crença, enquanto em vida, sobre a morte; paz inenarrável, repouso, êxtase; Eu tampouco faço exigência de algo em sacrifício.8

A Bruxa voando em uma vassoura é, portanto, uma metáfora do Sabbath das Bruxas, no entanto, o significado por trás dessa metáfora tem sido ignorado pelas bruxas modernas wiccanas e neo-pagãs. Para essas bruxas modernas a vassoura não tem o poder de leva-las ao Sabbath das Bruxas e suas celebrações são profanações distantes do verdadeiro Arcano Mágico. Amor é a lei, amor sob vontade.

Tecnicamente, as práticas com elementares estão associadas aos esbbaths e não aos sabbaths. As práticas de sabbath servem para o despertar da consciência e evolução espiritual. As práticas e esbbath se associam a magia, feitiços, sortilégios etc. Neste texto estamos tratando dos mistérios do sabbath como corrompidos na idade média dos recessos mais remotos da bruxaria amtiga, quando ainda estava associada a corrente ofidiana. 8 LIBER AL, I:58. 7

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A Bruxa Aquática Frater ON120 Fernando Liguori Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei. Nota de Introdução Quando nós idealizamos este veículo de comunicação ocultista,9 com o propósito de veicularmos informações de fácil assimilação para o público leigo, mas também que fornecesse informações para os pesquisadores profundos, acreditávamos estar mais uma vez contribuindo para uma exposição aberta dos Mistérios. Como sempre, o intuito é de melhorarmos nosso trabalho; mas como fazer uma exposição mais aprofundada dos Mistérios? A resposta para esta proposição foi encontrada: explorar, mais intensamente, os rincões do ocultismo experimental. Doravante, esta seção estará relatando casos com dois propósitos: a) esclarecimento e elucidação espiritual; e b) servir como um mosaico panorâmico à divulgação de sistemas espirituais efetivos e novas tendências que se encontram na vanguarda do ocultismo contemporâneo. Muitas das experiências que aqui serão relatadas ocorreram nas cerimônias mágicas realizadas na Loja Shaitan-Aiwaz, uma Célula independente da O.T.O. a qual eu fundei para canalização de informações espirituais via um planeta transplutoniano chamado Ísis, descoberto por Kenneth Grant (1923-2011). Ele fundou em 1955 uma Célula da O.T.O. chamada New Isis Lodge, fechada e finalizada em 1962. É a nossa intenção dar continuidade aos trabalhos que por ele foram iniciados.

D

esde que iniciamos os trabalhos espirituais da Loja Shaitan-Aiwaz, um importante iniciado e artista, Alex Elias, conhecido nos meios ocultistas como o Alquimista, esteve presente. Como meu amigo pessoal, ele fabricou muitos instrumentos mágicos para Loja, desenhou inúmeros cenários para as operações e elaborou vários dos rituais por nós utilizados. Embora tenha uma órbita errática, não podendo ser definido como isso ou aquilo, sua principal linha de trabalho espiritual está vinculada a utilização de ayahuasca em ritos cerimoniais dos mais diferentes tipos: alta magia, xamanismo, alquimia etc., sendo ele um exímio Adepto na arte da sigilização. Um Adepto capaz de com um simples toque consagrar qualquer instrumento a qualquer entidade desejada. Certo dia eu visitei o Alquimista; subi as escadas de seu apartamento e o segui até a cozinha. Ele havia acabado de completar um estudo sobre um desenho a pastel de minha exesposa o qual foi intitulado por ele como A Jovem Feiticeira. O nome leva inevitavelmente o sujeito da feitiçaria e suas experiências pessoais com o Culto das Bruxas. Ele relacionou o desenho a um incidente típico de muitas de suas experiências mágicas. Passamos o dia inteiro juntos e a noite adentramos ao seu templo para realizarmos algumas experiências mágicas. Lembro-me de que estávamos entretidos na formulação de um novo ritual e para isso tínhamos de nos certificar de que estávamos no caminho correto. O ritual mostrou-se muito potente. Após o ritual, com uma noite chuvosa, eu embarquei em um ônibus em direção a minha casa. Era domingo, bem tarde, e como estava chovendo muito, as ruas estavam desertas. 9 Trata-se da REVISTA SOTHIS, Órgão de Divulgação da extinta Loja Shaitan-Aiwaz que funcionou entre 2003 e 2009

E.V.

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O primeiro compartimento do ônibus estava vazio. Eu fui em direção do segundo compartimento a fim de folhear um livro que o Alquimista me emprestara. Me surpreendi ao encontrar o segundo compartimento do ônibus cheio de pessoas, quase lotado. Como já estava ali, encontrei um banco vazio, me sentei e rapidamente me abstraí. A chuva castigava fortemente as janelas; as ruas encharcadas ainda iluminadas pelos altos postes de luz não me pareciam familiares, na verdade, irreais. Eu olhei a minha volta e descobri que os passageiros que me rodeavam também pareciam irreais e – de alguma maneira que não podia definir – se encontravam fora da consciência normal, embora vividamente presentes na minha consciência interna. O ônibus não parou durante todo o trajeto e despertei de meu devaneio ao me aproximar do meu destino. Aí me dei conta de que não havia pagado a passagem. De alguma maneira o trocador também não me cobrou.

Alex Elias (Alquimista) e Fernando Liguori (Frater ON120), por volta de 1999. Foto tirada no templo do Alquimista, na ocasião de um ensaio para as invocações do ritual planejado para noite.

Eu experimentei um raro estado de pericoresi «interpenetração de dimensões» naquela noite; o que eu estava vendo, como o resultado do ritual que acabava de praticar, era uma congregação de bruxas indo a um Sabbath. Todos os passageiros fantasmas eram mulheres. Elas possuíam um interesse intenso, embora indireto, em mim, como que se estivessem me convidando para algum encontro secreto e profano. Eu observei determinados gestos misteriosos que me lembraram muito determinadas características do Alquimista quando o vi transfigurar-se pela primeira vez. Elas também estavam neste ponto de transfiguração, derretendo-se e transformando-se em formas estranhamente atraentes. O Alquimista havia sido instruído nos arcanos sabáticos que velavam técnicas para o estabelecimento de contatos com entidades extraterrestres, elementais autômatos, familiares intrusivos, capazes de dotar o feiticeiro com conhecimento e poder sobre-humano. Os Cristãos, que estão completamente alheios aos verdadeiros objetivos do Sabbath, fazem absurdas acusações contra os suspeitos participantes e os acréscimos de rumores e lendas que se acumularam durante os séculos têm suscitado as pessoas a suporem que o grande mal fora incubado e promulgado nos conclaves sabáticos. O Sabbath não é nem negro e nem branco, mas um evento altamente colorido. O sexo é ali utilizado por todos os participantes como um veículo mágico para produzir um cone de poder através do qual se dará a ressurgência atávica. É a fórmula da postura da morte aplicada en masse; ao invés de ser ensaiado astralmente ele é representado fisicamente para a

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formulação e geração de grande poder. Este poder, quando liberado, é desviado de seu objetivo profano e direcionado para realização do desejo da massa. Este último varia, dependendo do objetivo pré-arranjado do coven ou assembleia. Ele não é meramente uma questão de satisfação erótica, embora isso possa ocorrer acidentalmente em alguns círculos. O magista se torna neutro e disciplinado até sua sublimação posterior e final. Todo seu treinamento é submisso e obediente até que ele possa transmutar, controlar e dirigir-se magicamente a qualquer propósito pela fria paixão amoral. As bruxas são ativas durante todo o processo, daí o voo simbólico pelo cabo da vassoura. As bruxas usualmente engajadas em tais rituais são velhas, grotescas e libidinosas, tão pouco sexualmente atraentes quanto os mortos; contudo, elas se tornam os únicos veículos de consumação. Isto é necessário para a transmutação da cultura estética pessoal. As bruxas jovens são constantemente treinadas na arte da transfiguração criando uma ponte ou elo entre o grotesco e a sublimação de maneira que já não haja diferença entre um e outro. Kenneth Grant discorre sobre o assunto em ALEISTER CROWLEY & O DEUS OCULTO. A perversão também pode ser utilizada para superar os preconceitos morais e a conformidade instigada pela má educação ou uma sociedade perniciosa ao saudável desenvolvimento individual. A mente e o desejo devem se tornar amorais, concentrados e completamente aceitáveis, de forma que a Força da Vida esteja livre de inibições anteriores ao controle final, pois ela não é cega, nós é que somos! O Sabbath é assim uma orgia sexual deliberada com o firme propósito de exteriorização de um desejo latente. É a grande realização da imagem autista; a extrusão científica do pensamento e sua incorporação como entidade objetiva, tátil e visual a todos os presentes. Em outras palavras, é a materialização do pensamento veleitário. O Alquimista sempre cita Austin Osman Spare quando sustenta que as fórmulas tradicionais de cultura estética como o «valor», i.e. o critério, têm destruído afinidades mais afetivas do que qualquer outra crença, pois «aquele que transmuta o feio em uma nova estética possui algo que vai além do medo». Spare, O LIVRO DO PRAZER. Para o ético pragmático, o Alquimista declara que os ritos sabáticos nunca lhe prejudicaram, porém, ao contrário, fortalecem sua autodisciplina e aumentam sua saúde, tornando-o mais tolerante, compreensivo e compassivo. Acima de tudo o Sabbath o dotou com inspiração criativa incorporando os fenômenos a sua realidade mágica. O Alquimista transcreveu muitas fórmulas sabáticas em pinturas e desenhos mágicos para Loja Shaitan-Aiwaz, os quais ele consagrou com um rito de feitiçaria sexual para propósitos determinados pelos quais eles eram desenhados. Ele também gravava seus desejos mágicos em placas, pires ou vasos em forma de graal a pedido de amigos que queriam artefatos mágicos para serem usados em determinadas operações. Aqui descrevo um caso particular que envolveu a Loja Shaitan-Aiwaz. Um de seus amigos (ou cliente) que solicitou este tipo de artefato foi Sérgio Maluff, que declarava ser um bruxo. Ele era sacerdote de um coven da linha de Gerald B. Gardner, um antigo membro da O.T.O. na Inglaterra que escreveu alguns livros sobre bruxaria e fundou o Museu de Bruxaria em Castletown, na Ilha de Man. Eu apresentei Sérgio Maluff ao Alquimista e ambos desempenharam um papel importante na Loja Shaitan-Aiwaz. Isis é a deusa Egípcia da Natureza ou manifestação, e Nu, ou melhor, Nu-Isis (às vezes conhecida como a Isis Negra) é o símbolo do sangue, a base da manifestação. Seu tipo Hindu é a deusa Kālī, a Deusa do Tempo, a Deusa Negra que representa o ciclo dual da Duração e Destruição. Em 2004 conheci uma mulher chamada Lucila, que havia pertencido, recentemente, a um coven de bruxas da linha de Gardner formado por Sérgio Maluff. Tendo falhado na sua busca espiritual como uma sacerdotisa do Mar e da Lua, ofício pelo qual ela havia se sentido instintivamente chamada, buscou e teve admissão a Loja Shaitan-Aiwaz, onde ela esperava encontrar escopo para o desenvolvimento de seus poderes latentes.

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Alex Elias (Alquimista) e Fernando Liguori (Frater ON120), por volta de 2004. Foto tirada na Loja Shaitan-Aiwaz, na ocasião do ritual envolvendo Lucila (Adana Trynandara).

Lucila era uma mulher alta de aparência curiosamente escameada, uma impressão transmitida por seu longo cabelo ondulado que se prendia a ela como alga marinha. Na noite do episódio em questão, ela deitou-se sobre um altar que se encontrava sob uma imagem de Nu-Isis desenhada por Austin Osman Spare, a qual nós havíamos colocado como tela de fundo no Templo da Loja. Deve-se explicar que Sérgio Maluff havia feito exceção à deserção de Lucila de seu culto das bruxas e estava projetando uma corrente maligna de pensamentos em direção a Loja, em geral e a mim mesmo em particular. Ele chegara ao ponto de induzir um um grupo de ocultistas a publicar uma carta na qual ele expressava sua desaprovação acerca da Loja Shaitan-Aiwaz e suas atividades. Por detrás das cenas, contudo, ele havia tomado providências mais drásticas se aproximando do Alquimista, a quem ele pediu para preparar um talismã para «restituir a propriedade furtada ao seu devido lugar».10 O Alquimista, naturalmente, não tinha ideia de que Lucila era a propriedade furtada em questão. Ele estava sempre disposto a obsequiar seus colegas e no devido curso dos acontecimentos Maluff adquiriu seu talismã. Na noite em questão Lucila estava participando de um ritual secreto da Loja ShaitanAiwaz; ela permaneceu inerte sobre o altar esperando encarnar o Espírito da Isis Negra. O ar estava espesso pela utilização de um incenso composto de gálbano, mirra, estoraque e olíbano, que formavam a base de um preparado especial que continha o suco da lua ou fluido menstrual. Ele se exalava em ondas aéreas não naturalmente aquecidas até o teto de cintilante de estrelas. Figuras vestidas em estolas violetas circumbulavam Lucila enquanto ela 10

Esta frase aparece nos antigos grimórios e era um motivo muito comum para o lançamento de feitiços. 22

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permanecia extasiada e foi durante este intervalo entre as invocações que um incidente não esperado ocorreu. Ao invés da descida mágica da Deusa ocorrer, outro fenômeno completamente diferente começou a se manifestar. Seu início foi percebido após a precipitada queda na temperatura. Lucila se encontrava sentada em postura completamente ereta enquanto olhava fixamente a janela na parede oeste do Templo, que ainda era ocultada por uma pesada cortina negra. Ela nos informou posteriormente que as cortinas se dispersaram em um gélido vento soprou em sua direção e com ele um pássaro sombrio precipitou-se no Templo e – com suas grandes garras palmadas – suspendeu-a no ar, através do teto noite adentro. Embaixo de seus pés ela viu tetos cobertos de neve. O voo continuou até que se aproximaram de uma estrutura parecida com um cais quando o pássaro começou a perder altitude. Ela lutava contra a criatura com toda força de sua vontade, e fora lançada de volta sobre o altar como uma pedra.

Lucila (Adana Trynandara) na Consagração da Isis Negra, ritual no qual a Loja Shaitan-Aiwaz e seus membros foram atacados por uma criatura elemental.

Na realidade Lucila não havia levitado fisicamente; a maior parte de sua terrificante experiência ocorreu no astral. Porém, o peitoral da janela no oeste misteriosamente se encontrava cheia de pedras de granizo e mostrava sinais inconfundíveis de marcas feitas por uma espécie de garras que arranharam a tinta negra da vidraça. Entre as pedras de granizo havia uma substância lodosa com um cheiro forte de maresia, pululante, como se estivesse respirando! Quando eu descobri que o Alquimista havia confeccionado um talismã especialmente preparado para restituir a propriedade furtada ao seu devido lugar, eu reconheci as mãos de Maluff por trás da trama. Eu perguntei ao Alquimista a qual tipo de elemental ele havia consagrado o talismã e ele descreveu-o indiferentemente como um «tipo de coruja anfíbia com asas de morcego e as garras de uma águia».

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Lucila pertencia indubitavelmente as grandes profundezas e todos os sinais sugeriam o fato: sua aparência – que lembrava uma sereia de maneira tanto obscura; sua convicção de que era uma sacerdotisa da lua e do mar e a substância salina depositada no peitoral da janela. O Alquimista havia infalivelmente convocado o elemento apropriado. Ele conhece o segredo para suscitar tais elementais através do desenvolvimento e aprimoramento um sistema utilizado por sua linhagem mágico-ancestral durante séculos. Comumente, ele visualiza determinadas formas animais e – sendo pictográfica a linguagem do subconsciente, não verbal – cada forma representa um poder correspondente no oculto mundo das causas. É necessário somente «plantar» um sigilo apropriado e de maneira apropriada para que ele desperte sua contraparte na psique. Ressurgindo das profundezas ele emerge, às vezes mascarado em alguma forma animal, para realizar a ordem do feiticeiro. Estas ou considerações similares subjazem aos contos de bruxas e seus espíritos familiares, os quais usualmente apareciam em formas bestiais e que são em efeito uma extensão do mágico poder das bruxas. A imagem popular da mulher decrépita e seu gato, rato ou coruja é a interpretação nãoiniciada deste mecanismo oculto. Os sacerdotes-magistas do antigo Egito eram profundamente versados na ciência da ressurgência atávica. Suas deidades com cabeça de animal ou forças elementais eram símbolos sensientes usados para explorar e em última análise controlar mundos invisíveis: o Amenta, Hades ou Inferno. Em termos da psicologia moderna, o Subconsciente. Amor é a lei, amor sob vontade.

O Diabo por Austin Spare. 24 Sociedade de Estudos Thelêmicos

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Choronzon & Mídia Social Frater ON120 Fernando Liguori Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

N

o grupo fechado do CORRENTE 93 nós começamos a discutir sobre os meios através dos quais Chorozon, o terrível demônio da dispersão na Filosofia de Thelema, pode se manifestar na mídia social e principalmente nos debates sem fim que ocorrem no Facebook em inúmeras postagens que apenas transmitem as psicoses humanas. É pensando nisso que eu, particularmente, estou me afastando essa semana que entra dessa mídia social, mantendo a conta apenas para divulgar os trabalhos da Corrente 93, deletando comentários nas postagens e evitando os tentáculos de Choronzon. Dessa maneira, quando a serpente começar a levantar sua cabeça, lá estarei eu para cortar sua cabeça. Assim, se eu deletar seus comentários, por favor, não se sinta ofendido. No entanto, se você deseja falar sobre algum dos tópicos que eu abordo, por favor, me escreva em privado por e-mail Mas a maioria das pessoas não entram em contato particularmente. Elas não conseguem, pois precisa esbravejar suas psicoses publicamente, precisam que suas vozes se ecoem pelas fossas do Facebook, afinal de contas, isso as empodera, assim pensam. Isso dará a elas quinze minutos de fama. Consideremos a passagem seguinte de A VISÃO & A VOZ sobre Choronzon e seus escravos: Perspicaz, a criatura o induziu a falar em demasia, mudando de assunto rapidamente tentando, deste modo, engana-lo. Ainda que Choronzon possa facilmente ser batido em argumentações ele sempre tenta distrair os que tentam comanda-lo e assim vence.11

Lembrem-se dessa passagem sempre que alguém tentar argumentar suas postagens no Facebook e discussões sem fim de falácias contraditórias da mente, ignorando a verdadeira natureza de sua mensagem. Quando se ver nessa cilada, pense: como faço para neutralizar os poderes de Choronzon? A VISÃO & A VOZ ensina: Choronzon teme todas as coisas relativas a concentração e o silêncio; para comanda-lo deve-se calar, assim o demônio obedece.12

Dessa maneira, quando alguém tentar encerrá-lo dentro do fosso chamado Porque13 em discussões infrutíferas e sem sentido, movidos pela força dispersiva de Choronzon, lembre-se de Hoor-paar-Kraat e assuma a forma divina do Silêncio. Apenas delete esses amigos de sua página e lhes tire todo o poder. Amor é a lei, amor sob vontade.

Aleister Crowley, A VISÃO & A VOZ, 10° Aethyr. Idem. 13 LIBER AL, II:27. 11 12

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Notícias da Linha de Frente Curso de Meditação O curso de meditação da SETh ainda está com as inscrições abertas. Sua participação no curso requer algumas condições: 1. Caso você seja aluno direto de Frater ON120 na A∴A∴, sua participação no curso está liberada sem ônus algum. 2. Caso você seja membro do Colegiado da Luz Hermética, sua participação no curso está liberada sem ônus algum. 3. Caso você tenha adquirido as obras de Frater ON120, sua participação no curso está liberada sem ônus algum. 4. Caso você não se enquadre nas três condições acima, será necessário pagar uma taxa de R$93 para participar do curso. Para fazer seu cadastro ou para se inscrever como ouvinte no curso, entre em contato com o editor do Corrente 93. Robes de qualidade A Sociedade de Estudos Thelêmicos disponibiliza robes de qualidade para os Irmãos da A∴A∴, Ordo Templi Orientis e outras organizações thelêmicas.   

Robe do Probacionista R$280. Robe do Neófito: R$230. Robe do Zelator: R$230.

Robes com características distintas podem ser encomendados. Entre em contato com o editor do Corrente 93 e faça um orçamento sem compromisso. Os robes são em alta qualidade, de brim e bordados bem detalhados.

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A Lança & o Graal A magia sexual de Aleister Crowley opera através de duas forças conhecidas como Caos e Babalon. Caos é a Força ou Energia Criadora Paterna primordial representada pelo Falo no homem. Ele é idendificado ao astro Sol como o Senhor na Missa Gnóstica. Babalon é a Força ou Energia Materna geratrix primordial representada pelos símbolos do Útero, a Vulva, a Mulher e a Terra. No sistema thelêmico de magia sexual, a Mulher é o veículo que nutre a Palavra do Genitor com seu Poder Gerador. Através da União de Caos e Babalon, nasce a Criança Mágica Baphomet. Nós estamos entrando no Equinócio de Primavera de 2016 e.v. O ano 2012 e.v. foi muito importante para muitos iniciados, pois marcou o início de uma reificação na Terra das forças espirituais do Novo Aeon. No entanto, o resgate espiritual dessas forças dentro de cada um de nós depende da aplicação de certas chaves ou fórmulas mágicas. Uma dessas fórmulas, conhecida como Corrente Ofidiana, tem sido considerada das mais eficazes no estabelecimento das forças do Novo Aeon na consciência humana. O livro A Lança & o Graal cumpre o objetivo de agregar em uma só publicação os textos acerca do sistema de magia sexual proposto por Aleister Crowley previamente publicados nas edições do Jornal Corrente 93 da Sociedade de Estudos Thelêmicos. Para adquirir seu exemplar, clique aqui. Curso Cakra Sadhana Entre os Ocultistas nos últimos cinquenta anos tem havido uma tentativa em estabelecer uma equivalência entre as Sephiroth da Árvore da Vida e os cakras da cultura tântrica. Se a Árvore da Vida contém tudo em nosso Universo, tanto acima quanto abaixo, deve haver algum lugar nela que os represente. Uma vez que tenha se aceitado que existe uma equivalência entre as Sephiroth e os cakras, logo nasce a indagação acerca da relação entre os vinte e dois Caminhos – os Atus de Tahuti – e as Sephiroth ou zonas de poder. Estes Caminhos, entretanto, foram relacionados às nāḍīs dos ensinamentos tântricos. Nāḍī é um termo sânscrito que significa torrente ou fluxo, quer dizer, aquilo que flui livremente. Este é o nome dado aos canais por onde circula o prāṇa ou energia vital. Eles conectam os cakras e levam energia as diversas partes do corpo psíquico e sua contraparte física. Os cakras são casas de energia e literalmente a palavra significa roda. No entanto, toda a doutrina do Tantra acerca da estrutura psíquica «cakras, nāḍīs, kuṇḍalinī» e a maneira correta de manipulá-la envolve o conceito de Śakti, a Deusa. Śakti é uma palavra sânscrita que significa poder, mas para todos os efeitos, em estado potencial. Existe uma parábola nos tantras que diz que no Infinito, antes da criação, a Deusa dividiu-se em dois estados conhecidos como Mente e Corpo. A essência da Deusa repousa eternamente no 27 Sociedade de Estudos Thelêmicos

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ājñā-cakra, de onde ela começa a se projetar para baixo, vibrando «spandana» em direção a terra na busca por seu Corpo. Nesse processo, a Śakti cria diferentes estados de realização, os cakras, começando pelo viśuddhi, atribuído ao Espírito, o anāhata, atribuído ao Elemento Ar, o maṇipūra, atribuído ao Elemento Fogo, o swādhisṭhāna, atribuído ao Elemento Água e o mūlādhāra, atribuído ao Elemento Terra. Ao fazer de sua morada o mūlādhāra-cakra, o processo de criação se encerra e a Śakti se recolhe em sono profundo. É neste estado que ela é conhecida como kuṇḍalinī-śakti. Uma possível tradução desse termo que se enquadra na descrição do tema é poder recolhido e na Tradição Esotérica Ocidental ela é identificada apenas pelo nome de Serpente de Fogo ou Fogo Serpentino. Quando aprendemos a manipular essa força em nosso interior, fazendo-a acordar de seu sono no fosso da terra, é o momento de aprendermos com ela em um processo de ascensão a fim de redescobrirmos o paraíso perdido. Este trabalho consiste em erguê-la do mūlādhāra-cakra aos cakras superiores através de um sistemático programa de treinamento. Nos dias de Aleister Crowley (1875-1947) muito pouco material sobre o tema cakras havia sido traduzido do sânscrito para o inglês. Fora as especulações teosóficas, pouquíssimos ocultistas no Ocidente produziram material de peso realmente relevante. Por anos a maior fonte de pesquisas sobre os cakras utilizada pelos ocultistas da Tradição Ocidental foi o livro Os Chakras de W.C. Leadbeater (1854-1934), considerado um grande clarividente. No entanto, seu livro tem muito pouco ou quase nada a oferecer quando comparado aos próprios śāstras do tantrismo ou obras de mestres tântricos de calibre como Swāmi Satyānanda Saraswatī, fundador da Bihar School of Yoga, a organização mais tradicional da Índia em ensino superior de Yoga e Tantra. Por volta de 1920, o autor mais celebrado sobre Tantra no Ocidente foi Sir John Woodroffe (1865-1936). Ele foi o responsável por apresentar ao Ocidente, através de inúmeras traduções e material próprio o profundo, vasto e rico oceano de conhecimento contido nos tantras, principalmente a Tradição Kaula e suas práticas obscuras de despertar da kuṇḍalinī-śakti e a manipulação dos cakras. Mas por incrível que pareça, Crowley parece ter dado pouca atenção à obra de Woodroffe, seja por despeito ou falta de conhecimento. Mas existe um problema ao tentar estabelecer uma equivalência entre a doutrina dos cakras contida nos tantras e a Árvore da Vida. Inúmeras interpretações equivocadas foram difundidas amplamente pela Sociedade Teosófica e a Ordem Hermética da Aurora Dourada, estabelecendo um desserviço a Tradição Esotérica Ocidental. Um exame acurado sobre as teorias estabelecidas por essas organizações revela verdadeiras anomalias e uma falta de compreensão absurda sobre os cakras. Nos dias de hoje existe muito material a disposição, no entanto, a grande maioria dos livros escritos no Ocidente sobre o tema cakras ainda continua perpetuando as desinformações disseminadas por essas duas organizações. Por outro lado, o Oriente vem produzindo material seguro nessa área e as escrituras que nos dias de Crowley quase eram impossíveis de serem encontradas, agora abundam em traduções, o que nos permite ter um vislumbre mais amplo do assunto. Portanto, eu sempre aconselho aos meus alunos da A∴A∴ a procurarem a fonte original desses estudos, ou seja, os śāstras do tantrismo. Ao elaborar o sistema de iniciação da A∴A∴, Aleister Crowley se debruçou amplamente sobre o Yoga, produzindo pérolas do misticismo thelêmico nas instruções da Ordem. No entanto, parece que ele deu pouca atenção à doutrina dos cakras, deixando a cargo da Ordo Templi Orientis, O.T.O., a produção do material necessário à instrução dos membros. Os primeiros Graus da O.T.O. operam enfaticamente com os ṣaṭ-cakras, mas infelizmente até os dias de hoje estamos a espera que a Ordem nos apresente instruções precisas sobre como manipular e direcionar as energias dos cakras. Até lá, ofereço esse pequeno opúsculo de meditação a comunidade de thelemitas do Brasil.

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Os Mistérios de Babalon têm sido guardados a Sete Chaves, pois Sete são suas Chaves ou as Chaves de seu Palácio. Das divindades que configuram no panteão thelêmico, Babalon é a mais arredia: não é mencionada em O Livro da Lei; embora ali se fale da sacerdotisa como sendo a Mulher Escarlate. Babalon é um aspecto particular de Nuit. O verso 22 do primeiro capítulo d’O Livro da Lei nos fala que no futuro o Profeta conheceria o nome secreto de Nuit. Este nome secreto é a pronúncia correta de Babalon que ele recebeu enquanto trabalhava com o 12° Aethyr. Antes disto, ele utilizava a forma bíblica Babylon. Babalon soma 156 e para Crowley esta numeração representa a copulação ou samādhi constante com toda a coisa vivente. Ele ainda A considerava como sendo equivalente (e não mero complemento) ao deus Pã e essa não é uma ideia isolada; ela também registra presença nos escritos de Parsons. O termo Mulher Escarlate é encontrado em O Livro das Revelações ou Apocalipse: a mulher vestida com púrpura e escarlate, e adornada de ouro [...] tinha na mão um cálice cheio de abominações; são as impurezas de sua prostituição (Apocalipse – Capítulo 17). Essa menção à Mulher Escarlate levou Crowley ao nome de Babilônia, que ele retificou para Babalon (o Portal do Sol), conforme lemos no parágrafo em epígrafe. Em complemento a essa inter-relação, no Capítulo 49 de O Livro das Mentiras, Crowley descreve quais seriam as Sete Cabeças da Besta sobre a prostituta estaria montada: Sete são as cabeças da Besta sobre a qual Ela monta. A cabeça de um Anjo; a cabeça de um Santo; a cabeça de um Poeta; a cabeça de uma Mulher Adúltera; a cabeça de um Homem de Valor; a cabeça de um Sátiro e a cabeça de um Leão-Serpente.

Para os thelemitas, de um modo geral, Babalon configura uma energia de cunho sexual e de caráter mágico. Babalon é um Arcano Arcanorum muito profundo que o próprio Crowley, no 11° Capítulo de Magick, diz que os mistérios Dela só seriam transmitidos particularmente a seus diletos pupilos. Ela sempre foi conhecida, embora por outros nomes: Grande Mãe, Diana, Ishtar, Kālī, Lilith, Inana, Deméter, Ísis, Afrodite e Hécate; mas independentemente do nome que A chamarmos, ela sempre será a expressão livre e irrestrita de nossa própria natureza sexualmágica. Babalon em O Livro de Thoth, Atu XI: Luxúria, é a abundante Fonte de Vida do Universo. Este arcano corresponde ao caminho entre Chesed e Geburah, fonte das energias da Corrente 93, insinuando uma das faces do Novo Aeon que é a capacidade de trazer à tona instintos primitivos para serem incorporados, de forma consciente, à nossa estrutura psíquica. Conforme O Livro de Thoth ressalta: Existe nesta carta uma embriaguez ou êxtase – a Volúpia, que é outro nome que se dá a esse arcano.

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Um dos Arcanos que envolve Babalon é sua força libertadora do cárcere sexual predominante no Velho Aeon. Nas palavras de Crowley: A Mulher Escarlate, a Grande Puta, basicamente representa um conceito feminino: o conceito de liberdade sexual e de ação e poder da mulher, oprimida no Aeon de Osíris e soberana do Aeon de Ísis. A característica de liberdade não é feminista e sim de igualdade ao homem. Isto é muito importante e deve ser compreendido sem que reste quaisquer dúvidas. A mulher tem os mesmos direitos dos homens, mesmo em relação ao sexo. Eu venho insistindo na similaridade entre a tradição de Thelema e o Tantra. O Culto de Śakti-Babalon na fórmula da Mulher Escarlate ilustra o fato. Embora o Tantra seja muitas vezes confundido com sexo no Ocidente, a fórmula da Mulher Escarlate não tem apenas conotações sexuais – embora elas existam, como demonstrado acima. Antes – assim como na cultura tântrica – a fórmula se refere a uma atitude diferente em relação ao mundo, a vida, ao dia-a-dia. Tradicionalmente, a Mulher Escarlate é ilustrada na forma de uma prostituta que simbolicamente permite tudo e todos em si mesma. A contraimagem da Mulher Escarlate é a mulher casta que se fecha e não permite nenhum tipo de contato íntimo com nada ao seu redor. Nos Comentário d’O Livro da Lei (III:55), Crowley observa que O inimigo é esse fechamento em relação as coisas. Fechar a Porta é uma prevenção quanto a Operação da Mudança, i.e. o Amor [...]. Este «fechamento» é hediondo, a imagem da morte. É o oposto do Ir, que é Deus. Como a imagem da Operação de Mudança, a prostituta abraça a tudo e todos sem distinção, na medida em que a mulher casta é a imagem da estagnação e separação entre todas as coisas. Nesse caminho, a mulher casta também é a imagem do ego que se recusa a ceder sua suposta realeza clamando ser o Rei da Montanha. O Rei da Montanha é o que nós chamamos de Sagrado Anjo Guardião e o ego, seu ministro no mundo, embora ele pense ser o próprio Rei. Da mesma maneira que a mulher casta se fecha para não ter relações íntimas com os outros, o ego se fecha em si mesmo para não ceder lugar ao verdadeiro Rei, o Sagrado Anjo Guardião. A fórmula da Mulher Escarlate ou o Culto de Śakti-babalon é a fórmula tântrica, quer dizer, aceitar o mundo como ele é, sem recusar nada, crescendo a partir da assimilação de todas as coisas. No Velho Aeon a mulher casta era exaltada, pois a castidade era tida como uma virtude. No Novo Aeon a prostituta é exaltada em virtude, pois ela é um símbolo de crescimento e mudança. É o apego ao Velho Aeon que macula sua imagem, associando sensualidade e promiscuidade a uma atitude pecaminosa. No Livro das Mentiras (cap. 4), Crowley diz: [...] é um conselho para aceitar todas as impressões, é a fórmula da Mulher Escarlate; mas não se deve permitir dominar-se por impressão alguma, apenas frutificar-se; como o artista que, vendo um objeto, não o reverencia, mas produz uma obra-prima a partir dele. Este processo é mostrado como um aspecto da Grande Obra. Em Liber A’ash (28) é dito: Todas as coisas são sagradas a mim. E no Comentário Djeridensis (I:51) Crowley observa: Eu insisto para que você tome cuidado com o orgulho de espírito, do pensamento a respeito de qualquer coisa como sendo pecaminosa ou impura. Faça com que todas as coisa lhe sirvam na sua Magia [causando mudança em conformidade com sua Vontade] como armas. Portanto, o Culto de Śakti-babalon é a fórmula do abraço ao mundo, aceitando tudo sem distinção de impuro ou profano. Os Eremitas de Thelema não desistem ou se afastam do mundo ou vêm as coisas como mundanas ou não-espirituais. Ao contrario, cada Thelemita se encontra imerso no Céu, como uma Estrela entre as Estrelas. No AL vel Legis (II:24) encontramos: Eis aí! estes são graves mistérios. Pois existem, além disso, meus amigos que são eremitas. Atualmente não pense encontrá-los na floresta ou sobre a montanha; mas em camas de púrpura, acariciados por suntuosas bestas de mulheres com grossos membros, e fogo e luz em seus olhos, e volumes de cabelos flamejantes sobre eles; lá vós devereis encontrá-los. Vós devereis vê-los no governo, em exércitos vitoriosos, em todo

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modo o prazer; e deverão estar neles um prazer um milhão de vezes maior do que isto. Acautelai-vos a fim de que algum não force um outro; Rei contra Rei! Amai-vos uns aos outros com corações ardentes; sobre os homens submissos, desprezai-os na feroz luxúria de vosso orgulho, no dia de vossa cólera.» No Novo Aeon não consideramos o Mundo como uma prisão ou um vale de lágrimas, mas um Templo onde o sacramento da Vida pode ser promulgado; o corpo não é considerado corrupto e impuro, mas um Ornamento puro para expressão da Energia; o sexo não é considerado pecaminoso, mas um misterioso canal de poder e a imagem da natureza extasiante de todas as Experiências de Vida, Amor, Luz e Liberdade. Existência é puro prazer (AL II:9). Devido ao estilo de vida tóxico da atual civilização globalizada, tem sido cada vez mais difícil para as mulheres terem acesso a vox-babalonis, o empoderamento da Śakti-Babalon. Aliado a isso, o sistema thelêmico têm dado pouca ou quase nenhuma atenção aos Mistérios de Babalon. Esse projeto, Śakti-Babalon: Magia Tāntrika Thelêmica, é uma tentativa de corrigir essa ponta solta. No Colegiado da Luz Hermética, cada associada a partir do Grau de Neófito empreende um sādhanā que culmina no Grau de Filósofo. Trata-se da construção do Templum-Babalonis. Nesse processo, a subida na Árvore da Vida pelas mulheres é distinta da subida dos homens, que têm de construir o Santuário da Besta. Neste curso, Frater ON120 e sua Mulher Escarlate, Soror Miah, apresentam alguns dos Mistérios de Babalon contidos no Templum-Babalonis. A intenção neste curso é oferecer um programa através do qual cada mulher possa invocar o poder da Deusa Babalon e entroná-la no Palácio da Alma. Colegiado da Luz Hermética O Colegiado da Luz Hermética é a Ordem Externa da SETh, Sociedade de Estudos Thelêmicos. Representa o Seis primeiros Graus da Ordem. A SETh foi estabelecida a Serviço da A∴A∴, constituindo um Colegiado Iniciático formulado para prover treinamento aos Candidatos que aspiram Iniciação na A∴A∴. O trabalho é individual, mas é dada a opção de trabalho coletivo e a formação de Grupos de Estudo, Santuários e Templos. HOMEMDATERRA Colegiado da Luz Hermética

Probacionista 0°=0⌷ O Probacionista é qualquer pessoa adulta, livre, acima de 21 anos que tenha concordado em executar uma prática espiritual diária e sistemática pelo período de um ano, mantendo um diário mágico detalhado sobre a prática. Os Sinais do Probacionista são os de Hórus e Hoor-paarKraat. O Probacionista se encontra no Umbral da Ordem e após um ano de período probatório ele pode requerer admissão ao Primeiro Grau de Neófito. Sendo admitido, ele assina o Juramento.

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Neófito 1°=10 O Neófito é um Iniciado do Primeiro Grau do Colegiado da Luz Hermética. Este Grau representa Malkuth na Árvore da Vida e o Elemento Terra. O Sinal de Neófito é o Sinal da Besta ou Baphomet. Currículo do Neófito: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

Formulação, construção e consagração do Pantáculo da Terra. Ritual Maior do Pentagrama da Terra. Assunção de forma divina da deidade egípcia da Terra. Ritual da Saída do Umbral. Ascensão nos planos obtendo a visão do Espírito da Terra. Pathworking: Caminho 32 (Tav). Scrying no Aethyrs 30 (TEX).

Zelador 2°=9⌷ O Zelador é um Iniciado do Segundo Grau do Colegiado da Luz Hermética. Este Grau corresponde a Yesod na Árvore da Vida e o Elemento Ar. O Sinal de Zelador é o Sinal de LilithAstaroth. Currículo do Zelador: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

Formulação, construção e consagração da Adaga do Ar. Ritual Maior do Pentagrama do Ar. Assunção de forma divina da deidade egípcia do Ar. Ritual do Khu Perfeito. Ascensão nos planos obtendo a visão do Espírito do Ar. Pathworking: Caminho 31 (Shin) e 30 (Resh). Scrying nos Aethyrs 29 (RII) e 28 (BAG).

Prático 3°=8⌷ O Prático é um Iniciado do Terceiro Grau do Colegiado da Luz Hermética. Este Grau corresponde Hod na Árvore da Vida e o Elemento Água. O Sinal do Prático é o Sinal de Ísis a Mãe das Estrelas. Currículo do Prático: 1. 2. 3. 4. 5. 6.

Formulação, construção e consagração do Cálice da Água. Ritual Maior do Pentagrama da Água. Assunção de forma divina da deidade egípcia da Água. Ascensão nos planos obtendo a visão do Espírito da Água. Pathworking: Caminho 29 (Qoph), 28 (Tzaddi) e 27 (pé). Scrying nos Aethyrs 27 (ZAA) e 26 (DES).

Filósofo 4°=7⌷ O Filósofo é um Iniciado do Quarto Grau do Colegiado da Luz Hermética. Este Grau equivale Netzach na Árvore da Vida e o Elemento Fogo. O Sinal de Filósofo é o Sinal de Tifon. 32 Sociedade de Estudos Thelêmicos

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Currículo do Filósofo: 1. 2. 3. 4. 5. 6.

Devoção a alguma deidade - iṣtā-devatā (bhakti-yoga). Formulação, construção e consagração da Baqueta do Fogo. Ritual Maior do Pentagrama do Fogo. Assunção de forma divina da deidade egípcia do Fogo. Ascensão nos planos obtendo a visão do Espírito do Fogo. Scrying nos Aethyr 25 (UTI).

Dominus Liminis (Senhor do Umbral) O Dominus Liminis é um Iniciado do Quinto Grau do Colegiado da Luz Hermética que está no período probatório para entrar na Segunda Ordem R.R. et A.C. Este Grau corresponde ao Caminho de Pé na Árvore da Vida, conhecido na Ordem como O Portal. O Sinal do Dominus Liminis é o Sinal da Caveira de Ossos Cruzados. Currículo do Dominus Liminis: 1. 2. 3. 4. 5. 6.

Formulação, construção e consagração de um talismã planetário. Ritual Supremo de Invocação do Pentagrama. Ascensão nos planos da Estrela que regula o Sol (signo ascendente). Ritual Enochiano do Elixir da Vida Pathworking: Caminho 26 (Ayin), 25 (Samekh) e 24 (Nun). Scrying no Aethyrs 24 (NIA).

Admissão ao Colegiado da Luz Hermética. Caso tenha interesse em participar da Ordem, envie uma carta em PDF seguindo as instruções: 1. 2. 3.

Faça um breve relato sobre sua busca espiritual. Estudos, práticas e a relevância desse processo na magia e no ocultismo. Faça uma lista de vinte livros que já estudou na área da magia e ocultismo em geral; cite os mais relevantes em sua iniciação e faça uma breve resenha do livro mais importante para você. Na carta, coloque todos os seus dados: endereço (físico e eletrônico), data de nascimento, afiliação, profissão, telefone e anexe uma cópia de seu CPF, RG e comprovante de residência.

Toda a comunicação da Ordem se dá através de documentos em PDF via e-mail e por correio convencional. Após o envio de sua aplicação de afiliação, a Ordem irá notificá-lo em cinco ou dez dias, após a avaliação de seu pedido. Se ele atender os nossos requisitos, você será admitido ao período probatório, devendo manter uma prática espiritual sistemática por um período de um ano, com entradas diárias no diário mágico. Sua aplicação de afiliação pode ser enviada por e-mail, em PDF. Caso queira enviar carta via correios, escreva para:

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a Secretária, Av. Barão do Rio Branco, 3652/14, Passos Juiz de Fora – MG 36025 020 [email protected]

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