2 - Marcos.pdf

June 13, 2019 | Author: jonas | Category: Gospel Of Mark, Ministry Of Jesus, Saint Peter, Jesus, Gospel Of Matthew
Share Embed Donate


Short Description

Download 2 - Marcos.pdf...

Description

O Evangelho Segundo

MARCOS

O Evangelho Segundo

MARCOS I ntrodução 1. Título —

Os mais antigos manuscritos manuscritos existentes ostentam o simples título “Segundo Marcos”. Posteriormente, quando o termo “evangelho" passou a ser aplicado à história da vida e do ministério de Jesus, ele foi incorporado ao título deste livro. O título encontrado na ARA, “O Evangelho Segundo Marcos”, ocorre apenas em manuscritos recentes. 2. Autoria  — O testemunho unânime e coerente da tradição cristã aponta para João Marcos como o autor do evangelho que leva seu nome. O nome Marcos vem do latim  Marcus, sobrenome do autor (At 12:12, 25). Seu primeiro nome era João (ver At 13:5, 13). O nome de sua mãe era Maria (At 12:12). Ele era primo de Barnabé (Cl 4:10), o qual havia residido na ilha de Chipre (At 4:36). O lar de Marcos em Jerusalém parece ter sido a casa em que estava o “cenáculo” (ver Mt 26:18), onde, pelo menos temporariamente, alguns dos apóstolos moraram após a ressurreição c a ascensão (Jo 20:19; At 1:13) e onde os membros da igreja primitiva em Jerusalém se reuniam (At 12:12). João Marcos participou do início da primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé (At 13:5, 13). Numa viagem posterior, Marcos acompanhou Barnabé à ilha de Chipre (At 15:36-39). Parece que ele trabalhou, mais tarde, sob a direção de Pedro e Paulo (IPe 5:13; Cl 4:10; 2Tm 4:11). O fato de que o evangelho contém o nome de um homem tão desconhecido como Marcos, é uma evidência indireta de sua autenticidade e de sua autoria. Se o livro fosse uma falsificação, o nome de uma pessoa mais conhecida e que havia estado pessoalmente associada com Jesus, como o apóstolo Pedro, teria sido, sem dúvida, incorporado a ele. Não há razão plausível para se duvidar da autenticidade do livro ou de que Marcos tenha sido seu autor. Papias, bispo da cidade de Hierápolis, a mais ou menos 30 km de Colossos e 16 km Laodiceia, na Ásia Menor, é o primeiro escritor conhecido que fala de Marcos como autor deste evangelho. Em  Interpretations, conforme citado em Eusébio (Ecclesiastical History, iii.39; ed. Loeb, v. 1, p. 297), ele afirma: “O presbítero (muito provavelmente o presbítero João), costumava dizer que Marcos se tornou o intérprete de Pedro e escreveu com diligência tudo quanto conseguiu lem  brar, embora não exatamente na mesma mesma ordem das palavras ditas ou das realizações do Senhor. Pois ele não ouvira o Senhor, nem O havia seguido, mas depois, como já disse, 1 seguiu a Pedro, o qual costumava ensinar conforme a necessidade o exigia, mas sem orga nizar, por assim dizer, as palavras do Senhor. De modo que Marcos não fez nada errado ao descrever alguns pontos à medida que se lembrava deles. Porém, ele tinha um objetivo específico: não omitir nada do que havia ouvido e tampouco acrescentar qualquer infor mação inverídica.” Esta declaração está em harmonia com a referência de Pedro a Marcos como “meu filho” (IPe 5:13). 611

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA O relato cie Papias é geralmente interpretado para se inferir que Marcos atuava como tradutor do apóstolo Pedro quando ele se dirigia a ouvintes em cuja língua não era fluente. Possivelmente isso ocorria ao viajar por terras onde o aramaico, língua nativa de Pedro, não era falado (ver, porém, AA, 40). Provavelmente Marcos traduziu o relato de Pedro sobre o evangelho tantas vezes, que se tornou familiarizado com ele e, assim, foi preparado para escrever a narrativa do evangelho sob a inspiração do Espírito Santo. A maioria dos erudi tos concorda que o registro de Marcos é o mais antigo dos quatro evangelhos. Os pais da igreja não têm um consenso quanto a ter Marcos escrito antes ou depois da morte de Pedro (c. 64-66 d.C.). Irineu de Lyon (c. 185 d.C.) declarou que o evangelho de Marcos foi escrito depois que Pedro morreu (Contra Heresias, iii.1.1). Clemente de Alexandria (c. 190 d.C.), por outro lado, situa a narrativa de Marcos durante o período de vida de Pedro (Eusébio, op. cit., vi.14.5-7; ed. Loeb, v. 2, p. 47, 49). Este último ponto de vista parece mais de acordo com as informações disponíveis. Mas, seja qual for o caso, a redação deste evan gelho deve se situar entre os anos 55 e 70 d.C. Muitas declarações no evangelho de Marcos tornam evidente que ele foi escrito para leitores não judeus. Palavras como kenturiõn  (latim, centurio,  "centurião”; Mc 15:39) e  spekoulator  (latim,  (latim, speculator, “executor”; Mc 6:27) sugerem que, embora escrito em grego, a língua da cultura, ele era dirigido aos romanos. Marcos poderia ter usado as palavras gre gas comuns para esses oficiais, em vez do latim, mas ele parece ter escolhido repetidas vezes  palavras latinas transliteradas em grego, provavelmente porque elas seriam mais familiares aos seus leitores. Ele explica as moedas palestinas (Mc 12:42), obviamente porque seus pre tendidos leitores não estavam familiarizados com elas. De modo semelhante, ele explica a  páscoa judaica (Mc 14:12); háhitos dos fariseus (Mc 7:3, 4); e traduz várias palavras e expres sões aramaicas (Mc 5:41; 7:34; 15:34). Nada disso seria necessário para leitores palestinos. Ao mesmo tempo, o escritor era obviamente um judeu que conhecia o aramaico e estava familiarizado com o AT, o qual ele cita, entretanto, da LXX. 3. Contexto histórico  — Sobre o contexto histórico da vida e missão de Jesus, ver  p. 273; 27 a 55. 4. Tema — Marcos é o menor dos evangelhos, mas mas em alguns aspectos é o mais ágil e vigo roso de todos. Embora contenha apenas dois terços da extensão de Mateus, ele registra a maiori dos incidentes relatados neste último. Seu estilo é conciso, enérgico, incisivo, vívido, pitoresco e, com frequência, oferece detalhes significativos que os outros evangelistas não mencionam. Marcos dá ênfase a Jesus como um Homem de ação, enquanto Mateus O apresenta como Mestre. Portanto, Marcos registra quase todos os milagres relatados pelos outros dois ► autores sinóticos. Uma palavra característica de Marcos é eutheõs (ou, euthus), "imediatamente”, ou “logo”, que ele usa com mais frequência do que todos os outros evangelistas jun tos (ver com. de Mc 1:10). Marcos relata a vida de Cristo basicamente em ordem cronológica, não por tópicos como Mateus o faz. Sua ênfase nos milagres assinala claramente seu propósito de destacar o supre mo poder de Deus evidenciado pelos “sinais” e “maravilhas” operados por Jesus. Este é o obje tivo primário de Marcos, assim como o de Mateus é assinalar que Ele cumpriu as predições dos profetas do AT. Mateus prova que Jesus é o Messias, baseado no fato de que Ele é Aquele de quem os profetas deram testemunho. Marcos prova que Jesus é o Messias pelo testemu nho que dá do Seu poder divino, o qual, presumivelmente, seria mais convincente aos leito res a quem se dirigia - cristãos de origem gentílica, talvez romana (ver p. 178, 179, 273-276).

        4         6         5

612

MARCOS 5.

1:1

Esboço — Um esboço cronológico completo do evangelho de Marcos está disponível

nas p. 184 a 195, de modo que o esboço apresentado aqui cobre unicamente as fases mais destacadas da vida e ministério de Jesus: I. Preparo para o ministério, outono, 27 d.C., 1:1-13. II. O ministério na Galileia, de Páscoa a Páscoa, 29-30 d.C., 1:14-7:23. A. O início do ministério na Galileia, 1:14-34. B. A primeira viagem missionária, 1:35-45. C. O ministério em Cafarnaum e cercanias, 2:l-3:9. D. A segunda viagem missionária, 3:20-5:43. E. A terceira viagem missionária, 6:1—7:23. III. Retirada do ministério público, da primavera ao outono, 30 d.C., 7:24-9:50. A. O ministério em regiões fronteiriças da Galileia, 7:24-8:10. B. Vislumbres da cruz, 8:11-9:50. IV. O ministério na Pereia, do outono à primavera, 30-31 d.C., 10:1-52. V. Conclusão do ministério em Jerusalém, Páscoa, 31 d.C., 11:1-15:47. A. Conflito com escribas e fariseus, 11:1—12:44. B. A profecia de Jesus sobre a queda de Jerusalém e Sua segunda vinda, 13:1-37. C. Prisão e julgamento de Jesus, 14:1-15:20. D. Crucifixão e sepultamento de Jesus, 15:21-47. VI. Ressurreição e manifestações de Jesus, 16:1-20.

Capítulo 1 1. O ofício de João Batista. 9 Jesus é batizado e 12 tentado. 14 Ele começa a pregar. 16 Chama a Pedro, André, Tiago e João. 23 Cura um endemoniado, 29 a sogra de Pedro, 32 muitas pessoas enfermas e 40 purifica o leproso. 7 E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que 1 Princípio do evangelho de Jesus Cristo, é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de, Filho dc Deus. 2 Conforme está escrito na profecia de Isaías: curvando-me, desatar-Lhe as correias das sandálias. 8 Eu vos tenho batizado com água; Ele, Eis aí envio diante da Tua face o Meu mensagei  porém, vos batizará com o Espírito Santo. ro, o qual preparará o Teu caminho; 9 Naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da 3 voz do que clama no deserto: Preparai o ca Galileia e por João foi batizado no rio Jordão. minho do Senhor, endireitai as Suas veredas; 10 Logo ao sair da água, viu os céus rasgarem4 apareceu João Batista no deserto, pregando ba tismo de arrependimento para remissão de pecados. se e o Espírito descendo como pomba sobre Ele. 11 Então, foi ouvida uma voz dos céus: Tu és ► 5 Saíam a ter com ele toda a província da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém; e, confessando oso Meu Filho amado, em Ti Me comprazo. 12 E logo o Espírito o impeliu para o deserto, seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão. 13 onde permaneceu quarenta dias, sendo 6 As vestes de João eram feitas de pelos de tentado por Satanás; estava com as feras, mas os camelo; ele trazia um cinto de couro e se alimen anjos O serviam. tava de gafanhotos e mel silvestre.

613

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA 30 A sogra de Simão achava-se acamada, com 14 Depois de João ter sido preso, foi Jesus febre; e logo Lhe falaram a respeito dela.  para a Galilcia, pregando o evangelho de Deus, 31 Então, aproximando-Se, tomou-a pe\a 15 dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no mão; e a febre a deixou, passando ela a servi-los. 32 À tarde, ao cair do sol, trouxeram a Jesus evangelho. 16Caminhando junto ao mar da Galileia, viu todos os enfermos e endemoninhados. 33 Toda a cidade estava reunida à porta. os irmãos Si mão e André, que lançavam a rede 34 E Ele curou muitos doentes de toda sorte ao mar, porque eram pescadores. 17 Disse-lhes Jesus: Vinde após Mim, e Eu de enfermidades; também expeliu muitos demô nios, não lhes permitindo que falassem, porque vos farei pescadores de homens. 18 Então, eles deixaram imediatamente as sabiam quem Ele era. 35 Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, redes e O seguiram. 19 Pouco mais adiante, viu Tiago, filho de foi para um lugar deserto e ali orava. 36 Procuravam-No diligentemente Simão e Zchcdcu, c João, seu irmão, que estavam no barco os que com Ele estavam. consertando as redes. 37 Tendo-O encontrado, Lhe disseram: Todos 20 E logo os chamou. Deixando eles no barco Te buscam. a seu pai Zebedeu com os empregados, segui 38 Jesus, porém, lhes disse: Vamos a ou ram após Jesus. 21 Depois, entraram em Cafarnaum, e, logo tros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que Eu pregue também ali, pois para isso é que no sábado, foi Ele ensinar na sinagoga. Eu vim. 22 Maravilhavam-se da Sua doutrina, por 39 Então, foi por toda a Galileia, pregando que os ensinava como quem tem autoridade e nas sinagogas deles e expelindo os demônios. não como os escribas. 40 Aproximou-se dele um leproso rogando23 Não tardou que aparecesse na sinagoga um homem possesso de espírito imundo, o qual bradou: Lhe, de joelhos: Se quiseres, podes purificar-me. 41 Jesus, profundamente compadecido, es 24 Que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste para perder-nos? Bem sei quem és: o Santo tendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, fica limpo! de Deus! 42 No mesmo instante, lhe desapareceu a 25 Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te lepra, e ficou limpo. e sai desse homem. 43 Fazendo-lhe, então, veemente advertên 26 Então, o espírito imundo, agitando-o vio cia, logo o despediu lentamente e bradando em alta voz, saiu dele. 44 e lhe disse: Olha, não digas nada a nin 27 Todos se admiraram, a ponto de pergunta rem entre si: Que vem a ser isto? Uma nova dou guém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece trina! Com autoridade Ele ordena aos espíritos  pela tua purificação o que Moisés determinou,  para servir de testemunho ao povo. imundos, e eles Lhe obedecem! 45 Mas, tendo ele saído, entrou a propalar 28 Então, correu célere a fama de Jesus em todas as direções, por toda a circunvizinhança muitas coisas e a divulgar a notícia, a ponto de não mais poder Jesus entrar publicamen da Galileia. 29 E, saindo eles da sinagoga, foram, com te cm qualquer cidade, mas permanecia fora, Tiago e João, diretamente para a casa de Simâo em lugares ermos; e de toda parte vinham ter com Ele. e André.

614

 5    6    6  

MARCOS

1:9

(cf. p. 136) entre esta variante e “os profetas”. 1. Princípio. Diferentemente de Mateus e Lucas, que narram episódios da infância A citação é de Malaquias e Isaías (comparar com a referência geral de Mateus ao cumpri de Jesus, Marcos inicia seu evangelho com mento do “que fora dito, por intermédio dos o momento em que Jesus começou o Seu ministério público. A descida do Espírito  profetas”, ver com. de Mt 2:23). Diante da Tua face. Ver com. de Mt 3:3. Santo e o anúncio de João Batista de que Semelhantemente, Jesus, mais tarde, enviou Jesus era o Messias, assinalam Seu batismo os setenta “adiante da Sua face” (ARC) “em como o início de Seu ministério público. cada cidade e lugar aonde Lie estava para Segundo Marcos, portanto, o evangelho, a “boa-nova” sobre Jesus Cristo, inicia-se com ir” (Lc 10:1). Mensageiro. João Batista foi o men o cumprimento da profecia do AT em Seu sageiro predito por Isaías e Malaquias; sua  batismo (v. 2-11). mensagem consistia no anúncio de que o Evangelho. Do gr. euaggelion,  “boasnovas”. A palavra “evangelho” se releria origi Messias, o “Anjo da aliança” (Ml 3:1), havia surgido. nalmente às “boas-novas” de que o Messias 3. Voz. Ver com. de Mt 3:3; cf. Jo 1:23. havia de fato vindo à Terra, conforme fora 4. Arrependimento. Ver com. de Mt 3:2.  predito pelos profetas. Posteriormente, o termo foi aplicado ao relato da vida de Jesus O batismo de João era um “batismo de arre e, mais tarde, aos vários documentos, ou evan pendimento” porque se caracterizava pelo gelhos, nos quais o registro foi preservado. arrependimento. O ato do batismo não garan tia o arrependimento nem o perdão. Mas o Provavelmente aqui é usado em seu sentido  batismo não seria genuíno a menos que fosse original. caracterizado por essas experiências. Jesus Cristo. Ver com. de Mt 1:1. Remissão. Ou, “perdão” (ver com. de Filho de Deus. A evidência textual se divide (cf. p. 136) entre manter e omitir estas Mt 3:6). 5. No rio Jordão. Um detalhe que  palavras (sobre Jesus como o “Filho de Deus”, somente Marcos apresenta. ver com. de Lc 1:35). 7. Pregava. [João dá testemunho de 2. Conforme está escrito. [A prega Jesus, Mc 1:7, 8 = Mt 3:11, 12 = Lc 3:15-20 ção de João Batista, Mc 1:1-6 = Mt 3:1-6 = = Jo 1:19-28). O anúncio do Messias era uma Lc 3:1-6. Comentário principal: Mt e Lc]. Ao apresentar a Jesus de Nazaré como o Mes característica e componente habitual da pre gação de João. sias, Marcos assinala a evidencia que con Desatar-Lhe. Uma expressão utilizada firma o cumprimento exato da profecia do AT - como o próprio Jesus fez (Lc 24:25, 27, apenas por Marcos, a fim de destacar a natu 44) e como o fizeram os escritores do Nd’ em reza servil do ato (ver com. de Mt 3:11). Correias. O calçado em realidade eram geral. O testemunho da profecia cumprida sandálias que protegiam apenas a sola dos é apresentado na Bíblia como uma das pro vas mais fortes da verdade da fé cristã (vei  pés (ver com. de Mt 3:11). Os cordões, ou “correias” prendiam as sandálias aos pés. ls 41:21-23; 44:7; 46:9, 10; ver DTN, 799). 9. Naqueles dias. [O batismo de Jesus, As citações de Marcos (Mc 1:2, 3) são Mc 1:9-11 = Mt 3:13-17 = Lc 3:21, 22 = extraídas de Malaquias 3:1 e Isaías 40:3, e se aproximam mais da LXX do que do Jo 1:32-34. Comentário principal: Mt]. Isto é, nos dias do ministério de João. texto hebraico. No rio Jordão. Ver com. do v. 5. Marcos Na profecia de Isaías. Ver com. de se refere ao fato de que os batismos eram Mt 3:3. A evidência textual está dividida 615

1:10

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

realizados “no rio Jordão”, e que, após o um reino terreno para os judeus e seu sub ► batismo, os candidatos saíam “da água” sequente triunfo sobre todos os inimigos (v. 10). Esta é uma forte evidência de que o (ver DTN, 103). Este equívoco continuou  batismo de João era por imersão. durante todo o ministério de Jesus e só foi 10. Logo. Do gr. eutheos, “imediata- corrigido na mente de Seus discípulos após mente”, “em seguida”, uma palavra muito a ressurreição (ver Lc 24:13-32; At 1:6, 7), utilizada em Marcos. Se Marcos escre embora, através de Suas parábolas, repeti veu seu evangelho com o auxílio de Pedro, das vezes Jesus houvesse ensinado que o como geralmente se pensa (ver p. 611, 612), reino que Ele havia vindo estabelecer era, esta característica pode refletir a maneira fundamentalmente, espiritual (ver Mt 4:17; vigorosa, descritiva e eloquente de Pedro 5:3; cf. 13:1-52).  pregar. O anúncio de Jesus de que “o tempo est Abertos (ARC). Do gr.  schizõ, que é um cumprido” se referia à profecia das 70 sema termo mais forte do que o utilizado pelos nas em Daniel 9:24 a 27, próximo ao fim outros evangelistas, equivalente a “rasgarem- do qual “o Ungido, o Príncipe” “fará firme se” (ARA). aliança com muitos” e “será morto” (ver 12. O Espírito O impeliu. [A tentação DTN, 233; GC, 327). Nos dias de Cristo, de Jesus, Mc 1:12, 13 = Mt 4:1-11 = Lc 4:1-13.alguns, pelo menos, sabiam que esse período Comentário principal: Mt]. de tempo de Daniel estava quase terminando 13. Estava com as feras. Tais como (DTN, 31, 33, 34). “Vindo, porém, a pleni lobos, javalis, hienas, chacais e leopardos da tude do tempo, Deus enviou Seu Filho” Palestina. As feras são mencionadas talvez ao mundo (G1 4:4). Quando Jesus iniciou com o fim de ressaltar o isolamento, a soli o Seu ministério, o tempo estava maduro dão e os perigos do deserto.  para o estabelecimento do Seu reino (ver 14. Depois. [Jesus volta para a GaliDTN, 32, 36, 37). leia, Mc 1:14, 15 = Mt 4:12-17 = Lc 4:14, 15. 16. Caminhando. [A vocação de discí Comentário principal: Mt. Ver Nota Adicio  pulos, Mc 1:16-20 = Mt 4:18-22 = Lc 5:1-11. nal a Lucas 4; gráfico, p. 226]. Comentário principal: Lc]. Literalmente, “ao 15. Tempo. Do gr. kairos. Esta palavra Ele passar”. se refere a um tempo particularmente aus Simão. Ver com. de Mc 3:16. Marcos  picioso (ver Mt 13:30; 16:3; 21:34; 26:18; usa o nome Simão (Mc 3:16), ao narrar o fato Lc 19:44; Jo 7:6; Rm 5:6; Ef 1:10). Neste de que Jesus deu a Simão o nome de Pedro caso, trata-se da vinda do Messias e do esta e, então, com uma exceção (Mc 14:37), ele  belecimento do Seu reino. O termo parece emprega o último nome. ter sido usado frequentemente com referên 17. Eu vos farei. Transformar pesca cia particular à vinda do Messias e ao fim dores comuns em pescadores de homens do mundo (ver Mc 13:33; Lc 21:8; Ef 1:10; envolveria um longo e demorado processo Ap 1:3). O anúncio de Jesus de que “o tempo de treinamento. Pedro, André, Tiago e João está cumprido e o reino de Deus está pró eram pescadores experimentados, porém, ximo”, foi igual ao da mensagem de João a partir de então, deveriam adquirir novas Batista (ver Mt 3:2). O povo entendeu isto habilidades. 20. Empregados. Zebedeu não foi dei como uma declaração de que o reino mes siânico estava prestes a ser estabelecido. xado só em seu trabalho. Aceitar o cha  No conceito popular, como também no de mado para se tornar um dos discípulos de João, isto envolvia o estabelecimento de Jesus não significava que os quatro homens

        7         6         5

616

MARCOS negligenciariam suas obrigações filiais. A presença de “empregados” implica um negócio amplo e bem-sucedido. Somente Marcos registra esse interessante detalhe da narrativa. 21. Entraram. [A cura de um endemoniado em Cafarnaum, Mc 1:21-28 = Lc 4:31b-37. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 215; gráfico, p. 228; sobre mila gres, ver p. 204-210]. Literalmente, “eles vão". Marcos, frequentemente, usa o verbo no presente a fim de dar um toque de reali dade vívida a sua narrativa. O plural “entra ram” inclui Jesus e os quatro discípulos aos quais Ele havia chamado. Cafarnaum. Ver com. de Lc 4:31. No sábado. Ver com. de Lc 4:16, 31. Não se deve inferir dessa narrativa em que Marcos se move com rapidez, que os discípulos esti vessem pescando no sábado. “Logo”, neste caso, simplesmente indica o sábado seguinte ► ao incidente narrado em Marcos 1:16 a 20. Na sinagoga. Sobre a antiga sinagoga e suas cerimônias, ver p. 44, 45. 22. Maravilhavam-se. Ver com. de Mt 4:13. Sua doutrina. Isto é, “Seus ensinos". Autoridade. Esta característica punha os ensinos de Cristo em acentuado contraste com os dos escribas e era comentada repe tidas vezes por aqueles que O ouviam (ver Mt 7:29; Mc 1:27; etc.). Em vez de apoiar-se no que os homens do passado haviam pen sado e escrito, e apelar para isso como fonte autorizada, Jesus falava como sendo Ele pró  prio a autoridade recebida diretamente do Pai. Os escribas tinham o costume de dizer que determinado rabino havia dito isto e aquilo, ao passo que Jesus declarava: “Eu,  porém, vos digo” (Mt 5:22). E verdade hoje, como o era no passado, que unicamente a apresentação de verdades espirituais pode  proporcionar cura aos pecadores. Escribas. Professores oficiais da lei e da tradição. A maioria deles era fariseu.

         8          6         5

1:23

Esses expositores profissionais da lei oral e escrita estavam em constante controvér sia com Jesus (ver Mt 22:34-46; 23:13, 14). Frequentemente revelavam um legalismo extremado que procurava determinar se eram apropriados até mesmo os atos mais insignifi cantes da vida. Muitas vezes, explicavam as Escrituras de modo a lançar dúvidas quanto ao seu significado, em vez de torná-la clara, e se ocupavam com as tradições dos patriar cas, os quais consideravam iguais ou supe riores às Escrituras, invalidando assim a lei de Deus (Mc 7:9, 13). Desse modo, sobre carregavam os homens com “fardos supe riores às suas forças”, mas eles próprios nem mesmo com um dedo os tocavam (Lc 11:46; ver p. 43; ver com. de Mt 2:4). 23. Espírito imundo. Do gr.  pneuma akatharton.  Nos evangelhos esta expres são é usada como sinônimo de daimonion (cf. Mt 10:1 com Lc 9:1), uma palavra que indica um espírito superior aos homens e que, no NT, sempre se aplica a um espí rito maligno, demônio ou diabo. Os evange lhos registram seis ocorrências específicas de possessão demoníaca: (1) O homem na sinagoga de Cafarnaum (Mc 1:12-28); (2) um homem não identificado que era mudo e tam  bém endemoniado (Mt 9:32-34); (3) os dois endemoniados gerasenos (Mc 5:1-20); (4) a filha de uma mulher Cananeia (Mt 15:21-28); (5) o filho de um homem não identifi cado (Mc 9:14-29); e (6) Maria (Mc 16:9). Além desses casos específicos, os evange lhos mencionam com frequência que Jesus e Seus discípulos curaram pessoas ator mentadas por espíritos malignos (para um exame da possessão demoníaca no período neotestamentário, ver Nota Adicional a Marcos 1). Bradou. Isto aconteceu no momento em que Cristo estava falando de Sua missão para libertar os que eram escravos do pecado e de Satanás (ver CBV, 91; cf. Lc 4:18). Nessa experiência, Cristo foi novamente colocado

617

1:24

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

lace a face com o inimigo que havia derro tado no deserto da tentação (ver DTN, 256). Os ouvintes estavam ouvindo atentamente a mensagem que Cristo transmitia, e Satanás  pretendeu, dessa maneira, fazer com que o  povo desviasse sua atenção da verdade que estava encontrando terreno fértil, em pelo menos alguns dos corações presentes.

Do gr. epitimaõ, literalmentc, “afixar preço em”, no NI’, “acusar de falta”, “repreender”, “admoestar”, “cen surar”. Jesus “censurou” o espírito maligno sem, entretanto, proferir “juízo infamatório” contra ele (jd 9). A repreensão parece ter sido administrada porque o espírito se diri giu a ele como o Messias. Jesus hem sabia 24. Que temos nós contigo [...]? que reivindicar abertamente Sua messiaLiteralmente, “Que há entre nós e Tu?” nidade nessa ocasião somente despertaria Este modo peculiar dc expressão hebraica o preconceito de muitos contra Ele. Além (ver Jz 11:12; 2Sm 16:10) ocorre na LXX na disso, a turbulenta situação política na mesma forma em que está aqui. Significa Palestina originava muitos falsos messias, “o que temos nós em comum?” Posterior que se propunham a levar seus compatriotas mente, os endemoniados gerasenos utiliza a se revoltar contra Roma (ver At 5:36, 37; ram as mesmas palavras (ver Mt 8:29; Jo 2:4). cf. DTN, 30, 733), e Jesus procurava evitar Parece que apenas um espírito maligno o ser considerado um messias político no havia se apossado do homem (ver Mc 1:23, sentido popular. Isso teria cegado o povo 25, 26). O pronome “nós”, neste versículo,  para a verdadeira natureza de Sua missão e  provavelmente se retere aos demônios em daria às autoridades um pretexto para silen geral, com cujos seres esse espírito maligno ciar Seus labores. se identificava. Uma razão adicional pela qual Jesus evi Jesus. Os demônios que se apossavam tava declarar ser o Messias é que Ele desejava das pessoas geralmente confessavam que que as pessoas O reconhecessem como tal por Jesus era o Filho de Deus (ver Mc 3:11, 12; meio de experiência pessoal, ao observarem 5:7). Segundo Tiago, "os demônios creem, e Sua vida perfeita, ao ouvirem Suas palavras tremem” (Tg 2:19), e seu conhecimento da dc verdade, ao testemunharem Suas podero vontade e propósito divinos devem exceder sas obras e ao reconhecerem em tudo isso o em muito ao do ser humano. cumprimento das profecias do AT. Foi, evi Perder-nos. Esse demônio, evidentedentemente, com esse pensamento que Ele mente, contemplava com horror o grande respondeu aos discípulos de João Batista da dia do juízo de Deus (ver Ez 28:16-19; Mt maneira como o fez (Mt 11:2-6). 8:29). Ele certamente tinha conhecimento Cala-te. Literal mente, “fique em silêncio”. 26. Agitando-o. Do gr.  sparassõ, um do “fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos" (Mt 25:41), e estava apreensivo termo usado por antigos autores médicos de que Cristo estivesse prestes a executar  para descrever a ação convulsiva do estô o juízo divino sobre ele (ver 2Pe 2:4; Jd 6). mago com ânsia de vômito. Aqui o termo O Santo de Deus. O espírito maligno  poderia ser traduzido como “acometendo-o”, reconheceu em Jesus Aquele que tinha ou “convulsionando-o”, e pode indicar que o estreita relação com Deus. Em outras oca homem foi jogado ao chão. A mesma palavra siões, os demônios O chamaram de “Filho é usada várias vezes para os acessos convulsi de Deus” (Mt 8:29; Lc 8:28), o próprio título vos sofridos por pessoas possuídas por demô que levou os líderes judaicos a desejarem Sua nios (Mc 9:20, 26; Lc 9:39). O ataque pode morte (Jo 5:17, 18) e, finalmente, a condená- ter sido uma tentativa, por parte do demônio, Lo (ver Mt 26:63-68; cf. Jo 10:30-36). de matar a vítima infeliz. Esta manifestação 618

25. Repreendeu.

MARCOS

1:32

revelou um impressionante contraste entre a fornece vários detalhes que não são mencio  possessão demoníaca e o estado normal de nados nos outros. Acamada, com febre. Do gr.  puressõ, autocontrole que se seguiu. da palavra pur, que significa "fogo", Lucas, 27. Com autoridade. Jesus não apenas  pregava com autoridade (Mt 7:29; Mc 1:22); que era médico, diagnosticou essa enfer Ele também agia com autoridade. Os exorcis midade como uma “febre muito alta” (ver tas judaicos utilizavam encantamentos, feiti Lc 4:38). A existência de pântanos não muito ços, e outros procedimentos supersticiosos, longe de Cafarnaum, cujo clima era subtropi em seu esforço para expulsar espíritos malig cal, sugere que pode ter sido malária. nos. Jesus falava apenas uma palavra, e os Logo. Do gr. eutheõs (ver com. do v. 10). demônios saíam imediatamente. Os espíri Os discípulos de Jesus demonstraram sua tos, bem como os homens, reconheciam a confiança nElc ao se voltarem para Ele ime autoridade do Filho de Deus. diatamente num momento de aflição física. A cura do filho de um oficial do rei havia 31. Tomou-a pela mão. Este ato foi um< agitado a cidade de Cafarnaum (ver com. toque pessoal de compaixão amorosa frequen de Jo 4:53). Nesse momento, seus habitan temente empregado por Jesus (ver Mt 9:25; tes testemunharam uma manifestação ainda Mc 5:41; 8:23; 9:27). O contato com o poder maior do poder de Deus. divino, por meio da fé, curou a mulher. A pes 28. Fama. Do gr. akoê, "o que é ouvido”. soa enferma pelo pecado também precisa sen Esta palavra tem mais ou menos o mesmo tir o cálido toque de uma mão compassiva. sentido que “informação”, “notícia”. Jesus Imediatamente (ACF). Evidências tex rapidamente Se tornou muito conhecido tuais favorecem (cf. p. 136) a omissão desta na Galileia (ver também Lc 4:14, 15, 37;  palavra. Entretanto, Lucas 4:39 afirma que 5:15, 17). a sogra de Pedro logo se levantou, e isto é 29. Logo (ARC). [A cura da sogra de indicado pelo fato de que todos os três rela Pedro, Mc 1:29-34 = Mt 8:14-17 - Lc 4:38-41, tos concluem que ela foi capaz de servir aos ver Comentário principal: Mc. Ver mapa,  presentes antes do pôr do sol. Uma febre pro  p. 215; gráfico, p. 228; sobre milagres p. 204- longada geralmcntc deixa sua vítima fraca 210]. Do gr. eutheõs; ver com. do v. 10. e é necessário um período de repouso para A casa de Simão. Durante o ministé que as forças vitais do corpo recobrem seu rio na Galileia, Jesus, muitas vezes, ficou na vigor normal, porém a cura da mulher foi casa de Simão Pedro (cf. DTN, 259, 267). instantânea. Seu conselho aos doze, para permanecer em 32. Ao cair do sol. [Muitas outras curas, uma casa durante sua estada numa cidade Mc 1:32-24 = Mt 8:16, 17 = Lc 4:40, 41], (Mc 6:10), sem dúvida, era coerente com a Aparentemente, ao perceber que o termo Sua própria prática. "tarde” não era suficientemente definido 30. A sogra de Simão. Pedro é o único entre os judeus para localizar o momento que dos doze do qual se menciona especifica tinha em mente, Marcos acrescenta essa mente como sendo casado, embora, em vista explicação adicional. Alguns comentaris do fato de que os judeus em sua maioria tas têm considerado esta expressão adicio eram casados, pensa-se que, provavelmente, nal como um vício de linguagem, mas não a maioria, senão todos os outros discípulos, é assim, pois o termo traduzido “tarde” é também tinham esposa. indefinido. Este é o primeiro milagre registrado pelos O motivo da precisão de Marcos quanto três autores sinóticos. O relato de Marcos ao horário em que os enfermos da cidade  5    7    0  

619

1:33

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

foram levados à porta da casa de Pedro tal matinal. Jesus deve ter dormido pouco, pois vez se deva ao fato de que a lei rabínica proi era tarde da noite quando se dispersou a mul  bia toda e qualquer atenção aos enfermos tidão que havia levado seus enfermos à porta no sábado, salvo alguma emergência (ver da casa de Pedro (ver DTN, 259). Um lugar deserto. Jesus procurou ficar Jo 5:10; 7:23; 9:14). Além disso, operações de cura, exceto em casos de extrema urgência, sozinho, onde a multidão não poderia enconem que a própria vida estivesse em perigo, trá-Lo (cf. DTN, 363). Orava. Ver com. de Mc 3:13. Uma das eram consideradas trabalho e, consequente mente, inapropriadas para o dia de sábado características marcantes e significativas de Cristo é o fato de que Ele orava, com fre (ver Lc 13:10-17). O fato de que todos os três autores sinó-quência e eficácia. Muitas vezes, durante ticos descrevem este episódio com riqueza Sua vida terrena Jesus salientou que “o Filho de detalhes implica que esta foi uma ocasião nada pode fazer de Si mesmo” (Jo 5:19; cf. memorável para todos os discípulos. Os doze Mc 1:30). As ohras maravilhosas que Ele rea haviam ficado amargamente desapontados lizou foram feitas mediante o poder do Pai  pela recepção até então dada ao ministério de (ver DTN, 143). As palavras que Ele falou Jesus, especialmente na Judeia e em Nazaré. Lhe foram ensinadas pelo Pai (Jo 8:28). Essa demonstração de confiança pública em Antes que Jesus viesse a este mundo, Ele Seu Mestre deve ter fortalecido muito a fé conhecia cada detalhe do plano para a Sua vida. “Ao andar entre os homens, porém, era dos discípulos. guiado passo a passo pela vontade do Pai” 33. Toda a cidade. Um detalhe vívido mencionado apenas por Marcos. Isto não sig (DTN, 147; ver com. de Lc 2:49). O plano nifica necessariamente que cada pessoa que  para Sua vida Lhe era desdobrado dia a dia morava em Cafarnaum tivesse ido à casa de (ver DTN, 208). 36. Procuravam. Do gr. katadiõkõ, Pedro. E antes uma descrição hiperbólica da “perseguir”, “procurar”. Esta não foi uma multidão que foi. mera busca eventual para encontrar Jesus. 34. Demônios. Do gr. daimonion  (ver com. de Mc 1:23; ver Nota Adicional ao fim Seus discípulos estavam, sem dúvida, ansio sos para trazer de volta Seu mestre operador deste capítulo). de milagres para junto da multidão, para que Não lhes permitindo que falassem. Ele pudesse aumentar ainda mais Sua fama. Ver a razão no com. de Mc 1:25. 35. Alta madrugada. [Jesus Se retira para Parece que eles achavam que Jesus estava orar, Mc 1:35-39 = Mt 4:23-25 = Lc 4:42-44.  perdendo preciosas oportunidades de atrair Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 215; seguidores e ampliar a popularidade da Sua gráfico, p. 228]. Do gr.  prõi, “cedo no dia”. Estecausa. Porém, os motivos deles não estavam termo era geral mente usado em referência à em harmonia com o propósito pelo qual os última vigília da noite, das 3 às 6 horas da milagres foram realizados (ver p. 205, 206; madrugada (ver Mc 16:2, 9; Jo 20:1). Como ver com. do v. 38). Simão. Pedro é mencionado pelo nome era o início do verão, a manhã nasceria mais ou menos às 5 horas, e os primeiros raios de  porque era o líder reconhecido do grupo sol seriam visíveis por volta das 3h30 na lati ou porque, como se crê geralmente, Marcos registra a narrativa conforme lhe foi contada tude de Cafarnaum (ver p. 38). Ainda escuro (ARC). A expressão grega  por Pedro (ver p. 611). Com ele. Talvez incluísse, pelo menos, indica que era alta noite, o que, neste caso, André, irmão de Pedro, Tiago e João, os corresponderia à primeira parte da vigília 620

MARCOS

1:40

da Galileia (ver Mc 1:16-20). Eles são os úni quatro homens até este momento chama cos mencionados pelo nome como estando dos oficialmente para ser discípulos. Eles são mencionados pelo nome como estando com Jesus no dia anterior a Sua partida de Cafarnaum (v. 29). Outros podem ter come na casa de Pedro no dia anterior (v. 29). çado a segui-Lo no decurso da primeira 37. Todos. Isto é, o povo de Cafarnaum viagem, considerando que a eleição formal (ver com. de Mc 1:33). dos doze ocorreu antes do início da segunda 38. Vamos. Jesus propôs que se retiras viagem (Mc 3:13-19). sem antes que a repentina onda de popu  Nessa primeira viagem, Cristo procla laridade fizesse naufragar os verdadeiros objetivos de Seu ministério. Ceder ao inculto mou o estabelecimento iminente do “reino de Deus” (Lc 4:43), o que foi fundamental clamor do povo resultaria em mais mal do que bem, e Ele Se recusou a deixar-Se enga  para todo o Seu ensino posterior. Pregando. Assim Marcos inicia sua nar. Jesus considerava Seus milagres como um meio de levar os homens a ter consciên narrativa da primeira viagem missionária à Galileia, iniciada, provavelmente, no começo cia de sua necessidade de cura espiritual, do verão do ano 29 d.C. (ver MDC, 2, 3; ver mas as multidões nada enxergavam além dos milagres em si. Com falta de visão, eles  Nota Adicional a Lucas 4). Em seus escri tos, Josefo cita mais de 200 cidades e vilas confundiram os meios com os fins, mas os meios sem os fins tenderiam unicamente a na Galileia, e essas ofereciam grande opor tunidade para desenvolver uma campanha levá-los para ainda mais longe do reino que ampla e prolongada longe das cidades maio Cristo viera proclamar. Se essas falsas con cepções de Sua obra não fossem banidas, res agrupadas ao longo da margem ociden tal do Lago da Galileia. Assim como sucedeu todos os esforços de Cristo seriam em vão no início do ministério na Judeia, a respeito (ver com. do v. 36). do qual os autores sinóticos pouco ou nada Para isso é que Eu vim. Ou, “para isso é que Eu saí”. Aqui, parece que Jesus dizem, é provável que a primeira viagem mis sionária tenha sido mais extensa e se prolon Se refere a Sua ida da cidade de Cafarnaum “para um lugar deserto” (v. 35), e não a Sua gado por um período maior do que parece vinda do Céu para a Terra. Entretanto, a pas indicar a pouca atenção que lhe foi dada (ver com. de Mc 2:1). Marcos registra apenas uma sagem paralela em Lucas 4:43 implica que Jesus nesse momento Se referia a Sua missão ocorrência específica na primeira viagem (Mc 1:40-45), mas seu resumo dos resulta na Terra. Em outras ocasiões, Ele fez men ção especificamente à Sua vinda do Pai, em dos da viagem (v. 45) denota que houve um relação com a Sua missão em forma global  período de ministério bem-sucedido, abran gendo várias semanas e, talvez, até dois ou (verjo 10:10; 18:37; Lc 19:10). três meses. 39. Por toda a Galileia. Mateus 4:23 a Nas sinagogas deles. Ver p. 44, 45. 25 descreve mais detalhadamente o alcance e a influência da primeira viagem missionária. Como Jesus era um rabi visitante popu lar, foi convidado a participar do culto e a Jesus realizou ao todo três viagens mis sionárias na Galileia entre a Páscoa dos anos falar, como fez em Nazaré (Lc 4:16-27) e em 29 d.C. e 30 d.C., o período do ministério na Cafarnaum (Mc 1:21, 22). 40. Um leproso. [A cura de um Galileia (ver gráfico, p. 228). Na primeira via gem é incerto se Jesus estava acompanhado leproso, Mc 1:40-45 = Mt 8:1-4 = Lc 5:1216. Comentário principal: Mc. Ver mapa,  por alguém mais, além dos quatro discípu los que Ele acabara de chamar junto ao mar   p. 215; gráfico, p. 228; sobre milagres, ver  621

1:41

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

 p. 204-210J. As opiniões diferem quanto a  poderia ter sido suficiente para tornar remota esse milagre ter ocorrido após o Sermão do e talvez impossível a perspectiva de cura. Monte, como Mateus indica, ou durante a Em primeiro lugar, tanto quanto se saiba,  primeira viagem na Galileia, conforme regis não havia registro de cura de leproso desde trado aqui. Marcos, geralmente, segue o que o tempo de Naamã, cerca de 800 anos antes.  parece ser uma ordem mais cronológica dos Um segundo obstáculo, ainda mais temível, ► eventos, enquanto Mateus, com frequência, era a crença popular de que ele estava sob evita essa sequência para produzir uma har a maldição de Deus. Jesus estaria disposto a monia temática. Portanto, a ordem seguida curá-lo? O terceiro obstáculo apresentava um  por Marcos é preferível. Por essa razão, a  problema de cunho prático. Como ele pode cura do leproso talvez seja a única ocorrência ria se aproximar de Jesus para apresentar específica registrada em relação com a pri seus pedidos? A lei cerimonial proibia estri meira viagem que Jesus realizou pela Galileia tamente que ele se aproximasse ou se mistu rasse com os outros, e onde quer que Jesus (ver p. 178-180, 275, 276). Este milagre também é registrado cm fosse o povo se aglomerava em torno dElc. Mateus 8:2 a 4 e em Lucas 5:12 a 16, mas Isso efetivamente impedia o homem sofredor a narrativa de Marcos é mais vívida e deta de se acercar da presença de Jesus. Purificar-me. Do gr. katharizõ,  “lim lhada. Posteriormente, Jesus curou outros leprosos (Mt 26:6; Lc 7:22; 17:12-14; cf.  par”, em vez de therapeuõ, “sarar”, “curar”. DTN, 557) e enviou Seus discípulos para Tanto nos tempos do AT como do NT as fazerem o mesmo (Mt 10:8; sohre o diagnós vítimas da lepra eram tidas como “imundas”, tico da lepra e as leis de segregação e purili- necessitadas de “purificação”, e não “doen cação ritual, ver Lv 13 e 14). tes”, necessitadas de “cura". Essa distinção O conceito popular dos judeus era que na terminologia reflete a ideia de purifica a lepra sobrevinha como um castigo divino ção cerimonial. sobre o pecado (ao que eles também atri 41. Tocou-o. Jesus frequentemente  buíam a cegueira de nascença; ver Jo 9:2). tocava os enfermos para curá-los (Mt 8:15), Eles haviam absorvido uma velha ideia pagã. mas, às vezes, não o fazia (Jo 4:49, 50). Ele Um antigo texto babilónico sobre prog sahia que tocar o homem leproso significaria nóstico (Archiv für Orientforshung,  18:62) impureza; no entanto Ele o fez sem temor. denomina certos sintomas, aparentemente Quero, fica limpo! Uma vez que de lepra, como indicativo do abandono de nenhum ser humano podia curar a lepra, Deus e do homem. Por isso eles não faziam o fato de que Jesus o fez significava que Ele esforço em busca de alívio ou cura; na ver  possuía poder divino. Esse milagre levou dade, eles não conheciam remédio para a o povo a crer que Ele também era capaz de lepra verdadeira — a não ser o isolamento.  purificar a alma do pecado. Jesus havia vindo Mesmo após a metade do século 20, a qua a Terra com o propósito específico de puri rentena continuou sendo um procedimento ficar os pecadores, cuja enfermidade espiri  padrão em toda parte; desde então, novas tual era ainda mais mortal do que a lepra. drogas têm possibilitado o tratamento de 42. No mesmo instante. Este foi um  pacientes externos e tornado o isolamento detalhe importante do milagre. Tudo suce desnecessário. deu diante dos olhos da multidão. A carne do sofredor foi restaurada, seus músculos se tor Se quiseres. Três grandes obstáculos,  provavelmente, apresentavam-se à mente do naram firmes, os nervos recobraram a sensi homem aflito, sendo que qualquer um deles  bilidade (ver DTN, 263).

        2         7         5

622

MARCOS

1:44

confiança de que seu Pai celestial lhes acres 43. Veemente advertência. Do gr. embrimaomai, “advertir urgentemente”. Esta centaria as bênçãos materiais à medida que  palavra é traduzida como “agitou-Se” em João delas necessitassem (Mt 6:33). Em Mateus 9:30; 12:16; Marcos 5:43; 11:33 e “murmuravam” em Marcos 14:5, e 7:36; 8:26 se encontram vários exemplos em sempre indica forte emoção. Os escritores que Jesus, por essas e outras razões, proi dos evangelhos a usam a respeito de Cristo apenas em duas outras ocasiões (ver Mt 9:30;  biu dar publicidade aos milagres que operou. Mostra-te. Segundo a lei mosaica, os Jo 11:33, 38). Só em raras situações Jesus sacerdotes que atuavam como oficiais de assumiu uma atitude severa (Mt 23:13-33; Jo 2:13-17; cf. DTN, 353). As razões da evi saúde pública diagnosticavam a lepra e ordenavam o isolamento. Uma vez que, pelo dente severidade de Jesus aqui são esclare menos no AT, outras doenças da pele eram cidas no v. 45. 44. Não digas nada. Vários fatores pro descritas pelo termo lepra, os examinadores, vavelmente influíram para Jesus ordenar ao às vezes, devem ter sido incapazes de distin guir os tipos curáveis. Os que se recupera homem curado que nada dissesse sobre o vam de sua doença podiam voltar para casa que havia acontecido, e "logo o despediu após reexame, cerimônias de purificação e, (Mc 1:43) a fim de que ele se mostrasse aos sacerdotes. Em primeiro lugar, foi neces  provavelmente, um atestado (Lv 14). Ao receber tal atestado do sacerdote, sária uma ação rápida para que o homem o leproso obtinha o reconhecimento oficial fosse aos sacerdotes antes que eles soubes sem quem o havia curado. Somente assim ele de que havia ocorrido uma cura miraculosa  poderia esperar uma decisão imparcial, pois (ver DTN, 265). O próprio homem seria uma testemunha viva do que havia ocorrido. se os sacerdotes soubessem que fora Jesus Dessa forma, muitos sacerdotes ficaram con quem curara o homem, eles provavelmente vencidos da divindade de Cristo por esta e se recusariam a certificar que estava limpo. Os próprios interesses de Jesus faziam que se  por outras evidências (ver DTN, 266). Após a ressurreição, muitos dos sacerdotes profes necessitasse silêncio e ação imediata. E também, se as muitas vítimas da lepra saram sua fé nEle (ver At 6:7) e se uniram à igreja nascente. na região ouvissem a respeito do poder de O fato de Jesus ter dito ao homem Jesus para libertá-las da doença, eles sem curado que seguisse as determinações da dúvida afluiriam a Ele e dificultariam Seu ministério em favor do povo em geral. Além lei demonstra que Ele não Se opunha às leis disso, Jesus exigia como requisito prévio um de Moisés. Ele próprio havia nascido “sob a lei” (G1 4:4; ver Mt 23:2, 3). Porém, mani sincero senso de necessidade por parte da  pessoa aflita e pelo menos uma medida de festou categórica oposição às tradições que os escribas haviam criado em torno dos pre fé (ver Mc 5:34; Jo 4:49, 50; cf. DTN, 264, ceitos mosaicos, mediante as quais eles 267, 268). Outra razão para o silêncio é que Ele não haviam anulado tanto a letra como o espí rito do que Deus havia comunicado a Moisés queria criar a reputação de ser tão somente um operador de milagres. Os evangelhos dei (ver Mt 15:3; Mc 7:8, 9; cf. DTN, 395-398). xam claro que Ele considerava os milagres Ao Cristo enviar esse homem aos sacerdo como secundários; Seu primeiro e grande tes, sem dúvida tinha por objetivo demons objetivo era a salvação do ser humano. Cristo trar a eles e ao povo Seu reconhecimento sempre apelou às pessoas que buscassem pri das leis que Ele próprio havia comuni cado a Moisés muito antes. Dessa maneira, meiramente o reino dos Céus, tendo plena 623

1:45

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Ele esperava desmentir as falsas acusações feitas pelos sacerdotes, os guardiões oficiais da lei. Assim, os que eram honrados de cora ção dentre eles poderiam perceber que a acusação de deslealdade à lei de Moisés era falsa, o que poderia levá-los a reconhecê-Lo como o Messias (ver DTN, 265). Oferece pela tua purificação. Ver vol. I, p. 761, e com. de Lv 14. Servir de testemunho. Isto é, um tes temunho do poder divino que Jesus mani festou, de Seu compassivo interesse pelas necessidades da humanidade, de Seu res  peito pelas leis de Moisés e pelos líderes  judaicos como guardiões e executores da lei, e, acima de tudo, de Seu poder para libertar as pessoas do pecado e da morte. Ao povo.  Não está totalmente claro se esta é uma referência aos sacerdotes ou ao povo em geral, inclusive aos sacerdotes. Entretanto, o contexto parece ser uma refe rência aos sacerdotes. As coisas que Moisés ordenou deveriam ser oferecidas a eles para “servir de testemunho’’. O povo havia visto a evidência manifestada diante dos seus olhos;  porém os sacerdotes não haviam visto. Se o leproso curado cumprisse com a lei cerimo nial, testificaria a respeito das coisas que Cristo desejava que os sacerdotes prestassem atenção. Obviamente, a decisão sacerdotal constituiria um testemunho legal perma nente perante todo o povo, quando fosse registrada oficialmente.

45.

Propalar muitas coisas. Ou, “falar

abertamente sobre isso”. Não compreen dendo como a sua falha em cumprir a severa recomendação para se calar poderia atrapa lhar a obra de Cristo, e consolando-se com a ideia de que a modéstia de Cristo era a única razão envolvida, o homem agradecido falou abertamente sobre o poder dAquele que o havia curado. Divulgar a notícia. Ou, “tornar público o fato” (NVI). Não mais poder. Isto é, “já não podia”. Esse milagre, ou melhor, o seu resultado,«  parece ter assinalado o término da primeira viagem missionária de Cristo às cidades e vilas da Galileia. Ele Se viu obrigado a interromper Sua obra por algum tempo (ver DTN, 265). Em lugares ermos. Ou, “desertos” (ARC). Não há indicação quanto ao lugar  para onde Jesus Se retirava. Cristo, pro vavelmente, ficava perto das partes mais  populosas da região, indo talvez para os mon tes alguns quilômetros a oeste do Mar da Galileia. Alguns dias depois, Ele estava nova mente em Cafarnaum (Mc 2:1), na casa de Pedro (ver DTN, 267). Vinham ter com Ele. A forma do verbo grego indica que o povo continuava a ir a Ele. Sua imaginação estava inflamada, mas, infelizmente, seu zelo era sem entendimento, e eles não compreenderam bem o propó sito de Cristo ao realizar Seus milagres (ver  p. 205, 206).

NOTA ADICIONAL A MARCOS 1

Aqueles que negam a inspiração das Escrituras e rejeitam a ideia de um diabo e espí ritos malignos literais, atribuem o que a Bíblia chama de possessão demoníaca a causas naturais, especialmente às várias desordens físicas e nervosas como epilepsia e insani dade. Outros, que aceitam como verdadeiras as declarações dos evangelhos com res  peito à possessão demoníaca, nem sempre têm levado em conta a natureza e relação das desordens físicas e nervosas que a acompanham. Este comentário procurará explicar o  problema no que diz respeito tanto ao controle satânico da vida de todos os ímpios em geral, como ao sentido mais restrito da possessão demoníaca com as manifestações físi cas associadas. 624

 5    7   4  

MARCOS Controle pelo Espírito Santo - Devido à ação do Espírito Santo (ICo 3:16; 6:19; 2Co 6:16;

Ef 2:22) Cristo habita no coração daqueles que, por sua livre e espontânea vontade, deci dem servi-Lo (2Co 5:14; G1 2:20; Cl 1:27; etc.; cf. MDC, 142). Assim, com a coopera ção deles Deus efetua neles “tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade”, (Fp 2:13) e, então, um poder do alto toma posse, conduzindo as tendência naturais em har monia com os princípios divinos (Rm 8:29; Cl 5:22, 23; 2Ts 2:14). Unicamente os que desta maneira submetem o controle de sua mente a Deus podem, no sentido completo da pala vra, ter “moderação” e desfrutar completa estabilidade mental e emocional (ver 2Tm 1:7; cf. is 26:3, 4). Ninguém que escolha servir a Deus será deixado sob o poder de Satanás (CBV, 93; cf. DTN, 38). Fortalecidos pelo poder divino, eles se tornam invulneráveis aos ataques de Satanás (DTN, 209, 324). Controle por um espírito maligno - Por outro lado, todos os que rejeitam ou ignoram a verdade declaram sua sujeição ao maligno (CBV, 92; DTN, 322, 341). Os que persisten temente se recusam a obedecer às sugestões do Espírito Santo ou as negligenciam, entre gando-se ao controle de Satanás, desenvolvem um caráter que mais e mais se assemelha ao dele (Jo 8:34, 41, 44; DTN, 338, 429). A consciência e a capacidade de escolha estabelecem um padrão de conduta baseado nos princípios de Satanás (Rm 6:12-16; DTN, 256). Deste modo, à medida que os homens se separam progressivamente da influência e do controle do Espírito Santo (ver Ef 4:30; ver com. de Ex 4:21), acabam ficando totalmente à mercê do diabo (DTN, 256, 323, 324; cf. 645, 696; Jo 6:70). Aprisionados por uma vontade mais forte do que a sua própria, eles não podem, de si mesmos, escapar desse poder maligno (CBV, 93). Automaticamente, pensam e agem conforme Satanás lhes ordena. Onde quer que a Palavra de Deus indique a causa, ela declara que a possessão demoníaca ocorre como resultado de um viver errôneo (ver DTN, 256). A fascinante carreira de prazeres terrenos “termina nas trevas do desespero ou na loucura de uma alma arruinada” (DTN, 256). Graus de controle demoníaco - O processo de formação do caráter é gradual, e há, por tanto, graus de controle ou possessão, seja do Espírito Santo ou de espíritos malignos (ver Rm 12:2). Todos os que não se entregam sem reservas à habitação do Espírito de Deus estão,  portanto, em maior ou menor grau, sob o controle - ou possessão - de Satanás (ver Lc 11:23; Rm 6:12-16; 2Pe 2:18, 19; DTN, 324, 341). Tudo o que não está em harmonia com a von tade de Deus - toda intenção de ferir os outros, toda manifestação de egoísmo, todo esforço «;3  para promover princípios errôneos - é, em certo sentido da palavra, evidência de um grau de controle demoníaco ou possessão (ver DTN, 246, 341). Toda concordância com o mal “enfraquece o corpo, obscurece o intelecto e corrompe a alma" (DTN, 341). Não obstante, em qualquer ponto no processo de formação do caráter, “o caráter se revela, não por boas ou más ações ocasionais, mas pela tendência das palavras e atos costumeiros” (CC, 57). A principal diferença entre os que respondem ocasionalmente e os que respondem sempre às sugestões de Satanás é, portanto, uma diferença de grau e não de espécie. A vida do rei Saul é um exemplo patente da experiência daqueles que se submetem ao controle dos demô nios (lSm 13:8-14; 15:10-35; 16:14-23; 28:1-25; PP, 679-681).  Formas de controle demoníaco. Não apenas o grau de controle demoníaco ou possessão varia, mas também a forma em que se manifesta. Às vezes. Satanás pode realizar seus obje tivos sinistros mais eficazmente, permitindo que a sua vítima retenha intactas suas faculda des mentais e físicas e tenha aparência de piedade. Outras vezes, o diabo perverte a mente e o corpo e induz a vítima a condutas evidentemente pecaminosas. Os que se acham apenas 625

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA  parcialmente sob o controle de demônios, ou que não manifestam os sintomas popularmente associados com a possessão demoníaca, são frequentemente mais úteis ao príncipe do mal do que aqueles que podem estar mais obviamente sob o seu controle. O mesmo espírito maligno que possuiu o maníaco de Cafarnaum também eontrolou os judeus descrentes (ver Jo 8:44; DTN, 256; cf. 323, 733, 746, 749, 760). Judas foi “possuído” de modo semelhante (DTN, 294, 645; Lc 22:3; Jo 6:70, 71; 13:27; cf. Mt 16:23). Em casos como esses a dife rença está principalmente na forma em que os demônios manifestam sua presença e poder.  Possessão demoníaca e o sistema nervoso humano —  Em qualquer grau ou forma em que os demônios obtêm controle de um ser humano, eles o fazem através do sistema nervoso senso rial. Através das faculdades superiores da mente — a consciência, o poder de escolha e a von tade - é que Satanás se apossa do indivíduo. Por meio do sistema nervoso motor o maligno exerce controle de seus súditos. A possessão demoníaca não pode ocorrer a não ser através do sistema nervoso, pois por meio dele Satanás obtém acesso à mente e, por sua vez, controla o corpo (cf. Lc 8:2; DTN, 568). Visto que o próprio sistema nervoso é a primeira parte do ser humano a ser afetada, várias desordens nervosas, eomo epilepsia e psicoses de vários tipos devem ser esperadas em conexão com a possessão demoníaca. Tais desordens são, com fre quência, o resultado de ceder, de uma maneira ou outra, à influência e sugestões de Satanás. Entretanto, essas desordens não acompanham necessariamente a possessão demoníaca, nem são necessariamente uma característica maior de possessão demoníaca do que a surdez e a mudez, as quais também, às vezes, acompanham a possessão. Todos os casos de possessão demoníaca descritos em O  Desejado de Iodas as Nações são mencionados especificamente como tendo envolvido algum tipo de desarranjo mental,  popularmente descrito como insanidade, e esta condição é indicada como sendo o resultado de possessão demoníaca. Por exemplo, o endemoniado na sinagoga de Cafarnaum é des crito como “louco”, e sua aflição como “insanidade” e “loucura” (DTN, 256). Os endemoniados de Gadara são semelhantemente mencionados como “loucos” e “lunáticos", e tendo “mente transtornada” (DTN, 341; GC, 514). O jovem possesso ao pé do monte da transfi guração também é chamado de “lunático” (DTN, 429; ver Mc 9:18). Os sintomas de desor dem nervosa mencionados especificamente são fisionomia contorcida, guinchos, mutilação do corpo, olhos chamejantes, ranger de dentes, boca espumejante e convulsões muito seme lhantes às da epilepsia (ver Mc 1:26; 9:18-26; Le 4:35; 8:29; DTN, 256, 337, 429). Em cada caso, a expulsão dos espíritos malignos foi acompanhada de uma mudança instantânea e evi dente - houve uma restauração do equilíbrio mental e da saúde física onde estas haviam sido  prejudicadas. A inteligência voltou (DTN, 256, 338), os aflitos se vestiram em perfeito juízo (Mc 5:15; Lc 8:35; DTN, 338) e recobraram a razão (DTN, 429, 568). O caso do jovem possesso de Marcos 9:14 a 29 merece atenção especial. A descrição ► do caso se assemelha de modo impressionante à de um ataque epilético (ver v. 18-20). Mas afirmar que este era simplesmente um caso de epilepsia significa rejeitar as declarações explícitas das Escrituras de que o jovem estava possesso. Os autores dos evangelhos são igualmente claros cm descrever um caso que certamente parecia ser epilepsia e atribuí-lo a possessão demoníaca.  Possessão demoníaca e desordens/ísicas - Em certos casos dc possessão demoníaca havia também desordens físicas associadas (ver Mt 9:32; 12:22; Mc 9:17). E digno de nota que as desordens físicas mencionadas especificamente - cegueira e mudez - aparentemente estavam relacionadas aos nervos sensoriais e motores das partes afetadas. Outros distúrbios físicos

        6         7         5

626

MARCOS também podem ter resultado da possessão demoníaca. Os que se entregaram, em maior ou menor grau, à influência e controle dc Satanás pensaram e viveram de modo a degradar o corpo, a mente e a alma (ver DTN, 256, 341, etc.). Características distintivas da possessão demoníaca - Pelo que Ellen G. White mostra, as várias manifestações de desordens físicas e mentais que caracterizavam os endemoniados não eram, em si, diferentes das manifestações atribuíveis a causas naturais. Aparentemente, a diferença não estava nos sintomas nervosos e físicos manifestados, mas no agente que os causava. Ela atribui esses sintomas à presença e ação direta de espíritos malignos (ver GC, 514). Mas as várias desordens físicas e mentais não constituíam em si mesmas o que os evangelhos descrevem como possessão demoníaca. Elas eram o resultado da possessão demoníaca. Sem dúvida, a mente popular identificava os resultados da possessão demoníaca com a  própria possessão. Mas a alegação dc que, por ignorância, os autores dos evangelhos atribuí ram erroneamente as várias desordens físicas e nervosas à ação de espíritos malignos é des mentida pelo fato de que eles elaramente fizeram distinção entre sintomas físicos comuns e possessão demoníaca (ver Mt 4:24; Ec 6:17, 18; 7:21; 8:2). A realidade da possessão demo níaca é ainda atestada pelo fato de que Cristo Se dirigia aos demônios como demônios e que eles respondiam como demônios, por intermédio de suas vítimas (Mc 1:23, 24; 3:11, 12; 5:7; etc.). Por seu reconhecimento da divindade dc Cristo e do juízo final, fatos então não entendidos pelo povo em geral, os demônios deram provas de conhecimento sobrenatural (Mt 8:29; Mc 1:24; 3:11, 12; 5:7; etc.). E razoável concluir que a possessão demoníaca, embora fosse com frequência acom  panhada por desordens nervosas ou físicas, exibisse seus sintomas característicos, mas as Escrituras não especificam quais eram esses sintomas.  Por que a possessão demoníaca era comum. - Há razão para crer que a possessão demo níaca, no sentido limitado dos autores dos evangelhos, era muito mais comum durante o tempo do ministério terreal dc Cristo do que é agora (ver DTN, 257). Talvez, durante algum tempo, Deus tenha permitido que Satanás tivesse mais liberdade para demonstrar os resultados de seu controle pessoal dos seres humanos que voluntariamente escolheram servi-lo. No monte da transfiguração, os discípulos contemplaram a humanidade transfigu rada à imagem de Deus, e no sopé da montanha, a humanidade degradada à semelhança dc Satanás (DTN, 429). Através dos séculos, o diabo tem procurado obter ilimitado controle do corpo e da alma dos homens, para afligi-los com pecado e sofrimento e, finalmente, arruiná-los (DTN, 257; PP, 688). Assim, quando nosso Senhor apareceu andando como homem entre os homens, “o corpo de criaturas humanas, feito para habitação de Deus, tornara-se morada de demô nios. Os sentidos, os nervos, as paixões, os órgãos dos homens eram, por meio de agentes sobrenaturais, levados a condescender com a concupiscência mais vil. O próprio selo dos demônios se achava impresso na fisionomia dos homens” (DTN, 36). A própria semelhança da humanidade parece ter sido obliterada de muitas faces humanas, as quais refletiam, em vez disso, a expressão das legiões malignas pelas quais eram possuídas (cf. Le 8:27; DTN, 337; GC, 514). De modo muito real, a possessão demoníaca representa as profun dezas da degradação a que descem os que se aliam a Satanás e ilustra graficamente o que todos os que rejeitam a misericórdia de Deus se tornariam se fossem totalmente abando nados à jurisdição de Satanás (DTN 341). 627

2:1

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE

351; PR, 699; TM, 64; 1-8 - DTN, 97-108 T8, 20 2, 3-T9, 64 16-20-DTN, 244-251 7 - T5, 224 2325 - PE, 29 10-DTN, 111 24 - DTN, 467, 579; CBV, 12, 13-DTN, 114 91; T8, 208 14, 15 - DTN, 231; GC, 327 24- 26 - DTN, 255 15-DTN, 233; GC, 345,

27 - DTN, 256; CBV, 92 30, 32 - CBV, 29 35 - DTN, 259, 362; CBV, 30, 52 37, 38 - DTN, 260 40-45 - DTN, 262-266 43, 44 - DTN, 264

Capítulo 2 1 Cristo cura um paralítico, 14 chama Mateus da coletoria, 15 come com  publicanos e pecadores, 18 justifica Seus discípulos por não  jejuarem e 23 por colherem espigas no sábado.

1 Dias depois, entrou Jesus de novo em Cafarnaum, e logo correu que Ele estava em casa. 2 Muitos afluíram para ali, tantos que nem mesmo junto à porta eles achavam lugar; e anun ciava-lhes a palavra. 3 Alguns foram ter com Ele, conduzindo um  paralítico, levado por quatro homens. 4 E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o eirado no ponto correspondente ao em que Ele estava e, fazen do uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente. 5 Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados. 6 Mas alguns dos escribas estavam assenta dos ali e arrazoavam em seu coração: 7 Por que fala Ele deste modo? Isto é blas fêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus? 8 E Jesus, percebendo logo por seu espí rito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração? 9 Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão  perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?

10 Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para per doar pecados - disse ao paralítico: 11 Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa. 12 Então, ele se levantou e, no mesmo ins tante, tomando o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem todos e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim! 13 De novo, saiu Jesus para junto do mar, e toda a multidão vinha ao Seu encontro, e Ele os ensinava. 14 Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria e disse-lhe: SegueMe! Ele se levantou e O seguiu. 15 Achando-sc Jesus à mesa na casa de Levi, estavam juntamente com Ele e com Seus discípu los muitos publicanos e pecadores; porque estes eram em grande número e também O seguiam. 16 Os escribas dos fariseus, vendo-O comer em companhia dos pecadores e publicanos, per guntavam aos discípulos dEle: Por que come e  bebe Ele com os publicanos e pecadores? 17 Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doen tes; não vim chamar justos, e sim pecadores.

628

MARCOS

2:1

18 Ora, os discípulos de João e os fariseus 23 Ora, aconteceu atravessar Jesus, em dia estavam jejuando. Vieram alguns e Lhe pergun de sábado, as searas, e os discípulos, ao passa taram: Por que motivo jejuam os discípulos de rem, colhiam espigas. João e os dos fariseus, mas os Teus discípulos 24 Advertiram-no os fariseus: Vê! Por que não jejuam? fazem o que não é lícito aos sábados? 19 Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, 25 Mas Ele lhes respondeu: Nunca lestes o  jejuar os convidados para o casamento, enquan que fez Davi, quando se viu em necessidade e to o noivo está com eles? Durante o tempo em teve fome, ele e os seus companheiros? que estiver presente o noivo, não podem jejuar. 26 Como entrou na Casa de Deus, no tempo 20 Dias virão, contudo, em que lhes será tido sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães da ► rado o noivo; e, nesse tempo, jejuarão.  proposição, os quais não é lícito comer, senão 21 Ninguém costura remendo de pano novo aos sacerdotes, e deu também aos que estavam em veste velha; porque o remendo novo tira parte com ele? da veste velha, e fica maior a rotura. 27 E acrescentou: O sábado foi estabelecido 22 Ninguém põe vinho novo em odres velhos;  por causa do homem, e não o homem por causa do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se do sábado;  perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho 28 de sorte que o Filho do Homem é senhor novo em odres novos. também do sábado.

         8         7         5

1. Dias depois. [A cura de um paralí (ver Mc 2:13; 3:1, 20; 4:1; 5:21; 8:13). Em tico em Cafarnaum, Mc 2:1-12 = Mt 9:1-8 = contraste, Mateus geralmente usa  palin Lc 5:17-26. Comentário principal: Mc. Ver  para iniciar um novo trecho de sua narra mapa, p. 215; gráfico, p. 228; sobre mila tiva. Tanto Mateus como Marcos registram gres, ver p. 204-210]. Do gr. di’ hêmerõn. o fato de que Jesus havia recentemente vol Esta frase é considerada por alguns como tado de Sua primeira viagem pelas cida referência ao período completo da primeira des e vilas da Galileia (ver Mt 9:1). Mateus viagem de Jesus à Galileia, entre a data de acrescenta a informação de que o retorno Sua partida de Cafarnaum (Mc 1:35-38) e de Cristo para Cafarnaum foi de barco. Seu retorno àquela cidade. Entretanto, visto Evidentemente, ou a Sua primeira viagem que essa viagem provavelmente se estendeu terminou na margem oriental do mar da  por algumas semanas, poderá ser mais apro Galileia, ou quando a publicidade que o  priado entender os “dias" aqui mencionados leproso curado fez a Seu respeito O levou como aqueles em que Jesus Se retirou para a Sc retirar temporariamente do ministério o deserto por causa das multidões, ao ponto  público (ver com. de Mc 1:45). de não mais poder “entrar publicamente em Cafarnaum. Ver com. de Mt 4:13. qualquer cidade” (Mc 1:45). Assim enten Mateus se refere a Cafarnaum como “a Sua dido, o período em questão seria entre os  própria cidade” (9:1), isto é, a sede de onde eventos narrados no fim do cap. 1 e os do Ele conduzia Seu ministério na Galileia e a início do cap. 2. qual Ele parece ter considerado Seu lar. Entrou Jesus de novo. Ou, “Jesus vol Correu. Literalmente, “ouviu-se”. tou” (BLH). Marcos usa de maneira caracte Que. Do gr. hoti, este “que”, significa que rística a palavra gr. palin, “de novo”, ao se as palavras seguintes, “Ele estava em casa”, referir a lugares que ele já mencionara ante são uma citação direta do que estava sendo riormente, ou a circunstâncias semelhantes divulgado pelo povo em geral.

629

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

2:2

Apenas Marcos menciona na qual o homem jazia provavelmente era especificamente este tato, como acontece  pouco mais do que uma esteira de palha ou com os numerosos detalhes da narrativa que uma padiola almofadada. 5. Vendo-lhes a fé. Isto é, do paralítico os outros escritores sinóticos omitem. Isto equivalia a dizer “no lar”, sem dúvida, uma e dos quatro carregadores da padiola. O lato referência ao lar de Pedro (ver D IN, 267, de abrirem um buraco através do telhado era uma prova eloquente do seu urgente senso 271; ver com de Mc 1:29). de necessidade, e de sua fé, que somente 2. Logo (ARC). A saída de Cristo de Cafarnaum para a Sua primeira viagem mis Jesus poderia satisfazer. Tal senso de neces sionária foi ocasionada pela agitação popular sidade e fé é essencial para que o poder c o grande número de pessoas que foi a Sua curador de Jesus possa ser aplicado tanto  procura (ver Mc 1:33, 37). Porém, a Sua ausênao aspecto físico quanto ao espiritual, (ver cia de Cafarnaum não abateu o entusiasmo do com. de Lc 5:8).  povo. Tão logo se soube que Jesus estava nova Lilho. Do gr. teknon,  literalmente, “criança” ou “menino”. Quando utilizado no mente na cidade, o povo afluiu a Ele. trato pessoal, como aqui, significa "meu filho”. 3. Paralítico. Do gr.  paralutikos. Considerando que ele havia contraído essa Levado por quatro homens. Um deta lhe mencionado apenas por Marcos. Este e doença como resultado direto de uma vida outros detalhes não apenas refletem a veraci  pecaminosa (DTN, 267), parece que a sua dade da narrativa, mas também indicam que história deve ter sido muito semelhante à do se trata do relato de uma testemunha ocular, filho pródigo (Lc 15:13, 14). O mesmo havia, neste caso, provavelmente Pedro (ver p. 611). aparentemente, ocorrido no caso do paralí tico curado em Betesda meses antes (Jo 5:14). 4. Descobriram o eirado. Literalmente, Teus pecados estão perdoados. Ver ► “destelharam o telhado”. Lucas 5:19 registra que eles “por entre as telhas, o baixaram” com. do v. 10. A aflição lhe havia dado tempo (ARC). Como é comum no Oriente Médio,  para refletir, e ele compreendeu que seu a casa tinha um terraço plano e uma escada sofrimento se devia aos seus pecados. Jesus externa no pátio lhe dava acesso (ver At 10:9; Se referiu aos pecados, que pesavam tanto cf. Dt 22:8). Certamente o telhado era cons sobre a mente desse homem. O paralítico truído colocando-se telhas ou ladrilhos sobre fora cm busca de saúde espiritual, bem como de cura física (ver DTN, 267, 268). Ele esti os caibros. Esse método incomum de se aproximar vera fisicamente desamparado e espiritualde Jesus foi a sugestão desesperada do pró mente desesperado enquanto não apresentou  prio paralítico, o qual temia que, embora tão seu caso a Jesus, o qual lhe providenciou  perto de Jesus, pudesse perder sua oportu ajuda e esperança (ver com. de Jo 9:2). 6. Alguns dos escribas. Ver p. 43 e nidade (ver DTN, 268). A maneira inespe rada como Jesus havia saído de Cafarnaum com. de Mc 1:22. Segundo Lucas 5:17, esses (Mc 1:37, 38), permanecera ausente por “fariseus e mestres da lei” haviam vindo várias semanas e, finalmente, Se retirara “de todas as aldeias da Galileia, da Judeia  para o deserto (Me 1:45), provavelmente e de Jerusalém". A vinda de representantes aumentara o desespero desse homem, que de tantos lugares diferentes sugere que sua enfrentava a perspectiva de uma morte pre  presença nessa ocasião específica foi mais do que casual. O fato de que esses líderes matura (ver DTN, 267). religiosos eram exatamente das regiões em Leito. Do gr. krabbatos,  o “sofá” ou a “cama” de um homem pobre. A cama tosca que Jesus havia trabalhado até então, parece Em casa.

         9         7         5

630

MARCOS

2:10

indicar que eles estavam em Cafarnaum para que, ao perdoar os pecados do paralítico, investigar Aquele que havia Se tornado o cen Jesus, um simples homem, como eles O tro desse intenso interesse público. A situa consideravam, havia usurpado as prerroga ção lembra a delegação que os líderes em tivas da divindade. Segundo o ritual ceri Jerusalém enviaram ao Jordão para investigar monial, o sacerdote presidia a confissão de a obra de João Batista (Jo 1:19-28) dois anos um homem, porém não pronunciava pala antes. Essa delegação proveniente da Judeia, vras de perdão. Sua aceitação do sacrifício onde Jesus havia trabalhado anteriormente, simplesmente simbolizava que Deus havia  pode ter sido convocada para avisar os líde aceitado a confissão (ver Mb 10:1-12). Por res na Galileia a respeito de Sua forma de sua recusa em reconhecer as evidências da atuar em vista das atividades mais recentes  presença c operação da divindade, os escri de Jesus por lá.  bas estavam cometendo o próprio pecado Esses homens eram espiões (DTN, 267; do qual, em seu coração, acusavam a Cristo cf. p. 210), e Jesus como que para lembrá(ver Mt 12:22-32). A penalidade levítica para los vividamente da cura do paralítico de a blasfêmia era morte por apedrejamento Betesda (Jo 5:1-9), então curou outro homem (Lv 24:16), embora os judeus no tempo de que sofria da mesma doença. Eles não pre Jesus geralmente não tivessem liberdade para cisaram esperar muito para encontrar o que executá-la. estavam procurando - supostas evidências Quem pode perdoar [...]? Quanto a de que Jesus era blasfemador. Sua declaração sua teologia, os escribas tinham razão, pois anterior perante os líderes judaicos havia sido o AT claramente salientava que Deus é o considerada como blasfêmia (Jo 5:18); nesta único que perdoa pecados (ís 43:25; Jr 31:34; ocasião Ele exerceu publicamente uma prer cf. Jo 10:33). Seu erro consistia em não reco rogativa divina que eles também tomaram nhecer que o Homem que estava diante como blasfêmia. Esse episódio assinala o pri deles era Deus (ver p. 205, 206). meiro dos vários conflitos com as autoridades 8. Percebendo. Do gr. epiginoskõ, “saber epiginoskõ, “saber  judaicas durante Seu ministério na Galileia. exatamente”, “reconhecer". Jesus lia os pen Arrazoavam. Do gr. dialogizomai, “avaliar dialogizomai, “avaliarsamentos dos homens (Mc 12:15; Lc 6:8; os relatos”, “conversar”, “debater”, “argumentar”. 9:47; 11:17; cf. Jo 4:16-19; 8:7-9), e isso os 7. Ele. Do gr. hontos, "este”, hontos, "este”, com sen deixava furiosos. tido depreciativo. Eles pensaram que haviam 9. Qual é mais fácil? Aparentemente, apanhado Jesus no ato de blasfemar, mas os escribas estavam pensando: “E fácil dizer estranhamente, a evidência não foi sufi que os pecados de uma pessoa estão per ciente para que eles a apresentassem contra doados, pois ninguém realmente pode saber Ele em Seu julgamento um ano e meio mais se estão." Jesus imediatamente aceitou seu tarde (Mt 26:59, 60; Mc 14:55, 56). A difi desafio não pronunciado e lhes perguntou: culdade deles consistia no fato de que Jesus “O que vocês acham mais fácil: perdoar os os confrontou com a operação prática do  pecados de um homem ou curá-lo de para  poder da divindade, perdoando os pecados lisia?" A resposta era óbvia. ^►e curando doenças, e não através de afirma 10. Para que saibais. Jesus realizou ções específicas de pretensões messiânicas um milagre que todos puderam ver como (ver p. 205, 206). evidência da realidade de um milagre muito Blasfêmia. Do gr. blasphêmiai, "declara blasphêmiai, "declara maior que eles não podiam ver (cf. Rm 1:20). ções injuriosas”, "calúnias”, isto é, quaisquer O Filho do Homem. Neste Homem.  Neste relato, pela afirmações ofensivas. Os escribas alegavam  primeira vez, os três autores dos sinóticos 631

2:11

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

usam este título distintivo (Mt 9:6; Mc 2:10;  para perdoar pecados. Os líderes judeus Lc 5:24). Esta era a forma com a qual Cristo desafiaram tal autoridade muitas vezes (ver Se referia a Si mesmo, encontrada cerca de Mc 11:28). Perdoar pecados. A causa da doença 80 vezes nos evangelhos. Ninguém, entre tanto, se dirigia a Ele por este título, nem  precisava ser removida antes que o sofre qualquer dos autores dos evangelhos se refere dor pudesse ser libertado da doença da qual a Ele deste modo. Este título era entendido, sofria (ver com. de Mc 2:5). Curar o corpo  pelo menos entre alguns judeus, como um sem curar o espírito poderia resultar em uma nome para o rei messiânico do novo reino repetição da conduta que havia provocado a a ser estabelecido. Exceto sob juramento enfermidade do jovem. Assim, Cristo, que (Mt 26:63, 64; Mc 14:61, 62) e em parti deu ao homem um novo corpo, primeiro lhe cular àqueles que estavam dispostos a crer  proporcionou um novo coração. Disse. A declaração entre parênteses nEle como o Cristo (Mt 16:16, 17; jo 3:1316; 4:25, 26; 16:30, 31), Jesus não afirmou (na ARC) está inserida no meio do pronun diretamente Seu caráter messiânico. Era Seu ciamento de Jesus para indicar que nesse •< objetivo que os homens reconhecessem atra  ponto Ele deixou de Se dirigir aos escribas vés de Sua vida, de Suas palavras e obras, e falou ao paralítico. Ela ocorre na mesma as evidências de que as profecias a respeito  posição nas três versões do relato (ver Mt 9:6; do Messias haviam se cumprido nEle (ver Lc 5:24). Exemplos semelhantes de lingua gem idêntica podem ser encontrados em  p. 205, 206). Jesus era literalmente “o Filho do homem”, Marcos 1:16 e Mateus 4:18; Marcos 5:28 tanto num sentido puramente histórico (ver e Mateus 9:21; Marcos 14:2 e Mateus 26:5; Lc 1:31-35; Rm 1:3, 4; Cl 4:4) como em um Marcos 15:10 e Mateus 27:18 (ver p. 164sentido mais elevado. O título, Filho do 166; cf. p. 311-313). 11. Eu te mando. Do gr.  soi legõ,  “a ti Homem, designa Jesus como o Cristo encar nado (ver Jo 1:14; Fp 2:6-8). Indica o mila Eu digo”. A ordem das palavras em grego gre através do qual o Criador e a criatura realça a quem Jesus estava falando. Ele diri Se uniram em uma pessoa divino-humana. giu as palavras do v. 10 aos escribas incré Testifica da verdade de que os filhos dos dulos; então, como uma prova para eles, Ele homens podem realmente se tornar filhos Se voltou para o paralítico e disse: “A ti Eu de Deus (Jo 1:12; Cl 4:3-7; ljo 3:1, 2). digo, levanta-te.” O poder para curar fisica A divindade Se identificou com a humani mente era uma confirmação da autoridade dade de modo que a humanidade pudesse  para curar espiritualmente. Toma o teu leito. O sofredor havia sido ser recriada segundo a imagem da divin dade (DTN, 25; sobre Jesus como o Filho de carregado até Jesus em seu leito; por fim ele Deus, ver Le 1:35; Jo 1:1-3; e como Filho do se retira da presença de Jesus carregando seu homem, ver Lc 2:49, 52; Jo 1:14; ver Nota leito - uma evidência da grande transforma ção que havia ocorrido. Adicional a João 1). 12. Jamais vimos coisa assim! O ho Autoridade. Do gr. exousia.  A pala vra grega usual para “poder”, no sentido mem que fora à presença de Jesus com um de “força”, é dynamis.  Operar um milagre  profundo senso de necessidade, partiu com requeria  poder,  mas o perdão de pecados uma alegria triunfante, enquanto aqueles era uma questão de autoridade. Neste ver que se aproximaram com presunção, orgulho sículo, a palavra exousia ocorre no início da e malícia, foram embora “mudos de espan to e esmagados pela derrota” (DTN, 270). frase, o que salienta a autoridade de Cristo

 5    8   1  

632

MARCOS

2:15

O espírito com o qual os homens vão a Jesus  procedentes do território de Herodes Filipe (quanto à localização estratégica e comer determina se encontrarão nEle uma esca cial de Cafarnaum, ver com. de Mt 4:13; da para o Céu ou uma pedra de tropeço Lc 4:31).  para a destruição (ver Mt 21:44; Lc 2:34;  Na opinião popular, os publicanos eram IPe 2:8). considerados de má reputação. Com fre 13. De novo, saiu Jesus. [A vocação quência eram não apenas instrumentos da de Levi, Mc 2:13, 14 = Mt 9:9 = Lc 5:27, opressão romana, mas extorquiam por sua 28. Comentário principal: Mc. Ver mapa,  p. 215; gráfico, p. 228]. Aparentemente esta  própria conta, aproveitando-se de sua autori dade oficial para oprimir e defraudar as pes foi uma viagem breve pelas redondezas de soas. Eram odiados e desprezados por todos, Cafarnaum, e não uma viagem importante como proscritos sociais e religiosos (ver p. 53, de pregação pela Galileia. A segunda via 54; ver com. de Lc 3:12). gem, que foi precedida pela nomeação dos Linguagem costumeira Segue-Me! doze e o Sermão do Monte, só começou um que Cristo usava ao estender Seu convite  pouco mais tarde.  para o discipulado (ver Mt 4:19; Jo 1:43). 14. Viu. Ver com. de Lc 5:27. Convidado a tomar a grande decisão de Levi. Lucas também usa este nome sua vida em um instante, Mateus estava (Lc 5:27), mas Mateus na mesma história  prefere o nome Mateus (Mt 9:9). Os dois  pronto. Tal decisão pressupõe que ele pre nomes se referem ao mesmo homem, pois viamente tivera contato com Jesus. Em Mateus também é chamado “o publicano seu coração já devia existir um desejo de seguir o Mestre. Porém, como conhecia [coletor de impostos]” (Mt 10:3) e porque muito bem a atitude dos rabis para com os em suas listas dos doze, os outros evange lhos citam Mateus e não Levi (Mc 3:18;  publicanos, sem dúvida não lhe ocorria que Lc 6:15; cf. At 1:13). Era comum para os este grande Rabi Se dignaria a aceitá-lo  judeus ter mais de um nome, como no como um de Seus discípulos. Lucas 5:28 acrescenta que Mateus “deixou tudo” caso de Simão Pedro e de João Marcos (ver (NTLH) para seguir a Jesus; ele abando Mc 3:14). Filho de Alfeu. Alguns têm identificado nou uma ocupação lucrativa para servir “Levi o filho de Alfeu” com “Tiago, filho de sem nenhuma remuneração. 15. Sentado (ARC). [Jesus come com Alfeu” (Mc 3:18). Entretanto, em vista da evi dência dada acima para identificar Levi com  pecadores, Mc 2:15-17 = Mt 9:10-13 = Lc 5:29-32. Comentário principal: Mc. Ver Mateus, fica claro que Levi e Tiago eram  pessoas diferentes; se eram irmãos é impos mapa, p. 216; gráfico, p. 228]. Do gr. katakeimai, “recostar-se”. Embora nos tempos do AT sível dizer (ver com. de Mc 3:18). o costume judaico habitual era se assentar Coletoria. Isto é, a repartição onde se  pagavam os impostos. Este lugar aparente  para comer, no tempo de Jesus, pelo menos nas casas mais luxuosas, as pessoas geral mente ficava “junto do mar” (Mc 2:13) e era provavelmente uma repartição em que mente se reclinavam para comer numa pla taforma baixa ou sofá, ficando inclinadas Herodes Antipas cobrava impostos de cara em relação à mesa. Eles se assentavam em vanas e viajantes que passavam ao longo da almofadas e se apoiavam no braço esquerdo. estrada principal que vinha de Damasco e do oriente rumo a Ptolemaida (Aco), junto A mesa habitual era equipada em três lados com essas plataformas inclinadas, sendo que ao Mediterrâneo (ver com. de Is 9:1), ou o quarto lado era mantido aberto para que os de um lado a outro do Mar da Galileia,

 5    8   2  

633

2: 1 6

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Discípulos. Do gr. matkêtai,  “aprendi criados servissem o alimento. O fato de a casa de Mateus ser equipada com esse tipo zes”, “alunos”. Nos evangelhos esta palavra de mesa sugere que ele era um homem de é geralmente usada para identificar o grupo que acompanhava Jesus e O auxiliava em  posses e cultura. O banquete na casa de Mateus teve Seu ministério. Os discípulos eram mathêtai; lugar algumas semanas, talvez meses, após Cristo era seu didaskalos, “mestre” ou "pro seu chamado (ver DTN, 342; ver com. de fessor” (ver com. de Jo 3:2). Mc 5:21). Está registrado aqui provavelmente Ao reclamarem aos discípulos, os escri  para completar, em um só contexto, o relato  bas esperavam diminuiu o respeito que das experiências de Mateus. tinham por Seu Mestre. Lucas diz que os A mesa. Esta expressão foi acrescentada escribas “murmuravam” contra os discípulos  pelos tradutores para completar a ideia implí (Lc 5:30), evidentemente, percebendo que cita no contexto (cf. Mc 2:16). um ataque direto contra Jesus não os ajuda ria cm nada, assim como haviam se provado Casa de Levi. O contexto deixa claro que esta era a casa de Mateus e que Jesus era infrutíferas outras tentativas para silenciáo convidado de honra (ver também Lc 5:29; Lo (ver Mc 2:6-11; Jo 2:18-20; 5:16-47). Come [e bebe]. Comer e beber com gen cf. DTN, 274). Publicanos. Do gr. telõnai, “cobradores tios era uma transgressão da lei cerimonial e de impostos”, “fiscais da receita” (ver com. de envolvia contaminação cerimonial (At 11:3). Por motivos práticos os publicanos eram clas Mc 2:14; Lc 3:12). Pecadores. Ver com. de Mc 2:17. sificados como gentios e, portanto, contados Relacionamentos como este, que poderiam entre os rejeitados socialmente (ver Mc 2:14;  parecer infrutíferos, na ocasião, sem dúvida Lc 3:12, 13). 17. Os sãos. Do gr. hot ischuontes, “os contribuíram para produzir a colheita daque les que se colocaram ao lado dos seguido que têm vigor”. Lucas usa a expressão hoi hures de Jesus e se tornaram testemunhas da  giainontes, “os que são sadios”. A expressão verdade, quando o Espírito Santo foi derra de Lucas é um termo mais exato, derivado de mado sobre os crentes no Pentecostes (ver hugiês, a palavra grega habitual para “saúde”. Paulo repetidas vezes usa a mesma palavra, DTN, 274, 275). Estes. Isto é, os que aceitaram os Seus a exemplo de Lucas, e a aplica à "sã” doutri ensinos. Alguns, além de Mateus, evidente na (lTm 1:10), às “sãs” palavras (2Tm 1:13) mente se decidiram a favor de Jesus nesse e a ser “sadios” na fé (Tt 1:13). Não vim. Ao declarar a profunda ver momento; outros, sem dúvida, o fizeram mais tarde, especialmente após a ressurrei dade do objetivo de Sua missão na Terra, ção (ver DTN, 275). Cristo revelou a hipocrisia e o raciocínio 16. Escribas e fariseus (ARC). Evi capcioso dos fariseus e sua atitude diante dencias textuais (cf. p. 136) apoiam a variante do relacionamento de Cristo com os publi “escribas dos fariseus” (ARA), isto é, escribas canos. Se esses homens eram tão pecadores que eram fariseus. Embora alguns dos escri como os fariseus alegavam, deviam estar  bas fossem saduceus, a maioria deles era fari em maior necessidade do que as outras pes seu, pois eram estes últimos que tinham um soas. Não deveriam ser eles, então, prcciinteresse especial nas minúcias da lei (ver samente aqueles aos quais Cristo dedicaria  p. 39, 40, 43). Podemos considerá-los mais Seus melhores esforços? Ele viera para "sal como “escribas fariseus” do que como “escri var” o povo (Mt 1:21), mas se Ele pudesse  bas saduceus”. salvar apenas os que já eram justos,

634

MARCOS

2:18

não poderia ser um verdadeiro Salvador.  Megillath Taanith, menciona os judeus que A prova de Sua missão como Salvador do naquele tempo jejuavam regularmente no mundo dependia do que Ele podia fazer segundo e quinto dias da semana, isto é, na segunda e na quinta-feira (ver Lc 18:12).  pelos pecadores. Justos. Os fariseus pretendiam ser capa A tradição judaica atribui este costume à zes de alcançar a justiça mediante estrita lenda de que Moisés iniciou o jejum de 40 observância das exigências da lei cerimo dias no monte Sinai (ver Ex 34:28) numa nial. Posteriormente, Jesus esclareceu que quinta-feira e o concluiu numa segundafeira. Contudo, é provável que a observân esse tipo de “justiça” era uma falsificação e não tinha valor no reino que Ele viera pro cia desses dois dias para jejuar tenha surgido clamar (Mt 5:20; cf. 23:1-33). Porém, nessa do desejo de manter os dias de jejum o mais ocasião, devido às circunstâncias, Ele acei longe possível do sábado e, ao mesmo tempo, tou sua suposta justiça própria (Mc 2:16, 17), o mais distante possível um do outro (ver  porque assim procedendo pôde deixar clara Strack and Billerbeck,  Kommentar zum a razão pela qual devia ministrar às necessi  Neuen Testament, vol. 2, p. 241-243). dades espirituais dos publicanos. Strack e Billerbeck, principais autori Em realidade, às vezes, os fariseus eram dades em judaísmo antigo, indicam que culpados dos mesmos pecados que eles tão os motivos reais por trás desses jejuns bis implacavelmente detestavam nos cobradores semanais não são totalmente claros, mas de impostos. Jesus declarou que eles devora  parece provável que tenham surgido graças vam “as casas das viúvas” (Mt 23:14) e absol ao desejo de pessoas especialmente zelosas que procuravam fazer expiação pelo mundaviam a um filho avarento que não cuidava des seus pais idosos (ver Mc 7:11), se desta nismo da nação, que, segundo eles, estava maneira pudessem se enriquecer. Assim  provocando rapidamente sua destruição. sendo, os fariseus, ao colocarem ênfase na Em geral, entre os antigos judeus, o jejum retidão legal, com demasiada frequência era praticado pelos indivíduos para com agiam como hipócritas. Por outro lado, os  pensar um delito ou para assegurar uma  publicanos, que não faziam alarde dc respei resposta favorável a uma oração ou cum tar as leis cerimoniais e, apesar de seus peca  primento de um desejo. Certamente, que dos, às vezes, estavam em melhor condição muitos jejuavam porque acreditavam que de aceitar os ensinos de Jesus (ver com. de esse ato conquistava um mérito especial  perante Deus. Lc 18:9-14). 18. Os discípulos de João. [Do jejum, Essas práticas de jejuar se baseavam, Mc 2:18-22 = Mt 9:14-17 = Lc 5:33-39. Co logicamente, num conceito errôneo do cará ter de Deus e da natureza da justificação. mentário principal: Mc. Ver mapa, p. 216; Com frequência o jejum se degenerava num sobre as parábolas, ver p. 197-204]. Estavam jejuando. Sem dúvida, os dis meio de justificação pelas obras, mediante cípulos de João partilhavam, ao menos até as quais as pessoas esperavam aplacar um Deus austero e obter Seu favor, indepencerto ponto, do seu estilo de vida abstêmio (ver Mt 3:4), como é evidenciado aqui por dentemente da condição de seu coração. seu jejum. Parece claro que eles estavam Séculos antes da época de Jesus, os profetas  jejuando no momento em que formularam haviam denunciado essas ideias, ao decla rar que Deus passara a abominar os jejuns sua pergunta a Jesus. Uma antiga obra judaica sobre o jejum, e outros ritos religiosos de Israel (Is 58:3-5; Zc 7:5, 6). datada do primeiro século d.C., intitulada

         3          8          5

635

2:19

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

Jesus, provavelmente um ano antes dessa ocasião. Parece significativo, portanto, que Jesus tivesse usado essa breve figura na pre sença dos discípulos de João Batista. Jesus não Se desviou em nenhum deta lhe dos requisitos religiosos que Ele próprio havia ordenado mediante Moisés. A con tenda entre Ele e os fariseus girava em torno das tradições dos anciãos, dos “far dos pesados” que eram “difíceis de carre gar” (Mt 23:4). Esses requisitos tradicionais haviam sido alçados a uma posição de tanta honra e importância que, às vezes, permitiase que eles anulassem o verdadeiro espírito da lei de Moisés (Mc 15:3-6; cf. DTN, 395). Assim, a forma de religião que os escribas e Vieram alguns e Lhe perguntaram. As pessoas mencionadas aqui não são clara fariseus procuravam impor aos demais tor mente identificadas, e o evangelho de Lucas nava sua adoração a Deus “vã” e sem sentido também não é mais claro a este respeito (ver (Mc 7:7; ver com. de Mt 23:2, 3). A seguir, o que Jesus demonstrou, em Lc 5:33). Entretanto, Mateus afirma com toda certeza que foram os discípulos de João três breves figuras, foi a incompatibilidade Batista que importunaram a Jesus com a de Seus ensinos com os dos escribas. Os dis cípulos de João, embora aceitassem Cristo  pergunta concernente ao jejum (Mt 9:14). Segundo a cronologia experimental ado- como o Messias (ver Jo 1:35-37), praticavam *>► tada neste Comentário, João havia sido apri pelo menos alguns dos regulamentos ceri sionado no começo da primavera daquele moniais impostos pelos escribas e fariseus ano, 29 d.C. e, provavelmente, tenha sido (Mc 2:18). Na parábola dos convidados para executado pouco antes da Páscoa de 30 d.C. o casamento, “os filhos das bodas”, Cristo (ver Mt 4:12; Mc 6:14-29; Lc 3:19, 20). Seus defendeu Seus discípulos contra a acusa discípulos levantaram a questão do jejum ção de que eles também não se sujeitavam  provavelmente não mais do que alguns pou à tradição. Ele quis dizer que as práticas cerimoniais deveriam estar subordinadas a cos meses antes de ele ter morrido. questões de maior importância. Então, atra Teus discípulos não jejuam. Assim, os escribas aparentemente esperavam afastar de vés dos exemplos do vinho novo (Mc 2:22) seu Mestre o crescente grupo de discípulos. e da veste velha (Mc 2:21), Jesus explicou melhor o princípio fundamental envolvido: 19. Convidados. A comparação que Jesus usou aqui tem suas raízes na pro a diferença irreconciliável entre os novos fecia do AT, em que o relacionamento de ensinos e os velhos. Aqui Ele explicou por Yahweh com o Seu povo é retratado como que considerava como inúteis as observân o do noivo com a noiva (ls 62:5; cf. Os 1:2). cias cerimoniais rabínicas. Em conjunto, João Batista já havia usado a mesrna figura essas três parábolas tinham por objetivo  para explicar a identificação de Cristo com esclarecer aos discípulos de João Batista o Messias (Jo 3:25-30), na ocasião em que que, se eles verdadeiramente cressem nos os líderes judaicos haviam procurado intro ensinos de seu mestre, eles também acei duzir uma ponta de rivalidade entre ele e tariam os de Jesus. Há ocasiões em que o cristão neces sita de agudeza de espírito e discernimento; ele pode ter importantes decisões a tomar, ou pode precisar discernir mais claramente a vontade de Deus. Sob tais circunstâncias o  jejum pode se provar uma bênção. Tal jejum não significa necessariamente completa abs tinência de alimento, mas uma dieta limitada ao que é essencial para manter a saúde e o vigor. O cristão pode como Daniel, se abster de usar “manjar desejável” (Dn 10:3). Deus não é honrado e a experiência cristã de uma  pessoa não é promovida por qualquer prá tica que enfraqueça o corpo ou prejudique a saúde (ver Mt 6:16).

636

MARCOS Não podem jejuar. Seria considerado um insulto aos noivos se os convidados do casamento ficassem pesarosos e tristes e se recusassem a participar da festa. 20. Dias virão. Aqui, pela primeira vez, Cristo, de maneira pública, deu a entender que finalmente seria tirado de Seus discí  pulos, assim como o noivo é retirado à força das festividades nupciais. Mais de um ano antes Ele havia dito a Nicodemos em parti cular que seria “levantado” (Jo 3:14). Tirado. Do gr. apairõ, “erguer”, “levar embora”. Nesse contexto, a palavra pode sig nificar separação forçada e dolorosa, o que realmente aconteceu com a morte violenta de Jesus. Ele “foi tirado” deles na cruz e lhes foi devolvido depois da ressurreição. 21. Ninguém costura. Ver com. de Lc 5:36. Nesta metáfora ampliada, ou breve  parábola, Cristo destaca a insensatez de ten tar remendar o velho manto do judaísmo com o tecido novo de Seus ensinos. Remendo. Os ensinos de Jesus não eram simplesmente um remendo a ser colocado no velho sistema religioso judaico. Novo. Do gr. agnaphos,  “sem cardar”, consequentemente, “novo” aqui significa “sem branquear” ou “sem encolher”. Veste velha. Aqui o judaísmo é compa rado a um manto gasto, que se tornou inútil e está a ponto de ser descartado. O espírito original da religião judaica havia se perdido muito tempo antes pela maioria daqueles «►que haviam aderido a ela, e em seu lugar se desenvolvera um sistema formal. Através desta figura, Cristo procurou esclarecer aos discípulos de João Batista a futilidade de ten tar entrelaçar as boas novas do reino do Céu com as desgastadas observâncias da tradi ção judaica. Fica maior a rotura. Isto é, quando a roupa é molhada após a aplicação do remendo. O que se pretende melhorar no velho manto apenas serve para tornar seus defeitos ainda mais evidentes.

2:23

22. Vinho novo. Ver com. de Lc 5:39. “Vinho novo” é o vinho no qual os elemen tos da fermentação ainda não começaram a agir, ou no qual a ação já começou, mas ainda não foi completada. A comparação do evangelho com “vinho novo” e sua ação pelo  processo de fermentação se assemelha, em essência, à parábola do fermento, mas des taca um resultado diferente (ver com. de Mt 13:33). O vinho novo representa a verdade essencial de Deus operando no coração dos homens. Odres.  Na Antiguidade, esses reci  pientes eram feitos de couro de ovelhas ou  bodes, sendo o couro das pernas costurado, e o gargalo, servindo como boca da vasilha. Os “odres velhos” perdiam sua elasticidade original e se tornavam secos e duros. Esta era a condição do judaísmo no tempo de Cristo. Romperá os odres. Os ensinos revolu cionários de Jesus não podiam se harmoni zar com os dogmas reacionários do judaísmo. Seria inútil qualquer esforço para acomodar o cristianismo dentro do formalismo morto do judaísmo, isto é, unir os dois forçando o cristianismo a tomar a forma e se harmoni zar com ele. Jesus ensinava que os princípios do reino do Céu aplicados ao coração dos homens conduziriam à prática desses prin cípios na vida através de uma religião ativa e radiante (ver com. de Mt 5:2). Tanto se perde o vinho. A tentativa de unir o novo com o velho resultaria numa dupla destruição. O “vinho” do evangelho seria “entornado” e os “odres” do judaísmo se “estragariam”. Odres novos. Provavelmente, uma referência às pessoas prontas para receber o evangelho, ou a um novo tipo de organiza ção eclesiástica através da qual o evangelho deveria ser promovido. 23. Aconteceu. [Jesus é senhor do sábado, Mc 2:23-28 = Mt 12:1-8 = Lc 6:1-5. Comentário principal: Mc. Ver mapa, p. 215]. E provável que esse episódio tenha ocorrido

637

2:24

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

num dia de sábado no fim da primavera do eterna da vigência da lei moral (ver com. de ano 29 d.C., pois está narrado junto com os Mt 5:17, 18; Jo 15:10; etc.) e reconheceu eventos daquele período de tempo. também a validade da lei cerimonial de Atravessar [...] as searas. Ou, “ao lado Moisés como aplicável aos judeus daque •         6

715

14:1

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENT1STA

66 Estando Pedro embaixo no pátio, veio uma em três dias, construirei outro, não por mãos das criadas do sumo sacerdote humanas. 67 e, vendo a Pedro, que se aquentava, fi 59 Nem assim o testemunho deles era xou-o e disse: Tu também estavas com Jesus, o coerente. 60 Levantando-se o sumo sacerdote, no meio,  Nazareno. 68 Mas ele o negou, dizendo: Não O conhe  perguntou a Jesus: Nada respondes ao que estes ço, nem compreendo o que dizes. E saiu para o depõem contra Ti? 61 Ele, porem, guardou silêncio e nada respon alpendre. E o galo cantou. 69 E a criada, vendo-o, tornou a dizer aos cir deu. Tornou a interrogá-Lo o sumo sacerdote e Lhe cunstantes: Este é um deles. disse: És Tu o Cristo, o Filho do Deus Bendito? 70 Mas ele outra vez o negou. E, pouco 62 Jesus respondeu: Eu sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso depois, os que ali estavam disseram a Pedro: Verdadeiramente, és um deles, porque também e vindo com as nuvens do céu. 63 Então, o sumo sacerdote rasgou as suas Lu és galileu. 71 Ele, porém, começou a praguejar e a jurar: vestes e disse: Que mais necessidade temos de  Não conheço esse homem de quem falais! testemunhas? 72 E logo cantou o galo pela segunda vez. 64 Ouvistes a blasfêmia; que vos parece? Então, Pedro se lembrou da palavra que Jesus E todos O julgaram réu de morte. 65 Puseram-se alguns a cuspir nEle, a co- lhe dissera: Antes que duas vezes cante o galo,  brir-Lhe o rosto, a dar-Lhc murros e a dizer-Lhe: tu Me negarás três vezes. E, caindo em si, desa tou a chorar. < Profetiza! E os guardas o tomaram a bofetadas.

Mt 26:17-19 = Lc 22:7-13. Comentário prin vida de Jesus, Mc 14:1, 2, 10, 11 = Mt 26:1-5, cipal: Mt]. 13. Um homem. Aparentemente, um 14-16 = Lc 22:1-6. Comentário principal: Mt]. servo, e não o dono da casa (ver v. 14). Era 3. Estando Ele em Betânia. [Jesus ungido em Betânia, Mc 14:3-9 = Mt 26:6-13 = incomum a um homem carregar água em Lc 7:36-50 = Jo 12:1-8. Comentário princi um “cântaro” ou em outro recipiente de  barro; geralmente isso era feito por mulhe  pal: Mt e Lc]. res. Os homens geralmente transportavam 8. Ela fez o que pôde. Ou seja, a mulher fez o melhor uso possível do que água em odres. 14. Dono da casa. Do gr. despotês (ver tinha nas mãos. Isso é o que Deus espera com. de Lc 2:29). de todos, nada mais e nada menos. Aposento. Do gr. kataluma, palavra uti 10. Judas. [O pacto da traição, Mc 14:10, lizada nos papiros para descrever qualquer 11 = Mt 26:14-16 = Lc 22:3-6]. local de hospedagem (ver com. de Lc 2:7). II. Eles [...] alegraram-se. Talvez o 15. Um espaçoso cenáculo. Do gr. oferecimento de Judas tenha ocorrido justo no momento em que eles estavam prestes a anagaion,  literalmente, qualquer quarto desistir de colocar em prática seus planos acima do nível do solo, portanto, um quarto na parte superior da casa. Outro (ver com. de Mt 26:15). termo grego, huperõon  significa estrita Boa ocasião. Ver com. de Mt 26:5, cf. mente “sala superior” (cf. At 1:13; sobre Mc 14:2. a identificação desta sala, ver com. de 12. Sacrifício do cordeiro pascal. [Os discípulos preparam a Páscoa, Mc 14:12-16 = Mt 26:18). I. Dali a dois dias. [O plano para tirar a

716

        9         S         £

MARCOS

14:61

Mobilado. Literalmente “espalhado”. Aqui,semelhante em que os discípulos fica a referência deve ser à disposição dos solas ou ram sem palavras (ver Mc 9:6). almofadas na sala (ver com. de Mc 2:15). 41. Basta!  Nos papiros, a palavra grega Pronto. Talvez em antecipação da Páscoa. assim traduzida ocorre em recibos para indi 17. Ao cair da tarde. [O traidor é indi car que o pagamento integral fora efetuado cado, Mc 14:17-21 = Mt 26:20-25. Comentá (ver com. de Mt 6:2). Jesus quis dizer que rio principal: Mt]. Isto é, à noite do “primeiro os discípulos haviam dormido o suficiente dia da Festa dos Pães Asmos” (v. 12; sobre a ou que o debate desse assunto específico cronologia da Última Ceia, ver Nota Adicional estava terminado. 2 a Mateus 26; ver com. de Jo 13:21-30). 51. Um jovem. [Jesus, seguido por um 18. Quando estavam à mesa. Ou, “assen  jovem, Mc 14:51, 52]. Este incidente aparen tados a comer” (ARC; ver com. de Mc 2:15). temente trivial não parece ter relação com os 22. Enquanto comiam. [A Ceia do acontecimentos da noite, contudo deve haver Senhor, Mc 14:22-26 = Mt 26:26-30 = algum motivo para sua inclusão na narrativa. Lc 22:19-23 = ICo 11:23-25. Comentário Alguns sugerem que o autor do evangelho,  principal: Mt]. João Marcos (ver At 12:12), aqui se refere 26. Tendo cantado um hino. Ver com. enigmaticamente à sua própria ligação com de Mt 26:30. a prisão de Jesus. Esse “jovem” dificilmente 27. Todos vós vos escandalizareis.  pode ter sido um dos discípulos, pois todos [Pedro é avisado, Mc 14:27-31 = Mt 26:31- eles já haviam abandonado Jesus e fugido 35 = Lc 22:31-34 = Jo 13:36-38. Comentário (Mc 14:50). Deve-se salientar, no entanto,  principal: Mt]. que qualquer sugestão sobre a identidade do t  Em mim (ARC). A evidência textual  jovem é apenas uma conjectura, mesmo que favorece a omissão (cf. p. 136) destas pala  pareça plausível. Por parte de João, houve vras, porém as estabelece em Mateus 26:31. uma omissão intencional de sua identidade 30. Hoje. Segundo o cômputo judaico, (ver Jo 21:20-24). ao pôr do sol já havia começado o sexto dia da 52. Desnudo. O mais provável é que semana, e o julgamento e a crucifixão ocor ele estivesse vestido apenas com a roupa reriam antes do pôr do sol seguinte. de baixo, ou túnica (ver com. de Mt 5:40; Duas vezes. Apenas Marcos observa Jo 21:7). este detalhe. 53. Levaram Jesus. [Jesus perante o 32. Então, foram. [Jesus no Getsêmani, Sinédrio, Mc 14:53-65 = Mt 26:57-68 = Mc 14:32-42 = Mt 26:36-56 = Lc 22:39-46. Lc 22:63-71. Comentário principal: Mt]. Comentário principal: Mt]. 54. Fogo. Literalmente, “luz”. Foi, sem 35. Aquela hora. Ou seja, os eventos dúvida, a luz do fogo, que revelou Pedro. daquela hora. 61. Bendito. Uma forma de designar a 40. Não sabiam. Detalhe observado Divindade, a fim de evitar o uso do sagrado apenas por Marcos. Há outra situação nome de Yahweh (ver vol. 1, p. 149, 150). COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE 3 - MCF1, 80; T6, 310 3-11 - DTN, 557-568 6-8 - DTN, 560 6 - T4, 550

7 - CM, 161; CBV, 201, 205; 17-25 - DTN, 652-661 PR, 652; T4, 552 27, 29 - PJ, 152; DTN, 688 9- T4, 551 29-31 - DTN, 673 10- DTN, 564 30-DTN, 712

15:1

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

32-50 - DTN, 685-697 34-38 - T8, 100 37, 38 - DTN, 689 38-DTN, 126; PE, 167; OE, 163; PP, 689; Te,

192; T2, 49, 89, 101, 490, 53-72 - DTN, 698-715 511; T3, 476; T5, 34, 115, 56 -TM, 71 146; T6, 410 58, 60 - DTN, 706 40-DTN, 690 70-DTN, 712 50-DTN, 697 72-PJ, 152

Capítulo 15 1 Jesus é atado e levado diante de Pilatos. 15 Barrabás é posto em liberdade pelo clamor da multidão e Jesus é entregue para ser crucificado. 17 Ele é coroado com espinhos, 19 cuspido e escarnecido. 21 Ele desmaia ao carregar a cruz. 27 É crucificado entre dois ladrões, 29 sofre os insultos dos judeus, mas 39 é reconhecido como o Filho de Deus pelo centurião. 43 É honrosamente sepidtado por José de Arimateia. 14 Mas Pilatos lhes disse: Que mal fez Ele? 1 Logo pela manhã, entraram em conselho E eles gritavam cada vez mais: Crucifica-O! os principais sacerdotes com os anciãos, os es 15 Então, Pilatos, querendo contentar a mui- « cribas e todo o Sinédrio; e, amarrando a Jesus, tidão, soltou-lhes Barrabás; e, após mandar açoi levaram-No c O entregaram a Pilatos. tar a Jesus, entregou-0 para ser crucificado. 2 Pilatos O interrogou: És Tu o rei dos ju 16 Então, os soldados O levaram para den deus? Respondeu Jesus: Tu o dizes. tro do palácio, que é o pretório, e reuniram todo 3 Então, os principais sacerdotes O acusa o destacamento. vam de muitas coisas. 17Vestiram-No de púrpura e, tecendo uma 4 Tornou Pilatos a interrogá-Lo: Nada respon coroa de espinhos, Lha puseram na cabeça. des? Vê quantas acusações Tc fazem! 18 E O saudavam, dizendo: Salve, rei dos 5 Jesus, porém, não respondeu palavra, a  judeus!  ponto de Pilatos muito se admirar. 19 Davam-Lhe na cabeça com um caniço, 6 Ora, por ocasião da festa, era costume soltar ao povo um dos presos, qualquer que eles pedissem. cuspiam nEle e, pondo-se de joelhos, O adoravam. 20 Depois de O terem escarnecido, despiram7 Havia um, chamado Barrabás, preso com amotinadores, os quais cm um tumulto haviam Lhe a púrpura e O vestiram com as suas próprias vestes. Então, conduziram Jesus para fora, com cometido homicídio. 8 Vindo a multidão, começou a pedir que lhes o fim de O crucificarem. 21 E obrigaram a Simão Cireneu, que passa fizesse como de costume. 9 E Pilatos lhes respondeu, dizendo: Quereis va, vindo do campo, pai de Alexandre e de Rufo, a carregar-Lhe a cruz. que eu vos solte o rei dos judeus? 22 E levaram Jesus para o Cólgota, que quer 10 Pois ele bem percebia que por inveja os dizer Lugar da Caveira.  principais sacerdotes lho haviam entregado. 23 Deram-Lhe a beber vinho com mirra; Ele, 11 Mas estes incitaram a multidão no senti do de que lhes soltasse, de preferência, Barrabás.  porém, não tomou. 24 Então, o crucificaram e repartiram entre 12 Mas Pilatos lhes perguntou: Que larei, si as vestes dElc, lançando-lhes sorte, para ver o então, deste a quem chamais o rei dos judeus? que levaria cada um. 13 Eles, porém, clamavam: Crucifica-O!

        9         S         S

718

MARCOS 25 Era a hora terceira quando O crucificaram. 26 E, por cima, estava, em epígrafe, a sua acusação: O R ei do s  J udeus. 27 Com Ele crucificaram dois ladrões, um à Sua direita, e outro à Sua esquerda. 28 E cumpriu-Se a Escritura que diz: Com malfeitores foi contado. 29 Os que iam passando, blasfemavam dEle, meneando a cabeça e dizendo: Ah! Tu que des tróis o santuário e, em três dias, o reedificas! 30 Salva-Te a Ti mesmo, descendo da cruz! 31 De igual modo, os principais sacerdotes com os escribas, escarnecendo, entre si diziam: Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-Se; 32 desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos. Também os que com Ele foram crucificados O insultavam. 33 Chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra até a hora nona. 34 À hora nona, clamou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? Que quer dizer: Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste? 35 Alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Vede, chama por Elias! 36 E um deles correu a embeber uma espon  ja em vinagre c, pondo-a na ponta de um cani ço, dcu-Lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias vem tirá-Lo! 37 Mas Jesus, dando um grande brado, expirou.

15:21

38 E o véu do santuário rasgou-se em duas  partes, dc alto a baixo. 39 O centurião que estava em frente dEle, vendo que assim expirara, disse: Verdadeira mente, este homem era o Filho de Deus. 40 Estavam também ali algumas mulhe res, observando de longe; entre elas, Maria Madalena, Maria, mãe de I iago, o menor, e dc José, e Salomé; 41 as quais, quando Jesus estava na Caldeia, O acompanhavam e serviam; e, além destas, muitas outras que haviam subido com Ele para Jerusalém. 42 Ao cair da tarde, por ser o dia da prepara ção, isto é, a véspera do sábado, 43 vindo José de Arimateia, ilustre membro do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus, dirigiu-se resolutamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. 44 Mas Pilatos admirou-se de que Ele já ti vesse morrido. E, tendo chamado o centurião,  perguntou-lhe se havia muito que morrera. 45 Após certificar-se, pela informação do co mandante, cedeu o corpo a José. 46 Este, baixando o corpo da cruz, envolveu-o em um lençol que comprara e o depositou em um túmulo que Linha sido aberto numa rocha; e rolou uma pedra para a entrada do túmulo. 47 Ora, Maria Madalena e Maria, mãe de José, observaram onde Ele foi posto.

[Jesus perante Era mais do que um simples desejo dc Pilatos; Pilatos, Mc 15:1-15 = Mt 27:1, 2, 11-26 = Lc ele estava ansioso de agradar o povo, se pos 23:1-7, 13-25; Jo 18:28-19:16. Comentário sível, para que as descontroladas paixões da  principal: Lc], turba não desencadeassem uma revolta. 2. Pilatos O interrogou. Ver com. de 16. Então, os soldados. [Jesus entregue Lc 23:1-5. aos soldados, Mc 15:16-20 = Mt 27:27-311. 3. Ele nada respondia (ARC). A evi20. Conduziram Jesus para fora. ► dcncia textual favorece a omissão (cf. p. 136) [A crucifixão, Mc 15:20-41 = Mt 27:31-56 destas palavras, como na ARA. = Lc 23:26-49 = Jo 19:17-37. Comentário 6. Por ocasião da festa. Ver com. dc  principal: Mt e Jo], Mt 27:1, 2, 11-31. 21. Pai de Alexandre e de Rufo. [Simão Era costume soltar. Era prática habitual. leva a cruz de Jesus, Mc 15:21 = Mt 27:32 = 15. Querendo contentar a multidão. Lc 23:26]. Apenas Marcos registra isto. 1. Logo pela manhã.

         6         5          6

719

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

15:22

22. Gólgota. [A crucifixão, Mc 15:22-41  principal: Mt e Mc; ver mapa, p. 222; e grá = Mt 27:33-49 = Lc 23:33-49 = Jo 19:17-30. ficos 8 e 9, p. 229, 230]. Do gr. paraskeuê, “preparação”, palavra cujo uso no NT deve Comentário principal: Mt e Jo.] 28. A Escritura. Uma citação de Isaías se aplicar tanto ao dia anterior a um sába 53:12. A evidência textual (cf. p. 136) tende a do quanto ao dia que precedia a um dia de omitir esta citação de Isaías, que, no entanto, festa (ver p. 93, 94). Véspera do sábado. Era o sábado sema é confirmada em Lucas 22:37. nal (ver Nota Adicional 1 a Mateus 26). A pre 37. Expirou. Ver com. de Mt 27:50. 40. Maria, mãe.  Nada mais se sabe a cisa afirmação de Marcos, juntamente com respeito desta Maria, a não ser a menção a sequência de dias em Lucas 23:54 a 24:1, feita a ela pelos evangelistas em relação com torna claro que a sexta-feira foi o dia da a morte, o sepultamento e a ressurreição de crucifixão. 45. Corpo. Do gr. ptõma, termo que só Jesus. Alguns têm identificado esta Maria com a esposa de Cleopas (ou Clopas; ver  pode se referir a um corpo morto, “cadáver”. Esta é a única ocorrência de  ptõma no NT. com. de Jo 19:25; cf. com. de Mc 3:18). Salomé. Uma comparação com Mateus A palavra grega usual para “corpo” é  sõma 27:56 indica que Salomé era, possivelmente, (ver Mt 27:59; Lc 23:52; Jo 19:40). 47. Observaram.  No texto grego, isto a mãe de Tiago e João, filhos de Zebedeu. Também tem-se sugerido que ela era irmã de significa que as mulheres observavam aten Maria, mãe de Jesus (ver com. de Jo 19:25). tamente o sepultamento de Jesus, fazendo 42. Preparação. [O sepultamen  planos para embalsamar Seu corpo depois to de Jesus, Mc 15:42-47 = Mt 27:57-61 que as horas sagradas do sábado tivessem  passado (ver Lc 23:55-24:1). = Lc 23:50-56 = Jo 19:38-42. Comentário COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE 1-20 - DTN, 723-740 2, 4, 5 - DTN, 726 9 - DTN, 733 16-19 - DTN, 734

20-38 - DTN, 741-757 26 - PE, 179 31 - HR, 222 31, 32-DTN, 749

32-PE, 179 34 - PJ, 196; HR, 226 44 - DTN, 773

Capítulo 16 I Um anjo anuncia a ressurreição de Cristo a três mulheres. 9 O próprio Cristo Se apresenta a Maria Madalena, 12 a dois outros no caminho para o campo e, 14 em seguida, aos apóstolos, 15 a quem envia para pregar  o evangelho. 19 Depois, Ele ascende ao Céu.

1 Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem embalsamá-Lo. ► 2 E, muito cedo, no primeiro dia da semana, ao despontar do sol, foram ao túmulo.

        7         5         6

3 Diziam umas às outras: Quem nos remo verá a pedra da entrada do túmulo? 4 E, olhando, viram que a pedra já estava re movida; pois era muito grande. 5 Entrando no túmulo, viram um jovem

720

MARCOS

16:9

assentado ao lado direito, vestido de braneo, e 13 E, indo, eles o anunciaram aos demais, ficaram surpreendidas e atemorizadas. mas também a estes dois eles não deram crédito. 6 Ele, porém, lhes disse: Não vos atemori 14 Finalmente, apareceu Jesus aos onze, zeis; buscais a Jesus, o Nazareno, que foi cruci quando estavam à mesa, e censurou-lhes a incre ficado; Ele ressuscitou, não está mais aqui; vede dulidade e dureza de coração, porque não deram o lugar onde O tinham posto. crédito aos que O tinham visto já ressuscitado. 7 Mas ide, dizei a Seus discípulos e a Pedro 15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pre que Ele vai adiante de vós para a Galileia; lá O gai o evangelho a toda criatura. vereis, como Ele vos disse. 16 Quem crer e for batizado será salvo; quem, 8 E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque  porém, não crer será condenado. estavam possuídas de temor e de assombro; e, de 17 Estes sinais hão de acompanhar aqueles medo, nada disseram a ninguém. que creem: em Meu nome, expelirão demônios; 9 Havendo Ele ressuscitado de manhã cedo falarão novas línguas; no primeiro dia da semana, apareceu primeiro a 18 pegarão em serpentes; e, se alguma coisa Maria Madalena, da qual expelira sete demônios. mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuse 10 E, partindo ela, foi anunciá-lo àqueles que, rem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados. tendo sido companheiros de Jesus, se achavam 19 De fato, o Senhor Jesus, depois de lhes tristes e choravam. ter falado, foi recebido no céu e assentou-Se à 11 Estes, ouvindo que Ele vivia e que fora destra de Deus. visto por ela, não acreditaram. 20 E eles, tendo partido, pregaram cm toda 12 Depois disto, manifestou-Se em outra  parte, cooperando com eles o Senhor e con forma a dois deles que estavam de caminho para firmando a palavra por meio de sinais, que se o campo. seguiam.

1. Passado o sábado. [A ressurrei ção de Jesus, Mc 16:1-8 = Mt 28:1-10 = Lc 24:1-12 = Jo 20:1-10. Comentário principal: Mt e Jo]. Ou, "havia transcorrido”, isto é, entre os acontecimentos de Marcos 15 e os de Marcos 16. Desse modo, fica claro que a ressurreição ocorreu no primeiro dia da semana, e não antes, como alguns têm pro  posto (ver com. de Mt 28:1). Miaria Madalena. Ver Nota Adicional a Lucas 7. Compraram aromas. Estas especia rias devem ter sido compradas depois do  pôr do sol, na noite de sábado mas que já era domingo para elas; às quais foram acres centadas aquelas que as mulheres tinham  preparado na sexta-feira (ver Lc 23:56) e as que Nicodemos proveu (ver jo 19:39). 2. Muito cedo. Ver com. de Mt 28:1. 7. Pedro. Apenas Marcos se refere a

Pedro por nome aqui (cf. p. 611). O fato de Jesus o mencionar nominalmente, era uma indicação de que, apesar de seus erros, Pedro ainda era reconhecido e incluído entre os mais próximos de Jesus, porque ele havia se arrependido sinceramente (ver Mt 26:75; Mc 14:72; DTN, 713). 8. Nada disseram. Ou seja, eles não disseram nada para aqueles com quem se encontraram ao entrar na cidade. Alguns interpretam mal essa declaração para indi car que as mulheres não disseram nada aos discípulos, e que, portanto, Marcos aqui contradiz os outros evangelhos. Mas esta conclusão não tem fundamento. 9. Havendo Ele ressuscitado. [Jesus aparece a Maria Madalena, Mc 16:9-11 = Jo 20:11-18]. A evidência textual favorece (cf. p. 136) a omissão dos v. 9 a 20, e a conclusão do evangelho de Marcos seria,

721

16:1 1

COMENTÁRIO BÍBLICO ADVENTISTA

 portanto, no v. 8. Os comentaristas favorá veis à omissão desses versículos mencionam alguns fatores como diferenças de estilo literário e idioma, com o uso de palavras e frases nesses versículos que não são carac terísticas de Marcos, além da transição abrupta entre os v. 8 e 9. Esses versos são chamados de “final longo” de Marcos. Em vez desse final mais longo, alguns manuscri tos antigos têm o que é chamado de linal ► mais curto”: “Mas eles relataram breve mente a Pedro e aos que com ele estavam tudo o que tinha sido dito. E depois disso, o próprio Jesus enviou por meio deles, de leste a oeste, a proclamação sagrada e impe recível de salvação eterna” (RSV). Tomada como um todo, contudo, a evidência textual favorece o final chamado “mais longo” (ver com. do v. 14). 11. Não acreditaram. Este registro da incredulidade dos discípulos, mesmo em face de testemunhos que afirmavam a res surreição de Cristo, constitui uma forte evi dência em favor da precisão e confiabilidade do relato histórico da ressurreição, inclusive cm seus mínimos detalhes. 12. Depois disto. IJesus aparece a dois de Seus discípulos, Mc 16:12, 13 = Lc 24:13-35. Comentário principal: Lc]. Em outra forma. Possivelmente uma referência ao corpo ressuscitado de Jesus em contraste com Seu corpo antes da res surreição, ou ao fato de que Jesus não loi reconhecido pelos discípulos no caminho de Emaús. 13. Eles não deram crédito. Ver com. de Lc 24:34, 35, 41. 14. Finalmente. [A ordem para a evan gelização, Mc 16:14-18 = Mt 28:16-20 = Jo 20:24-29. Comentário principal: JoJ. Quanto à sequência cronológica das mani festações posteriores à ressurreição, ver  Nota Adicional a Mateus 28. Aos onze. Um termo tecnicamente correto, pois o grupo de doze seguidores

         8         5          6

especiais de Jesus havia se reduzido a onze, após a traição e o suicídio de judas. Ainda assim, eram chamados pelo termo familiar “os doze” (ver Jo 20:24). Quando estavam à mesa. Parece que os discípulos transformaram em sua habita ção temporária o aposento superior cm que tinham participado juntos da Ultima Ceia. Censurou-lhes. A incredulidade me rece reprovação quando persiste apesar de haver evidências suficientes contra ela. Dureza de coração. Ver com. de Êx 4:21. Um antigo manuscrito, o Códice Freeriano (ver p. 105), também conhecido como o Washingtonense, acrescenta ao v. 14 o que, às vezes, é chamado de “Freer Logion”. Este acréscimo tem indícios incon fundíveis de ser uma interpolação posterior, e só tem interesse como uma curiosidade textual. 15. Ide. Aqui não há nada no relato que indique uma mudança de tempo ou de lugar diferentes do v. 14. No entanto, estes versí culos são, provavelmente, um breve relato de parte das amplas instruções que Jesus deu a cerca de 500 pessoas reunidas em uma montanha na Galileia (ver com. de Mt 28:16, 19; cf. DTN, 818, 821). “Várias vezes foram as palavras repetidas, a fim de que os discípulos lhes apreendessem o signi ficado” (DTN, 818). Este fato pode explicar as diversas versões da comissão evangélica apresentadas pelos evangelistas. 16. Será salvo. Aqui se apresentam dois requisitos para os que aceitam os ensi nos do evangelho: fé em Jesus e batismo. O primeiro é a aceitação íntima da salva ção proporcionada pela morte vicária do Redentor do mundo; o segundo é a demons tração externa de uma mudança interior da vida (ver com. de Rm 6:3-6). Não crer. Deve-se notar que, se alguém é condenado, é por causa da incredulidade. Aqui não se faz referência ao batismo em sentido positivo ou negativo, pois a realidade

722

MARCOS

16:20

interior da salvação transcende amplamente ocasiões, receberão um proteção especial, de em importância ao sinal exterior. A falta acordo com a vontade do Pai. impuserem as mãos. Ver com. de Mc do batismo simplesmente significaria uma 1:31. demonstração externa de descrença inte 19. Depois de lhes ter falado. [A as rior, a qual, por si mesma, é suficiente para impedir que a pessoa desfrute as bênçãos censão de Jesus, Me 16:19, 20 = Le 24:50da salvação. Talvez aqui, Jesus previa que, 53 - At 1:6-11. Comentário principal: Lc]. à semelhança do ladrão na cruz, haveria Esta frase de transição sugere que a ascen são ocorreu imediatamente após a comissão casos em que homens e mulheres verdadei ramente convertidos não poderiam receber dos v. 15 a 18. Contudo, não parece ter sido o caso. E mais provável que aqui se faça reo rito do batismo. 17. Estes sinais. Isto é, as demonstra ferência a um intervalo mais prolongado (ver ções sobrenaturais e miraculosas do poder com. de Mc 16:15). divino (ver p. 204, 205). No entanto, mesmo À destra. A posição de honra e autori que os milagres sejam valiosos, não é impos dade. A exaltada posição de Cristo no Céu sível fasificá-los ou fazer circular notícias de frequentemente é o tema de vários escrito supostos milagres. Essas notícias tendem a res do NT (ver At 7:55; Rm 8:34; Ef 1:20; confundir o incauto e atrair o crédulo. Em Cl 3:1; Hb 1:3; 8:1; 10:12; 1 Pc 3:22; Ap 3:21). realidade, os milagres não constituem a evi 20. Eles, tendo partido. Somente em dência mais poderosa de que seja genuína a Marcos se descreve, ousadamente, os triun manifestação do evangelho (DTN, 406, 799). fos do evangelho realizados pelo Espírito ► Deve-se lembrar que Jesus Se recusou a rea Santo mediante os apóstolos, durante os lizar milagres como sinais.  primeiros anos após a ascensão de Cristo. Expelirão demônios. Ver Nota Adi Pregaram em toda parte. Esta foi e cional a Marcos 1. continua sendo a missão dos seguidores de Novas línguas. Ver At 2:4; 10:46; 19:6; Cristo (ver Mc 16:15). JCo 12:28; 14:2-5. Durante o ministério de Cooperando com eles.  Na providên Cristo não havia sido dado o dom de línguas cia de Deus, o poder divino sempre se unirá aos doze, pois não era necessário. Este dom ao esforço humano. Confirmando a palavra. Parcialmente, lhes foi concedido quando se tornou neces mediante a evidência do poder divino mani sário (ver com. de ICo 14). festado pelos “sinais”, a que se faz referên 18. Serpentes. Ver com. de Lc 10:19. cia nos v. 17 e 18. Coisa mortífera. Jesus aqui usa como Amém (ARC)! A evidência textual favo ilustrações casos que normalmente resul tam em danos graves ou morte e promete rece (ef. p. 136) a omissão desta palavra, como que os mensageiros do evangelho, em muitas na ARA.

         9         5          6

COMENTÁRIOS DE ELLEN G. WHITE 1 - DTN, 769 1 . 2 - PE, 186 1-8 - DTN, 788-794 2.3- DTN, 788 7 - P J , 156; DTN, 793; Ed, 90; T4, 488

9 - DTN, 568 15 - AA, 174; SC, 9, 23; PJ, 300, 303, 371; CPPE, 466; DTN, 369, 818; Ed, 264; Ev, 301; FEC, 199, 201; GC, 351; OE, 115; 723

CBV, 106; MCH, 226; MS, 327; TM, 401; T3, 406, 408; T4, 472; T5, 391, 456; T6, 89, 273, 447, 480; T7, 39; T8, 15, 16, 119, 215; T9, 39, 136,

View more...

Comments

Copyright ©2017 KUPDF Inc.
SUPPORT KUPDF