18017920 Manual de Combate a Incendio Marinha Do Brasil

December 11, 2018 | Author: bombeiro vales | Category: Combustion, Convection, Oxygen, Fires, Electricity
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MARINHA DO BRASIL

CENTRO DE ADESTRAMENTO ALMIRANTE MARQUES DE LEÃO

CBINC – D-001

8a Edição – 2000

MARINHA DO BRASIL CENTRO DE ADESTRAMENTO ALMIRANTE M ARQUES DE LEÃO

MANUAL DE COMBATE A INCÊNDIO CBINC – D-001

8a Edição – 2000

Centro de Adestramento Almirante Marques de Leão. C387m

Manual de Combate a Incêndio / Centro de Adestramento Almirante Marques de Leão. - 8. ed. - Rio de Janeiro : O Centro, 2000. [ 102 ]p. :il.

CBINC-D-001

1. Navios - Incêndios e prevenção de incêndios a bordo. 2. Combate a incêndio a bordo. I. Título.

CDD 20. ed. 623.865

É VEDADA A REPRODUÇÃO

TOTAL

OU PARCIAL DESTE

MANUAL COM

FIM

COMERCIAL. PUBLICAÇÃO

REGISTRADA

NO

ESCRITÓRIO

DE

DIREITOS AUTORAIS DO

MINISTÉRIO DA CULTURA SOB O NÚMERO 143.968 - LIVRO 233 – FOLHA 23.

Manual de Combate a Incêndio

SUMÁRIO PÁGINAS

CAPÍTULO 1 - A COMBUSTÃO, FENÔMENOS SECUNDÁRIOS E MÉTODOS DE TRANSMISSÃO DE CALOR 1.1 - Natureza do Fogo...........................................................................

1-1

1.2 - O Combustível ............................................................................... 1-1 1.3 - O Comburente................................................................................

1-2

1.4 - A Temperatura...............................................................................

1-2

1.5 - Extinção por Quebra da Reação em Cadeia...................................

1-3

1.6 - Métodos de Transmissão de Calor.................................................

1-4

1.7 - Intensidade da Combustão.............................................................. 1-6 1.8 - Explosão........................................................................................

1-6

1.9 - Combustão Espontânea.................................................................

1-6

1.10 - Eletricidade Estática.....................................................................

1-7

1.11 - A Dinâmica do Incêndio a Bordo.................................................

1-7

CAPÍTULO 2 - CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS E DOS AGENTES EXTINTORES 2.1- Classificação dos Incêndios.............................................................

2-1

2.2 - Agentes Extintores.........................................................................

2-1

2.3 - Cuidados com os Agentes Extintores.............................................

2-5

2.4 - Medidas Preventivas......................................................................

2-7

2.5 - Principais Causas de Incêndio a Bordo...........................................

2-9

2.6 - Perigos Adicionais com o Navio em Período de Reparos............... 2-9 2.7 - Perigos Adicionais quando em Combate......................................... 2-10

CAPÍTULO 3 - EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM ÁGUA COMO AGENTE EXTINTOR 3.1 - Rede de Incêndio.............................................................................

3-1

3.2 - Tomadas de Incêndio......................................................................

3-1

3.3 - Válvulas..........................................................................................

3-2

8 a edição

Sumário - 1

Manual de Combate a Incêndio

3.4 - Mangueiras de Incêndio...............................................................

3-2

3.5 - Esguicho Universal e Aplicadores................................................

3-6

3.6 - Esguichos Variáveis......................................................................

3-8

3.7 - Esguichos de Cortina de Água (“waterwall”) e de Ataque (“Firefighter”).............................................................................................. 3.8 - Sistema de Borrifo.........................................................................

3-10 3-11

3.9 -Canhão de Água............................................................................. 3-13

CAPÍTULO 4 - EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM ESPUMA COMO AGENTE EXTINTOR 4.1 - A Espuma como Agente Extintor..................................................

4-1

4.2 - Equipamentos para Produção de Espuma......................................

4-2

4.3 - Estações Geradoras de Espuma.....................................................

4-3

4.4 - Misturador Entrelinhas..................................................................

4-4

4.5 - Esguicho NPU..............................................................................

4-5

4.6 - Esguicho FB 5X e FB 10X...........................................................

4-6

4.7 - Misturador Tipo “FW”.................................................................

4-7

4.8 - Esguicho Universal para Neblina de Alta e com Aplicador para Neblina de Baixa Velocidade.........................................................

4-8

CAPÍTULO 5 - OUTROS EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES 5.1 - Equipamentos que Utilizam o CO2 como Agente Extintor............. 5-1 5.2 - Equipamentos que Utilizam o Halon como Agente Extintor........... 5-2 5.3 - Dispositivo de Duplo Agente..........................................................

5-5

5.4 - Equipamentos que Utilizam Gases Inertes.....................................

5-6

5.5 - Sistemas de Detecção de Incêndio..................................................

5-6

5.6 - Sistema Fixo de Pó Químico.........................................................

5-7

CAPÍTULO 6 - EXTINTORES PORTÁTEIS 6.1 - Generalidades...............................................................................

6-1

6.2 - Extintores a Água.........................................................................

6-1

6.3 - Extintores a Espuma.....................................................................

6-3

6.4 - Extintores a Bióxido de Carbono (CO2)........................................

6-4

8 a edição

Sumário - 2

Manual de Combate a Incêndio

6.5 - Extintores a Pó Químico...............................................................

6-5

6.6 - Extintores a Halon.........................................................................

6-6

6.7 - Extintores a Pó Seco (para Metais Combustíveis)........................

6-7

6.8 - Outros Recursos...........................................................................

6-7

6.9 - Identificação dos Extintores Portáteis..........................................

6-8

CAPÍTULO 7 - EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA 7.1 - Generalidades...............................................................................

7-1

7.2 - Roupas de Proteção......................................................................

7-1

7.3 - Máscaras contra Gases Irritantes e Tóxicos..................................

7-3

7.4 - Máscaras com Tambor-Gerador de Oxigênio................................

7-4

7.5 - Máscaras com Ampolas de Ar Comprimido.................................

7-5

7.6 - Máscara para Escape de Emergência.............................................

7-6

7.7 - Câmera de Imagem Térmica (TIC - Thermal Image Camera)........................... 7-7 7.8 - Capacete de Proteção (STH - Slim Tank Helmet).........................

7-7

7.9 - Oxímetro (Medidor de Taxa de Oxigênio)..................................... 7-7 7.10 - Explosímetro..................................................................................

7-8

7.11 - Lâmpada de Segurança..................................................................

7-8

CAPÍTULO 8 - ORGANIZAÇÃO E FAINA DE COMBATE A INCÊNDIO 8.1 - Requisitos Básicos.........................................................................

8-1

8.2 - Organização do Controle de Avarias..............................................

8-2

8.3 - Grupos de Reparos........................................................................

8-2

8.4 - Alarme de Incêndio........................................................................

8-10

8.5 - Turma de Ataque Rápido no Mar (TAR).......................................

8-12

CAPÍTULO 9 - TÁTICAS E TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIO 9.1 - Técnicas de Combate a Incêndios Classe “A”................................

9-1

9.2 - Tipos de Ataque..............................................................................

9-1

9.3 - Descompressão e Entrada Forçada ou Compulsória.......................

9-4

9.4 - Técnicas no Ataque Indireto...........................................................

9-5

9.5 - Técnicas de Combate a Incêndios Classe “B”................................

9-6

9.6 - Técnicas de Combate a Incêndios Classe “C”................................

9-8

9.7 - Preparação para a Entrada em um Compartimento........................

9-8

8 a edição

Sumário - 3

Manual de Combate a Incêndio

9.8 - Processo de Abertura do Acesso e Entrada em um Compartimento................... 9-9 9.9 - Observações e Recomendações........................................................ 9-13 9.10 - Adestramento.................................................................................

9-14

CAPÍTULO 10 - DOUTRINA DE COMBATE A INCÊNDIO EM PRAÇAS DE MÁQUINAS 10.1 - Introdução.................................................................................

10-1

10.2 - Definições..................................................................................

10-1

10.3 - Grande Vazamento de Óleo........................................................

10-3

10.4 - Ações em um Grande Vazamento de Óleo com Incêndio..........

10-4

10.5 - Controle da Fumaça......................................................................

10-9

10.6 - Isolamento do Compartimento....................................................

10-10

10.7 - Reentrada no Compartimento.....................................................

10-13

10.8 - Esgoto do Compartimento.........................................................

10-16

10.9 - Remoção da Fumaça e Teste de Atmosfera................................

10-16

CAPÍTULO 11 - INSTALAÇÕES DE TERRA 11.1 - Introdução.................................................................................

11-1

11.2 - O “Efeito de Chaminé”...............................................................

11-1

11.3 - O Prédio e suas Principais Deficiências.....................................

11-2

11.4 - Proteção contra Incêndio............................................................

11-2

11.5 - Treinamento e Supervisão..........................................................

11-3

8 a edição

Sumário - 4

Manual de Combate a Incêndio

PREFÁCIO

A Política Básica da Marinha (PBM), preconiza a capacitação do pessoal para a absorção adequada da constante evolução tecnológica, entre um dos seus objetivos principais com vista ao preparo do Poder Naval. Os sofisticados meios navais e o progresso da tecnologia exigem que, para a segurança operativa e eficácia de combate, as tripulações dos navios se mantenham atualizadas suas técnicas e processos referentes ao emprego dos meios. Consciente dessa realidade, o Centro de Adestramento “Almirante Marques de Leão” (CAAML) elaborou o Manual de Combate a Incêndio, com base nas técnicas de extinção das várias classes de incêndio, adequando o seu conteúdo incorporação de novas Unidades Navais e aos processos da modernização dos meios da Marinha do Brasil à utilização de modernos equipamentos. Esta publicação se divide em onze capítulos, dispostos na ordem das aulas do Projeto Específico do Curso de Combate a Incêndio deste Centro. Adicionalmente, foram inseridos assuntos complementares relacionados ao Curso Expedito de Combate a Incêndio Avançado para a Marinha Mercante.

ANTONIO ALBERTO MARINHO NIGRO Capitão-de-Mar-e-Guerra Comandante

8 a edição

Capítulo 1 A COMBUSTÃO, FENÔMENOS SECUNDÁRIOS E MÉTODOS DE TRANSMISSÃO DE CALOR

1.1 - NATUREZA DO FOGO

Há fogo quando há Combustão. Combustão - é uma reação química que ocorre com a presença do combustível, do comburente, da temperatura de ignição, com desprendimento de luz e calor. Combustível - é todo material capaz de entrar em combustão: madeira, papel, pano, estopa, tinta, alguns metais etc. Comburente - é todo elemento que, associando-se quimicamente ao combustível, é capaz de fazê-lo entrar em combustão. O oxigênio é o comburente mais facilmente encontrado na natureza. Temperatura de Ignição - é a temperatura necessária para que a reação química ocorra entre o combustível e o comburente, produzindo gases capazes de entrarem em combustão. Para facilitar a compreensão, costuma-se representar os elementos básicos da combustão por um triângulo equilátero, conhecido por “triângulo do fogo” (Fig. 1.1).

Fig.1.1 - Triângulo do Fogo

1.2 - O COMBUSTÍVEL Dentre as diversas classificações que podemos atribuir aos combustíveis, interessam ao nosso estudo as seguintes: - Quanto ao estado físico. Sólidos (carvão, madeira, pólvora, etc.); Líquidos (gasolina, álcool, éter, óleo de linhaça, etc.) e Gasosos (metano, etano, etileno, butano, etc.). - Quanto à volatividade. 8a edição

1-1

Voláteis - são os combustíveis que, nas condições normais de temperatura e pressão, desprendem vapores capazes de se inflamarem (álcool, éter, benzina, etc.) e Não-voláteis - são os combustíveis que desprendem vapores inflamáveis após aquecimento acima da temperatura ambiente (óleo combustível, óleos lubrificantes, óleo de linhaça, etc.), considerando as condições normais de pressão. - Quanto à presença do comburente. Com comburente (pólvoras, cloratos, nitratos, celulóide e metais combustíveis, tais como: lítio, zircônio, titânio, etc.) e Sem comburente (madeira, papel, tecidos, etc.). 1.3 - O COMBURENTE Comburente é o elemento químico que se combina com o combustível, possibilitando a combustão. Na grande maioria dos casos, o comburente é o oxigênio. O oxigênio existe no ar atmosférico em uma quantidade aproximada de 21%. Normalmente, não ocorre chama quando a concentração de oxigênio no ar é inferior a 16%. Por isso, o primeiro método básico de extinção de incêndios é o abafamento, que consiste em reduzir a quantidade de oxigênio para abaixo do limite de 16% (Fig 1.2).

Fig.1.2 - Extinção por abafamento pela retirada do comburente

1.4 - A TEMPERATURA Os vapores emanados de um combustível inflamam-se na presença do comburente, a partir de determinada temperatura. Ponto de Fulgor: é a temperatura mínima na qual um combustível desprende gases suficientes para serem inflamados por uma fonte externa de calor, mas não em quantidade suficiente para manter a combustão. A chama aparece, porém logo se extingue, não mantendo a combustão (Fig. 1.3). Ponto de Combustão: é a temperatura do combustível, acima da qual, ele desprende gases em quantidade suficiente para serem inflamados por uma fonte externa de calor e continuarem queimando, mesmo quando retirada esta fonte. Ponto de Ignição: é a temperatura necessária para inflamar os gases que estejam se desprendendo de um combustível, só com a presença do comburente. 8a edição

1-2

Fig.1.3 - Determinação do ponto de fulgor

Retirando-se a temperatura, não teremos fogo. Assim, o segundo método básico de extinção de incêndios é o resfriamento. É o método mais antigo de se apagar incêndios, sendo seu agente universal a água. O resfriamento consiste em reduzirmos a temperatura de um combustível abaixo da temperatura de ignição, ou da região onde seus gases estão concentrados, extinguindo o fogo. Raciocinando com o triângulo do fogo, isto consiste em afastar o lado referente à temperatura de ignição. Com apenas dois lados (combustível e comburente), não há fogo (Fig. 1.4).

Fig. 1.4 - Extinção por resfriamento pela retirada da temperatura

Cabe ressaltar que somente por resfriamento podem ser extintos os incêndios de combustíveis que tenham comburente em sua estrutura íntima (pólvora, celulóide, metais combustíveis, etc.). Esses incêndios não podem ser extintos por abafamento. 1.5 - EXTINÇÃO POR QUEBRA DA REAÇÃO EM CADEIA

Atualmente vem sendo considerado um novo processo de extinção de incêndios, em que determinadas substâncias são introduzidas na reação química da combustão com o propósito de inibi-la. Neste caso não há abafamento ou resfriamento. Apenas é criada uma condição especial (por um agente que atua em nível molecular) em que o combustível e o comburente perdem, ou têm em muito reduzida, a capacidade de manter a cadeia da reação. A reação só permanece interrompida enquanto houver a efetiva presença do agente extintor. Assim, requer que ele seja ali mantido até o natural resfriamento da área, ou que se proceda o resfriamento por um dos meios conhecidos.

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1-3

Considerada a afinidade química entre o combustível e o comburente como mais uma condição para a existência do fenômeno da combustão, o triângulo do fogo evolui para o quadrilátero do fogo (Figs. 1.5 e 1.6).

Fig.1.5 - O quadrilátero do fogo

Fig.1.6 - Triângulo do fogo e a interação entre seus lados

Para os efeitos práticos deste manual, vamos considerar que o quarto lado (“Reação em Cadeia”) do quadrilátero do fogo seja a interação entre os três lados do nosso triângulo. 1.6 - MÉTODOS DE TRANSMISSÃO DE CALOR Há três métodos de transmissão de calor: Irradiação, Condução e Convecção. O estudo desses métodos permite a visualização de vários fenômenos peculiares aos incêndios, principalmente no que diz respeito a sua propagação. Irradiação - é a transmissão de calor que se processa sem a necessidade de continuidade molecular entre a fonte calorífica e o corpo que recebe calor. É a transmissão de calor que acompanha geralmente a emissão de luz (Fig. 1.7). O caso típico de calor radiante é o calor do Sol.

Fig.1.7 - Transmissão de calor por irradiação

Condução - é a transmissão de calor que se faz de molécula para molécula, através de um movimento vibratório que as anima e permite a comunicação de uma pra outra (Fig. 1.8).

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1-4

Fig.1.8 - Transmissão de calor por condução através da antepara comum entre dois compartimentos

As anteparas e pisos que limitam os compartimentos incendiados atingem temperaturas que ultrapassam a de ignição da maioria dos materiais encontrados a bordo. É por isto que, quando ocorre um incêndio em um compartimento, devem ser inspecionados imediatamente os compartimentos adjacentes, principalmente os que ficam acima. Todo material existente nesses compartimentos deve ser retirado ou afastado das anteparas, ao mesmo tempo em que estas devem ser resfriadas, visto que a própria tinta que as reveste se inflama com facilidade. Convecção - é o método de transmissão de calor característico dos líquidos e gases. Consiste na formação de correntes ascendentes no seio da massa fluida, devido ao fenômeno da dilatação e conseqüente perda de densidade da porção de fluido mais próximo da fonte calorífica (Fig. 1.9).

Fig.1.9 - A convecção transportando o ar aquecido, gases e fumaça através do navio

Porções mais frias ocupam o lugar próximo à fonte calorífica, antes ocupado pelas porções que subiram, formando-se assim o regime contínuo das correntes de convecção. Quanto ao aspecto da propagação de incêndios, a convecção pode ser responsável pelo alastramento de incêndios a compartimentos bastante distantes do local de origem do fogo. Em edifícios, este fenômeno se dá através dos poços dos elevadores ou vãos de escadas, 8a edição

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atingindo muitos andares acima de onde está ocorrendo o incêndio, especialmente onde houver portas ou janelas abertas que permitam a passagem da coluna ascendente de gases aquecidos. A legislação que rege a construção civil determina que as escadas internas, de acesso aos pavimentos de um prédio, sejam isoladas por portas à prova de fogo, de forma a evitar tais efeitos. Nos navios, essas correntes de convecção ocorrem através dos dutos de ventilação que, por esse motivo, devem ter suas válvulas de interceptação fechadas nas seções que atravessam a área incendiada. Muitas vezes, devido a falta dessa providência, incêndios aparentemente inexplicáveis, longe do foco principal, poderão se formar e inutilizar todo o trabalho de extinção realizado no compartimento no qual o fogo se originou. 1.7 - INTENSIDADE DA COMBUSTÃO É conhecido por intensidade da combustão o volume de chamas que se desprende de um incêndio. Naturalmente, um palito de fósforo apresentará uma intensidade de combustão muito menor do que uma pilha de lenha, devido à menor quantidade de combustível. Além da quantidade de combustível, devemos, também, considerar a área superficial do combustível, porque a concentração da mistura combustível e ar (oxigênio) produzirá uma intensidade de combustão maior ou menor em função dessa mistura. Assim, quanto maior a área superficial, maior será a concentração da mistura ar/combustível e, em conseqüência, maior será a intensidade da combustão. A concentração do comburente é outro fator que devemos considerar. É o que se observa quando um incêndio está ocorrendo com pequena intensidade num ambiente confinado (onde a concentração de oxigênio já atingiu níveis reduzidos) e uma porta é bruscamente aberta. Subitamente, sob o impacto do aumento da concentração de oxigênio ambiente, o fogo se reanima e aumenta de intensidade. 1.8 - EXPLOSÃO Há combustíveis que, por sua altíssima velocidade de queima e enorme produção de gases, quando inflamados dentro de um espaço confinado, produzem o fenômeno da explosão. Os explosivos, tais como o TNT, a nitroglicerina e outros mais, apresentam enorme perigo quando ameaçados por um incêndio. A providência imediata a tomar será sempre afastálos das proximidades do fogo ou alagar com água os paióis onde se encontram armazenados. 1.9 - COMBUSTÃO ESPONTÂNEA Certos materiais orgânicos, em determinadas circunstâncias, podem, por si só, entrar em combustão. Entre as substâncias mais suscetíveis de combustão espontânea destacam-se a alfafa, o carvão, o óleo de peixe, o óleo de linhaça, os tecidos impregnados de óleo, os 8a edição

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vernizes, o óleo de milho, o óleo de semente de algodão, certos fertilizantes orgânicos e inorgânicos, as misturas contendo nitratos e material orgânico, o feno, os pós metálicos, o óleo de pinho, a juta, o sisal, o cânhamo, a madeira e a serragem. Os materiais fibrosos tornam-se particularmente perigosos quando impregnados com óleos animais ou vegetais. Embora seja um fenômeno pouco falado, a combustão espontânea é mais comum do que se poderia pensar. Ela ocorre freqüentemente durante o verão, quando há longos períodos sem chuva, nos terrenos cobertos pelo capim nos morros do Rio de Janeiro. 1.10 - ELETRICIDADE ESTÁTICA Eletricidade estática é o acúmulo de potencial elétrico de um corpo em relação a outro, geralmente em relação à terra. Forma-se, na grande maioria dos casos, por atrito, sendo praticamente impossível de ser eliminada. A providência que pode ser tomada é impedir o seu acúmulo antes que atinja potenciais perigosos (capazes de fazer produzir uma faísca), aterrando-se o equipamento a ela sujeito; isto é, ligando-se a carcaça do equipamento à terra, por meio de um condutor. Quase todos os equipamentos estão sujeitos a atrito e, portanto, a formação de eletricidade estática. A faísca da descarga elétrica, em si, nada de mau apresenta. Apenas, havendo combustíveis ou misturas explosivas nas proximidades, é que se pode temer um sinistro. Por isso mesmo, no transporte e manuseio de líquidos voláteis é que deverão ser tomados maiores cuidados. Antigamente, os caminhões-tanque transportadores desses líquidos levavam correntes na parte traseira que, ao se arrastarem pelo chão, descarregavam a eletricidade estática formada. Modernamente, não se usam mais tais correntes. Antes de ser iniciada a faina de carga ou descarga do líquido, o chassis do caminhão é ligado à terra por um fio metálico. As mangueiras, que descarregam líquidos e gases combustíveis, devem ser dotadas de bocal metálico que, por sua vez, deve ser conectado eletricamente ao tanque receptor antes de ser iniciada a descarga. Evita-se, assim, que a eletricidade estática gerada pelo atrito do fluido com a mangueira possa originar uma centelha entre o bocal e o tanque. 1.11- A DINÂMICA DO INCÊNDIO A BORDO Os incêndios a bordo podem ser separados em quatro diferentes estágios: Fase inicial; Fase de desenvolvimento; Incêndio desenvolvido e Fase de queda de intensidade. - Fase Inicial A temperatura média do compartimento ainda não está muito elevada, e o fogo está localizado próximo ao foco do incêndio. As altas temperaturas concentram-se próximas ao foco do incêndio, e a fumaça proveniente da combustão forma uma camada quente apenas na parte superior do compartimento. Caso não ocorra a 8a edição

1-7

extinção do incêndio poderá ocorrer o “ROOLOVER”, que é o fenômeno no qual os gases da combustão não queimados no incêndio misturam-se ao ar e se inflamam na parte superior do compartimento devido à alta temperatura naquela área. - Fase de Desenvolvimento É a fase de transição entre a fase inicial e a do incêndio totalmente desenvolvido. Ocorre em um período relativamente curto de tempo e pode ser considerado um evento do incêndio. Trata-se do momento no qual a temperatura da camada superior de fumaça atinge 600ºC . A característica principal desta fase é o repentino espalhamento das chamas a todo o material combustível existente no compartimento. Este fenômeno é conhecido pelo nome de "flashover". A sobrevivência do pessoal que esteja no local é improvável. - Incêndio Desenvolvido Todo o material do compartimento está em combustão, sendo a taxa de queima limitada pela quantidade de oxigênio remanescente. Chamas podem sair por qualquer abertura, e os gases combustíveis na fumaça se queimam assim que encontram ar fresco. O acesso a esse incêndio é praticamente impossível, sendo necessário um ataque indireto ao mesmo. Incêndios em praças de máquinas ou provocados pelo impacto de armamento inimigo atingem este estágio rapidamente. - Fase de Queda de Intensidade Quase todo o material combustível já foi consumido e o incêndio começa a se extinguir. Após a extinção do incêndio, em casos específicos, pode ocorrer o fenômeno do reaparecimento. Em um incêndio que tenha se extinguido por ausência de oxigênio, como por exemplo, em um compartimento estanque que tenha sido complemente isolado, vapores combustíveis podem estar presentes. Quando ar fresco é admitido nessa atmosfera rica em vapores combustíveis / gases explosivos e com temperatura próxima à de ignição, os três elementos do triângulo do fogo estarão novamente presentes e pode ocorrer uma explosão.

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Manual de Combate a Incêndio

Capítulo 2 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS E DOS AGENTES EXTINTORES

2.1 - CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS Com a finalidade de

facilitar a seleção dos melhores métodos de combate a um

incêndio, optou-se por dividi-los em quatro classes principais, a saber: •

Classe “A” são os que se verificam em materiais fibrosos ou sólidos, que formam brasas e deixam resíduos. São os incêndios em madeira, papel, tecidos, borracha e na maioria dos plásticos.



Classe “B” são os que se verificam em líquidos inflamáveis (óleo, querosene, gasolina, tintas, álcool etc.) e também em graxas e gases inflamáveis.



Classe “C” são os que se verificam em equipamentos e instalações elétricas, enquanto a energia estiver alimentada.



Classe “D” são os que se verificam em metais (magnésio, titânio e lítio).

2.2 - AGENTES EXTINTORES Agente extintor é qualquer material empregado para abafar ou resfriar as chamas, oriundas de uma combustão, proporcionando sua extinção. Os agentes extintores de uso mais difundidos a bordo são: Água; Espuma; CO2 ; Vapor; Pó Químico; Halon e Solução Aquosa de Carbonato de Potásio (APC). •

ÁGUA – É o agente extintor de uso mais comum, sendo utilizado sob três formas básicas: Jato Sólido, Neblina de Alta Velocidade e Neblina de Baixa Velocidade. O Jato Sólido consiste em um jorro de água, lançado à alta pressão, por meio de um esguicho com orifício circular de descarga. Sob esta forma, a água atinge o material incendiado com violência e penetra fundo em seu interior. É o meio por excelência para a extinção de incêndios classe “A”, onde o material tem de ser bem encharcado de água para garantir a extinção total do fogo e impedir seu ressurgimento (Fig. 2.1).

Fig. 2.1 – Jato Sólido

Em alguns casos, como incêndios em colchões e travesseiros, é conveniente que o material seja mergulhado na água garantindo-se, assim, que não permaneçam brasas no seu interior.

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Manual de Combate a Incêndio

As neblinas, tanto de alta como de baixa velocidade, consistem no borrifamento da água por meio de pulverizadores especiais. A água, assim aplicada sob a forma de gotículas, tem aumentada, em muito, sua superfície de contacto com o material incendiado, propiciando um rápido decréscimo da temperatura no ambiente em que ocorre o fogo (extinção por resfriamento). As neblinas podem ser utilizadas para auxiliar a extinção de incêndios classe “A”, reduzindo as chamas superficiais e permitindo que as equipes se aproximem mais do foco do incêndio, o que facilitará sua extinção definitiva com jato sólido. As neblinas, na ausência de espuma, são altamente eficientes na extinção de incêndios classe “B”, onde o jato sólido não tem a menor ação extintora; pelo contrário, aumenta o vulto dos incêndios pelo turbilhonamento que provoca no seio do líquido inflamado (Fig. 2.2 e 2.3).

Fig. 2.3 – Neblina de baixa velocidade

Fig. 2.2 – Neblina de alta velocidade

A água, especialmente a água salgada, é boa condutora de eletricidade e não deve, portanto, ser utilizada na extinção de incêndios classe “C”. No entanto, na total ausência de agentes extintores adequados, ela poderá ser usada, sob a forma de neblina de alta velocidade, devendo-se manter uma distância de pelo menos dois metros dos equipamentos elétricos. Desta forma, são menores os riscos de choque elétrico para o pessoal envolvido na faina. A água, sob qualquer das três formas em que é empregada, extingue incêndios por resfriamento, isto é, diminuindo a temperatura das substâncias abaixo de sua temperatura de ignição. No entanto, quando se joga água sobre uma substância em combustão, parte desta água se transforma em vapor. O vapor, como veremos adiante, tem uma ação de abafamento. Dizemos, então, que a água extingue incêndios principalmente por resfriamento e, secundariamente, por abafamento. •

ESPUMA – É um agente extintor específico para incêndios para classe “B”. Na MB (Marinha do Brasil) há dois tipos de espuma: Química e Mecânica. Ambos os tipos de

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Manual de Combate a Incêndio

espuma atuam da mesma forma, flutuando sobre a superfície do líquido inflamado e isolando-o da atmosfera (Fig. 2.4). Espuma Química – Normalmente é encontrada em extintores portáteis. Espuma Mecânica – Empregada para produção de grandes volumes de espuma por meio de equipamentos que misturam proporcionalmente o líquido gerador com ar e água. A água entra com aproximadamente 85% (em peso) na composição da espuma, tendo um efeito secundário na extinção do incêndio. Concluímos então que a espuma extingue o incêndio principalmente por abafamento e, secundariamente , por resfriamento.

Fig. 2.4 – Espuma

CO2 – Por ser o CO2 um gás inerte, isto é, um gás que não alimenta a combustão, ele é empregado como agente extintor por abafamento, criando, ao redor do corpo em chamas, uma atmosfera rica em CO2 e, por conseguinte, pobre em oxigênio. O CO2 é também um gás mau condutor de eletricidade e, por isso, é especialmente indicado para incêndios classe “C”. Na Marinha, atualmente, o CO2 é o agente extintor por excelência para extintores portáteis, sendo empregado em incêndios das classes “B” e “C”. •

VAPOR – O vapor de água pode ser utilizado como agente extintor, por abafamento. Evidentemente, por sua temperatura normalmente elevada, não tem nenhuma ação de resfriamento. Usa-se o vapor para extinguir incêndios classe “B”, principalmente em porões de praças de caldeiras e praças de máquinas de navios a vapor, quando esses incêndios se mostram insensíveis a outros métodos. O uso de vapor obriga ao isolamento do compartimento, que fica inoperante.

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PÓ QUÍMICO SECO – Na MB os três tipos mais utilizados são : Pó Químico Seco (PQS), Bicarbonato de Potássio (PKP) e Pó Seco (MET – L – X). Pó Químico Seco (PQS) – É empregado para combate a incêndios em líquidos inflamáveis, (classe “B”) podendo ser utilizado também em incêndios de equipamentos elétricos energizados (classe “C”). (PKP) – É um agente extintor à base de bicarbonato de potássio, muito eficiente na extinção de incêndios em líquidos inflamáveis em forma pulverizada e em gases inflamáveis, atacando a reação em cadeia necessária para sustentar a combustão. Pode ser utilizado para combater incêndios classe “C”. Em incêndios classe “C”, deixará resíduos de difícil remoção. O PKP pode ser empregado para o combate a incêndio em copas, cozinhas, dutos, fritadeiras e chapas quentes. Pó Seco – (MET-L-X) – É empregado exclusivamente no combate a incêndios em metais combustíveis (classe “D”).



HALON – O halon pode ser encontrado em extintores portáteis e sistemas fixos. Quando liberado, o halon forma uma nuvem de gás, com aspecto incolor, inodoro e com densidade cinco vezes maior que a do ar. Ele extingue o fogo através do método da quebra da reação em cadeia. Existem dois tipos: o halon 1211 e o 1301. O BCF (Halon 1211) é o agente ideal para a extinção de incêndios em módulos de motores e turbinas. O BCF é mais tóxico que o Halon 1301, não podendo ser usado em um compartimento ainda guarnecido.



SOLUÇÃO AQUOSA DE CARBONATO DE POTÁSSIO – O Aqueous Potassium Carbonate (APC) é usado a bordo de alguns navios para extinguir incêndios em óleos comestíveis e gorduras em geral, nas fritadeiras, ventilações da cozinha e dutos de extração. A técnica freqüentemente usada no combate a fogo de gorduras líquidas, envolvendo óleos e banhas não-saturadas de origem animal ou vegetal, é a aplicação de solução alcalina como o APC, que em contato com a superfície em chamas, gera uma espuma parecida com a do sabão, impedindo o contato do ar com a superfície em chamas. A espuma leve de sabão contém vapor e causa bolhas de CO2 e glicerina que flutuam na superfície do óleo em chamas.

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2.3 - CUIDADOS COM OS AGENTES EXTINTORES Todos os agentes extintores apresentam efeitos secundários sobre o material ou sobre o pessoal, requerendo cuidados adicionais para sua seleção e emprego, de forma que sejam evitados acidentes, ou que o material venha sofrer danos maiores do que aqueles que já possam haver sofrido pela ação do fogo. – ÁGUA •

Requer providências efetivas quanto ao esgoto. Fainas prolongadas podem causar a redução da reserva de flutuabilidade por excesso de peso da água embarcada, bem como dar origem à formação de superfície livre, banda permanente ou redução de estabilidade por acréscimo de peso alto.



Quando utilizada em jato sólido, pode avariar equipamentos frágeis, tais como equipamentos eletrônicos.



Reduz a resistência de isolamento de equipamentos e circuitos, principalmente em se tratando de água salgada.



Pode originar acidentes se, sob a forma de jato sólido, for dirigida sobre o pessoal à curta distância, principalmente se atingir o rosto.



Se dirigida sobre equipamentos elétricos energizados, pode causar choque elétrico ao pessoal que guarnece a mangueira.

– ESPUMA •

Sendo condutora de eletricidade, pode causar acidentes se utilizada contra equipamentos elétricos energizados.



Reduz a resistência de isolamento de equipamentos e circuitos elétricos e eletrônicos.



Alguns tipos possuem propriedades corrosivas sobre diversos materiais.



Produz irritação na pele e, principalmente, nos olhos.

– CO2 •

Pode causar acidentes por asfixia quando utilizado em ambientes fechados e sem ventilação.



Pode causar queimaduras na pele e principalmente nos olhos, em face de sua baixa temperatura, se dirigido à curta distância sobre o pessoal.



A descarga das ampolas de CO2 pode dar origem a formação de cargas de eletricidade estática. Não é indicada, portanto, a utilização das ampolas de CO2 para

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saturação de ambientes onde existam misturas inflamáveis, mas apenas para combate a incêndios já em evolução. – AGENTES EM PÓ •

Os produtos empregados na sua composição são não-tóxicos. Entretanto a descarga de grandes quantidades pode causar uma dificuldade temporária de respiração, durante e imediatamente após a descarga, podendo também interferir seriamente com a visibilidade.



Podem dar origem a maus contatos e baixas de isolamento em equipamentos elétricos e eletrônicos.

– VAPOR •

Requer a retirada de todo o pessoal do compartimento.



Submete todos os equipamentos contidos no compartimento a uma temperatura elevada.

– HALON •

Os agentes halogenados apresentam baixa toxidez quando armazenados em condições normais, ditadas pelos fabricantes.



O Halon 1301, numa concentração entre 5 e 7%, não causará efeito danoso caso a exposição seja de até cinco minutos. Em uma concentração entre 7 e 10 % por um período de um minuto, alguns sintomas se fazem notar, como perda da coordenação motora e redução da acuidade mental sem, contudo, incapacitar a pessoa. Para concentração acima de 10%, durante um minuto de exposição, a pessoa ficará totalmente incapacitada. Se o período for maior que um minuto, ocorrerá o desmaio e possivelmente a morte.



Para o Halon 1211, em uma concentração de até 4%, é aceitável a permanência no ambiente por cinco minutos, no máximo. Em concentração de 4 a 5%, o máximo aceitável é um minuto de permanência. Acima de 5%, é recomendável evitar qualquer contacto ou exposição ao agente. Se alguma pessoa sofre os efeitos de ter respirado o Halon, deve ser removida para um local de ar fresco até que uma pessoa qualificada dê o devido socorro médico.



Quando um incêndio é extinto por um agente qualquer derivado de hidrocarbonetos halogenados, alguns cuidados devem ser tomados, pois, além dos subprodutos comuns oriundos da combustão, o Halon se decompõe a 5000 C (9000 F), formando diversos elementos tóxicos entre os quais ácido clorídrico, ácido fluorídrico e ácido

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bromídrico. Esses subprodutos são altamente nocivos à vida humana, podendo causar a morte quase instantaneamente. Portanto, sabendo-se que o halon foi utilizado para extinguir incêndio em um compartimento, para se efetuar a reentrada, será obrigatoriamente necessário o uso de um equipamento autônomo de respiração, observando-se um tempo mínimo de quinze minutos após ter sido comprovada a extinção do incêndio pela redução da temperatura no compartimento. 2.4 - MEDIDAS PREVENTIVAS Considerando-se que, na prática, a eclosão de um incêndio a bordo não pode ser definitivamente impedida, especialmente em situações de guerra, é necessário que se adotem providências não só de prevenção de incêndios, mas também aquelas que venham a atenuá-lo, quando ele for inevitável. Algumas dessas providências fazem parte das próprias normas de construção naval, enquanto outras se fazem intimamente ligadas à doutrina do Controle de Avarias – CAV, cabendo ao pessoal de bordo zelar pelo seu cumprimento. É de responsabilidade do Encarregado do CAV, dos Encarregados de Divisão, dos Fiéis de CAV de Divisão e do pessoal de serviço – fiéis de CAV e patrulhas – a detecção e correção de irregularidades observadas que venham a apresentar risco de incêndio a bordo. Uma adequada prevenção de incêndio deve incluir, conforme já visto, a limitação da presença de materiais combustíveis a bordo, bem como o controle daqueles que podem ser introduzidos para o atendimento de determinadas conveniências ou exigências do serviço, observadas ainda as situações de guerra e de paz. As providências de prevenção e limitação de incêndios a bordo, no que diz respeito ao material inflamável, abordadas nas diversas publicações de Controle de Avarias, podem, então, ser resumidas em cinco aspectos básicos: – Eliminação do material desnecessário à operação do navio O navio deve ter conhecimento dos riscos decorrentes da existência desse material e de material estranho a bordo, sua localização e das medidas especiais a serem tomadas caso ocorra alguma avaria, confeccionando, para tal, uma lista de inflamáveis. Todo material introduzido a bordo deve ser relacionado e a sua localização informada ao Encarregado do Controle de Avarias – ENCCAV. A faina de preparar o navio para o combate deve prever a utilização dessa lista de inflamáveis, para que estes sejam removidos de bordo, ou sejam reduzidas as suas quantidades.

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– Especificação do material de bordo O projeto das unidades navais deve prever a mínima utilização de equipamentos e acessórios compostos por materiais combustíveis. – Limitação da quantidade de materiais inflamáveis ao mínimo necessário à operação em vista Essa limitação será mais fácil de ser planejada em tempo de paz, quando a duração de cada comissão pode ser estimada com rigor. – Armazenamento e proteção do material combustível Não armazenar, se possível, material combustível acima da linha d’água, inclusive no convés principal. Quando não puder ser evitado o armazenamento de material combustível no convés principal ou superestrutura, o mesmo deverá ser acondicionado e posicionado de forma que possa ser lançado facilmente ao mar. Deverá, também, ficar localizado o mais a ré possível, a fim de que a fumaça e as chamas, no caso de incêndio, não venham a interferir com a manobra do navio. É essencial que não seja deixado nenhum combustível volátil nas proximidades das aspirações dos compartimentos de máquinas. Os locais adequados para armazenar material combustível são os compartimentos localizados abaixo da linha d’água. Para aumentar a proteção devem ser usados compartimentos localizados junto ao casco e o material deverá ser armazenado afastado das anteparas, para evitar o perigo de calor irradiado no caso de incêndio no compartimento adjacente. Todos os combustíveis líquidos, particularmente aqueles que desprendem vapores altamente inflamáveis ou explosivos, devem ser guardados em recipientes próprios com tampa hermética. A armazenagem de líquidos inflamáveis tais como tintas, vernizes, óleos e graxas deve ser feita em compartimento apropriado, com ventilação forçada. A armazenagem de materiais nos dutos de descarga de gases de Praças de Máquinas deve ser proibida. Deve-se ter especial atenção ao material dos invólucros de sobressalentes, geralmente feitos de material combustível. Logo que possível esses sobressalentes devem ser desempacotados para serem armazenados e os invólucros jogados fora. – Manutenção do navio nas suas melhores condições de resistência ao fogo Pode ser alcançado através: 8ª edição

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da realização de freqüentes inspeções, de modo a manter os riscos de incêndio reduzidos ao mínimo e



do contínuo endoutrinamento da tripulação quanto à necessidade de manter o navio seguro, o que é alcançado através do adestramento individual, por equipes e para os quartos de serviço e de notas em Plano de Dia.

2.5 - PRINCIPAIS CAUSAS DE INCÊNDIO A BORDO Podemos afirmar, com segurança, que o mais eficiente método de combater incêndios é evitar que eles tenham início. Excetuados, evidentemente, os incêndios originados por danos em combate, a grande maioria de ocorrências de fogo a bordo é derivada de falhas humanas, pela nãoobservância dos cuidados na utilização do material, pela manutenção deficiente dos equipamentos e pelo desconhecimento das precauções de segurança. As principais causas de incêndios a bordo de navios, segundo dados estatísticos de fontes oficiais, são as seguintes: •

cigarros e fósforos atirados em locais impróprios;



trapos e estopas embebidos em óleo ou graxa;



acúmulo de gordura nas telas e dutos de extração da cozinha;



serviços com equipamento de solda elétrica ou oxi-acetileno;



porão com acúmulo de óleo ou lixo;



vasilhames destampados contendo combustíveis voláteis;



uso desnecessário de materiais combustíveis;



instalações e equipamentos elétricos deficientes;



materiais inflamáveis ou combustível de bordo, tais como óleos, graxas, tintas, solventes etc., armazenados indevidamente;



presença de vazaments em sistemas de óleo combustível e lubrificante;



partes aquecidas de máquinas próximas a redes de óleo;



uso

de

ferramentas

manuais

ou

elétricas

em

tanques

não

desgaseificados, ou nos compartimentos adjacentes a esses tanques; •

fritadores elétricos superaquecidos e



descuido com lâmpadas desprotegidas.

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devidamente

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2.6 - PERIGOS ADICIONAIS COM O NAVIO EM PERÍODO DE REPARO Os principais perigos adicionais com o navio em período de reparo são os seguintes: •

grande quantidade de fainas de corte e solda simultâneas e falta de controle e supervisão durante esse tipo de serviço;



numerosos painéis energizados e cabos elétricos com muitas emendas;



existência de grande quantidade de acessórios de CAV retirados, afetando a estanqueidade do navio, prejudicando o estabelecimento da condição de fechamento do material;



guarnição reduzida a bordo e interrupção de comunicações interiores, com conseqüente demora na disseminação do alarme;



realização de obras e serviços em compartimentos, prejudicando o trânsito de homens e o acesso a acessórios e sistemas de CAV e



rede de incêndio, sistemas de esgoto, comandos à distância, sistemas fixos de extinção de incêndios, etc. em reparo, ou operando com restrições.

2.7 - PERIGOS ADICIONAIS QUANDO EM COMBATE Os principais perigos adicionais quando em combate são os seguintes: •

ondas de calor e deslocamento de ar devido às explosões externas e internas;



estilhaços aquecidos;



alagamentos progressivos, com grande quantidade de óleo combustível, entrando em contato com as superfícies aquecidas;



centelhas de equipamentos elétricos avariados, superaquecimento e ignição de isolamento térmico e elétrico;



rompimento de trechos de redes de sistemas vitais;



baixas de pessoal e



interrupção momentânea ou permanente de energia elétrica ou comunicações, em parte ou em todo o navio.

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Capítulo 3 EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM ÁGUA COMO AGENTE EXTINTOR

3.1 - REDE DE INCÊNDIO A rede de incêndio consiste em um sistema de canalizações que alimenta tomadas de incêndio e sistemas de borrifo. Em um navio, costuma, também, alimentar a rede sanitária e a de resfriamento das máquinas auxiliares. A fim de assegurar a máxima proteção à rede de incêndio contra avarias de combate, sempre que possível, as suas canalizações e bombas ficam localizadas na parte mais protegida do navio. No convés principal, procura-se reduzir ao mínimo o número de canalizações horizontais. A pressão da rede de incêndio é da ordem de 150 libras/pol. 2, sendo que é necessária uma pressão mínima de 70 libras/pol. 2 no terminal das mangueiras para a operação de quase todos os equipamentos produtores de espuma. 3.2 - TOMADAS DE INCÊNDIO As tomadas de incêndio a bordo são instaladas nas canalizações horizontais da rede de incêndio ou nas extremidades das derivações verticais. Nos contratorpedeiros ou navios maiores essas tomadas são de 2½" de diâmetro reduzidas, quando necessário, para 1½". Nesses navios, as tomadas poderão ser duplas. Nos navios menores, salvo algumas exceções, todas as tomadas são de 1½". A localização das tomadas de incêndio obedece aos seguintes critérios: nos contratorpedeiros ou navios maiores são posicionadas de modo que qualquer ponto do navio possa ser alcançado com duas mangueiras de 15,25 m (50 pés). Nos navios menores, são dispostas de modo que se possa alcançar qualquer ponto do navio com uma mangueira de 15,25 m (50 pés) de comprimento. As tomadas do convés principal ficam elevadas de 0,30 m do piso e dispostas horizontalmente. Em alguns navios, as tomadas de incêndio podem ter um ralo especial que permite sua limpeza automática (Fig. 3.1). Tais ralos têm a descarga com diâmetro igual ao da tomada onde são instalados. As vantagens do emprego desses ralos são de fácil compreensão. A rede de incêndio está sujeita a incrustações diversas e, com a trepidação do navio e os choques provocados pelas explosões e disparos da artilharia, esses corpos soltam-se da rede e vão obstruir os esguichos e pulverizadores, caso não sejam retirados pelo ralo. Recomenda-se abrir e fechar

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periodicamente os ralos, com a máxima pressão na rede, de modo a descarregar as incrustações que estejam em início de formação. Havendo oportunidade, as seções da rede de incêndio devem ser retiradas para inspeção e limpeza.

Fig. 3.1 - Ralo auto-limpável

3.3 - VÁLVULAS As válvulas normalmente instaladas na rede de incêndio são as de interceptação, redutora e de segurança. As válvulas de interceptação são encontradas na própria rede e nas suas derivações verticais ou horizontais. Têm por finalidade permitir a segregação da rede em partes independentes e, o isolamento de seções avariadas, visando o reparo e o contorno. Algumas dessas válvulas podem ser manobradas à distância. Em qualquer ocasião, a rede deve estar na condição de fechamento estabelecida, e isto deverá ser do perfeito conhecimento do pessoal do CAV. Esse pessoal deve também ter exato conhecimento das manobras a executar para prontamente isolar ou restabelecer a alimentação de qualquer parte da rede. Quando necessário, as bombas portáteis são utilizadas para alimentar partes segregadas da rede de incêndio. As válvulas redutoras são instaladas nas derivações da rede de incêndio que alimentam a rede sanitária. A pressão normal da rede sanitária é de 35 lb/pol. 2, sendo as válvulas redutoras ajustadas para esse valor. As válvulas de segurança instaladas na rede sanitária, em geral, disparam com uma pressão 10% acima da prevista. 3.4 - MANGUEIRAS DE INCÊNDIO As mangueiras adotadas na Marinha são as de borracha e lona dupla nos diâmetros de 1½", 2", 2½" e 3½" . As seções são de 15,25 m (50 pés) de comprimento, com união macho em uma extremidade e fêmea na outra. Ao ser feita referência a uma seção de mangueira, fica estabelecido que se trata desse comprimento padrão de 15,25 m.

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O revestimento interno de borracha é liso, para reduzir ao mínimo as perdas por atrito. As figuras 3.2 e 3.3 mostram uma tomada de 2½" situada no convés principal e em uma das cobertas do navio. No segundo caso, torna-se sempre necessário o emprego da redução especial Y, onde ficarão permanentemente ligadas uma ou duas seções de 1½". Mesmo em convés aberto, a manipulação das mangueiras de 2½" sob pressão é bastante difícil. Elas são mais utilizadas para dar maior extensão a linhas de mangueiras, alimentando duas outras de 1½" com emprego de uma redução em Y. Navios dotados com estações de alta capacidade para geração de espuma utilizam também mangueiras de 3½". As mangueiras devem ser colhidas como mostram as figuras 3.2 e 3.3. Quando ao lado da tomada há dois suportes para mangueiras, cada uma com duas seções, em geral, somente uma das mangueiras fica ligada, como na figura 3.3.

Fig. 3.2 – Tomada de incêndio no convés

Fig. 3.3 - Tomada de incêndio cobertas abaixo

As mangueiras só devem ser pressurizadas, após levadas o mais próximo possível do local de início do ataque, pois é mais fácil seu manuseio enquanto sem pressão.

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As mangueiras, após terminada a preparação, são pressurizadas e o equipamento é testado. Quando houver a necessidade de se estender longas linhas de mangueiras, devido às rupturas da rede de incêndio ou existência de grande quantidade de fumaça, deve-se estender linhas de mangueiras de 2½". Apenas próximo à área sinistrada são colocadas reduções em “Y” para adaptar linhas de mangueira de 1½". Quando as mangueiras forem aduchadas em cabides especiais ou nos paióis, o seguinte procedimento deverá ser obedecido: estende-se a mangueira no convés, dobra-se as mesmas, até que a união macho, vindo por cima, chegue a cerca de 1,20 m da extremidade fêmea. Colhe-se então a mangueira, enrolando-a a partir da extremidade do seio. Ao terminar a aducha, a união fêmea estará por fora e, no fim da segunda volta, a união macho estará com a rosca devidamente protegida (Fig. 3.4).

Fig. 3.4 - Como aduchar a mangueira

A figura 3.5 mostra a forma de transportar a mangueira e a figura 3.6, a forma correta de fazer seu lançamento.

Fig. 3.6 - Lançando a mangueira Fig. 3.5 - Transporte da mangueira

As mangueiras deverão ser conservadas limpas, não sendo, porém, indicado lavá-las, a não ser no caso de ficarem sujas de óleo ou graxa (estes produtos atacam a borracha).

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Nesses casos, deverão ser lavadas com água doce, escova macia e sabão ou detergente neutro. Não utilizar escova de arame ou qualquer produto abrasivo. Após a lavagem, as mangueiras deverão ser bem enxaguadas e postas a secar estendidas, preferencialmente ao sol. Todas as mangueiras deverão ser inspecionadas semanalmente, a fim de se verificar a presença de umidade. Devem ser retiradas dos seus suportes, pelo menos uma vez por mês e novamente colhidas, de modo que as dobras não fiquem no mesmo ponto em que se encontravam. A parte inferior da mangueira, quando no cabide, deve ficar pelo menos a 15 cm do piso. A união dupla fêmea é utilizada especialmente para unir duas mangueiras ligadas à tomada de incêndio (que têm rosca macho), para efeito de contorno da rede. A redução em “Y” é empregada para o desdobramento de uma mangueira de 2½" em duas de 1½"; ou para permitir que duas mangueiras de 1½" sejam conectadas a uma tomada de 2½" (Fig. 3.7).

Fig. 3.7 - Reduções e uniões

As uniões são confeccionadas em bronze, o que as torna naturalmente dotadas de certa resistência à corrosão. Isso porém não dispensa a limpeza e proteção, por um lubrificante adequado. As uniões não devem sofrer choques que possam deforma-las ou causarem mossas aos seus fios de rosca. As uniões macho são mais sujeitas à avaria nos fios de rosca, já a união fêmea tende ao emperramento do seu anel deslizante. A limpeza das uniões não visa o aspecto estético e, portanto, não devem ser utilizados materiais abrasivos para limpeza, no propósito de “polir os amarelos”. As roscas devem ser protegidas por uma leve camada de graxa macia (do tipo utilizado para rolamentos), com o cuidado de evitar que o lubrificante atinja as partes de lona e borracha. A graxa deve ser substituída sempre que se verifique indícios de ressecamento ou aderência de poeira.

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As uniões fêmeas possuem em seu interior um anel de borracha que é responsável pela perfeita vedação. É importante que essa junta seja mantida no alojamento e que esteja sempre em bom estado, sem sinais de ressecamento. Ao ser efetuada a limpeza e a lubrificação dos fios de rosca, retire a junta para exame e recoloque-a no lugar antes de aplicar o novo lubrificante. A graxa não deve atingir a junta de borracha. 3.5 - ESGUICHO UNIVERSAL E APLICADORES Um dos tipos de esguicho adotado na Marinha é o universal. O esguicho universal, fornecido nas dimensões de 1½" e 2½", possui uma válvula de três posições, comandada por uma alavanca, e dois orifícios de descarga. Mediante manobra da alavanca, o esguicho poderá produzir um jato sólido pelo orifício superior, ou uma cortina de neblina pelo orifício inferior, onde se adapta um bico pulverizador (Fig. 3.8).

Fig. 3.8 - Esguicho universal - posições da alavanca

Os jatos de água produzidos pelo esguicho universal devem obedecer a determinadas características. Estas são padronizadas, quanto à forma, consistência e alcance. Quando tal não acontecer, deve-se verificar se existe alguma coca, dobra ou amassamento na mangueira ou obstrução no orifício de descarga. Se não for constatada nenhuma dessas irregularidades, é possível que a pressão na tomada esteja baixa. Isso pode ser conseqüência de obstrução no ralo. Se a limpeza do ralo não melhorar a situação, devese passar imediatamente as mangueiras para outra tomada. Outro ponto a ser considerado é a queda de pressão causada pela excessiva extensão da linha de mangueira, ou pelo grande número de mangueiras derivando de uma só tomada. As tomadas de incêndio são, a bordo, posicionadas de modo que tais fatos não ocorram. Porém, caso julgado necessário esses arranjos podem ser utilizados, porém devem ser pesadas suas vantagens e desvantagens, tendo em vista que abaixo de determinados limites de pressão, os equipamentos têm o seu rendimento muito reduzido, ou mesmo tornam-se inoperantes. Com a alavanca na posição avançada, o esguicho estará fechado e, na posição oposta, para trás, produzirá o jato sólido. Com a alavanca na posição intermediária, vertical, a

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descarga será pelo orifício inferior, em forma de neblina de alta ou baixa velocidade, conforme o pulverizador adotado. Para a produção de neblina de alta velocidade é utilizado um pulverizador de alta velocidade, que fica normalmente preso ao esguicho por um pequeno fiel de corrente. Para obtenção de neblina de baixa velocidade, retira-se o pulverizador de alta velocidade, colocando-se em seu lugar um aplicador, onde existe um pulverizador de baixa velocidade (Fig.3.9). Qualquer desses acessórios se adapta rapidamente ao esguicho por acoplamento tipo baioneta.

Fig. 3.9 – Aplicadores

A neblina, em qualquer dos casos, é produzida por pequenos orifícios abertos em direção convergente que, subdividindo o jato, provocam o entrechoque das partículas de água. A pressão necessária para produzir neblina em qualquer dos tipos de pulverizador é a mesma, 70 lb/pol.2. Para se obter melhores resultados, porém, a pressão d’água no esguicho deverá ser próxima de 100 lb/pol. 2. A neblina de baixa velocidade é produzida por orifícios menores e de tal maneira dispostos que a água fica dividida em partículas muito pequenas e com alcance reduzido. O pulverizador de baixa velocidade não é conectado diretamente ao esguicho, mas ao tubo aplicador. Existem três tipos de aplicadores: •

1" de diâmetro, 1,2 m (4 pés) de comprimento e ponta recurvada de 60°.



1" de diâmetro, 3,0 m (10 pés) de comprimento e ponta recurvada de 90°.



1½" de diâmetro, 3,6 m (12 pés) de comprimento e ponta recurvada de 90°.

Os dois primeiros são utilizados com esguicho de 1½", e o terceiro com o esguicho de 2½". Comparando-se a neblina de alta velocidade com a de baixa, verifica-se que a de baixa possui menor alcance e maior difusão das partículas de água. Assim, a neblina de baixa, pela maior difusão, apresenta mais facilidade de absorção de calor. Em ambos os tipos de neblina, porém, seus efeitos são, em maior ou menor grau, os de resfriamento e 8ª edição

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abafamento. O efeito de abafamento é obtido quando as partículas de água, ao absorverem o calor, transformam-se em vapor. Este, por sua vez, atua como agente abafador. Ambos os tipos de neblina podem ser empregados no combate ao fogo. Os aplicadores de neblina de baixa velocidade, deixaram de ser usados na proteção das Turmas de Incêndio, após a entrada em serviço do esguicho variável que é, também capaz de produzir neblina para a linha de proteção. Os aplicadores ainda são úteis para aplicação de neblina por cima de obstáculos que eventualmente impeçam a passagem do pessoal para combater as chamas a menor distância. Podem, também, ser introduzidos em compartimentos incendiados, através de furos abertos nos pisos e anteparas, quando não houver possibilidade de penetração do pessoal no compartimento para combate às chamas. 3.6 – ESGUICHOS VARIÁVEIS Os esguichos variáveis, denominação derivada do inglês “VARI – NOZZZLES” são equipamentos empregados para a proteção do pessoal e no combate a incêndio. Os primeiros modelos desse tipo apresentam um anel de controle de vazão que pode ser regulado em 60, 95 ou 125 galões por minuto (gpm). Esses esguichos não produzem jato sólido, apenas neblinas de espuma em diversos formatos e débitos. Devido a seu uso ser específico para a produção de espuma, cujo agente é a ESPUMA FORMADORA DE PELÍCULA AQUOSA – AFFF (“AQUEOUS FILM FORMING FOAM”), esses esguichos receberam o nome de “esguicho AFFF”. Por apresentar o recurso de controle do débito de espuma (60, 95 ou 125 gpm), os “esguichos AFFF” passaram a ser conhecidos, também, como “esguichos de vazão variável” (Fig. 3.10).

Fig. 3.10 - Esguicho de Vazão Variável

Com o aprimoramento das técnicas e o surgimento de novas necessidades, os “esguichos AFFF” receberam duas alterações:

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possibilidade de produzir jato sólido; e



vazão constante, pré-designada de 95 ou 125 gpm.

Os esguichos com anel regulador foram alterados e passaram a ser fornecidos apenas com 95 gpm ou 125 gpm, ambos de 1½". O esguicho de 2½" é fornecido somente em 250 gpm. Os esguichos de 95 gpm deverão ser utilizados nas praças de máquinas, em mangueiras simples com misturador entrelinha ou estação geradora, ou nos dispositivos de “duplo agente”. Os esguichos de 125 gpm deverão ser utilizados nos convôos e hangares. Com essas alterações introduzidas nos esguichos, eles perderam a propriedade de controlar o débito. Passaremos a chamá-los, então, de “esguicho variável” para distingui-lo dos demais esguichos em uso na MB (Fig. 3.11 e 3.12).

Fig. 3.11 - Esguicho AFFF com punho e gatilho

Fig. 3.12- Esguicho Variável com Neblina e Jato Sólido

As principais diferenças entre os modelos existentes dizem respeito à existência ou não de punho e quanto à sua confecção em latão ou plástico, ou seja, não afetam seu funcionamento. Todos apresentam o mesmo princípio. O difusor dispõe de um movimento de aproximação e afastamento do corpo do esguicho pela rotação de uma luva roscada na extremidade de saída. Esse movimento permite uma variação da forma dada à neblina, desde um leque de 110° até jato sólido (alguns ainda não têm jato sólido, apenas uma neblina com um leque menor). O fechamento, em sua maioria, é feito por uma alavanca, porém, em alguns desses esguichos, pode-se fechar a água pela luva roscada do difusor. O esguicho variável (de 1½" ou 2½") foi introduzido na Marinha com o recebimento de novos navios provenientes da Marinha Norte-Americana. Esse esguicho praticamente substituiu o esguicho universal naquela Marinha e, como conseqüência, eliminou o uso do aplicador de neblina. Uma grande vantagem é possibilitar a produção de espuma, 8ª edição

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quando usando um esguicho variável de 1½" a 95 gpm associado a um misturador entrelinha (de 1½"). O esguicho variável produz padrões desde jato sólido até neblina larga (cone de 90º a 110º, dependendo do fabricante), passando por neblina estreita (cone de 30º) e neblina média (cone de 60º), semelhante à neblina de alta velocidade. CARACTERÍSTICAS DO ESGUICHO VARIÁVEL DIMENSÃO PRESSÃO

1 ½” 50

1 ½” 60

1 ½” 70

JATO SÓLIDO VAZÃO (GPM) ALCANCE (FT) VAZÃO (GPM) ALCANCE (FT) DIÂMETRO DA BASE DO CONE, NO MÁXIMO ALCANCE (FT)

65 70 58 68 NEBLINA ESTREITA 64 70 25 25 5 5

77 70 77 28 5

NEBLINA LARGA VAZÃO (GPM) ALCANCE (FT) DIÂMETRO DA BASE DO CONE, NO MÁXIMO ALCANCE (FT)

64 11 17

70 11 16

77 11 15

GPM - Galões por minuto FT - Pés TABELA 3.1 3.7 - ESGUICHOS DE CORTINA DE ÁGUA (“WATERWALL”) E DE ATAQUE (“FIREFIGHTER”) Os esguichos de cortina de água e de ataque são semelhantes ao esguicho variável. O de cortina de água é empregado para a proteção do pessoal envolvido na faina e possui uma vazão de cerca de 45 ton/h (Fig. 3.13).

Fig. 3.13 - Esguichos de ataque (“Firefighter”) e de cortina de água (“Waterwall”)

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3.8 - SISTEMA DE BORRIFO São de diversos tipos os sistemas de borrifo existentes. Serão descritos a seguir, em linhas gerais, os comumente empregados nos navios da MB e outros de emprego geral. Destinam-se, genericamente, a proteger áreas contra o fogo e, quando operando automaticamente, possuem a vantagem de atuar logo no início do incêndio, impedindo assim que o fogo alcance maiores proporções. A bordo, o tipo mais antigo de sistema fixo de borrifo consiste em uma derivação da rede de incêndio e se destina à proteção dos paióis de munição, praças de municiamento, etc. Entre a rede de incêndio e os compartimentos protegidos existe uma válvula de interceptação, normalmente aberta e travada por um cadeado. A seguir, há uma válvula com comando à distância, pela qual se faz a operação do sistema. Logo após essa válvula, há um dispositivo que permite o teste de operação da rede. A rede de borrifo pode ser constituída por simples tubulações perfuradas em espaços regulares, ou dispor de pulverizadores especiais. Em alguns navios mais modernos, a rede de borrifo pode ser operada automaticamente, sendo a válvula de controle atuada por um sistema de servo-comando, sensível ao aumento de temperatura. Sistemas semelhantes, de operação manual, dotados de controle local e comando à distância, são instalados nos hangares dos navios aeródromos ou outros locais onde o manuseio de gasolina ou outros inflamáveis torne a área potencialmente perigosa. Podem ser dotados de pulverizadores destinados a formação de neblina de baixa velocidade, ou de pulverizadores do tipo “chuveiro”, destinados a formar uma cortina de água. No caso dos hangares, as redes de borrifo são dispostas transversalmente, de forma a facilitar a limitação da área incendiada. Um sistema muito utilizado, tanto a bordo como em instalações de terra, é o que utiliza os chuveiros automáticos. A rede de borrifo, nesse caso, é mantida sob pressão no compartimento a proteger. Os chuveiros entram em ação independentemente, quando sensibilizados pelo calor. Assim, somente entram em operação aqueles pulverizadores próximos ao fogo. No instante em que qualquer chuveiro é acionado, o fluxo da água na rede faz soar o alarme do sistema. Tal sistema tem como vantagem, além da pronta ação de combate ao fogo, logo em seu início, o fato de somente serem utilizados os pulverizadores necessários, o que evita prejuízos adicionais gerados pelo alagamento generalizado do compartimento. A ação do alarme, na maior parte das vezes, é informar

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da necessidade de ser fechada a água, visto que o incêndio propriamente dito já deve ter sido debelado. As Fragatas Classe “NITERÓI”, por exemplo, empregam esse sistema em paióis de munição, praças de carregamento e outros paióis de armamento. A rede de borrifo é mantida carregada com água doce através de uma mangueira flexível, procedente da rede de aguada, no propósito de reduzir os problemas de corrosão. As Fragatas possuem, ainda, sistemas manuais de borrifo no paiol de tintas e de outros inflamáveis. Os chuveiros automáticos são conhecidos como "SPRINKLERS". Basicamente, consiste em uma válvula que é mantida na posição de fechada através de um elemento sensível ao calor. O rompimento desse elemento permite a abertura da válvula, cuja descarga se faz sob forma de borrifo. O tipo mais conhecido possui como elemento sensível uma ampola de vidro. A ampola contém um líquido cuja expansão faz com que ela se rompa ao ser atingida a temperatura nominal de funcionamento (Fig. 3.14).

Fig. 3.14 - Chuveiro automático com elemento sensível tipo ampola de vidro

Outros tipos de chuveiros podem utilizar ligas metálicas de baixo ponto de fusão como elemento sensível (fusível). O rompimento dessa peça por ocasião do aumento de temperatura faz operar o sistema (Fig. 3.15).

Fig. 3.15 - Chuveiro automático com elemento sensível, tipo fusível

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3.9 - CANHÃO DE ÁGUA Os navios de socorro e rebocadores são dotados de canhões de água, que servem para prestar auxílio a navios sinistrados.

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Capítulo 4 EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM ESPUMA COMO AGENTE EXTINTOR.

4.1 - A ESPUMA COMO AGENTE EXTINTOR

A espuma é o agente indicado para extinção de incêndios classe “B”, em especial os de grande vulto. Como já visto, a espuma extingue incêndios por abafamento. O jato de espuma deve ser dirigido para uma antepara, de onde ela escorrerá para a superfície do líquido inflamado. Nunca deve-se dirigir o jato diretamente sobre as chamas. Quando o incêndio for em líquidos derramados, como pode ocorrer no convés de um navio, torna-se mais eficiente represar o líquido com a própria espuma, empurrando-a aos poucos sobre o líquido inflamado. Há, também, a possibilidade de se empregar a neblina de espuma, altamente eficiente nesses tipos de incêndio. A produção de espuma pode se processar de dois modos: Químico (resultante da reação química de dois elementos em contato com o ar) e Mecânico (obtido pela mistura forçada de água e líquido gerador). A espuma química é mais consistente que a espuma mecânica; seu emprego é mais eficaz nos combustíveis leves (gasolina, por exemplo). Por outro lado, a espuma mecânica, sendo mais fluida, contorna obstáculos com maior facilidade, sendo, mais indicada para incêndios em praças de caldeiras e de máquinas, ou onde a superfície do líquido em chamas for interrompida por muitos obstáculos. Pode-se empregar os dois tipos de espuma simultaneamente para combater um incêndio. O líquido gerador da espuma mecânica, quando misturado com água, provê três vantagens na extinção de fogo: •

uma película é formada na superfície do combustível impedindo que este desprenda vapores de hidrocarbonetos;



a camada de espuma efetivamente isola o oxigênio da superfície do combustível; e



a água contida na espuma permite contornar obstáculos, dando mais flexibilidade ao combate ao incêndio.

A principal finalidade do uso de espuma em CBINC é a extinção de incêndios em combustíveis ou na maioria dos líquidos inflamáveis, tendo excelentes características de penetração além de ser superior à água na extinção de incêndios da classe "B", por sua característica de resfriamento e abafamento.

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A espuma pode ser obtida de várias formas, dependendo do material existente nas diversas classes de navios. Borrifo de porões, borrifo de teto ou lançamento de espuma usando FB 5X/NPU, como adequado, também são outras formas de utilizar a espuma, fazendo a selagem dos vapores combustíveis e prevenindo o ressurgimento do incêndio. Pelo menos uma das linhas de mangueira para combate a incêndio classe “B” deve ser com espuma, a menos que a mesma tenha se esgotado, quando então deve ser utilizada água em neblina de alta velocidade, tomando o devido cuidado para não romper a película de espuma produzida anteriormente. Os esguichos FB 5X e NPU não conferem proteção ao homem, devendo ser utilizada, conforme a situação, outra linha de mangueira com neblina de alta ou baixa velocidade. Os esguichos do tipo variável produzem espuma e dão proteção ao mesmo tempo. A espuma mecânica, de uso mais comum na MB, é obtida pela simples mistura do agente espumante (líquido gerador) com água, a qual é agitada em presença do ar. Para produção de espuma mecânica, na MB, são empregados basicamente dois tipos de líquido gerador: o mais antigo e difundido é aquele tradicionalmente conhecido como “Aerofoam”, o outro, de uso mais recente, e que apresenta algumas vantagens quanto ao desempenho, é o AFFF, também conhecido como água leve. A espuma, de um modo geral, é constituída, em peso, de cerca de 85% de água e cerca de 90% em volume de ar ou CO2. Há dois tipos básicos de líquido gerador para espuma mecânica de acordo com a percentagem em que os mesmos devem ser utilizados: os a 3% e os a 6%. Na MB, de um modo geral, é utilizado o segundo tipo. 4.2 - EQUIPAMENTOS PARA PRODUÇÃO DE ESPUMA

Para produção de espuma há um grande número de equipamentos práticos e eficientes. Os de uso mais comum na Marinha são os seguintes: - Para espuma química •

extintores portáteis.

- Para espuma mecânica •

esguicho variável;



esguichos de cortina d’água e de ataque;



esguicho NPU (Navy Pick-Up Unity) com tubo de aspiração;



esguicho FB 5X e FB 10X;

• esguicho universal para neblina de alta e com aplicador para neblina de baixa velocidade;

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misturador tipo “FW”;



estações geradoras de espuma e



misturador Entrelinhas.

4.3 - ESTAÇÕES GERADORAS DE ESPUMA

Locais de grande risco de incêndios classe “B”, tais como os existentes a bordo de navios aeródromos, exigem recursos de maior vulto para geração de espuma. Estações centrais, de alta capacidade, produzem a mistura água-líquido gerador, que é canalizada para os canhões e as tomadas de incêndio especiais localizadas em diversos pontos de bordo, especialmente no hangar, convôo e praças de máquinas (Fig. 4.1). As características básicas de uma das estações existentes na MB são as seguintes: •

um tanque com capacidade para armazenagem e pronta utilização do líquido gerador de espuma;.



um filtro instalado entre a rede de incêndio e a estação;.



uma válvula de tipo especial, instalada entre o filtro e o misturador. Ela pode ser aberta por uma válvula piloto acionada por solenóide;



um misturador e



uma bomba de recalque de água que eleva a pressão da rede de incêndio.

Fig. 4.1 - Estação Geradora de Espuma

- Operação da Estação Quando o equipamento produtor de espuma de alta capacidade é posto a funcionar, todas as bombas de incêndio deverão ser utilizadas, para assegurar o máximo suprimento de água. A pressão na entrada do misturador deverá ser mantida entre 100 e 150 lb/pol. 2. Uma pressão mínima de 70 lb/pol.2 é necessária nos esguichos de espuma para que se produza espuma com a consistência desejada para o combate a incêndios. As 8º edição

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estações de espuma são projetadas para suprir quatro esguichos de 2½" ou dois de 3½", operando simultaneamente. Os esguichos são do tipo variável ou NPU. Podem existir recursos para acionamento remoto do sistema junto das tomadas de espuma. As mangueiras devem estar conectadas às válvulas, para pronta utilização. As estações fixas produtoras de espuma devem ser sempre guarnecidas em postos de combate e de vôo, por no mínimo três homens. Tão logo a estação entre em funcionamento será iniciada a alimentação do tanque com líquido gerador e isto deverá ser

mantido de forma contínua. Caso o seu

funcionamento se prolongue por muito tempo deverá der providenciado reforço de pessoal. É necessário que se mantenha constante vigilância sobre o indicador de nível do tanque, para mantê-lo convenientemente abastecido. Se for considerado que todas as bombonas de reserva de líquido gerador possam vir a ser consumidas antes da extinção do incêndio, o encarregado do CAV deverá ser avisado, para que ordene um novo suprimento. A utilização das mangueiras de espuma é, de modo geral, idêntica à das mangueiras de incêndio. Para maior facilidade de manuseio, as mangueiras deverão ser primeiramente estendidas no convés e só depois disso é que deverão ser submetidas à pressão. 4.4 - MISTURADOR ENTRELINHAS

Este tipo de misturador apresenta grande vantagem de poder ser instalado fora do limite primário de fumaça, o que facilita o abastecimento contínuo de líquido gerador, sem que os homens tenham a necessidade de usar equipamento de proteção (Fig. 4.2).

Fig. 4.2 - Misturador Entrelinhas

Se o conjunto for de 1½", podem ser utilizadas no máximo três seções de mangueira nessa linha, podendo ser empregada com a elevação máxima de um convés. Se a linha estiver em convés inferior ao do misturador, podem ser utilizadas até cinco seções de mangueira. 8º edição

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O misturador entrelinhas foi projetado para ser utilizado com esguicho de mesmo débito e perde eficiência caso a mangueira a qual estiver conectado possua reduções ou cocas. Devem trabalhar com pressão de 100 psi na sua entrada . O conjunto americano, utilizado com mangueiras de 1½", possui seu misturador entrelinhas (Inline AFFF Eductor – 95 gpm) e esguicho variável (Vary-Nozzles – 95 gpm) compatíveis. Sua operação contínua requer cerca de cinco galões de AFFF concentrado por minuto. O conjunto inglês, utilizado com mangueiras de 2½", nas Fragatas Classe “GREENHALGH”, usa misturador (Portable Inline Inductor - FBU 5X - 50 gpm) – Fig. 4.3 – e o esguicho FB 5X (50 gpm) também compatíveis entre si. O misturador deve ainda trabalhar em linhas de mangueira de mesma dimensão, ou seja, um misturador de 2½", não podendo ser utilizado em uma linha de mangueira de 1½", pois as pressões envolvidas na redução não permitem o funcionamento (arrastamento do líquido gerador) do mesmo.

Fig. 4.3 - Misturador Entrelinhas FBU 5X

4.5 - ESGUICHO NPU

O esguicho do tipo NPU é um aparelho simples e de grande eficiência. Destina-se a introduzir ar na mistura água-líquido gerador, para formar espuma mecânica. Pode ser usado, para este fim, com qualquer tipo de misturador entrelinhas instalado antes dele. Pode, também, fazer o duplo papel de misturador e introdutor de ar, utilizando-se um tubo de aspiração a ele conectado. Neste caso, não se usa o misturador entrelinhas. A produção de espuma é praticamente contínua, pois, esgotada uma lata de líquido gerador, rapidamente pode ser retirado o tubo de aspiração e substituída a lata. Cada recipiente com capacidade de 5 galões tem a duração de um minuto e meio e produz cerca de 3.000 litros de espuma (pressão da água 100 lb/pol.2) (Fig. 4.4).

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Fig. 4.4 - Esguicho NPU

4.6 - ESGUICHO FB 5X E FB 10X

Esses equipamentos operam com água da rede de incêndio e são usados para misturar água e AFFF na correta proporção, bem como provocar a reação da mistura para produzir espuma mecânica. O AFFF, que não é tóxico nem corrosivo, é fornecido em recipientes de 20 litros. - FB 5X O FB 5X (Fig. 4.5) é um esguicho leve que produz, aproximadamente, 50 galões (225 litros) de espuma por minuto, com a pressão de 80 lb/pol. 2 da rede de incêndio. Para aspiração de AFFF dos recipientes de 20 litros, acopla-se o tubo de aspiração dotado de engate rápido. O fornecimento contínuo de espuma com a pressão de 80 lb/pol. 2 consome 12 litros do agente por minuto, de modo que recipientes sobressalentes deverão sempre estar posicionados para pronto uso nas imediações do incêndio. O FB 5X pode ser usado em conjunto com sistemas fixos de espuma nas praças de máquinas para conduzir a espuma de conveses superiores para locais onde possa se espalhar sobre a superfície do óleo em chamas nos porões. É importante mencionar que as tomadas desses sistemas deverão estar sempre fechadas quando este não estiver em uso. O FB 5X pode ser operado através de misturador entrelinhas, pelo fechamento do tubo de aspiração. - FB 10X O esguicho FB 10X (Fig. 4.6), é aplicado nos locais onde se necessita alta produção de espuma. Este equipamento produz cerca de 450 litros (100 galões) de espuma por minuto. Cada tomada de incêndio prevista para seu uso deve portar um edutor (tipo entrelinhas) afixado antes do acoplamento da mangueira. O dispositivo de aspiração do AFFF é preso ao corpo do edutor e possui uma válvula de corte rápido. O edutor aspira e passa a mistura de AFFF e água através de mangueiras para o FB 10X onde recebe o ar antes de ser lançado pelo esguicho. Para produzir uma 8º edição

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espuma de qualidade aceitável, a pressão mínima na rede de incêndio deverá ser de 70

lb/pol. 2.

Quando

em

uso

contínuo,

esse

equipamento

consome

aproximadamente 25 litros de AFFF por minuto, de modo que é prudente manter-se suplemento disponível nas proximidades. Uma alavanca na extremidade de saída do esguicho opera um conjunto de defletores, com os quais é possível optar, dependendo da situação, por um jato de espuma de maior alcance ou por um lançamento em leque, de menor alcance. Os recipientes de AFFF deverão ser estocados em armários nas proximidades de cada tomada de incêndio designada para o uso do FB 10X.

4.6 – Esguicho FB 10X

Fig. 4.5 - Esguicho FB 5X

4.7 - MISTURADOR TIPO “FW”

É um misturador destinado a operar em série com a linha de mangueira, aspirando o líquido gerador por arrastamento, à semelhança de outros equipamentos já vistos. Destina-se à produção de espuma mecânica e possui uma válvula para graduação da percentagem do líquido aspirado (Fig. 4.7). Esta válvula é graduada de 1% a 6% e deve ser ajustada de acordo com a tabela abaixo: CLASSE

AGENTE EXTINTOR

DE I NCÊNDIO

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GRADUAÇÃO DA VÁLVULA

A

Água (jato sólido)

1

B

Água (neblina)

2

B

Espuma a 3%

3, 4 ou 5

B

Espuma a 6%

5 ou 6

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Fig. 4.7 - Misturador tipo "FW"

Observa-se que o misturador não introduz o ar. Este é acrescentado na mistura águalíquido em outra parte da linha, depois do misturador (em um esguicho NPU, por exemplo). 4.8 - ESGUICHO UNIVERSAL PARA NEBLINA DE ALTA E COM APLICADOR PARA

NEBLINA DE BAIXA VELOCIDADE Quando é utilizado qualquer misturador entrelinhas, há necessidade de introdução suplementar do ar para a produção de espuma mecânica, o que, como já visto, pode ser feito pelo esguicho NPU. No entanto, se utilizado um esguicho universal com aplicador e pulverizador de baixa velocidade, é possível obter uma neblina de espuma capaz de extinguir incêndios classe "B" de pequeno vulto. Essa espuma não é uma espuma perfeita, pois a introdução do ar se faz apenas na descarga do pulverizador de baixa velocidade. É, no entanto, um processo de fortuna, do qual é possível lançar mão na falta do equipamento adequado.

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Capítulo 5 OUTROS EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES

5.1- EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM O CO2 COMO AGENTE EXTINTOR - Sistemas fixos de CO2 Os sistemas fixos de CO2 são instalados a bordo com a finalidade de saturar, com esse gás, a atmosfera no interior dos compartimentos que, normalmente, apresentam maior risco de incêndio. Exceto no que se refere às manobras para descarga do gás e às suas dimensões, as ampolas de CO2, empregadas nos sistemas fixos, são semelhantes às ampolas dos extintores portáteis. As instalações fixas de CO2 podem ser de dois tipos: o de mangueira em sarilho e o de descarga direta à distância. •

Mangueira em sarilho O tipo de mangueira em sarilho (Fig. 5.1), consiste em duas ampolas ligadas a uma seção de mangueira especial para CO2, colhida em um sarilho e com um difusor na extremidade. Próximo ao difusor há uma válvula que controla a descarga do gás.

Fig. 5.1 - Instalação fixa de CO 2, tipo mangueira em sarilho



Descarga direta O tipo de descarga direta (Fig. 5.2) consiste em duas ou mais ampolas que descarregam para uma canalização que leva o CO2 aos compartimentos protegidos pelo equipamento. Um cabo de arame vai do mecanismo de disparo das válvulas das ampolas até uma caixa para partida à distância, com tampa de

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vidro, localizada fora do compartimento onde se encontram as ampolas. Para descarregar o CO2 é necessário quebrar o vidro e puxar a alavanca. Em algumas instalações, existem alavancas para descarga de CO2 em cada ampola; em outras, apenas duas ampolas são comandadas pelo cabo de arame, e as demais são abertas por válvulas automáticas de pressão. De um modo geral, as diferenças encontradas de um fabricante para outro são pequenas. Antes de empregar o CO2 como agente abafador deve ser verificado se todas as aberturas do compartimento estão fechadas e se as ventilações estão paradas (ou se pararão automaticamente ao se abrir o CO2). Uma vez iniciada a descarga das ampolas, esta não mais poderá ser interrompida. No tipo de mangueira em sarilho, a válvula próxima do difusor, como no caso dos extintores portáteis, permite uma interrupção temporária, mas a vedação não será perfeita e só será conseguida após a substituição do selo da ampola.

Fig. 5.2 - Sistema de Descarga Direta

5.2- EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM O HALON COMO AGENTE EXTINTOR Em condições normais, o gás halon é incolor, possui alta densidade (cinco vezes a do ar), é inodoro, possui baixo ponto de ebulição e baixa viscosidade, não deixa resíduos quando usado e não é corrosivo. Por estas características, o halon é recomendado para proteção a Centros de Processamento de Dados (CPD), painéis de controle automatizados e todas as fontes de incêndio classe “C” que requeiram um agente “limpo” para extinção de incêndio. O halon é um composto químico formado basicamente de cloro, flúor e carbono. Existem diversos tipos para aplicações distintas e específicas como por exemplo: o Halon 1211, e o Halon 1301.

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Esses agentes extinguem o fogo pela inibição química da combustão, pois esses gases têm a propriedade de suprir ou isolar os elementos químicos envolvidos nas reações, rompendo assim a cadeia do fogo. - Emprego do Halon Na Marinha do Brasil, o agente normalmente utilizado é o Halon 1301. O Halon 1211, conhecido como BCF, é usado apenas em extintores portáteis ou, em casos especiais, como dispositivos simples para proteção de invólucros de equipamentos e cabines com equipamentos eletrônicos. Por sua vez, o Halon 1301 tem aplicação bem mais abrangente, podendo ser empregado de duas maneiras: inundação total e aplicação local. Inundação total é o sistema instalado para proteção de grandes áreas como, por exemplo, praças de máquinas, compartimentos de líquidos inflamáveis, hangares e paióis de tinta. O sistema de extinção por inundação total pode ser disposto a bordo de duas maneiras: •

estação central de halon



bancada local A instalação de um ou de outro sistema depende do espaço disponível, quantidade e volume dos compartimentos a serem protegidos e da distância entre estes compartimentos. A estação central de halon é composta de um compartimento onde estão instaladas todas as ampolas com redes que se encaminham para os diversos compartimentos a serem protegidos (Fig. 5.3).

Fig. 5.3 - Sistema de Estação Central de Halon

O sistema de aplicação local é utilizado para proteção de equipamentos como por exemplo: geradores, turbinas, painéis e também computadores. Este modo de instalação, também conhecido como modular, é diferenciado dos demais pelo uso de um difusor para cada ampola.

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- Vantagens do Halon •

para instalações em estação central, requer menor espaço ocupado pelas ampolas, em comparação com o CO2



apresenta baixo nível de toxidez. É classificado como o menos tóxico dos agentes halogenados. Em caso de um disparo acidental num compartimento onde não exista fogo, o pessoal pode ser exposto a uma concentração de 5 a 7%, por até dez minutos, contudo o compartimento deverá ser, obrigatoriamente, evacuado.



descarrega normalmente entre dez e vinte segundos, resultando na rápida extinção do incêndio se comparado com os dois minutos de descarga do CO2;



baixa percentagem por volume necessário do agente extintor quando comparado com o CO2;



quando aplicado em inundação total é extremamente dispersivo e é capaz de penetrar eficazmente em locais onde outros agentes não atuam satisfatoriamente;



por ser um agente “limpo”, não requer limpeza após seu uso.



não é condutor elétrico;



não é corrosivo; e



não afeta a estabilidade de navios quando aplicado, em comparação com a utilização de água.

- Desvantagens do Halon •

não apresenta efeito de resfriamento;



alto custo;



as facilidades para recarga ainda são limitadas, comparativamente com o CO2;



ineficaz em incêndios de classe “D”;



não é utilizado em incêndios classe “A”, pois, apesar de extinguir as chamas, não resfria o material, mantendo o potencial para reativação do incêndio e



é necessária a parada, antes da descarga, de todos os motores de combustão interna que aspiram diretamente do compartimento protegido. Essa aspiração pelos motores pode reduzir significativamente a quantidade do agente descarregado no ambiente, reduzindo ou anulando o efeito extintor. Por outro lado, foi constatado que o Halon “excita” os motores de combustão interna, ao contrário do CO2, que provoca a parada dos motores por falta de oxigênio.

-

O emprego do Halon



encontra-se em desuso, porém ainda é utilizado em algumas Organizações da Marinha.

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5.3 - DISPOSITIVO DE DUPLO AGENTE O dispositivo de duplo agente é união de um esguicho AFFF com um esguicho de pó químico (PKP) presos por uma barra de ferro, que os mantém afastados 8" um do outro. A única diferença entre as duas configurações de agentes duplos mostrado na figura 5.4 é em relação ao formato, pois operam da mesma maneira.

Fig. 5.4 - Dispositivo de Duplo Agente

Este equipamento é utilizado para combate a incêndio em praças de máquinas. A vantagem dessa união é a extinção das chamas pelo PKP e a manutenção do abafamento da fonte pelo AFFF. A figura 5.5 mostra uma seção reta dos esguichos de pó químico (PKP) e espuma mecânica (AFFF) com os quais é feito o dispositivo de mangueira de duplo agente.

Fig. 5.5 - Corte lateral dos Esguichos de Duplo Agente

O esguicho de pó químico controla a descarga do agente PKP. O agente entra pela parte traseira do corpo do esguicho e é conduzido para uma cavidade na parte central do mesmo. O fluxo de pó químico é parado nessa posição pela válvula de fechamento, quando o esguicho estiver na posição “fechado”. Quando o gatilho de disparo é acionado, a mola é comprimida e o cilindro da válvula libera a sede. Esse movimento abre a cavidade, e o pó químico é liberado para fluir através da extremidade cônica, formando a nuvem de PKP. O gatilho deve ser

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totalmente comprimido para assegurar-se de que o fluxo de agente extintor seja aproximadamente 1 kg por segundo. Quando o gatilho é liberado, a mola atua no cilindro, empurrando-o contra a sede, interrompendo o fluxo de pó químico através do esguicho. O esguicho AFFF também possui um gatilho para lançamento de espuma. O esguicho deverá ser de 1½" com vazão de 95 gpm. A mistura do líquido gerador AFFF com água do mar é feita no misturador da estação geradora. A geração da espuma é feita na própria saída do esguicho AFFF. A ação química do PKP não interfere na qualidade do lençol de espuma formado pelo AFFF. A figura 5.6 mostra um esquema simplificado do dispositivo de duplo agente instalado nas praças de máquinas de alguns navios da MB.

Fig. 5.6 - Esquema da instalação do Duplo Agente

5.4 - EQUIPAMENTOS QUE UTILIZAM GASES INERTES Recebem o título de gases inertes todos aqueles que não sejam combustíveis ou comburentes, ou seja, não participam de qualquer forma do fenômeno da combustão. Entre eles destacam-se o bióxido de carbono e o nitrogênio. Os navios-aeródromos são normalmente dotados de instalações específicas para o armazenamento de nitrogênio. Esse gás é utilizado a bordo, preventivamente, para tornar inerte o sistema de combustível de aviação. 5.5 - SISTEMAS DE DETECÇÃO DE INCÊNDIO Permitem que princípios de incêndios sejam, com presteza, informados por intermédio de um sinal de alarme. Não acionam qualquer sistema automático de extinção de incêndio, mas apenas indicam a existência e o local, ou área, do fogo.

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O sistema MINERVA, por exemplo, instalado nas Fragatas Classe “NITERÓI”, consiste basicamente em detectores instalados em vários compartimentos (exceto hangar e sanitários), que se ligam ao “Console do Controle de Avarias” situado no Centro de Controle da Máquina. Qualquer dos detectores, quando atuado, faz soar no painel um alarme sonoro, acompanhado de um alarme visual. Os detectores instalados a bordo são de dois tipos: o sensível à fumaça e a gases de combustão em geral, e o sensível ao calor. O primeiro é instalado em praticamente todos os compartimentos, enquanto que o segundo é encontrado nas cozinhas. 5.6 - SISTEMA FIXO DE PÓ QUÍMICO O pó químico é um grande agente extintor. Quando submetido a altas temperaturas libera CO2, extinguindo o incêndio por abafamento. Encontramos nos navios unidades de pó químico distribuídas no convés em pequenos reservatórios, utilizando como propelente o nitrogênio. Essas unidades dispõem de mangueiras especiais e pistolas para lançar o pó químico sobre as chamas. Nos navios transportadores de gás liqüefeito, existe um sistema com dimensões maiores que fornecem pó para os canhões localizados em plataformas no convés. O sistema é composto de um reservatório com pó químico, normalmente o bicarbonato de sódio ou o bicarbonato de potássio, sendo o último mais eficaz. O propelente utilizado é o nitrogênio acondicionado em garrafas que são acionadas no momento em que o sistema for posto em funcionamento.

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Capítulo 6 EXTINTORES PORTÁTEIS

6.1 - GENERALIDADES Extintores portáteis são equipamentos destinados a combater princípios de incêndios. O grau de proteção que oferecem não equivale ao das instalações fixas e automáticas, mas, se empregados adequadamente, são eficientes em extinguir o fogo em seus momentos iniciais. O emprego de extintores portáteis para debelar princípios de incêndios nunca deve protelar o guarnecimento de recursos de maior vulto, uma vez que, caso o combate com equipamento portátil fracasse, já estarão em andamento providências para fazer chegar ao local recursos de maior porte, permitindo o combate ao incêndio antes que ele atinja grandes proporções. São muitos os tipos de extintores portáteis. As variações que apresentam entre si prendemse, principalmente, às diferenças entre os agentes extintores e ao propelente utilizado. Os agentes extintores, logicamente, são determinados em função da classe de incêndio a que se destina o equipamento. O propelente diz mais respeito ao aspecto prático de sua utilização. Em navios, os extintores portáteis de uso mais geral são os que empregam o CO2 como agente extintor. Outros tipos podem ser encontrados, principalmente em instalações de terra ou, em casos especiais, a bordo de navios que operam com aeronaves. Os agentes extintores mais utilizados nos extintores portáteis são: •

água;



espuma;



bióxido de carbono (CO2);



bicarbonato de sódio e



halon.

6.2 - EXTINTORES A ÁGUA - Tipo “Pressão no Próprio Cilindro" O propelente (ar comprimido) e o agente extintor são armazenados no cilindro e a descarga é controlada por meio da válvula de fechamento. Emprego - exclusivamente em incêndios da classe "A".

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Uso - remover o extintor do suporte, suspendendo-o pela alça inferior. Retirar a seguir o pino de segurança e pressionar o gatilho, dirigindo o jato para a base das chamas. Após extinto o fogo, dirigir o jato sobre o material ainda incandescente até encharcá-lo.

Fig. 6.1 - Extintor a água com pressão no próprio cilindro

- Tipo “Ampola de CO2” No interior do cilindro, abaixo da tampa, existe uma ampola de bióxido de carbono (CO2) sob alta pressão. Para permitir o rompimento da ampola e a descarga do bióxido de carbono, que é o propelente, o operador deve inverter o extintor e, segurando-o pelo fundo, batê-lo contra o piso ou uma superfície resistente. Emprego - exclusivamente em incêndios classe “A”. Uso - retirar do suporte e transportá-lo na posição vertical segurando o mangote de descarga na altura do esguicho. Para colocá-lo em operação, invertê-lo e aplicar uma leve pancada de encontro ao solo ou contra qualquer objeto resistente. Dirigir o jato para a base das chamas. Após extinto o fogo, manter o jato sobre o material ainda incandescente.

Fig. 6.2 - Extintor a água com ampola de CO 2

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6.3 - EXTINTORES A ESPUMA -Espuma Química O cilindro contém uma solução de água com bicarbonato de sódio e agente estabilizador. Uma solução de sulfato de alumínio é colocada em um recipiente interno de plástico; invertendo-se o extintor, coloca-se em contato as duas soluções. A reação que se processa desprende gás carbônico (CO2). O CO2 gerado atua como propelente, e a espuma formada tem efeito de abafamento e resfriamento. Emprego - estes extintores podem ser usados em incêndios das classes “A” e “B”. O agente extintor extingue por abafamento. Uso - nos incêndios da classe “A”, o jato deve ser dirigido para a base das chamas. Num incêndio da classe “B”, em líquidos derramados, o operador deverá fazer com que o jato de espuma seja curvo, de maneira que a espuma lançada não espalhe o fogo. Em incêndios da classe “B”, em recipientes abertos, o jato deve ser lançado de encontro às paredes do recipiente, permitindo que a espuma escorra e cubra a superfície inflamada.

Fig. 6.5 - Uso do extintor a espuma química Fig. 6.4 – Extintor a espuma química

nos incêndios classe "B" em recipientes

- Espuma Mecânica Trata-se de um cilindro com uma mistura de AFFF e água, que usa ar comprimido como propelente. Emprego - esses extintores podem ser usados em incêndios das classes “A” e “B”. São encontrados nas Fragatas Classe “GREENHALGH”. Uso - são operados à semelhança dos extintores de água pressurizada. Podem ser recarregados a bordo. Por exemplo:

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O extintor de nove litros deve receber 8,6 litros de água e 0,4 litros de AFFF, devendo ser pressurizado até que seu manômetro indique a pressão de 10 Bar.

Fig. 6.6 - Extintor a espuma mecânica

6.4 - EXTINTORES A BIÓXIDO DE CARBONO (CO2) O extintor consiste de um cilindro de aço sem costura, no qual é comprimido o CO2 a uma pressão de 850 lb/pol. 2 . O uso da alavanca de disparo permite uma operação intermitente do extintor. Emprego - são recomendados para incêndios das classes “B” e “C”, não podendo ser usados em incêndios da classe “D”. São eficientes contra pequenos incêndios da classe “A”, controlando-os até a chegada de agente indicado para esse tipo de incêndio. Os extintores de bióxido de carbono, com difusor de metal, não devem ser empregados em incêndios da classe “C”, por apresentarem o risco de choque elétrico. Quando empregados em ambientes confinados, o operador deverá fazê-lo com cuidado, a fim de não sofrer os efeitos decorrentes da baixa percentagem de oxigênio que restará para a respiração. Uso - retirar o pino de segurança. Em seguida, pressionar a alavanca que comandará a válvula de descarga. Em quase todos os tipos de incêndio, a descarga deve ser dirigida para a base das chamas e, após sua extinção, deve ser mantido o jato para permitir um maior resfriamento e prevenir o possível reavivamento do fogo.

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Fig. 6.7 - Extintor a Bióxido de Carbono (CO2)

6.5 - EXTINTORES A PÓ QUÍMICO Os extintores a bicarbonato de sódio foram originalmente conhecidos como “pó químico”, sendo esta denominação mantida para todos os extintores com agente extintor em pó, exceto aqueles para incêndios classe “D”. - Com "Pressão no Próprio Cilindro" Como propelente, emprega o CO2, nitrogênio ou ar comprimido, isentos de umidade, a fim de não granular o pó. Emprego - é recomendado para o uso em incêndios da classe “B”. Os extintores a pó químico não são efetivos em incêndio classe “D” e podem, inclusive, causar reações químicas violentas. Uso - o jato deve ser dirigido para a base das chamas, movimentando-se o esguicho rapidamente de um lado para outro. Alguns extintores têm alta velocidade na saída do esguicho e, por isto quando usados em líquidos inflamáveis em camada espessa, deve ser aplicado a uma distância de 2 a 2,5 m.

Fig. 6.8 – Extintor a pó químico, com pressão no próprio cilindro

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Fig.6.9 - Carreta a pó químico, com ampola de CO2

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- Com "Ampola de CO2 " O cilindro contém o pó químico, e o propelente (CO2 ) é armazenado numa pequena ampola localizada na parte externa do extintor. A descarga é controlada por uma válvula externa ao extintor. Emprego – as considerações para o seu emprego são as mesmas dos extintores a pó químico, com pressão no próprio cilindro. Uso - para se colocar o extintor em funcionamento, pressiona-se o mecanismo de perfuração da ampola de CO2 . A descarga é controlada pela válvula existente na extremidade da mangueira. O jato deve ser dirigido para a base das chamas, movimentando-se o esguicho de um lado para outro. 6.6 - EXTINTORES A HALON Os extintores a halon utilizam basicamente dois tipos de agentes extintores: •

halon 1211.



halon 1301.

Emprego - são recomendados para incêndios das classes “B” e “C”. São particularmente empregados em incêndios de equipamentos eletrônicos, por não deixarem resíduos. Encontra-se em desuso, porém ainda é utilizado em algumas Organizações da Marinha.

Uso - são operados de modo semelhante aos extintores a CO2 . O jato deve ser dirigido para a base das chamas. Em incêndios de líquidos inflamáveis, em recipientes, o jato deve ser orientado contra a parede oposta, sobre as chamas. Logo que possível, o operador deve direcionar o jato em torno do fogo, a fim de cobrir a maior área possível durante o período de descarga do extintor. encontra-se em desuso, porém ainda é utilizado em algumas Organizações da Marinha.

Fig. 6.10 - Extintor a Halon

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6.7 - EXTINTORES A PÓ SECO (PARA METAIS COMBUSTÍVEIS) Esses extintores são normalmente conhecidos como extintores a “pó seco”. O pó mais comumente empregado é o MET-L-X (cloreto de sódio com fosfato tricálcio, aditivo termoplástico e metal estearato). O pó não é tóxico, não é combustível, não é abrasivo e não conduz eletricidade. Geralmente o propelente é o bióxido de carbono. O pó forma uma camada sólida, impedindo o contacto do oxigênio com as chamas, extinguindoas. É importante que a camada sólida não seja partida, o que iria permitir entrada de oxigênio e conseqüente intensificação das chamas. O pó tem a característica de aderir em superfícies quentes, envolvendo perfis irregulares e fundidos. Os extintores que contêm o MET-L-X são indicados para incêndios que envolvem sódio, potássio, ligas de sódiopotássio e magnésio. Emprego - utilizados em incêndios da classe “D”. Uso - quando da aproximação a um incêndio, abrir totalmente o esguicho e lançar o pó sobre o metal incendiado. À medida que as chamas diminuírem de intensidade, reduzir a pressão no esguicho e manter o jato sobre a área incendiada. Partículas de metais combustíveis misturadas com lubrificantes de máquinas queimam rápida e violentamente. Devido à grande quantidade de calor desprendida neste caso, nem sempre é possível a aproximação ao local do incêndio para aplicar corretamente o agente extintor.

Fig. 6.11 - Extintor a pó seco para incêndios classe "D"

6.8 - OUTROS RECURSOS Agentes extintores tais como água e areia, lançados a balde, constituem um recurso de razoável eficiência para controle de princípios de incêndios. É um recurso simples e econômico indicado como alternativa para locais isolados, onde os riscos de incêndio sejam pequenos, e o espaço e a estética não constituam problema. Observações Gerais:

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Os extintores que utilizam substâncias químicas

sob pressão devem ser testados

hidrostaticamente em intervalos regulares e quando o extintor apresentar ação da corrosão ou avarias mecânicas. Extintores que apresentam sinais de corrosão, deformações no cilindro, ou que tenham sido reforçados por meio de solda ou outro processo mecânico, devem ser substituídos por novos extintores já testados hidrostaticamente. •

Os extintores portáteis, que utilizam agentes em estado gasoso ou em pó, podem ser ineficazes se empregados ao ar livre sob condições de vento forte.

6.9 - IDENTIFICAÇÃO DOS EXTINTORES PORTÁTEIS O local onde ficam instalados os extintores deve ser marcado com um sinal, indicando a classe de incêndio para o qual aquele extintor é adequado.

Extintores utilizados em incêndios classe “A” são identificados por meio de um triângulo verde contendo a letra A.

Extintores utilizados em incêndios classe “B” são identificados por meio de um quadrado vermelho contendo a letra B.

Extintores utilizados em incêndios classe “C” são identificados por meio de um círculo azul contendo a letra C.

Extintores utilizados em incêndios classe “D” são identificados por meio de uma estrela amarela de cinco pontas contendo a letra D.

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Capítulo 7 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO E SEGURANÇA

7.1 - GENERALIDADES Todo o material que tem como propósito básico proteger o homem que combate um incêndio, contra quaisquer fatores que coloquem em risco sua integridade física, é conhecido como equipamento de proteção. Assim, dentro desse conceito, incluem-se desde o simples capacete de fibra até complexas máscaras e roupas de penetração (aluminizadas) ou roupas de aproximação. No presente capítulo, serão comentados apenas os aspectos referentes às roupas e às máscaras, principalmente estas últimas, pelo maior cuidado que requerem para sua utilização adequada. 7.2 - ROUPAS DE PROTEÇÃO Quem engaja em fainas de combate a incêndio necessita de proteção contra o calor. Certas formas de aplicação da água (neblina de alta e baixa velocidades) e mesmo de espuma (neblina de espuma) oferecem boa proteção contra o calor radiante, porém a proteção básica individual está diretamente ligada à vestimenta. - Proteção Básica Na ausência de roupas especiais, o uso de vestimentas à base de algodão oferece proteção significativa contra o calor irradiante de um incêndio. Por esse motivo, adotou-se o macacão como vestimenta padrão a bordo dos navios em viagem. O uso de roupas de baixo (cuecas, meias e camisetas) de algodão também é recomendável, na medida em que tecidos sintéticos poderão queimar e grudar na pele quando submetidos ao calor. Como complemento, para proteção das mãos e cabeça, utilizam-se as luvas e capuzes antiexposição (anti-flash), confeccionados em algodão cru. - Roupas de Aproximação Os componentes dos reparos devem estar vestidos com uniforme de combate completo, inclusive capacetes com lanterna, capuz e luva antiexposição ou luvas para trabalhos pesados, com exceção dos homens da turma de incêndio, que devem estar vestidos com roupas de aproximação (Fig. 7.1). As altas temperaturas existentes nos incêndios e a grande quantidade de vapor produzida quando a água entra em contato com o material em combustão, ou

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anteparas e pisos quentes, são uma ameaça aos homens na faina de combate a incêndio. O vapor penetra nas luvas e capuz, provocando queimaduras. O uso da roupa de aproximação protege os homens, permitindo um ataque eficaz, por um tempo maior. As botas de borracha com proteção de aço e cano alto são de elevada necessidade. - Roupas de Penetração As roupas de penetração são usadas nas fainas de combate a incêndio, onde o homem poderá ficar em contato direto com as chamas ou altas temperaturas. As roupas aluminizadas devem ser vestidas sobre o macacão. Constam de calças, paletó, botas, luvas e capuz com visor. São confeccionadas de modo a permitir a utilização nas fainas de incêndio. Modernamente, roupas de lã de vidro e aluminizadas estão substituindo as roupas de amianto. A superfície aluminizada reduz a absorção do calor radiante (Fig. 7.2).

Fig. 7.1 - Roupa de Aproximação Tipo “Fearnought”

Fig. 7.2 – Roupa de Penetração

- Observações sobre a colocação das roupas de proteção e sobre o uso dos equipamentos de proteção:

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as roupas devem ser sempre usadas sobre o macacão, provendo assim maior proteção ao homem;



as roupas devem ter sua parte superior fechada apenas na hora em que o homem for empregado na faina, de modo a mantê-lo o maior tempo possível “refrescado”;



as roupas devem ter as golas viradas para cima, os velcros passados e zíperes fechados;



as luvas a serem utilizadas devem ser apropriadas para CBINC. As luvas de raspa de couro, por exemplo, podem dificultar o manuseio de esguichos quando molhadas;



as luvas devem ser colocadas por cima das mangas das roupas, se possível, e serem de tamanho ligeiramente maior, a fim de permitir ao homem movimentar os dedos dentro da luva, evitando queimaduras por vapor;



o capuz anti-flash deve ser colocado sobre a peça facial da máscara, cobrindo todas as partes expostas da pele do homem e a parte superior da máscara, e por dentro da roupa de proteção;



as máscaras de combate a incêndio devem ter todas as cintas passadas e corretamente ajustadas ao corpo do homem e



a utilização de capacete é obrigatória (deve ser colocado bem preso à cabeça através da jugular).

7.3 - MÁSCARAS CONTRA GASES IRRITANTES E TÓXICOS Em todo incêndio é normal a formação de gases irritantes ao olhos e às vias respiratórias. Dependendo do material em combustão, é possível também a formação de gases tóxicos. Determinados tipos de máscaras dotadas de filtros (normalmente de carvão) permitem a respiração em atmosferas assim contaminadas, desde que essa atmosfera disponha ainda de um percentual adequado de oxigênio. Quando o incêndio ocorre em ambientes confinados, é praticamente certo o acúmulo desses gases, enquanto que paralelamente se verifica a redução do percentual de oxigênio. Nesses casos, é necessário que sejam utilizadas máscaras que possam prover uma atmosfera restrita respirável em seu interior. Diz-se restrita por não ser dependente do ar exterior, comunicando-se com o ambiente externo, quando o fazem, apenas para a exalação.

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As máscaras que dispõem apenas de filtros são impróprias para as fainas de combate a incêndio a bordo e não serão consideradas neste manual. As máscaras que podem prover atmosfera restrita são: •

máscaras com tambor-gerador de oxigênio;



máscaras com ampola de ar comprimido;

7.4 - MÁSCARAS COM TAMBOR-GERADOR DE OXIGÊNIO Atualmente está em desuso na Marinha, pela dependência logística em se manter o suprimento de tambores-geradores. As máscaras com tambor-gerador de oxigênio operam em circuito fechado, sem qualquer comunicação com o ambiente exterior. O tambor-gerador é o elemento responsável pela revitalização da atmosfera no interior do equipamento. Funciona por ação química, produzindo oxigênio e retendo o CO2 e o vapor d’água exalados pela respiração. Para indicar o tempo que o tambor-gerador está ativado, a máscara possui um marcador de tempo com campainha de alarme. Ele indica, por meio de um toque da campainha, o fim de um intervalo de tempo pré-fixado, que pode ir até sessenta minutos. Há dois tipos de tambor-gerador: o de uso normal e o de partida rápida. Ambos operam sob o mesmo princípio, diferindo apenas quanto ao modo e ao tempo necessário para serem ativados. O tempo de utilização de um tambor-gerador depende do tipo de serviço que está sendo executado pelo usuário. Normalmente, em trabalho intermitente, durarão cerca de uma hora. Se o trabalho é contínuo e pesado, o tempo de duração será menor, podendo ser reduzido em até 30 minutos. O fim da vida útil do tambor-gerador será notado pelo usuário por uma resistência à expiração e pelo embaçamento dos visores durante a inspiração, o que deve ser considerado pelo usuário como uma advertência para que abandone com urgência o compartimento onde está trabalhando ou que coloque um novo tambor-gerador para substituir o que está em uso. Para remover o tambor usado deve-se abrir bem as pernas, inclinar-se ligeiramente para frente, levar o parafuso de aperto até a posição externa inferior, comprimir o retém do tambor e com um rápido movimento do estribo para frente, deixar o tambor cair no chão. Nunca tocar no tambor com as mãos desprotegidas pois ele estará bastante quente após o uso. Não deixar o tambor cair sobre óleo, graxa, ou gasolina, pois poderá explodir.

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Os materiais químicos existentes dentro do tambor-gerador são cáusticos e altamente prejudiciais à pele. Tambores usados devem ser furados com ferramentas limpas de óleo ou graxa e atirados pela borda. Se sobre o mar existir alguma película de óleo, os tambores só devem ser jogados fora pela popa e com o navio em movimento.

Fig. 7.3 - Máscara tipo MSA com tambor gerador de oxigênio

7.5 - MÁSCARAS COM AMPOLAS DE AR COMPRIMIDO Estas máscaras funcionam debitando automaticamente a quantidade de ar necessária para cada inalação. Existem vários fabricantes, porém todas as máscaras operam dentro de um mesmo princípio de funcionamento. São compostas de um conjunto de máscara facial contra gases, suporte básico e de formato anatômico, cilindro de ar comprimido, válvula de demanda automática, sinal acústico de alarme e manômetro. - Drager Lubeca PA 54 O cilindro trabalha com a pressão de 200 bar, que é reduzida para a pressão média e constante de 5 bar. O seu volume é de 7 litros de ar (a 200 Bar) que equivalem a 1400 litros de ar na pressão atmosférica normal. Quando o cilindro atinge 50 bar, soa um alarme. É possível se adaptar um dispositivo de comutação para respiração através de mangueira de ar comprimido, abastecendo por longo tempo o usuário da máscara.

Fig. 7.4 - Máscara Drager Lubeca PA 54

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- BASCCA (Breathing Apparatus, Self Contained, Compressed Air) O cilindro trabalha com a pressão de 207 bar e possui a capacidade de 1400 litros de ar no modelo padrão e 1210 litros de ar para a versão não-magnética. Quando o cilindro está totalmente carregado, no modelo padrão, dá uma autonomia de 27 minutos até o disparo do apito-alarme, ou de 25 minutos na versão não-magnética. Após o alarme ainda permanecem sete minutos de ar para a utilização. - Máscaras autônomas MSA mod. 401 O cilindro trabalha com a pressão de 150 bar e possui capacidade de 1270 litros de ar. Quando totalmente carregada dá uma autonomia de trinta minutos. 7.6 - MÁSCARA PARA ESCAPE DE EMERGÊNCIA Os navios devem ter a bordo máscaras de escape de emergência. Entre as máscara existentes podemos mencionar: ELSA (Emergency Life Support Apparatus) e EEBD (Emergency Escape Breathing Device). Essas máscaras foram concebidas apenas para o escape de pessoal de locais tomados por fumaça espessa, e por isto, não podem ser empregadas em fainas de combate a incêndio ou nas fainas de CAV. As máscaras ELSA são recarregáveis. As máscaras EEBD são descartáveis, tendo uma vida útil de quinze anos após sua fabricação.

FIG. 7.8 - Máscara ELSA

7.7 - CÂMERA DE IMAGEM TÉRMICA (TIC-Thermal Image Camera) Esta câmera é um equipamento que capta a diferença da radiação infravermelha de objetos com diferença de temperatura de pelo menos 4ºF, permitindo detectar diferentes perfis de temperatura em um ambiente. Pode detectar pontos mais quentes ou mais frios em um local, diferenciando-os pelo tipo de apresentação. Pode ser usada para localizar focos de incêndio através da fumaça, neblina de água ou espuma, localizar homens em ações de salvamento em locais tomados por fumaça, localizar vazamentos de vapor, verificar a qualidade de isolamentos térmicos etc. (Fig. 7.9).

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Fig. 7.9 - Câmera de Imagem Térmica

A TIC é utilizada pelo líder da turma de incêndio. A turma de ataque também poderá utilizar a TIC, desde que guarnecida previamente. 7.8 - CAPACETE DE PROTEÇÃO (STH - Slim Tank Helmet) O Capacete de Proteção é equipado com um microfone, dois alto falantes, uma chave de operação e um rádio transceptor (a prova de choques e água, e que é fixado na roupa de aproximação por meio de alças). 7.9 - OXÍMETRO (Medidor de Taxa de Oxigênio) Procede de diversos fabricantes no mercado. O sistema mais usado é o de detecção, por uma célula eletrolítica. Nele a corrente elétrica, produzida pela célula, é proporcional a percentagem de oxigênio que passa por uma solução salina. Através de um amperímetro, a percentagem de oxigênio no ar, ou de uma mistura gasosa, pode ser imediatamente determinada.

Fig. 7.10 – Oxímetro

7.10 - EXPLOSÍMETRO Os “indicadores de vapores” de hidrocarbonetos usados a bordo dos navios são conhecidos como explosímetros. Atualmente existem três tipos diferentes desses indicadores que empregam filamentos de platina, associados com uma resistência ou circuito elétrico. Os indicadores são capazes de segura, rápida e acuradamente detectar gases combustíveis, hidrogênio com acetileno ou misturas desses produtos com o ar ou oxigênio (Fig. 7.11).

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Fig. 7.11 – Explosímetros

7.11 - LÂMPADA DE SEGURANÇA A lâmpada de segurança permite avaliar a atmosfera de um compartimento onde a percentagem de oxigênio é baixa, ou onde exista presença de gases inflamáveis (Fig. 7.12). O combustível adequado para a lâmpada de segurança é a nafta (Fluido de Esqueiro) porém, pode ser utilizada, também, a gasolina pura. Interpretação das indicações da lâmpada de segurança: •

a chama apaga - deficiência de oxigênio (menos de 16%);



a chama apaga com estalo - baixa concentração de gases inflamáveis;



a chama resplandece brilhantemente - média concentração de gases inflamáveis e



a chama resplandece brilhantemente e apaga - alta concentração de gases inflamáveis.

Fig. 7.12 - Lâmpada de Segurança

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Capítulo 8 ORGANIZAÇÃO E FAINA DE COMBATE A INCÊNDIO

8.1 - REQUISITOS BÁSICOS As estatísticas mostram que aproximadamente 90% dos incêndios em navios de guerra são extintos nos primeiros dois minutos, 5% nos primeiros dez minutos e os 5% restantes após um período de tempo que varia entre cinco e dez horas. O combate a incêndio é uma faina de equipe, cujo desenvolvimento se faz sob tensões físicas e emocionais. Qualquer trabalho assim executado necessita, para ser bem-sucedido, que determinados requisitos básicos sejam satisfeitos. A saber: •

organização;



instrução;



adestramento e



manutenção do Material;

- Organização - é determinar a um grupo de CAV a distribuição das funções necessárias para a execução das tarefas a que ele se destina. As condições necessárias são: •

cada componente de um grupo de CAV deve saber, com segurança, quais são seus deveres e as suas atividades;



todos devem saber o que cabe a cada componente do grupo; e



as ordens e informações devem circular, sem interferência, através dos canais adequados e entre o componente que chefia o grupo e os executores das tarefas. Podem haver outros níveis de chefia.

- Instrução - é o conhecimento técnico da função para a qual está designado o componente do grupo, pela organização. - Adestramento - tem por objetivo o preparo dos componentes para a realização de suas funções dentro de um grupo de CAV. O grupo pode estar organizado, os homens treinados mas, se não contarem com material adequado e em boas condições de utilização não terão meios para o adequado desempenho de suas tarefas. O material de controle de avarias, em geral, e o de combate a incêndio, em

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particular, são de manutenção relativamente simples. A não observância de pequenos detalhes de manutenção poderá ser a causa da falha de todo um conjunto complexo. As situações de emergência não admitem falhas sem cobrar um alto preço. 8.2 - ORGANIZAÇÃO DO CONTROLE DE AVARIAS O controle de avarias a bordo é regido por duas organizações distintas: Organização de Combate e Organização Administrativa. Na Organização de combate, o controle de avarias é um dos controles do navio e está subordinado diretamente ao Comandante. Na Organização Administrativa fica subordinado ao Chefe do Departamento de Máquinas. 8.3 - GRUPOS DE REPAROS Os serviços de controle de avarias são efetuados por grupos de reparos. Os navios são divididos em áreas, e cada uma ficará diretamente sob a responsabilidade de um grupo de reparos. A cada grupo caberá a execução de todos os serviços de controle de avarias dentro de sua área de responsabilidade. O número de grupos de reparos e sua localização depende do tipo e tamanho do navio. O serviço dos vários grupos de reparos é coordenado e dirigido pela estação central de controle de avarias (ECCAV). Essa estação é guarnecida pelo oficial encarregado do controle de avarias e seus ajudantes. Um grupo de reparos (ou simplesmente “reparo” ) é a unidade de serviço do controle de avarias. A doutrina determina

dividir o reparo em turmas e distribui-las pela área de

responsabilidade deste, evitando que todo o grupo venha ser destruído por um único impacto inimigo. Esse procedimento tem como vantagem propiciar a detecção mais rápida das avarias que possam estar ocorrendo na área do reparo. As turmas previstas e sua composição são as seguintes (não-incluídas a de monitoragem e descontaminação): •

encarregado do reparo;



telefonista da estação do reparo;



mensageiro;



líder do reparo (líder da cena de ação);



investigador (1 ou 2);



patrulhas (2 ou 3);

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turma de ataque (líder do reparo, um eletricista e mais dois homens);



turma de incêndio (turma de suporte “A” e “B”, com respectivos líderes);



turma de máscaras (3 homens);



turma de bombas (2 homens);



turma de contenção (um investigador e seis homens);



turma de prevenção e de remoção de escombros (2 homens);



turma de sondagem (2 homens);



turma de eletricista (3 homens);



turma de primeiros socorros (3 homens) e



turma de serviços gerais;

– Encarregado do Reparo (EncRep) É função exercida por um Oficial, Suboficial ou Sargento, que supervisiona a atuação do reparo, sendo o responsável por todo o pessoal e pelo material designado para a área do seu reparo e o existente no armário de CAV. Deve estar capacitado a assumir, com o seu reparo, as funções da central de CAV, em caso de necessidade. Quando soar “guarnecer postos de combate”, ele reportará o guarnecimento do reparo e estabelecerá as linhas de comunicações necessárias. Deverá estar totalmente familiarizado com a área de responsabilidade do reparo, com os recursos disponíveis para controlar uma avaria e com as limitações existentes para exercer, com eficácia, o controle de qualquer faina. O encarregado deverá ainda: •

certificar-se de que os limites de incêndio e fumaça (primários e secundários) estão estabelecidos e mantidos, com particular atenção ao potencial de propagação vertical do fogo;



certificar-se de que os isolamentos, mecânico e elétrico, estão estabelecidos;



prover apoio logístico (pessoal e material) para a cena de ação, se necessário, com coordenação através da ECCAV;



certificar-se de que o pessoal da turma de incêndio está com a roupa de proteção;



certificar-se de que os controladores de máscaras estão cumprindo corretamente suas funções (não colocando em risco a vida dos homens com máscaras);

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certificar-se da manutenção de uma plotagem acurada no quadro de avarias, prestando à ECCAV todas as informações necessárias; e •

ter um papel ativo no adestramento do pessoal, bem como conhecer profundamente as deficiências logísticas (pessoal e material), na área de responsabilidade do seu reparo.

- Telefonista e Mensageiro do Reparo Os telefonistas deverão: •

estabelecer comunicações entre os reparos e a central pelos circuitos do CAV (2JZ, 4JZ, 5JZ, 7JZ, etc.), circuitos de emergência ou telefone automático;



transmitir as mensagens por esses circuitos de comunicações e



fazer a plotagem das avarias no quadro de avarias do reparo.

Os mensageiros deverão: •

estabelecer a troca de informações entre o líder na cena de ação e o encarregado do reparo, movimentando-se entre os locais, podendo guarnecer qualquer circuito que esteja livre ou sem utilização (telefone automático, ou um transceptor VHF), de forma que as mensagens sejam enviadas o mais rápido possível ao reparo, e



utilizar um bloco de mensagens para manter as comunicações requeridas, quando necessário.

- Líder da Cena de Ação O líder da cena de ação é o líder do reparo, responsável pelas ações na área do sinistro. Quando é soado o alarme de incêndio, o líder da cena de ação vai para o local, a fim de avaliar a situação e reportá-la ao reparo, ou se dirige para as proximidades, se já houver muita fumaça. No caso do incêndio não ser extinto rapidamente, ele não deve se manter no local e sim recuar para uma posição de controle afastada da fumaça, de preferência fora dos limites primários de fumaça, informando ao EncRep essa nova posição. Ele receberá as mensagens da turma de ataque quando esta abandonar o compartimento, ou for rendida pela turma de incêndio, e receberá as informações dos investigadores em relação às contenções. Dará as devidas determinações, correções e alterações necessárias, a fim de melhor controlar a avaria, reportando ao EncRep constantemente todas as ações em andamento. O líder da cena de ação deverá, também:

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determinar qual o agente extintor recomendado, o método e a direção do ataque ao fogo, no local do incêndio;



posicionar-se no melhor local, considerando: a presença da fumaça, a facilidade de acesso do pessoal do reparo a este ponto e a existência de comunicações com o reparo;



estabelecer imediatamente os limites de incêndio e determinar a realização de contenções, em conjunto com o EncRep;



determinar os limites de fumaça e estabelecê-los;



estar vestido com uniforme de combate completo;



ter pronta para uso uma máscara autônoma (equipada com amplificador de voz, se disponível);



direcionar o apoio logístico e



portar um transceptor VHF para obter informações atualizadas do líder da turma de Incêndio sobre a situação.

- Investigador (líder secundário) O investigador guarnece equipamento autônomo de respiração (equipado com amplificador de voz, se disponível) e uniforme de combate completo, cabendo a ele: •

coordenar as atividades dos homens das contenções, controlando a situação nos compartimentos adjacentes ao avariado;



supervisionar o cumprimento do fechamento do material;



estabelecer um elo de ligação entre o EncRep e o líder da cena de ação, se necessário, para melhor coordenação das fainas; e



fazer relatos sobre o andamento das ações para o encarregado do reparo e líder da cena de ação, de modo apropriado, usando os melhores meios de comunicação, ou pessoalmente;

- Patrulhas Esses homens guarnecem máscaras, percorrendo sistematicamente a área de responsabilidade do reparo, à procura de anormalidades. Ao detectarem uma avaria, passam automaticamente a compor a turma de ataque. - Turma de Ataque A turma de ataque é composta do líder do reparo, um eletricista e mais duas praças. 8ª edição

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É a primeira turma a chegar na área da avaria, rendendo o(s) descobridor(es), tendo a responsabilidade de investigar a origem e a natureza da mesma. Deverá tomar as ações corretivas imediatas e necessárias como: limitar alagamentos, alimentar edutores, isolar compartimentos ou dar o primeiro combate a um incêndio. Os homens da turma de ataque instalam as linhas de mangueiras e iniciam o combate ao incêndio com água ou espuma. O eletricista, em caso de incêndio, é o encarregado de providenciar o isolamento dos circuitos elétricos (440V inicialmente) e a parada dos sistemas de ventilação da área. Em caso de alagamento, deverá providenciar o isolamento dos demais circuitos. Devem ser homens altamente treinados em controle de avarias, pois a ação inicial eficaz é fundamental, buscando eliminar ou limitar os problemas existentes. Caso o navio já esteja em postos de combate, a turma de ataque deixa de existir e, sua tarefa é realizada pelos patrulhas, que realizam investigação sistemática em toda a área de responsabilidade do reparo. Após um ataque, ou impacto de qualquer armamento, correm a área procurando determinar a extensão das avarias. O pessoal deve estar trajando uniforme de combate completo, botas, luvas, capacete, lanterna e, caso disponível, um transceptor de VHF. Após a ação inicial nas avarias encontradas, são rendidos pela turma apropriada e, se dispensados pelo líder, dirigem-se ao reparo, compondo geralmente a turma de serviços gerais. - Turma de Incêndio - Turmas de Suporte “A” e “B” A Turma de Incêndio é a turma que, efetivamente dá combate ao incêndio. Nos navios, torna-se necessária a existência das turmas de suporte “A” e “B” para permitir o ataque contínuo ao incêndio a partir da sua detecção. Assim, a diferença entre elas é que a turma de suporte “A” é composta por pelo menos três homens, vestidos apenas com macacão, capuz e luvas anti-flash e máscara de combate a incêndio. A turma de suporte “B” é composta por pelo menos quatro homens, com roupa de aproximação para combate a incêndio, botas, capuz anti-flash, luvas para CBINC, capacete, lanterna de combate e máscara de combate a incêndio. Na situação em que o navio já esteja em Condição I, não há a necessidade da turma de suporte “A”, pois a turma de incêndio completa já deverá estar pronta para a ação, vestida

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com roupa de aproximação para combate a incêndio, dirigindo-se imediatamente ao local do incêndio e, rendendo o descobridor que, normalmente, será um patrulha. Na seqüência normal das ações, evoluindo para Condição I, a turma de suporte “A” rende a turma de ataque no local do incêndio, tendo de dois a três minutos para tal. Nessa situação, é possível manter um ataque contínuo, mesmo na presença de fumaça excessiva, pois esses homens já estarão utilizando máscara, enquanto os homens da suporte “B” estão se preparando. A turma de ataque pode se retirar da área e se apresentar ao líder da cena de ação. Os primeiros três homens prontos da turma de suporte “B” dirigem-se para o local, apresentam-se ao líder da cena de ação e rendem a turma de suporte “A” que, por estar sem roupa de proteção adequada, terá menor tempo de permanência na área. Uma vez rendidos, os homens da turma de suporte “A”, podem permanecer na cena de ação, desde que o calor esteja suportável. A turma de suporte “B” deve se apresentar ao líder, logo que esteja pronta, num tempo máximo de oito minutos. A determinação da quantidade de homens, para compor as turmas de incêndio, vai depender da quantidade de homens necessários para o guarnecimento dos esguichos. A existência de curvas e escadas, dentre outros obstáculos, tornará necessária a utilização de mais homens. O homem com o esguicho é quem terá um trabalho mais intenso, e o revezamento com os demais homens vai estender o tempo de permanência da equipe na cena de ação. - Líder da Turma de Incêndio O líder da turma de incêndio, aqui citado, não deve ser confundido com o líder da cena de ação (líder do reparo). É o homem encarregado da operação da câmera de imagem térmica. O líder da turma de incêndio será um dos integrantes da turma de incêndio. Ele deve orientar as ações da turma de incêndio no local, dirigindo o emprego do agente extintor sobre o fogo ou nos pontos quentes, através da utilização da câmera de imagem térmica. É fundamental que este homem possua um transceptor VHF, de modo a passar informações atualizadas para o líder da cena de ação.

- Turma de Máscaras

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É constituída por pelo menos três homens, o controlador de máscaras e mais dois ajudantes. O primeiro controla o tempo de uso das máscaras de seu reparo, com a limitação de controlar no máximo oito homens, para a segurança dos utilizadores. Ele não pode ter nenhuma outra função. Os outros dois homens trazem para um local de concentração as máscaras do reparo que não esta sendo utilizadas, as ampolas e os tambores-geradores adicionais, providenciam máscaras adicionais de outros reparos e verificam junto com o controlador o uso correto das máscaras pelos utilizadores. No caso de um incêndio em Condição III, o controlador lança a hora do início da faina (hora do alarme de incêndio), como a hora do início da utilização das máscaras pelos homens da turma de suporte “A”. Caso sejam utilizadas as máscaras de ar comprimido, para essa turma, considerar como

pressão inicial

90% da normalmente utilizada

(precaução de segurança). Para os demais homens, lançar a hora de início de uso da mesma e a pressão real da máscara de ar comprimido. As máscaras dispõem de um alarme que indicam que o ar está no final e que o homem deve iniciar o abandono da área. Para evitar a perda da continuidade da faina, os homens devem ser rendidos até o momento do alarme. No caso de necessidade de apoio de outro reparo, enviando homens com máscaras, o respectivo controlador acompanha esses homens, apresenta-os ao encarregado do reparo e, logo que determinado, os envia ao líder da cena de ação. - Turma de Bombas A turma de bombas deve estar pronta para instalar e empregar a(s) bomba(s) portátil(teis), os equipamentos de esgoto, ou os sistemas de esgoto, quando determinado. - Turma de Contenção A turma de contenção deverá: •

controlar a situação dos compartimentos adjacentes ao avariado, sob as ordens do investigador, estabelecendo os limites de incêndio conforme ordenado;



resfriar os limites primários do incêndio;



proteger equipamentos elétricos e eletrônicos (desalimentando, retirando cartões, cobrindo com plástico para proteger da água da contenção, etc.) e



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remover/reposicionar os inflamáveis como requerido.

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- Turma de Prevenção e Remoção de Escombros A turma de remoção de escombros começará a ser empregada após o incêndio ser extinto, e a turma de prevenção deverá estar estabelecida, fazendo o “rescaldo” da área e, preferencialmente com o auxílio de machado de CAV, deverá ser verificada a presença de pontos quentes, brasas e focos de incêndio, completando totalmente a faina de extinção. Esses homens devem: •

usar equipamentos autônomos de respiração equipados com amplificador de voz, se disponível e, roupas de proteção adequadas;



trabalhar junto com o(s) elemento(s) de vigilância designado(s) para resfriar pontos quentes; e



resfriar os pontos de ignição em potencial.

- Turma de Sondagem Esta turma deverá ser, preferencialmente, constituída por homens que fazem o serviço de fiel do óleo ou fiel da aguada. Esses homens devem: •

efetuar a sondagem de tanques e compartimentos;



efetuar transferência de carga líquida, quando determinado e



efetuar as manobras dos sistemas de esgoto e lastro, quando determinado.

- Turma de Eletricista Os eletricistas fazem o isolamento elétrico dos compartimentos, quando determinado, caso ainda não tenha sido realizado pelo EL da Turma de Ataque. Usam equipamento autônomo de respiração. Se necessário devem trabalhar dentro dos limites primários de fumaça. No caso de ser necessário utilizar bombas ou sirocos elétricos, a presença do EL é recomendável. As fainas de controle de fumaça, que incluem a limitação do espalhamento da fumaça e sua remoção, são de responsabilidade dos eletricistas, sob coordenação da central de CAV-EL. O fechamento de tampas de ventilações e flapes de extrações, a parada de motores de sistemas de ventilação ou de ar condicionado, assim como o restabelecimento desses

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sistemas, quando fora dos limites primários de fumaça, são procedimentos de controle de fumaça referentes à faina de limitar a fumaça. A remoção de fumaça é feita por eletricistas escalados, que deverão manobrar com os sistemas de ventilação conforme já previsto no navio, dependendo da área tomada pela fumaça. - Turma de Primeiros Socorros Todo o pessoal designado para os reparos deverá ser qualificado para aplicar os primeiros socorros no local do sinistro, de modo a prover um tratamento de emergência até que os feridos possam ser transportados para a enfermaria. - Turma de Serviços Gerais É conveniente que cada reparo possua um determinado número de homens de reserva na turma de serviços gerais, para que possa atuar com flexibilidade no reforço de qualquer outra turma ou tarefa. Além disso a organização do reparo, seja ela qual for, não deverá ser considerada como uma limitação às atribuições de seus componentes. A idéia principal que norteia a sua preparação é justamente a de que todos os homens devem ser, na medida do possível, treinados para executar quaisquer das tarefas básicas atribuídas ao grupo de reparo, sendo a organização flexível. O encarregado do reparo distribuirá o pessoal, de acordo com as necessidades constatadas no local. Quando o reparo é composto por um pequeno número de homens, alguns membros dessas turmas podem ser englobados em uma outra, normalmente a de serviços gerais. Isso não quer dizer que aquelas turmas não existam, mas que são criadas somente quando se fizerem necessárias, podendo ter como componentes, por vezes, os mesmos homens. As seguintes combinações são as mais comumente encontradas: •

a turma de bombas compreende a de sondagem; e



a turma de

prevenção de

remoção de escombros compreende a de primeiros

socorros. 8.4 - ALARME DE INCÊNDIO A informação de qualquer suspeita de avaria ou de avaria conhecida é responsabilidade de toda a tripulação de um navio. Qualquer pessoa a bordo, ao defrontar-se com uma avaria (incêndio, fumaça, explosão) deverá informar imediatamente o fato ao passadiço (portaló, se o navio estiver em regime de porto), pelo meio mais rápido ao seu alcance, citando:

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- o tipo de avaria (incêndio, fumaça, etc.); - a localização (nome mais conhecido do compartimento, caverna, convés, bordo etc.); - a extensão da avaria (se conhecida) e - nome, posto ou graduação e número do telefone (se usado) do informante. A informação de uma avaria é a primeira providência a ser tomada. Há uma certa tendência, errada, em relegar essa providência a um plano secundário (especialmente se a avaria for avaliada como de pequena monta) por um impulso natural de sanar o problema pessoalmente. Em casos de incêndio, principalmente, tal procedimento envolve acentuado risco. Qualquer pequeno erro de avaliação poderá transformar um início de incêndio em um sinistro incontrolável. Aquele que decide, erradamente, vencer o incêndio detectado, antes de disseminá-lo, tem contra si algumas hipóteses perigosas tais como: iniciar o combate ao que imagina ser início de incêndio, quando na verdade já poderá ser o foco secundário de um incêndio maior em outro compartimento, ou ferir-se e ficar sem condições de solicitar socorro. A segunda providência, tomada imediatamente após a informação, é dar o combate inicial à avaria. Caso outros militares estejam nas proximidades do sinistro, o controle da avaria pode ser iniciado simultaneamente à disseminação da informação inicial. O Oficial de Serviço, sabendo que ocorre a bordo, fará soar o alarme geral, avisando pelo fonoclama: – “Incêndio no compartimento nome e número tal”. Podem ocorrer duas situações: o navio está com toda sua tripulação a bordo ou está apenas com parte da tripulação a bordo. No primeiro caso, estando toda a tripulação a bordo, ao soar o alarme de incêndio, a tripulação guarnecerá os Postos de Combate. Caso o navio esteja em regime de viagem, e possua a TAR estruturada, deverá ser observado o preconizado no item 8.5. Em Postos de Combate, todos os reparos serão guarnecidos, os acessórios de fechamento do material estarão na condição máxima de estanqueidade (impedindo a propagação do incêndio) e as máquinas inteiramente guarnecidas, para um melhor controle das bombas de incêndio e mesmo para o caso de haver necessidade de o navio suspender em emergência. O reparo responsável pela área incendiada atacará o incêndio e providenciará

a investigação dos

compartimentos vizinhos, fechamento de ventilações, etc. A ECCAV providenciará reforço

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para o reparo da área incendiada, se necessário, por pessoal de outros reparos ou controles (de armamento, máquinas, etc.). Estando apenas parte da tripulação a bordo, o grupo de controle de avarias de serviço guarnecerá, a princípio, o reparo de CAV responsável pela área incendiada. O restante da tripulação formará em local preestabelecido, ficando disponível para quaisquer necessidades. Em ambos os casos, a fim de ser assegurada uma imediata ação de combate ao incêndio, em cada reparo de CAV e no grupo de CAV de serviço, existirão sempre quatro homens experientes escalados para, ao ser tocado o alarme, dirigirem-se de pronto ao local indicado, iniciando o combate às chamas com os meios existentes no local, até que os demais recursos sejam mobilizados. Esses quatro homens constituem a turma de ataque. Navios que estejam a contrabordo de um outro onde seja detectado um incêndio devem também guarnecer Postos de Combate. Com parte da guarnição licenciada, os navios deverão formar toda a guarnição no bordo oposto ao do navio incendiado. Em ambos os casos, correrão, independentemente, as providências afetas ao socorro externo. Essa mobilização das unidades a contrabordo visa: •

prestar apoio direto à faina, se necessário e



mobilizar meios de proteção ao próprio navio, quanto a uma eventual propagação do

fogo. Como precaução, deverão ser estendidas mangueiras no convés e, se houver grande radiação térmica, estabeler uma cortina d’água entre os navios, inclusive com o emprego do sistema de borrifo de descontaminação. 8.5 – TURMA DE ATAQUE RÁPIDO NO MAR (TAR) Na fase inicial de uma avaria, estando o navio em regime de viagem, o combate inicial deverá ser dado com uma “Turma de Ataque Rápido no Mar”, enquanto não for julgado necessário, de acordo com a evolução da situação, o guarnecimento de Postos de Combate. Os Comandantes de Força/Esquadrão deverão determinar nas suas classes de navio, a existência dessa TAR como organização permanente, detalhada em quartos de serviço ou como parte de um detalhe organizado para manobras especiais, tais como fainas de transferência de carga leve ou pesada, fainas de transferência de óleo no mar, operações aéreas , manobras restritas ou fainas de reboque. Possuir turmas fixas para o ataque inicial a qualquer avaria, compostas por homens em serviço permanente ou em serviço por quartos, oferece as seguintes vantagens:

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atender imediatamente a um alarme de incêndio ou alagamento quando os reparos não estiverem guarnecidos;



oferecer

melhor qualidade na ação inicial (pois esses homens são constantemente

adestrados para todas as ações a realizar); •

não interromper outras operações do navio devido a um princípio de incêndio ou alagamento;



controlar incêndios ou alagamentos enquanto estiverem sendo executadas manobras ou fainas críticas, até que estas terminem e os postos de combate possam ser guarnecidos;



não causar atrasos no ataque inicial a uma avaria, devido às rendições de serviço e



não causar modificações na tabela mestra do navio, pois as funções na TAR poderão ser acumuladas com outras funções já desempenhadas por seus componentes e



a maior rapidez na chegada ao local do alarme, por não sofrerem atrasos devido ao estabelecimento da condição “Z” de fechamento por ocasião dos Postos de Combate.

Caso a TAR seja organizada somente como parte de um detalhe para manobras especiais, como em DEM por exemplo, por razões de insuficiência de pessoal para compô-la em serviço permanente ou em serviço por quartos, esta, quando formada, permanecerá no local da avaria até ser rendida pelo pessoal do Grupo de Reparo, guarnecido em Condição 1. Se for organizada em serviço permanente ou em serviço por quartos, responderá por todas as avarias no mar quando o navio estiver numa condição diferente da Condição I. Havendo a necessidade de se guarnecer Postos de Combate, devido à gravidade da avaria, a TAR permanecerá combatendo a avaria até a chegada do grupo de reparo. O encarregado do CAV é o responsável pela organização da TAR e pela qualificação e adestramento do pessoal que a compõe. A TAR poderá ser incorporada inteiramente na organização do CAV durante a Condição I, em um ou mais grupos de reparo.

A TAR será composta pelo pessoal citado na tabela abaixo.

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No DE HOMENS

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FUNÇÃO

MATERIAL

1

LÍDER NA CENA DE AÇÃO

MÁSCARA, MACACÃO, CAPUZ E LUVAS ANTI-FLASH, BOTAS E TRANSCEPTOR UHF/ VHF

1

INVESTIGADOR

MÁSCARA, MACACÃO, CAPUZ E LUVAS ANTI-FLASH, BOTAS E TRANSCEPTOR UHF/ VHF

1

CONTROLADOR DE MÁSCARAS

PRANCHETA, TABELA DE CONTROLE DE TEMPO DAS MÁSCARAS, RELÓGIO, MACACÃO, E LUVAS E CAPUZ ANTI-FLASH

1

LIDER DA TURMA DE ATAQUE (TEAM LEADER)

MÁSCARA, CÂMERA DE IMAGEM TÉRMICA, MACACÃO, CAPUZ E LUVAS ANTI-FLASH, BOTAS E TRANSCEPTOR UHF/ VHF

1

LINHA DE ATAQUE MÁSCARA, MACACÃO, CAPUZ E LUVAS ANTI-FLASH, E BOTAS

1

LINHA DE PROTEÇÃO

MÁSCARA, MACACÃO ,CAPUZ E LUVAS ANTI-FLASH, E BOTAS

1

ELETRICISTA

MÁSCARA, MACACÃO, CAPUZ ANTIFLASH, BOTAS E LUVAS DE BORRACHA, E KIT DE ELETRICIDADE

3

SERVIÇOS GERAIS

MACACÃO, CAPUZ E LUVAS ANTIFLASH, E BOTAS

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Capítulo 9 TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIO

9.1 - TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIOS CLASSE “A” As fainas de combate a incêndio a bordo de navios tem como fator essencial a rapidez da ação dos descobridores e da turma de ataque. O tipo e a distribuição dos compartimentos de bordo podem alterar o planejamento da faina. Em áreas de alojamentos ou camarotes, não se pode planejar um combate a incêndio, considerando apenas um camarote como incendiado. Qualquer demora que permita ao fogo ganhar vulto, e, em conseqüência, a fumaça se espalhar nas proximidades do sinistro, caso as ventilações não sejam rapidamente paradas, vai mudar a característica de um incêndio em um compartimento, para um incêndio em uma área. 9.2 - TIPOS DE ATAQUE As fainas de combate a incêndio classe “A” podem enquadrar-se em duas situações distintas quanto ao o ataque: - Ataque Direto Quando os homens conseguem entrar no compartimento e atacar o incêndio, a técnica a ser utilizada é simplesmente atacar a base do fogo para sua extinção, do seguinte modo (Fig. 9.1):

Figura 9.1 - Ataque direto a um incêndio classe “A”



entrar no compartimento e aplicar diretamente água no foco do incêndio;



manter-se abaixado e, se possível, seco;

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utilizar jato/neblina de forma intermitente, para minimizar a produção de vapor e resfriar os gases quentes em combustão. Atingir a base do fogo;



estabelecer as contenções e resfriar, quando necessário e



não aplicar água nas anteparas e teto desnecessariamente.

- Ataque Indireto Os homens podem ter acesso ao compartimento mas não alcançam a base do fogo devido à presença de obstáculos, ou as condições do incêndio (fase de desenvolvimento) não permitem aos homens a entrada no compartimento, impossibilitando o ataque direto ao fogo. A água em forma de neblina, ou jato sólido, é lançada para o interior do compartimento através de qualquer acessório ou abertura. Após a melhora das condições, passa-se para o ataque direto.

Figura 9.2 - Ataque indireto a um incêndio classe “A”

A técnica deve ser utilizada da seguinte forma: •

Forçar o ataque através da abertura de acessório, ou fazer aberturas no teto e anteparas;



Aplicar água de forma indireta para a redução da temperatura;



Para resfriar o compartimento, aplicar água em neblina através de um acessório ou fazer aberturas em anteparas ou teto;



Estabelecer as contenções – resfriar quando necessário e



Após a melhora das condições, passar para o ataque direto.

- Ataque Indireto – “Fog Attack” – Ganhando o Controle do Incêndio Esse método é americano e é conhecido como “FOG ATTACK”. Não é recomendável empregá-lo com esguicho universal.

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É um tipo de ataque indireto empregado na situação em que é possível o acesso ao compartimento, mas ainda não se consegue atacar o incêndio diretamente devido à alta temperatura, ou devido à existência de algum obstáculo. O ataque visando o controle do incêndio deve ser efetuado empregando o esguicho variável em cone de 600 (neblina de alta). Consiste na aplicação de água na camada de gases quentes na fumaça situada sobre o incêndio e na parte superior do compartimento. Esse método vai causar uma redução da temperatura do compartimento e redução do calor irradiado, diminuindo gradualmente a quantidade de chamas, possibilitando atacar diretamente o fogo. Essa aplicação deve ser feita em jatos intermitentes, de cerca de alguns segundos, para evitar a formação de vapor excessivo, que pode forçar os homens a abandonarem o local. O jato de neblina (600 ) é orientado a 450 da horizontal em direção à camada de gases quentes, aplicado por cerca de 2 ou 3 segundos e feito uma pausa, a fim de se avaliar a situação e permitir que o vapor produzido se dissipe. Ao empregar-se esse método de ataque (Fig. 9.3), deve-se: CONTENÇÃO SUPERIOR NEBLINA DE ALTA

CONTENÇÃO LATERAL

CONTENÇÃO INFERIOR

Figura 9.3 – Ataque Indireto a um incêndio classe “A” – “Fog Attack”



manter-se abaixado e se possível seco;

• utilizar neblina de forma intermitente, direcionando-a para a camada de gases quentes sobre o incêndio controlando, assim, o incêndio no compartimento;

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• realizar pausas para minimizar a produção de vapor e para reavaliar a situação do incêndio; • avançar para atingir a base do fogo. Ajustar o esguicho para jato sólido/neblina; e • estabelecer as contenções - resfriar quando necessário. 9.3 - DESCOMPRESSÃO E ENTRADA FORÇADA OU COMPULSÓRIA As altas temperaturas e a grande quantidade de fumaça presentes num incêndio, queimando por longo período dificultam, sobremaneira, o acesso das equipes para o efetivo combate. O aumento da quantidade de calor e de fumaça geradas vão prosseguir durante a fase de incêndio desenvolvido, só diminuindo

na fase de queda de

intensidade. Nessa situação, pode ser necessário descomprimir um compartimento, para permitir que as elevadas temperaturas baixem para níveis menores e que se reduzam as quantidades de fumaça e gases, permitindo à equipe avançar para promover a aplicação direta ou indireta do agente extintor. A faina de descompressão compreende a abertura de algum acessório ou o corte da chapa na parte superior do compartimento sinistrado, permitindo a liberação desses gases quentes para a atmosfera. Se for necessário fazer um furo, cortando-se a chapa, deve-se ter em mente que quanto maior o furo mais rapidamente a redução da temperatura ocorrerá. O pessoal deverá estar vestido com roupa de aproximação para combate a incêndio, pois ao ser feita essa abertura, fogo fumaça e vapor vão sair pela mesma. - Ataque Direto a um Incêndio Classe “A” Com Descompressão para a Atmosfera

Figura 9.4 - Ataque direto a um incêndio classe “A” com descompressão para a atmosfera

deve-se (Fig. 9.4): •

abrir um acessório ou fazer uma abertura na parte superior do compartimento;



descomprimir para a atmosfera, a fim de reduzir a temperatura;



aplicar diretamente a água sobre a base do fogo, após a redução da temperatura;



não direcionar a água da contenção superior para a abertura;

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após a redução da temperatura, empregar um dos métodos anteriores e



estabelecer as contenções – resfriar quando necessário.

- Ataque indireto a um incêndio classe “A” com descompressão para a atmosfera

Figura 9.5 - Ataque indireto a um incêndio classe “A” com descompressão para a atmosfera

Deve-se (Fig. 9.5): • abrir um acessório ou fazer uma abertura na parte superior do compartimento; •

descomprimir para a atmosfera para reduzir a temperatura;



forçar o ataque através da abertura do acessório, ou fazendo aberturas no teto e nas anteparas;



aplicar água indiretamente para a redução da temperatura;



não direcionar a água da contenção superior para a abertura;



aplicar água em neblina por meio de um acessório ou fazer aberturas no teto e nas anteparas, para resfriar o compartimento;



empregar um dos métodos anteriores, após a redução da temperatura e



estabelecer as contenções – resfriar quando necessário.

9.4 - TÉCNICAS NO ATAQUE INDIRETO Para o ataque indireto, deve-se: •

aplicar água continuamente por cerca de cinco a dez minutos no início do ataque;



abrir o acessório apenas o suficiente para a passagem do esguicho ou do jato de água;



cortar apenas o suficiente para a passagem do esguicho ou aplicador (caso haja necessidade de se fazer uma abertura / furo);



utilizar uma cortina ou cobertor de fumaça, se necessário, para reduzir a quantidade de vapor que sai do compartimento;



posicionar os homens de maneira a que se protejam do calor irradiado e da exposição ao vapor;

• 8a edição

iniciar, assim que possível, o ataque subseqüente.; 9- 5

Manual de Combate a Incêndio



isolar o compartimento, manter as contenções e voltar a realizar o ataque entre dois e três minutos depois. Repetir tal procedimento enquanto necessário, caso não seja possível manter o ataque e



O aplicador de neblina de baixa, pode ser usado. Preferencialmente empregar esguicho variável em neblina, pois isto vai permitir o ataque, logo que possível, com o mesmo esguicho.

9.5 – TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIOS CLASSE “B” O combate a incêndios desta classe envolve o problema da grande produção de fumaça negra e altas temperaturas produzidas, principalmente em se tratando de fogo em óleo pulverizado ou espalhado numa grande área. Incêndios em paióis de tintas produzem grande quantidade de gases altamente tóxicos. Os agentes extintores a serem utilizados são a espuma AFFF, o Pó Químico e o APC. Na ausência desses agentes, deve ser previsto um período maior de combate ao incêndio, um maior desgaste do pessoal e um maior número de homens e de ampolas/tambores geradores de oxigênio. Devido ao grande risco que representam, a maioria dos compartimentos onde existe grande quantidade de combustíveis, tintas, graxas etc., é servida por sistemas fixos de extinção de incêndio dos tipos borrifo de espuma ou borrifo de água, ou alagamento por CO2 / halon. - Incêndio em fritador de cozinha Esse tipo de incêndio geralmente é resultante do sobreaquecimento do óleo utilizado e da falta de atenção dos homens que lá trabalham. •

As cozinhas e copas devem possuir, em local de fácil visualização, instruções claras e objetivas, para a desalimentação dos equipamentos (isolamento elétrico) e parada de ventilações/fechamento de flapes (isolamento mecânico).



Os fatores que contribuem para a intensidade do fogo e a sua propagação são: demora na descoberta do incêndio; dutos e telas da extração sujos e cheios de óleo; espalhamento das chamas para as proximidades por má utilização do agente extintor (utilizar espuma lançando-a diretamente sobre o óleo).



O sinal de sobreaquecimento é a produção de fumaça branca sobre o óleo. Quando isso ocorrer deve-se desligar o fritador e colocar a tampa sobre o mesmo, abafando-o por pelo menos cinco minutos, aguardando o óleo resfriar. Se ocorrer o incêndio, deve ser dado imediatamente o alarme, desalimentado o equipamento

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e iniciado o ataque. Nos navios, que possuem sistema de APC, deve-se empregar a mesma técnica. •

No caso de não se possuir esse sistema empregar extintores de espuma AFFF ou de PKP lançado a partir de uma distância adequada, para evitar queimaduras caso o óleo respingue.



A espuma deve ser lançada sobre o óleo escorrido, cobrindo-o e consequentemente, abafando as chamas.



Caso o incêndio não seja extinto deve-se providenciar uma linha de mangueira com esguicho variável e entrelinhas, ou NPU/FB 5X com proteção, e reiniciar o ataque ao incêndio.

- Incêndio em Praça de Máquinas As praças de máquinas são ambientes de alta temperatura, onde existem grandes quantidades de combustiveis, lubrificantes e equipamentos elétricos energizados. Nos navios, a ocorrência de vazamentos de óleos combustíveis ou lubrificantes podem ocorrer por fadiga de material, falta de manutenção adequada ou má condução. As dificuldades inerentes a um incêndio em uma praça de máquinas são: •

grande quantidade de fumaça negra, dificultando a evacuação da praça afetada e impossibilitando a localização dos focos do incêndio;



dificuldades de acesso, pois a descida vertical representa risco para o pessoal, e o fogo e fumaça se concentram na parte superior da praça de máquinas e



as altas temperaturas envolvidas num incêndio classe “B”.

Os navios devem possuir uma doutrina de combate a incêndio em praça de máquinas, visando disseminar procedimentos a serem adotados, na ocorrência de um grande vazamento de óleo combustível (ou lubrificante) ou de um incêndio classe “B” em suas praças de máquinas. Além disso, a utilização adequada de cada sistema e equipamentos de combate a incêndio, empregados nessa situação, deve ser do conhecimento de todos. Esta faina envolve ações complexas, com grande quantidade de pessoal e material, requerendo organização, conhecimento da cena de ação, interação e rigorosa coordenação do pessoal, sendo essencial o uso de listas de verificação pelas diversas estações envolvidas.

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9.6 – TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIOS CLASSE “C” Os procedimentos para o combate a incêndios da classe "C" visam à segurança do homem e a preservação da capacidade de combate do navio (ou de operação do equipamento). Incêndios em equipamentos energizados devem ser combatidos com CO2 ou halon, que são agentes extintores limpos, ou com pó químico seco. Este último deixará resíduos que podem ser de difícil remoção, ou podem até mesmo danificar relés ou contatos elétricos delicados. Fainas de combate a incêndio classe “C” são mantidas como desta classe, até que seja impossível o seu controle e extinção, sem a utilização de grande quantidade de água. Para o combate a incêndios da classe “C”, deve-se: •

desalimentar o equipamento;



iniciar o combate ao fogo, verificando a necessidade de abrir ou não portas de gabinetes ou painéis. É recomendável a utilização de luvas isolantes;



empregar preferencialmente CO2. Se for necessário utilizar água, porém deve-se aguardar autorização do Comando, pois equipamentos vitais ou mesmo sistemas podem ser avariados e colocar o navio numa situação difícil. Se for autorizado, utilizar água em neblina de alta velocidade a uma distância mínima de dois metros. Utilizar água doce, se disponível. Não utilizar jato sólido e



manter o difusor fora do painel ou gabinete, tomando o cuidado de não ter nenhum contato físico com partes possivelmente alimentadas, para prevenir choque elétrico.

9.7 - PREPARAÇÃO PARA A ENTRADA EM UM COMPARTIMENTO Após uma tentativa inicial de combate a um incêndio em um compartimento ou em uma área, dependendo das proporções do mesmo, pode ser necessário adotar os seguintes procedimentos: isolar o compartimento, incrementar as contenções, realizar o isolamento mecânico e elétrico, empregar algum tipo de sistema fixo, se disponível, e reiniciar o ataque ao incêndio com pessoal melhor protegido e melhor equipado. Se após o abandono do compartimento for efetuado o lançamento do Halon ou CO2, através de sistema fixo, serão necessários pelo menos quinze minutos ou três quedas de temperatura, sendo a última inferior a 100ºC, para essa reentrada (aguardando a reação química e extinção pelo halon ou a extinção total por abafamento pelo CO2). A preparação do pessoal e do material para esse novo ataque deve ser a mais rápida possível.

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As mangueiras devem ser preparadas sob orientação do líder, ou investigador, que verifica se as linhas não estão se cruzando ou formando cocas. O ideal é a preparação das linhas estendidas fazendo um “S” na extensão da área de acesso. Dependendo da classe do navio, pode ser necessária a preparação de três linhas de mangueira. Uma delas será a “linha de proteção do navio”, que deve ser posicionada no ponto de acesso ao compartimento, fazendo a proteção através da selagem, reduzindo a saída de fogo, gases quentes e fumaça. Essa linha pode correr pelo alto, fixada através de ganchos tipo “S”, para não interferir com as linhas de mangueira de combate ao incêndio. Em diversas situações, como em fainas de combate a incêndio em praças de máquinas, ou em outros locais sensíveis, é recomendável que os navios preparem o esquema do dispositivo de mangueiras a ser utilizado, incluindo as tomadas de incêndio que serão empregadas, a função de cada mangueira, inclusive para as contenções, lembrando que é grande a possibilidade da existência de fumaça nas proximidades da área afetada. Será necessária a existência de um esquema alternativo, utilizando extensões com mangueiras de 2½” ou passagens de mangueiras por anteparas. As condições do compartimento afetado devem ser verificadas antecipadamente, monitorando-se a temperatura das anteparas próximas ao acesso que será utilizado. Além disso, é necessário confirmar se esse é o acesso mais seguro. As condições poderão ser verificadas através do visor existente na porta, se houver. 9.8 - PROCESSO DE ABERTURA DO ACESSO E ENTRADA EM UM COMPARTIMENTO - Portas A abertura de portas pode ser feita de duas maneiras: •

se a porta abrir para dentro, é recomendável passar um cabo de segurança para garantir uma abertura gradual, sob a proteção de uma linha de mangueira em neblina de alta velocidade ou padrão semelhante;



se a abertura for para fora, um dos homens deve garantir uma abertura gradual, utilizando as mãos (com luvas) ou os pés (com botas), também sob a proteção de uma linha de mangueira em neblina de alta velocidade ou padrão semelhante.

Na existência de uma linha de proteção do navio, esta já deve estar posicionada para realizar a proteção quando da abertura do acessório. O posicionamento dos homens (dos esguichos) vai depender da classe do incêndio e do tipo de esguicho utilizado. Em um incêndio classe “B”, quando empregados 8a edição

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esguichos tipo FB 5X ou NPU, essa linha de mangueira sempre precisa de uma linha de proteção, pois o tipo de jato não provê proteção ao homem. A linha de proteção se posiciona ligeiramente adiantada, sendo o jato de espuma utilizado através da mesma. Uma distância suficiente deverá ser mantida entre as linhas de mangueira para permitir-lhes manobrabilidade. Quando, por problemas de dificuldade de acesso, somente houver possibilidade de emprego de uma linha de mangueira com esguicho variável ou universal, antes da mangueira de ataque penetrar no compartimento, uma segunda mangueira deve estar pronta e guarnecida de modo a prestar auxílio à primeira, como reserva. - Escotilhas O acesso vertical a um compartimento é o mais difícil. Quando da sua abertura grande quantidade de fumaça, gases quentes e chamas vão se espalhar para a área de acesso. Os homens devem estar protegidos, e uma linha de proteção deve imediatamente ser posicionada para reduzir tal efeito. Serão apresentados aqui métodos já testados a bordo de navios que oferecem boa proteção, mesmo na presença de chamas. O processo de descida a ser apresentado considera a existência de um acesso vertical, como uma escotilha, seguido por uma escada vertical ou quase vertical. Para o ataque quase vertical, se a escada permitir que o homem desça de frente, a posição ideal é trazer o esguicho sobre o ombro. Se não for possível a descida de frente, a mangueira deve ser passada sobre o ombro e o esguicho preso sob sua axila, de modo que a neblina de alta velocidade proteja suas costas. - Incêndio Classe “A” •

Se possível, estabelecer uma linha de proteção do navio (neblina de água) no acesso a ser aberto. Essa linha permanece nessa posição durante toda a faina, prevenindo ou reduzindo a passagem do calor e fumaça para a área da reentrada.



Com o dispositivo pronto, equipamento testado e homens posicionados, faz-se o resfriamento da escotilha de acesso. O líder da turma de incêndio determina a abertura e o travamento da escotilha, enquanto o número um da linha de proteção e o homem da linha de proteção do navio mantêm a água aberta, resfriando o acesso.



A mangueira de ataque é arriada aberta até cerca da metade da altura do compartimento e feito um movimento circular na mesma de modo que a água do esguicho cubra uma grande área próxima ao acesso, resfriando o compartimento.

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Quando conveniente, a mangueira é içada. O número um dessa linha posiciona seu esguicho no local do esguicho da linha de proteção, permitindo assim que o homem da linha de proteção inicie a descida. •

O número 1 da linha de proteção passa a mangueira para o seu número 2 (ou líder da turma de incêndio - “team leader”, na falta deste), e se posiciona na parte superior da escada (sob proteção da linha de proteção do navio, se houver). Quando seus ombros estiverem na altura da gola da escotilha, o número 1 recebe o esguicho aberto e o prende com seus braços, de modo que a neblina seja direcionada para trás de seu corpo, protegendo-o. Inicia a descida. Ao chegar na parte inferior da escada, dá três chutes na mesma, sinalizando que está em posição, se posiciona de frente e direciona seu esguicho para o foco do incêndio. Afasta-se da escada, agacha-se e aguarda a chegada do resto da turma.



O número 1 da linha de ataque passa a mangueira para o seu número 2 (ou líder da turma de incêndio, na falta deste), e se posiciona na parte superior da escada. Quando seus ombros estiverem na altura da gola da escotilha, o número 1 recebe o esguicho aberto e o prende com seus braços, de modo que a neblina seja direcionada para trás de seu corpo, protegendo-o. Inicia a descida. Ao chegar na parte inferior da escada, dá três chutes na mesma, sinalizando que está em posição, se posiciona de frente e direciona seu esguicho para o foco do incêndio. Afasta-se da escada, posicionando-se ao lado do número 1 da linha de proteção, agacha-se e aguarda a chegada do líder da turma de incêndio.



O líder da turma de incêndio (o operador da câmara de imagem térmica) é o terceiro homem a descer. Apenas após a sua chegada e seu posicionamento atrás dos números 1 das linhas de proteção e ataque, a localização do foco do incêndio e a verificação que todos estão protegidos, o ataque é iniciado.



Os demais homens coordenam a descida das mangueiras, “pagando a mangueira” suavemente conforme necessário, e se distribuem ao longo das linhas de mangueiras, descendo quando necessário.

- Incêndio Classe “B” •

Estabelecer uma linha para proteção do navio (neblina de água) no acesso a ser aberto. Essa linha permanece nessa posição durante toda a faina, prevenindo ou reduzindo a passagem do calor e fumaça para a área da reentrada.

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Com o dispositivo pronto, equipamento testado e homens posicionados, faz-se o resfriamento da escotilha de acesso. O líder da turma de incêndio determina a abertura e o travamento da escotilha, enquanto o número um da linha de proteção e o número um da linha de proteção do navio, mantêm a água aberta, resfriando o acesso.



O número um da linha de ataque faz um breve lançamento de espuma na escada e na área de acesso.



O número um da linha de proteção passa a mangueira para o seu número dois e se posiciona na parte superior da escada, sob a proteção das duas linhas de mangueira. O número um, então, recebe o esguicho aberto e o prende com seus braços, de modo que a neblina seja direcionada para trás de seu corpo, protegendo-o e inicia a descida. Ao chegar à parte inferior da escada, dá três chutes na mesma, sinalizando que está em posição. Afasta-se da escada e se posiciona de frente para o foco do incêndio, se visível, e aguarda a chegada da linha de ataque.



o número um da linha de ataque passa a mangueira para o seu número dois ou para o líder e, se posiciona na parte superior da escada, sob a proteção da linha de proteção do navio. O número um, então, recebe o esguicho aberto e o prende com seus braços, de modo que a neblina / jato seja direcionada para trás de seu corpo, protegendo-o e inicia a descida. Ao chegar na parte inferior da escada, dá três chutes na mesma, sinalizando que está em posição. Afasta-se da escada e, se posiciona ao lado da linha de proteção, iniciando o ataque, após a chegada do líder da turma de incêndio.



o terceiro homem a descer é o líder da turma de incêndio, que portará a câmera de imagem térmica e o transceptor VHF.



Os demais homens coordenam a descida das mangueiras e se distribuem ao longo das mesmas, descendo quando necessário e se posicionando entre as linhas de mangueira.

9.9 - OBSERVAÇÕES E RECOMENDAÇÕES •

O ataque ao incêndio deve ser feito, sempre que possível, em um único sentido, coordenadamente, quer sejam empregados extintores ou mangueiras.

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O ataque conjunto, com dois extintores ou duas linhas de mangueira, é sempre mais eficaz que o ataque singelo, apesar de, às vezes, ser impossível colocar dois homens na faina, devido à restrição de espaço.



Na impossibilidade do ataque ser feito com duas linhas de mangueira, pode ser utilizada apenas uma linha, mantendo-se uma segunda linha pronta para entrar em ação. A segunda linha deverá estar guarnecida e pressurizada antes da entrada da primeira linha no compartimento.



O ataque conjunto não deve partir de direções opostas, pois pode colocar em risco a segurança do grupo menos agressivo. Se for necessário realizar o ataque indireto coordenado de diferentes direções, é essencial que exista um meio de comunicação eficiente entre as duas turmas de incêndio.



Durante o ataque ao foco do incêndio com esguichos, a água ou espuma, deve ser dirigida sobre o fogo, de baixo para cima, ou em um movimento do homem até o fogo.



No momento em que se ataca o fogo com espuma, ou água, deve ser esperado uma violenta reação da combustão, deslocando os gases quentes e produzindo uma “bola de fogo,” que poderá se deslocar na direção da turma de incêndio. O líder da turma de incêndio deve certificar-se de que todos estão protegidos para só então iniciar o ataque. No ataque inicial ao fogo esses homens devem se manter abaixados, até que diminua esse tipo de reação.



Os homens, combatendo o incêndio, devem sempre procurar se proteger do calor irradiado atrás de obstáculos.



Deve ser levado em consideração que, na fase inicial, o material que está queimando provavelmente está concentrado apenas na parte inferior do compartimento. Com um pouco mais de tempo, o material na parte superior (cabos elétricos, isolamento térmico, luminárias etc.) começa a se incendiar. Após um período longo, quase todo o material na parte inferior já queimou, restando algumas brasas, e a concentração de gases quentes e material incandescente está na parte superior do compartimento. Essas considerações visam orientar a turma de incêndio para que, na ausência de visibilidade e de Câmara de Imagem Térmica, seguindo seus sentidos (sensação de calor e audição) e essas observações, dirija o jato do agente extintor sobre a localização provável dos focos do incêndio.



Se possível a água não deve ser aplicada continuamente. Sua utilização intermitente reduz a formação de vapor, a quantidade de água embarcada e permite uma

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reavaliação constante da situação do incêndio. Deve ser sempre levada em consideração a quantidade de água embarcada. •

A água deve ser dirigida para a área em combustão e não cegamente dentro da fumaça. A prática de aplicar água continuamente e sem um padrão estabelecido com todos os esguichos durante o ataque deve ser desencorajada. Esse procedimento provoca um distúrbio no balanço térmico do compartimento, fazendo com que seja produzida uma grande quantidade de vapor, antes que os homens tenham a chance de avançar em direção ao fogo.



A espuma é o melhor agente extintor para incêndios classe “A” e “B”, apesar de existir em quantidade limitada a bordo.



O pessoal que já foi empregado na faina, após a rendição, deve ser levado para um lugar fresco e com ventilação adequada; ser umedecido na cabeça, face, braços, etc. e receber grande quantidade de água gelada (de 0,5 a 1 litro) para repor o líquido perdido na faina.



Em situações com grande quantidade de fumaça, marcadores (Sealume) podem ser utilizados para marcar componentes dos reparos, escadas, portas, saídas, etc.



A bordo dos navios, a fumaça e os gases quentes se concentram na parte superior de compartimentos e corredores. Esse fato deve ser considerado para o combate ao incêndio, para a realização de contenções e para a limitação da fumaça.



Em grandes incêndios, o tempo de permanência geralmente será limitado pela resistência dos homens e será menor que o tempo de utilização das máscaras, sendo portanto, necessário prever a rendição dos mesmos com antecedência.

9.10 - ADESTRAMENTO A tripulação deverá estar instruída com relação aos procedimentos de emergência e uso dos equipamentos de combate a incêndio. Todos devem conhecer a localização dos equipamentos de CAV e o emprego dos equipamentos fixos e portáteis, tais como: tomadas de incêndio, mangueiras, esguichos, chuveiros automáticos, sistema de neblina de água, sistema de espuma, sistema de CO2, sistema de pó químico, sistema de halon, extintores portáteis, roupas de proteção e máscaras existentes, conforme o tipo de navio. O adestramento eficaz alerta cada tripulante de que ele faz parte de um sistema de segurança e que, por esta razão, deve estar familiarizado com as instalações do navio, bem como a localização e operação de equipamentos, como: intercomunicadores, sistemas de alarme, sistemas fixos de detecção, telefones, extintores portáteis e estações de incêndio.

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Como regra na Marinha, “se treina como se combate e se combate como se treinou”. Assim, os exercícios de combate a incêndio devem ser conduzidos com realismo: utilizando equipamentos de proteção individual, partindo geradores de emergência, colocando em funcionamento bombas portáteis, segregando redes, etc. Os exercícios devem ser programados diversificando-se as áreas afetadas, de modo que a tripulação se condicione às várias situações possíveis, identificando os recursos disponíveis e os perigos existentes em cada setor do navio. Deste modo, em caso de incêndio, aumentamse as chances de se resolver o problema rapidamente.

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Capítulo 10 DOUTRINA DE COMBATE A INCÊNDIO EM PRAÇAS DE MÁQUINAS

10.1 - INTRODUÇÃO

As praças de máquinas caracterizam-se por serem ambientes de alta temperatura, possuindo grandes quantidades de combustíveis, lubrificantes e equipamentos elétricos energizados. Os incêndios da classe “B” podem ter como origem vazamentos de óleo combustível ou lubrificante, resultando em emissão de grande quantidade de fumaça negra e gases tóxicos. A grande quantidade de fumaça negra produzida vai causar a perda de visibilidade na área, dificultando a visualização dos focos de incêndio, impossibilitando a permanência no local sem máscara apropriada e, também, dificultando o abandono da praça. As dificuldades de acesso para o combate ao incêndio com descida vertical, fogo, fumaça na parte superior da praça e as altas temperaturas envolvidas são outra parte do problema. A complexidade das ações , com grande quantidade de pessoal e material, requer organização, rigorosa coordenação e o uso de listas de verificação pelas diversas estações envolvidas. Esta faina de controle de avarias requer adestramento, a prática constante de exercícios e uma correta e freqüente manutenção do material de CAV. Devem ser criadas, em cada navio, listas de verificação que incluam cada ação a ser tomada, desde a fase em que se busca sanar uma avaria operacional, enquanto for apenas um vazamento, até a fase de combate a um incêndio na praça de máquinas, se as ações citadas anteriormente não atingirem o efeito desejado. Estas listas especificam o que deve ser feito em cada estação e a seqüência em que as ações devem ser preferencialmente tomadas, no mar ou no porto. As listas devem estar disponíveis na estação central de CAV, centro / estação de controle da máquina, reparo das praças de máquinas, estação Secundária de CAV, e de posse do líder da cena de ação. 10.2 - DEFINIÇÕES - Grande Vazamento de Óleo É qualquer vazamento de óleo combustível ou lubrificante sob forma pulverizada, ou um vazamento visível e incontrolável, com óleo se espalhando para fora do sistema em que opera. Um vazamento sob forma pulverizada é o que apresenta maior risco, devido à maior facilidade de vir a se inflamar e, quando inflamado, produzir grande quantidade de calor e fumaça. 8a edição

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- Pequeno Vazamento de Óleo É um gotejamento ou merejamento visível de óleo combustível ou lubrificante, oriundo de uma rede, flange, conexão, junta, etc. - Controle de Fumaça O controle de fumaça compreende o estabelecimento de procedimentos para os sistemas de ventilação do navio (principalmente das praças de máquinas), e o estabelecimento dos limites de fumaça (primários, AV e AR, e secundários, AV e AR), para limitar ou reduzir o espalhamento da fumaça produzida no incêndio. - Parede D’Água e Cortina de Aproximação Esta parede é um dos padrões de jato ou neblina de água (ou espuma) produzidos por esguichos do tipo variável, que se caracteriza pela formação de um cone de 110º a 180º, dependendo do modelo do esguicho utilizado. Essa parede, ou cortina, oferece proteção ao homem do calor irradiado pelo incêndio, ou pode ser utilizada para fazer a selagem de um acessório aberto. - Linha de Proteção do Navio Linha de proteção do navio é a linha de mangueira com esguicho utilizada para produção de neblina de baixa velocidade, parede d’água ou cortina de aproximação, que deve ser posicionada no ponto de acesso ao compartimento. Ela fará a proteção através da selagem do acesso ao mesmo, evitando, ou reduzindo, a saída de fogo, gases quentes ou fumaça. Essa linha deve correr pelo alto, fixada através de ganchos tipo “S”, para não interferir com as linhas de mangueira que descerão na Praça de Máquinas. - Cortinas e Cobertores de Fumaça As cortinas de fumaça são peças de lona ou plástico reforçado, podendo ser compostas por duas partes que se transpassam, fechadas com a utilização de velcro, para garantir melhor vedação. São fixadas às golas de passagem das portas ou escotilhas através de grampos. Podem ser utilizadas cortinas, ou cobertores, de fumaça nos acessórios que devam ser freqüentemente abertos para permitir a passagem de pessoal e material para o combate ao incêndio, ou em acessórios avariados, funcionando como um limite de fumaça. Porém, devem ser mantidas bem fechadas e com um homem como vigia. A utilização de grampos tipo “C” permite sua fixação nas golas de passagens ou de escotilhas.

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- Zona de Abafamento É a zona compreendida entre os limites primários e secundários de fumaça. É criada para se estabelecer uma atmosfera parada, sem fluxo de ar, para evitar a adição de ar fresco nessa zona e no incêndio, devido ao perigo que representa a presença de gases quentes provenientes da queima incompleta de combustíveis. O contato desses gases quentes com o ar fresco pode formar uma mistura explosiva, por “fecharem” o triângulo do fogo. 10.3 - GRANDE VAZAMENTO DE ÓLEO Um grande vazamento de óleo deve ser considerado um risco à segurança do navio tão grande quanto um incêndio, devendo ser tratado como tal, e cujas ações corretivas devem ser pré-planejadas e tomadas imediatamente. Serão apresentadas a seguir as principais providências a serem tomadas, na seqüência em que as mesmas devem preferencialmente ocorrer. - Ações Imediatas •

Informar o vazamento Após o descobrimento de um grande vazamento, a disseminação de tal ocorrência deve ser imediata, de modo que tal informação chegue ao chefe-de-quarto da máquina, e esse tome as providências necessárias, informando imediatamente ao oficial de quarto, ou de serviço, e sejam guarnecidos os postos de combate.



Isolar o vazamento Após a detecção de um vazamento de óleo, todo o esforço deverá ser feito para defletir, reduzir o fluxo ou isolar o óleo, de modo a minimizar a possibilidade do óleo atingir algum “ponto quente” da Praça de Máquinas, o que acarretaria na sua ignição. O uso de trapos ou baldes podem, muitas vezes, evitar um grande incêndio. A atuação em local ou remoto, fechando válvulas de interceptação, parando bombas e equipamentos, permite o controle e o isolamento do vazamento.



Ativar e aplicar a espuma O pessoal na cena de ação ativa a espuma do dispositivo de duplo agente, ou guarnece uma mangueira com esguicho FB 5X/ NPU, usando o AFFF para remover o óleo acumulado nos estrados, equipamentos e anteparas, espalhando o mesmo e jogando-o no porão, cobrindo-o posteriormente com a espuma. Na indisponibilidade de espuma, usar água salgada. Em alguns navios tal ação pode ocorrer ao mesmo tempo em que é lançada espuma através das tomadas ou do

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borrifo de porão. Portando, a utilização de água não deve comprometer a camada de espuma em formação. O chefe-de-quarto da máquina deve providenciar que a estação geradora de espuma seja guarnecida para o eventual recompletamento do tanque, ou que seja preparado e efetuado o lançamento de espuma no porão através das tomadas existentes. •

Colocar ventilação negativa na Praça afetada O chefe-de-quarto deve providenciar que as ventilações da praça afetada sejam paradas, mantendo somente as extrações em funcionamento.

10.4 - AÇÕES EM UM GRANDE VAZAMENTO DE ÓLEO COM INCÊNDIO Incêndio classe “B” em Praça de Máquinas Um incêndio pode irromper de um vazamento não-detectado, ou resultar do contato do óleo que está vazando com superfícies quentes. Algumas ações são tomadas ainda em condição III, como parte de procedimentos de avarias operacionais, enquanto ocorre o guarnecimento da condição I. Os homens que estão tomando as ações iniciais só abandonam o local após rendidos pelo pessoal dos reparos, informando-lhes das ações já executadas. Esses darão prosseguimento nas tarefas iniciadas pelo pessoal de serviço. - Ações Imediatas •

Informar o incêndio O incêndio deve ser disseminado rapidamente de modo que esta

informação

chegue ao chefe de quarto da máquina, e então possa ser divulgada em fonoclama, e sejam guarnecidos, rapidamente, os Postos de Combate. •

Isolar a fonte / dar o primeiro combate O descobridor deve tentar isolar a fonte do vazamento, que está alimentando o incêndio e iniciar o combate com extintor portátil. Se grande quantidade de fogo e fumaça estiverem presentes deve-se guarnecer máscaras de escape de emergência, onde houver, e evacuar o compartimento. Não devem ser usadas máscaras de escape para combater o incêndio. Após deixar o local, informar ao líder e ao encarregado do reparo a situação do incêndio, localização, providências tomadas, perigos nas proximidades, se há alguém na praça de máquinas, etc.



Efetuar o lançamento de espuma / guarnecer a estação geradora de espuma. Deve ser efetuado o lançamento de espuma no porão, através das tomadas existentes no convés, ou através do sistema de borrifo de porão, de modo a prover a selagem dos

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vapores combustíveis do óleo derramado no porão. Deve-se evitar o uso de espuma proveniente da mesma estação geradora para o combate ao incêndio e para o borrifo. Nos navios que possuem estação geradora de espuma, o chefe de quarto, ou o encarregado do reparo, deve providenciar o imediato guarnecimento da mesma, para garantir o recompletamento de seu tanque, por um homem do quarto de serviço ou do reparo de CAV. •

Prevenir e controlar avarias Deve ser providenciado o isolamento do maquinário que estiver operando nas proximidades do vazamento para controlar a avaria. Além disso, mantém-se ou não, o funcionamento os equipamentos localizados em espaço não-afetados, como apropriado, a fim de manter a propulsão, a geração de energia e a pressão da rede de incêndio.



Alterar o sistema de ventilação para os compartimentos, providenciando que o sistema de ventilação seja colocado como a seguir: Na praça de máquinas afetada, colocar pressão negativa, ou seja: parar a ventilação e colocar apenas um motor de extração ou colocar a extração em alta e a ventilação em baixa. Na praça de máquina não-afetada, colocar pressão positiva. Isso visa prevenir que a fumaça existente nas proximidades do compartimento afetado penetre nos compartimentos não afetados. A decisão de parar o sistema de ventilações deverá ser tomada na cena de ação. No combate inicial ao incêndio a extração da fumaça e a renovação de ar provêem maior tempo de permanência na área ao descobridor e/ou turma de ataque, que estarão sem as máscaras de combate a incêndio, permitindo extinguir o incêndio ainda no seu princípio.



Ações concorrentes Essas são as ações a serem tomadas se houver disponibilidade de tempo e pessoal, na fase de transição de condição III para condição I, podendo ser tomadas já em condição I: •

providenciar o envio de extintores extras à cena de ação e



providenciar o isolamento mecânico e elétrico da praça de máquinas afetada; com exceção de equipamentos de combate a incêndio, iluminação e ventilação.



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Ações de controle de avarias

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estabelecer os limites de incêndio e fumaça em torno do compartimento afetado, a fim de prevenir a propagação do incêndio e o espalhamento da fumaça;



realizar as contenções, tendo especial atenção à propagação do incêndio nos seus limites verticais. Se necessário, deve ser providenciado o isolamento elétrico e mecânico nesses limites;



providenciar a rápida rendição da turma de ataque pela turma de suporte “A” ou turma de incêndio;



providenciar a rendição dos homens da turma de suporte “A” pela turma de suporte “B”;



providenciar, se necessário, a rendição dos homens da turma de incêndio (turma de suporte “B”) antes do término do tempo de suas máscaras;



no caso de incêndio fora de controle, lançar halon / CO2 , quando disponível;



realizar, paralelamente ao combate ao incêndio, o esgoto do compartimento, se necessário e



providenciar, após a extinção do incêndio e o resfriamento da área, a remoção da fumaça, o esgoto do compartimento e o teste da atmosfera do compartimento.

Incêndio classe “B” fora de controle em praça de máquinas Um incêndio classe “B” sendo alimentado por uma fonte de vazamento que não pode ser isolada, ou ocorrendo há muito tempo, pode se tornar um incêndio fora de controle. –

Evacuação A decisão de evacuação da Praça de Máquinas é uma das mais críticas a serem tomadas . As seguintes condições devem ser levadas em consideração, para se avaliar o porte do incêndio e a possibilidade ou não de continuar o ataque: •

A fonte do vazamento, se pressurizada, pode ser isolada?



O incêndio ocupa uma área pequena?



É possível controlar o incêndio?

Respostas afirmativas para as questões acima são uma boa indicação de que o combate ao incêndio pode prosseguir, porém há outras questões: •

Existe o perigo de o pessoal ser cercado pelo fogo?



A quantidade de fumaça no compartimento é grande e está se espalhando rapidamente?



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Existe alguma dúvida em relação a alguma das questões acima?

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Respostas afirmativas para essas novas questões determinam a evacuação do compartimento. Uma vez tomada essa decisão, todo o pessoal na praça deve abandona-la. Os que evacuaram a praça devem se dirigir ao reparo que presta apoio preferencial à praça afetada e informar a situação do incêndio e os sistemas e equipamentos que puderam ser isolados. Após a saída de todo o pessoal, que deverá ser verificada pelo mais antigo e pelo líder, todos os acessórios estanques deverão ser fechados e isolados. Nos navios que dispõem de borrifo de teto, tal dispositivo pode ser utilizado neste momento. Caso disponível, o sistema fixo de halon (ou CO2), após cumpridos todos os requisitos para seu emprego, deverá ser utilizado. Deve ser então realizada a remoção da fumaça da área de acesso, caso esta esteja contaminada. Isto permitirá melhores condições para a preparação da reentrada. Uma rigorosa contenção deve ser mantida em todos os limites primários do incêndio. –

Lançamento do CO2 / halon O cumprimento das seguintes ações deve ser verificado, pelo ECCAV e o reparo da área, antes da autorização para o lançamento: •

se o sistema de ventilação da praça foi parado, e os flapes e tampas dos dutos de extração e ventilação foram fechados;



se foi realizado o completo isolamento mecânico e elétrico da praça afetada, inclusive iluminação, fechar as tampas de tubos de lançamento de espuma, etc.;



se foi verificado o posicionamento das válvulas do sistema fixo e



se todo o pessoal que estava no compartimento realmente abandonou o local.

Antes do lançamento do CO2 ou halon, deve ser previsto um novo lançamento de AFFF no porão através das tomadas ou do borrifo de espuma a fim de cobrir o porão. Deve existir registrado na doutrina dos navios a quantidade de tambores-geradores de espuma por tomada a ser lançada, ou o tempo de borrifo de espuma, a fim de cobrir todo o porão. O imediato guarnecimento dos tambores geradores de espuma para lançamento nas tomadas, ou recompletamento da estação de espuma, será fundamental para combater o incêndio.

A Preparação para a reentrada

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Após a evacuação do compartimento, é efetuado o lançamento do halon/ CO2, se disponível, sendo então necessário aguardar pelo menos quinze minutos para a reentrada. Devem ser mantidas as contenções e o monitoramento das temperaturas dos limites do compartimento, verificando assim se o incêndio foi ou não controlado. Enquanto é realizada a preparação do dispositivo de mangueiras, os homens que farão a reentrada devem estar sendo preparados, com roupa de proteção completa e máscaras, sob supervisão do EncRep e controladores de máscaras. Após estarem prontos, recebem um “briefing”, que tem por finalidade mostrar os principais equipamentos e obstáculos, na praça de máquinas, que os homens devem encontrar. Deve ser realizado por um homem com experiência na praça de máquinas sinistrada, com auxílio de um plano, ou croquis, que permita aos homens uma fácil visualização dessa área. O “briefing” deve ser realizado na coberta de rancho, por exemplo, permitindo que o pessoal da reentrada permaneça sentado descansando até o momento de ser empregado. No momento da reentrada, todos os homens se dirigem juntos à área de acesso. São colocadas as máscaras e é iniciada a respiração através das mesmas, em pressão positiva, no mesmo momento, sob controle dos controladores de máscaras. Mangueiras São apresentadas a seguir algumas variações possíveis, dependendo dos equipamentos de cada navio, para a utilização das mangueiras para combate a incêndio classe “B” com espuma, espuma e água ou apenas água. Esse dispositivo de mangueiras deve ser utilizado na reentrada ao incêndio, após o compartimento ter sido evacuado, pois considera-se que todo o material de combate a incêndio da praça de máquinas estará perdido. Na fase de ataque inicial ou em um ataque contínuo, o material usado será o existente nas praças de máquinas devendo também ser adotado um dispositivo semelhante ao citado abaixo. A utilização de linhas de mangueiras de espuma é o método mais seguro e eficiente para se penetrar, ou fazer a reentrada, em um compartimento. As diversas configurações vão variar por classe de navio, sendo apresentados aqui, na ordem de prioridade e eficácia, alguns exemplos: •

uma linha de espuma de ataque com esguicho variável, proveniente de Estação Geradora e outra linha de espuma de proteção com esguicho variável, proveniente de uma tomada de incêndio com misturador entrelinhas apropriado.



uma linha de espuma de ataque com esguicho variável ou esguicho NPU/ FB 5X, proveniente de uma tomada de incêndio com misturador entrelinhas apropriado, e outra

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linha de espuma de proteção com esguicho variável, de outra tomada com misturador entrelinhas apropriado; •

uma linha de espuma de ataque com esguicho variável ou esguicho NPU/ FB 5X, proveniente de uma tomada de incêndio com misturador entrelinhas apropriado, e outra linha de proteção com esguicho variável (ou de cortina d’água) em neblina de água de 90º ou universal em neblina de água de alta velocidade, de outra tomada;



duas linhas de água, com esguicho universal em neblina de alta velocidade ou variável de cortina dá água em neblina, provenientes de tomadas de incêndio diferentes e



uma linha de água com esguicho universal em neblina de alta velocidade, proveniente de uma tomada de incêndio, e outra de água com neblina de baixa velocidade, proveniente de outra tomada. Quando empregando esguichos tipo FB 5X ou NPU, essa linha de mangueira sempre precisa de uma linha de proteção, pois o tipo de jato não provê proteção ao homem. A linha de proteção se posiciona ligeiramente adiantada, sendo o jato de espuma utilizado através da proteção. O processo de entrada pode ocorrer de forma lenta e gradual. Os homens devem utilizar a água como proteção. A utilização de espuma AFFF só deve ser iniciada, se possível, após a localização do foco do incêndio, economizando líquido-gerador. As comunicações entre os homens das linhas de mangueira são fundamentais para o sincronismo do avanço. O acionamento do tubo de aspiração pelo pessoal do misturador, que estará distante, dependerá da chegada do pedido de “espuma” pelos homens portando a mangueira e não será interrompido até a solicitação de “cortar espuma”. Qualquer método de sinalização sonora eficiente pode ser usado para a comunicação entre esses homens.

10.5 - CONTROLE DA FUMAÇA A utilização das ventilações e extrações visam permitir maior tempo de permanência do pessoal no combate ao incêndio, enquanto este ainda está sob controle, com melhor visibilidade, possibilitando atacar o foco do incêndio e, ainda, evitar o espalhamento da fumaça dentro dos limites já estabelecidos. A utilização de uma ventilação negativa tem como único propósito permitir a extinção do incêndio pelo descobridor ou turma de ataque e deve ser imediatamente parada, se esses homens abandonarem o compartimento antes da chegada da turma de suporte “A”.

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O uso de limites de fumaça para o espaço afetado visa reduzir o espalhamento da fumaça, confinar de imediato a mesma, estabelecer uma zona de abafamento e permitir estabelecer o local de organização das equipes de combate ao incêndio. O objetivo é ser criada uma atmosfera parada, sem fluxo de ar, para evitar a adição de ar ao incêndio e o espalhamento de gases quentes e fumaça. Os limites primários de fumaça devem ser definidos rapidamente, usando anteparas, acessórios estanques à fumaça, portas comuns e cortinas de fumaça imediatamente próximos ao incêndio. Os limites secundários de fumaça deverão ser estabelecidos, em torno dos limites primários, para monitorar o seu espalhamento e permitir uma área sem fumaça para o pessoal sem máscara. Somente o pessoal equipado com máscara de combate a incêndio poderá entrar nos limites primários de fumaça e, também, nos secundários, se a fumaça estiver se espalhando. As máscaras, porém, só devem ser utilizadas quando realmente houver fumaça, ou quando ordenado pelo líder da cena de ação. A experiência em incêndios mostra que, geralmente, a fumaça causa muito mais baixas de pessoal que o fogo. É portanto, de grande importância o doutrinamento de todo o pessoal para estabelecer e manter os limites de fumaça. Todos os navios devem possuir em sua doutrina uma lista dos limites de fumaça e acessórios a serem fechados para cada praça de máquinas e planos de controle de fumaça, indicando esses limites, as rotas para a remoção da fumaça e os sistemas e equipamentos utilizados. 10.6 - ISOLAMENTO DO COMPARTIMENTO O completo isolamento mecânico e elétrico do compartimento, exceto a iluminação, é necessário para evitar o aumento do incêndio pela adição de inflamáveis e de oxigênio ou os perigos para as instalações elétricas. O isolamento do compartimento também diz respeito ao isolamento do incêndio nos limites do mesmo e a realização das contenções, evitando a propagação do incêndio para os compartimentos adjacentes. Cada navio deve possuir em sua doutrina uma relação de válvulas, flapes e outros acessórios para isolamento mecânico das praças de máquinas, assim como uma relação com todas as chaves, disjuntores a serem desalimentados, para o isolamento elétrico. Essas relações devem possuir a localização, designação, função, equipamento / sistema servido, etc.

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Recomenda-se o emprego de um código de cores ou marcas adequado para a rápida localização dos circuitos a serem desalimentado e válvulas a serem fechadas. –

Isolamento Mecânico Todo o esforço deverá ser feito para isolar os sistemas e tanques que tenham potencial de alimentar ou aumentar o fogo. Isso inclui, em ordem de prioridade, os seguintes sistemas: •

sistema de óleo combustível, suas bombas de recalque, de serviço, de transferência e purificadores centrífugos, tanques de armazenamento, serviço e gravidade;



sistema de combustível de aviação (JP-5), seus tanques de armazenamento, de serviço, filtros coalescentes, bombas, etc.;



sistema de óleo lubrificante, bombas de óleo lubrificante e purificadores, tanques de armazenamento e gravidade, bombas, etc.;



sistemas hidráulicos;



sistemas de ar comprimido;



sistemas de vapor e



válvulas de interceptação da estação de espuma “AFFF” do convés para as

estações de espuma da praça afetada (se o incêndio ficar fora de controle). Iniciando a ação de parar e/ou isolar os equipamentos/sistemas descritos acima, os seguintes fatores deverão ser considerados: •

nem todos os itens acima possuem isolamento e/ou parada em remoto. Portanto, a parada no local deve ser executada imediatamente, juntamente com as atividades de combate ao incêndio. O isolamento desses sistemas deve incluir, pelo menos, os tanques de combustíveis e lubrificantes através do isolamento de suas válvulas e as das anteparas a elas adjacentes. Todo o pessoal que faz serviço nas Praças de Máquinas deve conhecer as manobras de isolamento no próprio local dos itens descritos acima;



onde existem comandos à distância, os mesmos devem ser verificados e testados freqüentemente quanto a sua correta operação;



não deve ser tentado nenhum tipo de transferência de óleos combustíveis ou lubrificantes por ocasião de um incêndio. A única ação necessária em relação aos tanques de óleos combustíveis, para evitar o aumento do incêndio devido ao vazamento de seu conteúdo, é o completo isolamento dos mesmos e

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deve ser levado em consideração o “esvaziamento rápido em emergência” dos tanques que não puderam ser isolados ou que sofreram avaria estrutural.



Isolamento elétrico O isolamento elétrico completo é muito difícil de se obter, em virtude do grande número de cabos elétricos no interior de uma praça de máquinas. No que for possível, todos os equipamentos elétricos, com exceção da iluminação, devem ser isolados nos centros de distribuição de energia ou quadros de distribuição. As chaves, os disjuntores e os fusíveis necessários a essa tarefa devem ser claramente marcados, preferencialmente com código de cores, conforme já citado. Os circuitos de iluminação só devem ser desalimentados se o compartimento for evacuado para lançamento de CO2 / halon.



Limites do incêndio Os limites primários e secundários do incêndio devem ser estabelecidos para confinar o fogo e prevenir a sua propagação, permitir a monitoração da temperatura das anteparas desses limites primários e a realização das contenções onde necessário. Esses limites devem ser, se possível, definidos por anteparas e conveses estanques imediatamente adjacentes ao compartimento afetado, os quais

deverão ser, no

mínimo, estanques à fumaça. Especial atenção deve ser dada aos limites superiores do incêndio, pois experiências mostram que o fogo se espalha verticalmente muito mais rápido do que horizontalmente. Cada navio deve possuir em sua doutrina uma lista com os respectivos limites de incêndio de cada praça de máquinas. –

Contenções As contenções devem ser realizadas em todos os limites primários de um incêndio. As contenções em incêndios em praças de máquinas devem incluir os dutos de aspiração de ventilações e descarga de extrações, admissão para motores e turbinas e suas respectivas descargas de gases, em toda a sua extensão, por todos os conveses. Os dutos de descarga de Praça de Máquinas, muitas vezes indevidamente utilizados como “paióis”, representam um risco adicional para a propagação do incêndio. Os limites de um incêndio formados por estruturas de alumínio requerem atenção especial para a contenção. Esse metal perde sua resistência estrutural a cerca de 250° C e derrete a cerca de 650° C.

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Deve ser dada especial atenção às contenções nos compartimentos que possuam ampolas de gases comprimidos, líquidos combustíveis, etc. Equipamentos elétricos ou eletrônicos nos limites de incêndio, assim como compartimentos de distribuição de energia, devem ser desalimentados, na medida do possível, de acordo com as prioridades estabelecidas pelo Comando. A água deve ser usada para molhar esses limites (com balde, lambaz ou panos). Se necessário, usar água de uma mangueira com pouca pressão, formando apenas uma camada em “cortina” pela antepara, evitando molhar e avariar desnecessariamente os equipamentos com água salgada. Os painéis elétricos podem ser cobertos com plásticos. As contenções não devem ser realizadas em anteparas ou pisos cuja temperatura esteja permitindo que sejam tocadas. O pessoal envolvido na contenção vertical em grandes incêndios deve estar calçando botas de CBINC. A água proveniente das contenções deve ser permanentemente esgotada. 10.7 - REENTRADA NO COMPARTIMENTO Não será aqui considerada a entrada da turma de incêndio para rendição da turma de ataque/ suporte “A” em um ataque contínuo, ou seja, dando prosseguimento ao combate na cena de ação com o conhecimento de que o incêndio não está fora de controle. A situação aqui tratada considera as ações a serem tomadas após a evacuação do compartimento, em um incêndio fora de controle, avaliado pela turma de incêndio no local. Reentrada é o reinício do ataque ao incêndio, após um abandono do compartimento, seguido ou não do emprego de sistema fixo e lançamento de espuma, tendo sido o fogo extinto ou não com essas ações. –

Reentrada no caso do fogo não ter sido extinto. •

Uma rápida reentrada no compartimento com a conseqüente extinção do fogo é a primeira meta a atingir. Quanto mais o fogo queimar fora de controle mais difícil será sua extinção.



A reentrada na praça de máquinas afetada deve ser tentada imediatamente após a turma de ataque ter evacuado, e o isolamento mecânico e elétrico, inclusive a parada das ventilações e extrações, ter sido feito (se possível).



A reentrada deve ser feita por uma porta estanque, escotilha ou túnel de escape, desde que não esteja obstruída pelo fogo. As condições do compartimento afetado devem ser verificadas antes da reentrada: sentindo a temperatura das anteparas

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próximas ao acesso que será utilizado, se é realmente o acesso mais seguro e observando as condições através do visor existente na porta (se houver). •

Deve-se ter em mente que os gases quentes estão concentrados na parte superior da praça de máquinas. Na possibilidade de realizar a reentrada pelo túnel de escape, apesar das dificuldades inerentes, tal acesso é o mais indicado, permitindo a chegada ao piso inferior da praça de máquinas, onde as temperaturas estão mais baixas, para iniciar o ataque ao incêndio.



Deve ser efetuado novo lançamento de espuma antes da abertura do acesso, através de tomadas de espuma, borrifo de porão ou borrifo de teto.



Várias tentativas podem ser necessárias até que se consiga entrar no compartimento.



Deve ser assumido que as mangueiras de incêndio e os sarilhos de espuma no interior da praça de máquinas, onde houver, estão destruídos, até que seja verificado o contrário.



Por ocasião da abertura do acesso ao compartimento afetado, a área do limite primário de fumaça deve estar sem fluxo de ar, prevenindo o espalhamento de fumaça e gases tóxicos.



Uma vez dentro do compartimento, localizar, extinguir e prevenir o fogo. Isolar e cobrir todos os inflamáveis com espuma “AFFF”. Para economizar “AFFF” deverá ser usada água salgada para o resfriamento do compartimento após o fogo ser extinto, tendo-se o cuidado de não remover a camada de espuma já aplicada.

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Reentrada após possível fogo extinto •

Aguardar pelo menos quinze minutos para a atuação do agente extintor, ou monitorar as temperaturas das anteparas. Devem existir três quedas bruscas de temperatura, sendo a última queda abaixo de 100o C. Isso permite o resfriamento parcial do local, prevenindo o recrudescimento do incêndio quando o oxigênio entrar no compartimento.



Efetuar lançamento de espuma nos porões por dois minutos ou de acordo com o estabelecido para a classe do navio, antes da reentrada no compartimento.



As condições do compartimento afetado e da área de acesso devem ser verificadas antes da reentrada: sentindo a temperatura das anteparas próximas ao acesso que será utilizado, se é realmente o acesso mais seguro, observando as condições

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através do visor existente na porta (se houver). Considerar a reentrada pelo túnel de escape. •

Por ocasião da abertura do acesso ao compartimento afetado, a área do limite primário de fumaça deve estar sem fluxo de ar, prevenindo o espalhamento de fumaça, gases quentes e gases tóxicos.



Uma vez dentro do compartimento, localizar e extinguir os possíveis focos de incêndio ainda existentes e prevenir o seu recrudescimento. Certificar-se de que a fonte do vazamento de óleo está isolada, e que não há outros vazamentos. Isolar e cobrir todos os inflamáveis com espuma “AFFF”. Para economizar “AFFF”, deverá ser usada água salgada para o resfriamento do compartimento após o fogo ser extinto, tendo-se o cuidado de não remover a camada de espuma já aplicada.



Processo de Descida •

processo de descida a ser apresentado aqui considera a existência de um acesso vertical, como uma escotilha, seguida por uma escada quase vertical.



Estabelecer uma linha para proteção do navio (neblina de água) no acesso a ser aberto. Essa linha permanece nessa posição durante toda a faina, prevenindo ou reduzindo a passagem do calor e fumaça para a área da reentrada. Essa linha corre pelo teto, fixada com grampos tipo “S”.



Com o dispositivo pronto, zona de abafamento estabelecida, equipamento testado e homens posicionados, os dois últimos homens fazem o lançamento de espuma nas tomadas ou pelo borrifo de teto.



A seguir, faz-se o resfriamento da escotilha de acesso. O líder da turma de incêndio determina a abertura e o travamento da escotilha, enquanto o número um da linha de proteção e o homem da linha de proteção do navio mantêm a água aberta, resfriando o acesso.



homem da linha de ataque faz um breve lançamento de espuma na escada e na área de acesso.



O número um da linha de proteção passa a mangueira para o seu número dois, e se posiciona na parte superior da escada, sob proteção das duas linhas de mangueira. O número um então recebe o esguicho aberto e o prende com seus braços, de modo que a neblina seja direcionada para trás de seu corpo, protegendo-se, e inicia a descida. Ao chegar na parte inferior da escada, dá três chutes na mesma sinalizando que está em posição, se afasta da escada, posiciona-se à frente do foco do incêndio e, se visível, aguarda a chegada da linha de ataque.

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O número um da linha de ataque passa a mangueira para o seu número dois, e se posiciona na parte superior da escada, sob proteção da linha de proteção do navio. O número um então recebe o esguicho aberto, prende-o com seus braços, de modo que a neblina / jato seja direcionada para trás de seu corpo, protegendo-se, e inicia a descida. Ao chegar na parte inferior da escada, dá três chutes na mesma, sinalizando que está em posição. Afasta-se da escada e se posiciona ao lado da linha de proteção, iniciando o ataque.



Nos navios que possuem câmeras de imagem térmica, o operador da câmera – o líder da turma de incêndio – é o terceiro homem a descer, e apenas após a sua chegada, a localização do foco do incêndio e a verificação que todos estão protegidos (inclusive o pessoal na escada), o ataque é iniciado.



Os demais homens coordenam a descida das mangueira, e se distribuem ao longo das mesmas, descendo quando necessário e, se posicionando entre as linhas de mangueira.

10.8 - ESGOTO DO COMPARTIMENTO Em paralelo à faina de CBINC deve ser iniciado o esgoto da praça afetada, para a remoção do líquido combustível derramado (porém a camada de espuma não deve ser removida). O esgoto do compartimento já deve ter sido completado antes de se terminar a faina de remoção da fumaça, pela possibilidade da existência de gases diluídos na água. 10.9 - REMOÇÃO DA FUMAÇA E TESTE DE ATMOSFERA –

Remoção de Fumaça Após o incêndio estar extinto, gases combustíveis podem estar presentes. Para todas as classes de incêndio, o monóxido de carbono (CO) será o gás predominante. Apesar de inflamável, quantidades grandes de CO devem ser produzidas para se atingir a concentração explosiva (de 12,5% a 75%). Grande concentração de CO que ainda não entrou em combustão está associada a incêndios em locais confinados que queimaram por longos períodos. Em incêndios da classe “A” ou “C”, a remoção de fumaça pode ter início assim que o fogo for extinto, ou seja, assim que não for mais observada chama viva, facilitando a faina de remoção de escombros. Nesse caso, o sistema de ventilação instalada do navio pode ser utilizado, após verificação de sua integridade elétrica. Em incêndios classe “A”, o material em brasa pode vir a entrar em ignição novamente quando ventilado, portanto é fundamental ter a garantia de que a turma de prevenção

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está estabelecida, que conhece sua função e que o local está resfriado para se iniciar essa faina. Em incêndios classe “B”, a faina de remoção da fumaça deve ser iniciada tão logo os gases e o compartimento tenham sido resfriados o suficiente para não haver perigo de reignição. Fainas de remoção de fumaça de praças de máquinas podem ser feitas usando ventilação positiva nas praças de máquinas adjacentes, criando uma sobrepressão nelas, na área de acesso e na praça sinistrada. Esse canal de vento expulsa a fumaça pelos dutos de extração e ventilação da praça afetada (cujas tampas e flapes já devem estar abertos). Fainas de remoção de fumaça em geral podem ser feitas, usando sobrepressão em um convés, oriunda de ventilações de praças de máquinas, expulsando a fumaça por um acessório aberto para a atmosfera. Para incêndios classe “A” ou “C”, pode-se, invertendo a manobra, usar a extração de uma praça de máquinas para criar uma depressão em determinado convés, usando uma abertura para a atmosfera, uma ventilação funcionando, e arrastar para essa praça esses gases. Isso não deve ser feito após um incêndio classe “B”, pois pode arrastar os gases explosivos para uma praça ainda guarnecida e com equipamentos funcionando, com a presença de pontos quentes. No caso de navios com a praça guarnecida, a extração de fumaça, por esse último método pode colocar em risco a vida do pessoal no local ou mesmo impedir a operação dos equipamentos devido à perda da visibilidade. As fainas de remoção de fumaça devem trocar pelo menos 95% do ar contaminado. Isso vai ser obtido após a realização de quatro trocas desse ar contaminado por ar fresco, o que pode ser conseguido após cerca de 15 minutos de ventilação forçada usando ventilação positiva. Os planos dos sistemas de ventilação do navio devem ser consultados para o planejamento dessas fainas e o cálculo de tempo necessário para as mesmas. As fainas de remoção de fumaça (e de remoção ativa de fumaça) devem levar em conta os seguintes aspectos: •

o primeiro objetivo deve ser sempre a extinção do fogo;



quando um incêndio classe “B” tiver sido extinto, gases combustíveis podem estar presentes. A centelha produzida por interruptores, disjuntores e controladores pode facilmente inflamar esses gases;

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disjuntores que tiverem desarmado ou que foram desarmados devem ser mantidos nessa posição até que os sistemas em que atuam, possam ser verificados;



os sistemas de ventilação deverão ser inteiramente inspecionados para averiguação de sua integridade mecânica e elétrica e para certificar-se de que estão livres de fogo, ou material fundido, antes de serem reutilizados;



a remoção de fumaça deve ser efetuada com grande precaução devido à possibilidade da presença de gases explosivos;



no caso do navio ter sofrido avarias por impacto acima da linha d’água, tais aberturas podem ser utilizadas para a remoção da fumaça;



os métodos de remoção de fumaça devem ser escolhidos levando-se em consideração que é importante manter o controle da fumaça, ou seja, conhecer para onde a mesma estará indo e os riscos impostos;



quando necessário, o rumo do navio deve ser alterado para melhorar o vento relativo, a fim de favorecer a faina e



ninguém deverá adentrar os limites da fumaça sem proteção respiratória até que a área tenha sido liberada, após teste de atmosfera.



Teste de Atmosfera A remoção de fumaça contaminada deve terminar antes do teste de atmosfera. O explosímetro não é confiável quando exposto à umidade excessiva ou grande quantidade de partículas em suspensão produzidas no incêndio e requer oxigênio suficiente para funcionar corretamente. O oxímetro, aparelho de teste de O2, utiliza sensores que são particularmente sensíveis à sujeira e à umidade. Se alguma tentativa for feita, para determinar o percentual de oxigênio contido na fumaça de um compartimento, o sensor se tornará permanentemente inoperante. Portanto, a remoção de fumaça será feita sem o conhecimento da situação dos gases explosivos no compartimento. Quando o compartimento estiver ventilado, ou livre de fumaça, deve ser parada a remoção da fumaça e conduzidos os testes de oxigênio, de gases combustíveis e de gases tóxicos, nesta seqüência. Os gases explosivos devem ter sua concentração pelo menos 10% abaixo do seu limite mínimo para a explosão e todos os gases tóxicos devem ter concentração abaixo dos valores máximos suportáveis, antes do compartimento ser declarado seguro para a entrada de pessoal sem máscaras de combate a incêndio. No caso de utilização de lâmpada de segurança, o teste de gases explosivos deve ser realizado antes do teste de O2.

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A bordo, o pessoal componente dos Reparos de CAV deve ter conhecimento sobre a condução desses testes, mas o pessoal obrigatoriamente qualificado deve ser o seguinte: •

encarregado do CAV;



fiel de CAV do navio ou de serviço;



líderes dos reparos e



investigadores.

Esse pessoal deve ser adestrado constantemente, assim como o respectivo material deve ser corretamente mantido, em virtude dos riscos à vida humana envolvidos. Após um incêndio, devem ser realizados testes com o Detetor de Gases Tóxicos Drager ou similar para os seguintes gases: •

monóxido de carbono;



dióxido (ou bióxido) de carbono;



hidrocarbonetos;



gás clorídrico (geralmente subproduto da queima de isolamento de cabos elétricos);



gás cianídrico (geralmente subproduto da queima de isolamentos térmicos);



gás fluorídrico (resultante da decomposição do Halon em contato com o calor) e



gás sulfídrico.

Os testes devem ser conduzidos no centro e nos quatro cantos do compartimento, no alto e no piso. TABELA DOS VALORES MÁXIMOS ADMISSÍVEIS PARA GASES GÁS VALOR MÁXIMO ADMISSÍVEL MONÓXIDO DE CARBONO DIÓXIDO DE CARBONO HIDROCARBONETOS GÁS CLORÍDRICO GÁS CIANÍDRICO GÁS FLUORÍDRICO GÁS SULFÍDRICO

50 ppm 0,5 % vol. 100 ppm 5 ppm 8 ppm 25 ppm 10 ppm

Na impossibilidade de realização deste teste, ou quando alguns tipos de gases não puderem ser testados, deve ser mantida a ventilação do compartimento por mais quinze minutos. O Comando deverá ser informado dessa limitação e dos riscos da existência de gases tóxicos no compartimento sinistrado.

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Após as etapas de remoção da fumaça e esgoto terem terminado o compartimento deve ter sua atmosfera testada, ou seja, os testes de oxigênio, gases explosivos e gases tóxicos devem ser realizados. Se o resultado for positivo quanto ao oxigênio e negativo quanto aos gases, o compartimento pode ser considerado ventilado.

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Capítulo 11 INSTALAÇÕES DE TERRA

11.1 - INTRODUÇÃO Uma construção com segurança contra incêndio começa no projeto, onde devem ser analisadas as alturas dos prédios, áreas sem subdivisões, saídas, tipos de materiais de construção e das partes estruturais. Um prédio apresenta sérios riscos para o combate a incêndio, quando a sua altura excede a máxima atingida pelas escadas mecânicas do Corpo de Bombeiros, ou seja, acima do 14o ou 15o andares. Também por não se poder prever qualquer uso excessivo de material combustível no seu interior. As regras existentes para a construção civil estabelecem normas para cada tipo de edificação, que deve atender a requisitos em função de sua atividade. Por exemplo, instalações destinadas à guarda de material explosivo, como um paiol de munição, terão regras rígidas que reduzam a probabilidade de que ocorram acidentes (iluminação, material e espessura das paredes, exigência de que a edificação seja total ou parcialmente enterrada, distância de outras edificações, etc.). Prevêem, até mesmo, que, na ocorrência de um incêndio ou explosão, os gases e chamas são direcionados para o alto, preservando as construções vizinhas. 11.2 - O “EFEITO DE CHAMINÉ” Poços de elevadores, vãos de escadas e dutos de ar condicionado, constituem os maiores riscos de alastramento ou propagação de incêndio por convecção, formando assim o chamado “efeito de chaminé”. No projeto de construção do prédio, o “efeito de chaminé” deve ser evitado das seguintes formas: •

as escadas devem ser embutidas em verdadeiras caixas de concreto e isoladas das demais partes do prédio por portas corta-fogo, as quais devem ser mantidas fechadas por meio de fortes molas;



os elevadores devem ser situados em vãos próprios de alvenaria ou concreto armado, cujas portas sejam construídas de material resistente ao fogo e



os dutos de ar condicionado devem ser providos de comportas metálicas, acionadas por um fusível, em caso de aumento de temperatura.

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11.3 - O PRÉDIO E SUAS PRINCIPAIS DEFICIÊNCIAS - Paredes Externas Um incêndio progride em menos de uma hora, de um piso para outro, devido aos inúmeros materiais combustíveis encontrados. Os prédios dotados de paredes externas de alvenaria apresentam características bem melhores para evitar a propagação de incêndios. - Eletricidade Existem vários elementos causadores de sobrecarga em circuitos elétricos, que aquecem cabos e condutores, resultando em perigos diretos de incêndio. O mais comum é a sobrecarga causada pela ligação em série de várias unidades individuais de ar condicionados. Essas ligações, na maioria das vezes, são efetuadas sem nenhum controle e por pessoal inabilitado. - Lixeira A lixeira é um foco de princípio de incêndio, por se tratar de uma área onde existe possibilidade de ignição de papel por pontas de cigarro ou fósforos mal apagados. Em um edifício, o duto da lixeira pode permitir o "efeito chaminé". 11.4 - PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO

- Chuveiros Automáticos São os mecanismos mais eficientes de proteção nas áreas de grande risco de incêndio, em prédios com concentração humana. - Hidrantes Um sistema de hidrantes de 1½” deve ser instalado em todos os pavimentos do prédio, completando o sistema de chuveiros automáticos. - Extintores Constituem o meio mais eficiente de se dominar um incêndio logo no seu princípio. A sua distribuição deverá ser feita em função do fácil acesso, em caso de necessidade. - Detectores de Fumaça Permitem a detecção do incêndio, logo em seu princípio, quando a temperatura ainda não é elevada. Mesmo a pouca fumaça de um princípio de combustão pode acionar o equipamento.

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Manual de Combate a Incêndio

11.5 - TREINAMENTO E SUPERVISÃO Todos os dispositivos e equipamentos de proteção contra incêndio de nada adiantarão se não houver um perfeito sistema de supervisão acompanhado de um programa de treinamento. Nas grandes edificações, o ideal é que haja ao menos dois líderes de incêndio, pessoas capacitadas a orientar a evacuação, por andar. Recomenda-se, ainda, a realização de exercícios de evacuação de edifícios a cada seis meses.

8ª edição

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