12065716-LiteraturaCordel
February 5, 2019 | Author: ANAISABELACARVALHO | Category: N/A
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ISSN 1982 - 0283
LITERATURA DE CORDEL E ESCOLA Ano XX Boletim 16 - Outubro 2010
Sumário
Literatura de cordeL e escoLa
Apesentaçã Apesentaçã da sée ............. ...................... .................. .................. .................. .................. .................. .................. .................. ................... ..............
3
Rsa Helena Mennça
Ppsta da sée .................. ......................... ....... .................. .................................... .................................... .................................... ...................... ....
4
Arieval Viana Viana Tet 1 - oens da Lteata de cdel ......................... ........ ................. ................ .................................. ......................... .......
8
Arieval Viana Viana Tet 2 - Tetcas e caactestca caactestcass da Lteata de cdel ........ ................. ................. ........ ........ ............
13
Marc Hauréli e Farias Tet 3 - Cdel: da ea sala de ala ................. ......................... ........ .................. .................................... ......................... ....... Arieval Viana Viana
20
Literatura e cordeL e escoLa APrESENTAÇÃo DA SÉriE
Para Paul Zumthor, medievalista, que se tor-
representantes, bem como investigar as di-
nou conhecido no Brasil sobretudo a partir
versas ormas de utilização dos olhetos com
da publicação, em português, do seu livro A
os alunos desde a alabetização, são objetivos
letra e a vz 1, a Literatura de cordel preserva,
da série Literatura e crel e escla, que a TV
na palavra escrita, a sonoridade e a gestuali-
Escola apresenta na tradicional Semana da
dade. Esse é um orte exemplo, ainda segun-
Poesia do canal, por meio do programa Salto
do o autor, de que oralidade e escritura não
para o Futuro, com a consultoria de Arieval-
devem ser vistas de orma dicotômica.
do Viana, poeta, pesquisador e idealizador do projeto Acorda Cordel na Sala de Aula.
E no Cordel, é “a palavra gesticulada dos poetas”, ainda segundo Zumthor, que emerge
Nos textos da publicação eletrônica e nos
dos olhetos, evocando memória e tradição
programas televisivos são abordados temas
em suas métricas e rimas, por meio de nar-
como: a história do cordel, temáticas e re-
rativas as mais diversas.
presentantes do gênero, a interseção entre literatura, música, artes plásticas, teatro, ci-
No Brasil, o olheto de cordel oi, e continua
nema, como característica da orça expres-
sendo, o primeiro livro de leitura de muita
siva do Cordel e, nalmente, sua utilização
gente, em especial na Região Nordeste do
na sala de aula em dierentes atividades e
país. O gênero, no entanto, migrou na baga-
projetos.
gem de poetas e cantadores para as diversas regiões, marcando presença em dierentes
Esperamos que a série contribua para novos
espaços como eiras, bibliotecas, escolas...
trabalhos e para a divulgação entre as novas gerações dessa expressão tão marcante da
Na sala de aula, o cordel apresenta-se como
cultura brasileira.
recurso inestimável de leitura. Conhecer a história do Cordel e de seus mais destacados 1
ZUMTHOR, Paul. A letra e a vz. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
2
Supervisora pedagógica do programa Salto para o Futuro/TV ESCOLA (MEC).
Rosa Helena Mendonça2
3
Literatura de cordeL e escoLa ProPoSTA DA SÉriE Arieval Viana1
Levas pel esej e ler lhets, muits trabalhares têm se alabetiza. E quan em nss país r trataa seriamente a questã a eucaçã trabalhar, s pressres e assistentes sciais perã encntrar, na Literatura e Crel, valis auxíli para bm êxit as tareas. (Renat Carneir Camps. In: Ielgia s Petas Ppulares. Recie: Institut Jaquim Nabuc e Pesquisas Sciais / MEC/FUNARTE, 1977).
1. iNTroDuÇÃo
alabetização e das muitas maneiras como o olheto pode ser utilizado na sala de aula. É o
Cresce cada vez mais o interesse de estudan-
caso especíco do livro Acra Crel na Sala
tes e educadores de todo o Brasil, em espe-
e Aula, (Editora Queima-Bucha), de Arieval-
cial das escolas públicas da Região Nordes-
do Viana e também Crel na sala e aula,
te, pela Literatura de Cordel. Esse poderoso
de Hélder Pinheiro e Ana Cristina Marinho
veículo de comunicação de massas, que já
Lúcio, da série Leitura & Ensino (São Paulo,
oi oportunamente batizado de “proessor
Livraria Duas Cidades, 2001). Os autores, que
olheto”, tem sido responsável, durante mui-
também são pedagogos, ressaltam:
tos anos, pela alabetização de milhares de nordestinos, constituindo, em muitos casos,
Quan levams s lhets para a sala
o único tipo de leitura a que tinham acesso
e aula, lems e cnversams sbre as
as populações rurais na primeira metade do
narrativas e a literatura e crel em
século XX.
geral; ns ias seguintes muits aluns ns trazem lhets para mstrar, cn-
Existem vários livros sobre o assunto, alando
tam histórias e cantares, e emb-
da contribuição da Literatura de Cordel para
lares, enm, alam e sua experiência
1 Poeta popular, radialista, ilustrador e publicitário. Criador do projeto Acorda Cordel na Sala de Aula, que utiliza a poesia popular na alabetização de jovens e adultos. Membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Autor de mais de cem olhetos de cordel e de livros sobre a Literatura de cordel. Consultor da série.
4
cm a literatura ppular. Esse clima e
que visa à utilização de olhetos e roman-
receptiviae n espaç esclar necessi-
ces como recurso pedagógico, sobretudo na
ta ser melhr trabalha...
alabetização de crianças, jovens e adultos.
O escritor cearense Gustavo Barroso, em sua
Em 2002, o poeta ARIEVALDO VIANA lançou
obra A sm a vila (1921), assinala que “o
um maniesto em orma de olheto de cor-
ensino das crianças na Grécia antiga come-
del, conclamando os proessores de todo o
çava pela poesia, por ser o meio mais ácil
Brasil a utilizarem a poesia popular como
de guardar de memória, nessa época em que
erramenta nas escolas:
o livro era raro (...). Assim pôde o povo grego conservar, carinhosamente, de cor os admi-
O cordel é um veículo
ráveis cantos de seus rapsodos.”
De grande penetração. Nas camadas populares
A poesia popular nordestina, que ainda so-
Possui grande aceitação.
brevive nos dias de hoje, é herdeira direta da
Se a métrica não quebra o pé,
tradição grega, eivada de infuências dos tro-
Tem contribuído até
vadores medievais da Península Ibérica. Essa
Para alabetização.
poesia, antes diundida pela tradição oral, passou a ser publicada sistematicamente, a
Pois o cordel sendo usado
partir da última década do século XIX, pelo
Para ALFABETIZAÇÃO
poeta paraibano Leandro Gomes de Barros.
Deve respeito à linguagem Corrente em nossa nação.
Conhecedores da enorme contribuição do
Não deve ensinar errado,
cordel para alabetização do povo nordesti-
Nem pode ser embalado
no ao longo de mais de um século, criamos
Nas plumas da erudição.
o Projeto Acorda Cordel na Sala de Aula,
TExToS DA SÉriE LITERATURA dE CoRdEL E ESCoLA2 A série Literatura e crel e escla tem como proposta discutir as origens deste gênero literário e sua presença nas escolas de Ensino Fundamental. Serão enocados nos programas: a literatura de cordel no Brasil e seus principais autores; os temas abordados nos olhetos, como osc-
2 Estes textos são complementares à série Literatura e Crel e escla, que será veiculada no programa Salto para o Futuro/TV Escola (MEC) de 18 a 22 de outubro de 2010.
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contos e lendas da tradição oral e as histórias de personagens da cultura brasileira; a utilização do cordel na sala de aula, como um recurso pedagógico para o desenvolvimento da leitura.
TExTo 1 - origENS DA LiTErATurA DE CorDEL A Literatura de cordel, no Brasil, como a conhecemos, surgiu na Paraíba, há mais de cem anos. Leandro Gomes de Barros (1865-1918) deu o impulso inicial e, ainda hoje, é considerado o maior autor do gênero. Poeta de muitos recursos, Leandro adaptou para o Cordel desde lendas sertanejas até histórias das Mil e uma nites. Deniu, assim, o caminho que outros poetas trilhariam. José Camelo de Melo Resende (1885-1964), seu discípulo, é autor do maior sucesso editorial do Cordel em todos os tempos, o Rmance pavã misteris. No texto 1, são apresentadas as origens do Romanceiro Popular Nordestino.
TExTo 2 - TEmáTiCAS E CArACTEríSTiCAS DA LiTErATurA DE CorDEL A Literatura de cordel abraça vários temas, que vão desde histórias de gracejo e astúcia até o reaproveitamento de contos e lendas da tradição oral. O cangaço está presente em olhetos que, em geral, trazem como protagonista Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião (1898-1938). O mais amoso olheto envolvendo esse mítico personagem, A chegaa e Lampiã n Inern, de José Pacheco da Rocha, reaparece no lme o dragã a Malae cntra Sant Guerreir , de Glauber Rocha. No texto 2, alaremos um pouco da interação que existe entre a Literatura de Cordel e as outras artes: música, cinema, teatro, artes plásticas, literatura etc. Veremos também a evolução do cordel ao longo de mais de um século de existência e sua importância para o letramento.
TExTo 3 - CorDEL: DA fEirA à SALA DE AuLA Vendidos durante muitos anos nas eiras livres, especialmente no Norte-Nordeste e em cidades que receberam migrantes nordestinos, os olhetos de Cordel, hoje, estão presentes nas salas de aula, como recurso pedagógico essencial ao desenvolvimento da Leitura e como parte indissociável da Cultura Brasileira. A presença do Cordel ainda resiste em algumas eiras, mas é na sala de aula que os menestréis contemporâneos têm encontrado um maior número de leitores. Ocinas, palestras e exposições são montadas por poetas e gravadores em eventos promovidos por proessores e coordenadores pedagógicos que enxergam no Cordel uma poderosa erramenta auxiliar na educação. No texto 3, são mostradas as experiências positivas com o Projeto
6
ACORDA CORDEL NA SALA DE AULA, que já existe há dez anos e percorreu mais de dez estados diundindo o uso do Cordel na sala de aula. Os textos 1, 2 e 3 também são reerenciais para o PGM 4: outrs lhares sbre Literatura e crel e do PGM 5: Literatura e crel em ebate.
7
TExTo 1
origens da Literatura de cordeL Arieval Viana1 Quan aina nã havia 2 o rái e a televisã E s jrnais nã chegavam Pra ta ppulaçã o lhet e CoRdEL Era JoRNAL do SERTÃo Len lhets, entã o nss pv sabia Lena e rei e princesa E at que acntecia... Pr ser cultura pv Ina resiste hje em ia. O Romanceiro Popular Nordestino, herdeiro
eira. Porém, o poeta considerado undador
da oralidade dos trovadores medievais e da
dessa escola literária é o paraibano Leandro
Literatura de cordel europeia — que era ven-
Gomes de Barros (Pombal, 1865 – Recie,
dida pendurada em barbantes, ou cavalgan-
1918), autor de mais de 600 histórias rima-
do cordéis —, adquiriu identidade própria
das, publicadas em milhares e milhares de
desde os tempos de Gregório de Matos Guer-
edições. Para o poeta Carlos Drummond de
ra, o primeiro poeta brasileiro a compor sá-
Andrade, em artigo publicado no Jrnal
tiras com a mesma espontaneidade adota-
Brasil , em 1976, Leandro seria o verdadeiro
da pelos autores dos chamados olhetos de
PRÍNCIPE DOS POETAS BRASILEIROS, posto
1 Poeta popular, radialista, ilustrador e publicitário. Criador do projeto Acorda Cordel na Sala de Aula, que utiliza a poesia popular na alabetização de jovens e adultos. Membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Autor de mais de cem olhetos de cordel e de livros sobre a Literatura de cordel. Consultor da série. 2 Todas as estroes em SEXTILHA são da autoria de Arievaldo Viana e estão no CD do projeto ACORDA CORDEL NA SALA DE AULA, na voz dos cantadores Geraldo Amâncio e Zé Maria de Fortaleza.
8
conerido a Olavo Bilac, por um grupo de in-
canos preeriam motes desenvolvidos
telectuais do início do século XX. O poeta de
em glosas de dez linhas, aqui no Brasil
Itabira conclui o seu texto rearmando a im-
a modalidade preerida pelos poetas é
portância do grande poeta paraibano: Nã
a sextilha (estroe de seis versos), cada
i príncipe s petas asalt, mas i, n
uma contendo sete sílabas poéticas, o
julgament pv, rei a pesia sertã, e
que chamamos de redondilha maior.
Brasil em esta pur.
Observa-se ainda o uso da setilha (estroe de sete versos), do martelo (de
Leandro deu ao Romanceiro Popular Brasi-
dez linhas) e ainda o decassílabo (ou
leiro uma identidade nacional. Essa identi-
martelo agalopado).
dade brasileira pode ser observada: •
•
Na escolha dos temas: os olhetos oriundos de Portugal e Espanha traziam contos populares tradicionais rimados, além de histórias tradicionais como Carlos Magno e os 12 pares de França, Princesa Magalona, João de Calais, Roberto do Diabo e Imperatriz Porcina. Esses temas europeus oram objeto de um longo estudo por parte
Na eição gráca: na Europa e em outros países das Américas, como México, Chile e Nicarágua, os poemas eram impressos em olhas volantes, os chamados corridos. Quando muito, consistia numa olha de papel tamanho oício dobrada ao meio. Aqui no Brasil, os poemas são bem mais longos, indo do olheto de 8 páginas até o “romance” de 32, 48 ou 64 páginas.
do olclorista potiguar Luis da Câmara
Muita gente aprecia
Cascudo, numa obra intitulada Cinc
Nas camaas ppulares
livrs pv. Ao chegar ao Brasil, o
Prque leva inrmaçã
Romanceiro Popular passou a assumir
E ivertiment as lares
uma nova identidade, versando não
É cultura que resiste,
apenas sobre os temas tradicionais,
Frte, apesar s pesares.
mas buscando inspiração em novas ontes como o cangaço, o ciclo do boi,
– Cnheç muits lugares
o messianismo, a seca etc.
Ns caunós sertã one crel é usa
•
Na orma poética: enquanto os olhe-
Para a alabetizaçã
tos europeus traziam, geralmente, his-
É Pressr Flhet
tórias narradas em quadras (estroes
Herói a eucaçã.
de quatro versos) e os corridos mexi-
A melhor denição para o termo Literatura
9
de cordel oi eita por pesquisadores da Casa
impressos no Nordeste medem geralmente
de Rui Barbosa:
11 x 15,5 cm - um oício dobrado em quatro partes -, o que corresponde a oito páginas,
Pesia ppular, narrativa impressa (…):
que podem se multiplicar para 16, 24, 32,
a que cnhecems hje cm literatura
40, 48 ou mais páginas, sempre múltiplas de
e crel, é escenente ireta tr-
oito, conorme o tamanho do texto.
varism meieval surgi na Península Ibérica – Prtugal e Espanha e regiã
A literatura de cordel brasileira surgiu de
prvençal sul a França. Ela chegu
maneira tardia, porque antes da vinda da
a Brasil na bagagem s clnizares e
Corte Portuguesa, em 1808, era proibida a
fresceu amiravelmente em t país,
existência de prelos aqui no Brasil. A poe-
sbretu n Nreste brasileir. A prin-
sia popular oral ou manuscrita, que já exis-
cípi, trvarism cu reti na ra-
tia desde os tempos de Agostinho Nunes
liae, an surgiment as cantares
da Costa, seus lhos Nicandro e Hugolino
e petas ppulares que aziam circular as
do Sabugi, Inácio da Catingueira e Romano
suas trvas em caerns manuscrits.
da Mãe D’água, só viria a se servir dos tipos móveis quando o poeta Leandro Gomes
A arte do trovadorismo, proveniente da Pe-
de Barros mudou-se da Vila do Teixeira, na
nínsula Ibérica, chegou ao Novo Mundo, e
Paraíba, para Vitória de Santo Antão (PE), e
foresceu tanto na América Espanhola quan-
passou a editar os primeiros olhetos nas ti-
to na América Portuguesa. Houve um tipo
pograas de Recie.
de literatura popular em verso no México, Chile, Nicarágua e Argentina muito parecido
Leanr Gmes entã
com o olheto nordestino...
Fi grane pineir Na publicaçã e verss
O que torna o nosso Romanceiro bastante
Pr este Brasil inteir
singular é infuência da Civilização do cou-
Nasceu lá na Paraíba
ro, durante o Ciclo do gado, que ensejou o
Este vate brasileir.
aparecimento de cangaceiros, vaqueiros e cantadores.
- Usan cant guerreir da Gesta Meieval Antigas lenas Ibéricas
Outra particularidade do olheto nordestino
Cnts e aa, anal,
é seu ormato padrão adotado desde os pri-
Fi que Leanr mlu
mórdios por Leandro Gomes de Barros, João
Essa arte magistral. (Azulã - Cantar /
Martins de Athayde, Francisco das Chagas
eclamar)
Batista e outros poetas-editores. Os olhetos
A maior contribuição de Leandro Gomes de
10
Barros para a Literatura de cordel oi ajustá-
trados na internet, em edições em ac-sími-
la à cultura e a realidade brasileira, crian-
le, digitalizadas no ormato PDF.
do tipos como o Boi Misterioso, o Cancão de ogo e reproduzindo a saga de Antonio
Onde encontrar olhetos raros no ormato
Silvino e demais cangaceiros de seu tempo.
digital:
Crítico mordaz da política e dos costumes, Leandro ez da sátira a sua principal arma
Casa de Rui Barbosa:
contra as mazelas que afigiam as classes ex-
http://www.casaruibarbsa.gv.br/crel/
cluídas do Nordeste. Jangada Brasil: – Deu ao olheto anal
http://www.jangaabrasil.cm.br/inice/ei-
Um ormato brasileiro
ces/eica93.asp
Revendo o “Ciclo do Gado” Criou o “Boi Mandingueiro”
Fundação Joaquim Nabuco:
Falou de Antônio Silvino
www.unaj.gv.br/unaj2/
Um amoso cangaceiro. A Fundaj possui um dos maiores acervos – De títulos quase um milheiro
de literatura de cordel em nosso país. São
Nosso Leandro escreveu
quase 10 mil títulos abrangendo autores de
Sustentou mulher e lhos
todas as épocas, desde os pioneiros até os
Com a arte que Deus lhe deu
cordelistas que se encontram em plena ati-
Propagou pelo Nordeste
vidade.
Somente disso viveu. (CANTADOR/NARRADOR)
Essa vasta coleção de olhetos de cordel está disponível para consulta no acervo da
Boa parte desses olhetos tornaram-se ver-
Biblioteca Central Blanche Knoo, na Funda-
dadeiros clássicos do gênero e são reedita-
ção Joaquim Nabuco e traz uma boa amos-
dos até hoje, tanto no Nordeste (pelas edi-
tra do romanceiro popular nordestino.
toras tradicionais), quanto no Sudeste (Rio de Janeiro e São Paulo) através de antologias
Leandro Gomes de Barros aleceu no dia 4 de
ou mesmo em edições eitas pela Editora
março de 1918, aos 53 anos de idade, mas a
Luzeiro (São Paulo) e ABLC (Academia Brasi-
essa altura, a publicação de olhetos já havia
leira de Literatura de Cordel), cuja sede ca
se tornado um comércio lucrativo e atraiu
no bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro.
a atenção de outros editores, como Chagas
Outros, bem mais raros, podem ser encon-
Batista e João Martins de Athayde...
11
- Quan Leanr mrreu
no poço escuro do ANALFABETISMO, o COR-
o crel cntinuu
DEL estava no auge e os CLÁSSICOS DO GÊ-
Jã Martins e Athaye
NERO, como PAVÃO MISTERIOSO, PROEZAS
Muit temp publicu
DE JOÃO GRILO E CACHORRO DOS MORTOS
obras e váris petas
alcançavam tiragens abulosas, que esgota-
E assim cnsliu.
vam em poucos meses... Lido em voz alta, nas rodas amiliares, o cordel era um onte
- A inrmática chegu
inesgotável de entretenimento, sobretudo
Cm a glbalizaçã
para as populações da zona rural. São inú-
Cm antenas parabólicas
meros os intelectuais e artistas nordestinos
Espalhaas n sertã
que testemunham a importância da Lite-
Mas lhet garante
ratura de cordel na sua ormação cultural,
Ba cmunicaçã.
principalmente como erramenta auxiliar no processo de alabetização.
– Agra, na EdUCAÇÃo o lhet az gura
Hoje, novos olhares acadêmicos são lança-
As esclas escbriram
dos sobre o Romanceiro Popular, que não
Que crel é cultura
é mais considerado uma arte menor e sim
Meus parabéns para nssa
uma ESCOLA LITERÁRIA BRASILEIRA, a exem-
Ppular literatura.
plo do Romantismo, do Parnasianismo e do
(Azulã - CANTAdoR / dECLAMAdoR)
Condoreirismo.
É isso mesmo. O “PROFESSOR FOLHETO”,
O cordel tem interagido com diversas outras
como é chamado no NORDESTE, oi respon-
artes. Ele está presente na Literatura de Jor-
sável pela alabetização de milhares e mi-
ge Amado, no Teatro de Ariano Suassuna, no
lhares de brasileiros. Na primeira metade
Cinema de Guel Arraes, na xilogravura de J.
do século XX, quando cerca de 70% da po-
Borges e nas ilustrações do pernambucano
pulação nordestina ainda vivia mergulhada
Jô Oliveira...
12
TExTo 2
temáticas e características da Literatura de cordeL Marc Hauréli e Farias 1
1.TEmáTiCA A Literatura de cordel é a poesia popular, herdeira do romanceiro tradicional, e, em linhas gerais, da literatura oral (em especial dos contos populares, com predominância dos contos de encantamento ou maravilhosos). É a literatura que reaproveita temas da
de que ns ala a História. Era esse temp as gestas ds cavaleirs anantes, E essa pesia rue ds bars itinerantes Fi trazia para a América N bj s navegantes.
tradição oral, com raízes no trovadorismo
Essa pesia i
medieval lusitano, continuadora das can-
Cantaa pels jgrais,
ções de gesta, mas também espelho social
Celebran s granes eits
de seu tempo. Com esta última nalidade,
ds heróis meievais,
a Literatura de cordel receberá o qualica-
E também alan sbre
tivo – verdadeiro, porém reducionista – de
Rmances sentimentais.
“jornal do povo”. O cordelista, como hoje é conhecido o poeta de bancada, é parente do
E quan cmeça cicl
menestrel errante da Idade Média, que, por
das Granes Navegações
sua vez, descende do rapsodo grego.
de Prtugal e a Espanha, As antigas traições
N Nreste brasileir,
Vã se acman as pucs
Cnservas na memória,
Pelas nvas pssessões.
Rmances, cnts e xácaras
(TRECHO DO FOLHETO: O CORDEL; SEUS VA-
Lembravam a antiga glória
LORES, SUA HISTÓRIA, de Marco Haurélio e
de Prtugal e a Espanha,
João Gomes de Sá.)
1 Cordelista, proessor e pesquisador. Coordena, pela Editora Nova Alexandria, a coleção Clássicos em Cordel.
13
O Cordel abarca os mais variados temas,
Cmbinaram e encntrar
desde as histórias jocosas, como Proezas de
Na mata Tmbar.
João Grilo e O Cavalo que Deecava Dinhei-
Maria saiu e casa,
ro, até dramas históricos, como Joana D’Arc,
A má srte acmpanhu.
Heroína da França e Antônio Conselheiro e
Bem na vlta caminh,
a Guerra de Canudos.
one a nça lhe pegu. Maria tinha um xale branc.
A Literatura de cordel, desde o seu início, no
N lugar ele cu.
nal do século XIX, se abeberou de ontes como o romanceiro tradicional. Desta onte
Jsé cnheceu xale,
da tradição oral nasceram histórias, como A
Pela mata i entran.
Triste Srte e Jvelina (de Sátiro Xavier Bran-
A trança seu cabel
dão) e Brás e Anália (de Joaquim Batista de
Na picaa i achan.
Sena). Os dois cordéis contam basicamente
Chegu na beira ri,
a mesma história: um casal separado pela
d utr la i naan.
condição social adversa: a moça rica é im-
Chegu na gruta a pera.
pedida pelo pai de namorar o rapaz pobre.
A nça tava esperan.
Combinam uma uga, mas a moça termina sendo morta por uma onça. Há um romance de autor desconhecido chamado Jsé e Maria (recolhido em Parapiranga, Bahia, pelo olclorista sergipano Jackson da Silva Lima, e em Igaporã, Bahia, pelo cordelista Marco Haurélio) que traz o embrião desta história. Abaixo a versão recolhida por Marco Haurélio:
14 Jsé viu Maria mrta. Pela gruta ele entru. Arrancu e seu punhal, Cm a era ele lutu. Arrancu e seu revólver, Ela lhe esau. Fi passan um caçar, Jsé ina pôe alar: “dê lembrança a minha amília,
Iae e ze ans,
Que nã pss mais vltar.
Jsé e Maria amava,
Maria mrreu pr mim,
Mas velh pai a mça
Pr ela vu me acabar.
Cm iss nã cncrava.
Aqui entr estas peras
Nas cartas que escrevia,
Três almas cá vã car.
Cm tristeza, ela alava: “Ach melhr nós ugir”.
Nós nã casams na terra,
outr jeit nã achava.
Mas n céu vams mrar”.
Além dos romances trágicos, o Cordel abra-
e etnu um vulcã
ça outras temáticas:
que aina cntinua, naquela nite crreu
•
HISTÓRIAS JOCOSAS OU DE GRACEJO:
um lbismem na rua.
são histórias que exploram o riso e se
Prém Jã Grill criu-se
baseiam em acécias e anedotas de ori-
pequen, magr e sambu
gem popular. Outras, como A Intriga
as pernas trtas e nas
Cachrr cm Gat, são invenções
a bca grane e beiçu.
do próprio poeta. Prezas e Jã Gril,
N síti ne mrava,
de João Ferreira de Lima, publicado em
ava ntícia e tu.
1932, é um dos best-sellers do cordel brasileiro. A história gira em torno de João Grilo, espécie nordestina de Pedro Malazarte, personagem que serviu de inspiração ao protagonista da peça teatral Aut a Cmpaecia, de Ariano Suassuna. Trecho do cordel:
Outras obras de gracejo: o Batiza Gat (de Arievaldo Viana) Presepaas e Chicó e Astúcias e Jã Gril (de Marco Haurélio) os dez Manaments Preguiçs em Crel (de Varneci Nascimento) A Chegaa e Lampiã n Inern (de José
Jã Gril i um cristã
Pacheco)
que nasceu antes ia,
A Via e Cancã e Fg e Seu Testamen-
criu-se sem rmsura,
t (de Leandro Gomes de Barros)
mas tinha saberia
A Intriga Cachrr cm Gat (de José
e mrreu epis a hra
Pacheco)
pelas artes que azia. •
ROMANCES DE ENCANTAMENTO: No
E nasceu e sete meses,
Brasil, os contos de encantamento,
chru n buch a mãe;
também chamados de Contos Mara-
quan ela pegu um gat
vilhosos, chegaram com o europeu
ele gritu: “nã me arranhe
e aqui se xaram desde os primeiros
nã jgue neste animal
dias da Colonização. Folcloristas como
que talvez vcê nã ganhe”.
Silvio Romero e Luís da Câmara Cascudo recolheram várias destas histórias.
Na nite que Jã nasceu
Os poetas populares nordestinos, nas-
huve um eclipse a lua
cidos e criados num ambiente em que
15
o hábito de contar histórias era muito
reira da Silva, o Lampião (1898-1938),
comum, mantiveram viva a tradição
o mais amoso acínora da história do
dos bons contadores de histórias. Des-
Brasil. Ainda em vida, desaando os
ta orma, nasceram clássicos como:
governantes de vários estados do Nordeste Brasileiro, Lampião já era um
Juvenal e dragã (de Leandro Gomes de Barros) o Príncipe Barr Branc e a Princesa Vai-Nã-Trna (de Severino Milanês) os Três Cnselhs a Srte (de Manoel D’Almeida Filho)
mito. Há muitos olhetos de Cordel narrando a vida aventurosa do Rei do Cangaço. O mais amoso é os Cabras e Lampiã, de Manoel D’Almeida Filho, verdadeira epopeia sertaneja em 632 sextilhas.
A Bela Armecia n Bsque (de João Martins de Athayde) A Vitória Príncipe Rlã n Rein Pensament (de Severino Gonçalves de Oliveira) o Príncipe Jã Sem Me e a Princesa a Ilha s diamantes (de Francisco Sales Arêda) A Princesa Rsamuna e a Mrte Gigante (de José Pacheco) As histórias de encantamento não perderam a atualidade. São vários os títulos escritos por autores do Cordel contemporâneo. Exemplos:
TRECHO INTRODUTÓRIO DE OS CABRAS DE LAMPIÃO: Entre s ats mais alas Pelas plagas sertã, Tems as granes açanhas ds cabras e Lampiã Mstran quaras a via, d ams capitã. Em iversas reprtagens de revistas e jrnais Cm testemunhas iôneas Cntan ats reais,
o Príncipe oriente e Pássar Misteris
Cligims neste livr
(de Klévisson Viana)
Lances sensacinais.
História a Mura Trta (de Marco Haurélio)
dese quan cmeçaram
o Castig a Inveja e a Filha Pescar (de
os banis mais amss
Arievaldo Viana)
Que pr várias injustiças Trnaram-se criminss,
•
HISTÓRIAS DE LAMPIÃO: são muitas as
Vingativs, esalmas,
histórias que envolvem Virgulino Fer-
Assaltantes, perigss.
16
Sã cass que aina hje
dade, baseada na sabedoria popular:
Nã tems quem s cnteste, Prque caram gravas Nas estranhas Nreste Cm sangue, cm err e g, Cm a maliçã a peste.
os nsss antepassas Eram muit prevenis diziam: mats têm lhs E parees têm uvis os crimes sã escberts
Outras biograas em Cordel sobre Lampião
Pr mais que sejam escnis.
ou outros personagens do cangaço: Outras obras no gênero: Antôni Silvin: Via, Crimes e Julgament (de Francisco das Chagas Batista)
o Enjeita e orin (de Delarme Monteiro
A Veraeira História e Lampiã e Maria
Silva)
Bnita (de Klévisson Viana e Rouxinol do
o Rmance e um Sentencia (de João
Rinaré)
Martins de Athayde)
Lampiã, Rei Cangaç (de Antônio Teo-
o Assassin a Hnra u a Luca Jarim
doro dos Santos)
(de Caetano Cosme da Silva)
Lampiã, Capitã Cangaç (de Gonça-
Amr e Mãe (de Severino Borges Silva)
lo Ferreira da Silva)
o Guara Flrestal e Capitã e Larões
Lampiã: Herói u Bani (de João Firmi-
(de Rouxinol do Rinaré)
no Cabral)
Amr e Martíri e Uma Escrava (de João Firmino Cabral)
•
HISTÓRIAS DE AMOR E SOFRIMENTO:
A Vitória e Renat e Amr e Mariana (do
Com enredos novelescos, estas his-
Mestre Azulão)
tórias giram em torno de injustiças, quase sempre reparadas ao nal, cri-
2. CArACTEríSTiCAS
mes aparentemente impunes, dramas amiliares e tragédias de diversos ma-
Quando Leandro Gomes de Barros iniciou
tizes. No gênero, a maior criação, sem
o processo de editoração de Cordel no Bra-
dúvida, é o Cach ds mts, de
sil, as publicações estavam próximas do o-
Leandro Gomes de Barros. A história
lhetim: mais de uma história era publicada
gira em torno de um crime passional,
num olheto de geralmente 32 páginas (com
do qual a única testemunha é um ca-
variações que iam de 8 a 64 páginas). Era
chorro chamado Calar. A estroe inicial
uma maneira de manter o interesse do lei-
traz uma advertência contra a impuni-
tor e, assim, garantir uturas vendas. Os edi-
17
tores pioneiros Pedro Batista (genro de Le-
sicos, como Prezas e Jã Gril, A Chegaa
andro), Francisco das Chagas Batista (irmão
e Lampiã n Inern e História a dnzela
de Pedro e grande amigo de Leandro) e João
Tera.
Martins de Athayde rejeitaram essa tática. As histórias maiores eram editadas em dois
Em 1952, a editora paulistana Prelúdio pas-
ou três volumes, mas não mais no esquema
saria a publicar cordéis no ormato que a
de olhetim. O ormato, com pequenas va-
consagrou, com capa em policromia e ta-
riações, era o 11X15 (que correspondia a uma
manho maior que o nordestino (13,5 x 18).
olha A4 dobrada em quatro partes).
Neste mesmo período, o poeta baiano Antônio Teodoro dos Santos apresenta alguns
Editoras pioneiras, como a Guajarina de Be-
originais à editora. Teodoro escrevia sobre
lém do Pará (que se manteve ativa entre as
tudo, para todos. Seu cordel Via e tragéia
décadas de 1910 a 1940), mantiveram esse or-
presiente Getúli Vargas, de 1954, escri-
mato.
to após o suicídio de Getúlio vendeu, na primeira edição, impressionantes 260 mil
As edições pioneiras do Cordel não traziam
exemplares. Começa o período áureo da Li-
ilustrações na capa. No máximo, arabesco
teratura de cordel publicada no Sudeste. A
ou vinhetas pinçadas de outras publicações.
obra de Teodoro é vasta e de boa qualidade
João Martins de Athayde, a partir de 1921,
e, dentre os muitos títulos de sua lavra, ain-
estabelecido como grande editor no Recie,
da se destacam Jã Sla, valente pra-
recorreu a gravuras de artistas contratados,
ça que meteu diab num sac e Lampiã,
inclusive seu sobrinho Eliezer. Athayde tam-
rei cangaç, clássicos incontestes. Em
bém se valia dos clichês em zincogravura
1973, a Prelúdio mudou o nome para Luzei-
com imagens de cartões postais e de artistas
ro, mantendo-se o ormato e o padrão, com
de cinema.
inclusão de uma cha com características
A utilização em escala maior da xilogravura popular se deu com o editor alagoano José Bernardo da Silva, que estabeleceu um parque gráco em Juazeiro do Norte, Ceará,
da obra e uma biograa do autor.
3. CorDÉiS Em ouTroS formAToS
onde contou com o apoio do Padre Cícero. Por muito tempo, o Cordel esteve associado Em 1949, José Bernardo comprou direitos de
a conceitos reducionistas e como “auten-
publicação de João Martins de Athayde. Stê-
ticidade” e “legitimidade”. Parte dos estu-
nio Diniz, neto de José Bernardo, recriou em
diosos via na orma como eram impressos
xilogravuras algumas capas de cordéis clás-
e comercializados os olhetos a principal
18
característica do Cordel. A qualidade do tex-
- Clsscs e Cdel: lançada pela editora
to, na maioria dos casos, cava em último
Nova Alexandria, esta coleção apresenta re-
plano. Privilegiou-se a orma em detrimen-
criações poéticas de clássicos da literatura
to do conteúdo. As capas em policromia da
brasileira e universal. Com grande volume
Luzeiro, tão combatidas pelos estudiosos,
de adoções em escolas e seleções em pro-
tornaram-se as avoritas do público.
gramas de governo, a coleção reúne alguns dos mais renomados poetas populares da
O bm de publicações de cordéis por edito-
atualidade, como Varneci Nascimento, João
ras de médio e grande porte é um sintoma
Gomes de Sá, Moreira de Acopiara, Geraldo
deste novo tempo. Poetas como Arievaldo
Amâncio, Sebastião Marinho e Marco Hau-
Viana, Klévisson Viana, Rouxinol do Rinaré e
rélio.
Manoel Monteiro escreveram livros inantis que aproveitam a linguagem e a ácil comu-
Outras iniciativas:
nicação do Cordel nordestino. Coleção Cnta e Cdel (Editora Escala) Algumas iniciativas editoriais, orma do mercado tradicional, ganharam amplo destaque.
Coleção Cnts e Cdel (Pandas Books)
- Bblteca de Cdel: lançada pela editora
No Nordeste, as editoras cearenses IMEPH
Hedra, a coleção reúne nomes como Rodol-
e Conhecimento, com um catálogo variado,
o Coelho Cavalcante, Patativa do Assaré,
já lançaram vários livros inantis, a exemplo
Minelvino Francisco Silva, Klévisson Viana,
de A Rapsa e Cancã (de Arievaldo Viana),
Rouxinol do Rinaré e João Martins de Athay-
publicado pela primeira, selecionado para
de. Os textos são apresentados por estudio-
o Programa Nacional Biblioteca da Escola
sos da área.
(PNBE).
19
TEXTO 3
cordeL: da feira à saLa de auLa Arieval Viana1
CorDEL rEViTALiZADo
tâncias, de uma providencial parceria com a Secretaria de Educação do Município.
Desde que surgiram os primeiros olhetos impressos, no último quartel do século XIX,
Também temos indícios de renascimento
a Literatura de cordel tem sido uma podero-
da Literatura de cordel na Região do Cari-
sa erramenta de alabetização e incentivo
ri, com o surgimento da Academia dos Cor-
à leitura junto as populações do Nordeste.
delistas do Crato. Destacamos ainda o tra-
Nas duas últimas décadas do século XX, o
balho dos poetas-editores Pedro Costa, em
Cordel esteve ameaçado de extinção pelo e-
Teresina-PI e Marcelo Soares, em Timbaúba,
chamento de várias editoras e o alecimento
PE. Em São Paulo, destaca-se o trabalho de-
de grandes poetas do passado.
senvolvido pela “Caravana do Cordel”, que agrega poetas como Marco Haurélio, Morei-
Um sopro de revitalização só viria a aconte-
ra de Acopiara, Varneci Nascimento, Costa
cer a partir de 1999 com o surgimento das
Senna, Sebastião Marinho e muitos outros.
editoras Tupynanquim (em Fortaleza-CE),
Atua ainda, no Sudeste, o poeta mineiro Téo
Coqueiro (em Recie-PE) e Queima-bucha
Azevedo, que tem sido grande expoente e
(Mossoró-RN). Some-se a isso a persistência
divulgador do trovadorismo naquela região.
da Editora Luzeiro (de São Paulo) e do CE-
Nordestinos radicados no Rio de Janeiro
CORDEL (Centro de Cordelistas do Nordes-
como Mestre Azulão, Marcus Lucenna, Chi-
te) que continuavam na ativa nos tempos
co Sales Apolônio Alves dos Santos (in me-
das “vacas magras”. Posteriormente, o poe-
mrian) e Gonçalo Ferreira, dentre outros, se
ta Manoel Monteiro conseguiu implantar
encarregam de sua propagação por aquelas
um vasto programa editorial em Campina
bandas, principalmente na Feira de São Cris-
Grande-PB, valendo-se, em algumas circuns-
tóvão - Rio de Janeiro.
1 Poeta popular, radialista, ilustrador e publicitário. Criador do projeto Acorda Cordel na Sala de Aula, que utiliza a poesia popular na alabetização de jovens e adultos. Membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Autor de mais de cem olhetos de cordel e de livros sobre a Literatura de cordel. Consultor da série.
20
Um embrião do Projeto Acorda Cordel oi
12 obras de dierentes autores, acompanha-
testado com sucesso pela Secretaria de Edu-
da deste livro (espécie de Manual do Proes-
cação do município de Canindé. O projeto
sor) e de um CD com 10 poemas e canções
oi apresentado em Brasília, em dezembro
interpretados pelo autor e pelos cantadores
de 2002, durante a III Conerência Nacional
Mestre Azulão, Geraldo Amâncio, Zé Maria
de Educação e Desporto, promovida pela
de Fortaleza e Judivan Macêdo. O livro traz
Comissão de Educação da Câmara Federal.
inormações sobre as origens da Literatura
Na oportunidade, uma caixa contendo doze
de cordel, suas regras e modalidades e con-
olhetos oi lançada para um público de
tém um Curso Prático de Literatura de Cor-
mais de três mil pessoas. O poeta Arieval-
del com inúmeras dicas para os educadores,
do Viana participou do evento na qualidade
acerca da utilização dos olhetos na sala de
de convidado, ao lado do cartunista Ziraldo
aula. A novidade, nesta edição, ca por con-
(criador do Menino Maluquinho), do cineas-
ta do capítulo “Como produzir um olheto
ta Nélson Pereira dos Santos e da atriz Lu-
de cordel em classe - passo a passo.”
célia Santos, que caram encantados com o Projeto.
Após o lançamento do livro, em abril de 2006, o projeto correu mundo... Foram cen-
Finalmente em 2006 saiu a primeira edição
tenas de palestras, ocinas e apresentações
desta obra, com tiragem de dois mil exem-
Brasil aora. Esse “kit” vem sendo adquirido
plares, há muito esgotada. A retomada do
por secretarias de educação, escolas, biblio-
Projeto Acorda Cordel agora em 2010 res-
tecas ou por iniciativa dos próprios educa-
gata um trabalho vitorioso que deu grande
dores, de várias regiões do Brasil, inclusive
contribuição para diusão da Literatura de
através de pedidos por teleone ou pela in-
cordel nas escolas de todo o Brasil.
ternet. Aliás, desde o ano de 2000 o pro jeto vem sendo amplamente divulgado nas
o QuE É o ProJETo “ACorDA CorDEL NA SALA DE AuLA”
escolas através de aulas, ocinas, palestras, simpósios e estudos a partir da linguagem e inormações diversas contidas nos olhetos.
O Projeto Acorda Cordel na Sala de Aula propõe, há dez anos, a revitalização do gênero e sua utilização como erramenta paradidática na alabetização de crianças, jovens e adultos e também nas classes do Ensino Fundamental e Ensino Médio. O “kit” é composto por uma caixa de olhetos, contendo
Além de estimular o hábito da leitura, estudantes de qualquer aixa etária estão em contato com uma legítima expressão da cultura popular brasileira. Experiências realizadas em cidades como Campina Grande-PB, Palmas- TO, Mossoró-RN, Brasília-DF, Reci-
21
e-PE, Uberlândia-MG e diversos municípios
Um clássic que é etern
cearenses (Canindé, Caridade, Sobral, Ma-
Sem cnter eruiçã.
ranguape, Boa Viagem, Quixadá, Reriutaba, Pacatuba, Milhã, Limoeiro do Norte, Salitre,
Conheça agora alguns clássicos do gênero,
Sobral etc.) nos autorizam a armar que a
eleitos pelo povo, que ainda hoje gozam de
receptividade entre os alunos é excelente,
prestígio junto ao público leitor de todas as
sobretudo em atividades como leitura em
aixas etárias. Muitas dessas obras extrapo-
grupo e até mesmo a elaboração de novos
laram o mundo limitado dos olhetos e o-
olhetos entre os próprios estudantes. Como
ram aproveitadas por outras maniestações
se sabe, milhares de nordestinos oram ala-
artísticas: MÚSICA, TEATRO, CINEMA, QUA-
betizados, ao longo de muitos anos, graças
DRINHOS etc. O cartunista pernambucano
ao olheto de cordel. Vejamos o relato do
JÔ OLIVEIRA, por exemplo, já transormou
poeta ARIEVALDO VIANA sobre a sua alabe-
em “graphic novel” poemas como PAVÃO
tização:
MISTERIOSO, JOÃO DE CALAIS e ROBERTO DO DIABO.
As cinc ans e iae, Sem ser alabetiza
o Pavã Misteris,
Tive cntat cm s granes
de Zé Camel e Mel,
Crelistas passa.
Narra u’a história antástica
E e caa menestrel
Cm esech muit bel...
Fui ecran um crel,
Também ecrei n jg
Mesm sem ter estua.
Trechs e Cancã e Fg, o mais astut amarel.
Era minha avó quem lia Caa lhet u história
Eram ts granes mestres
de rainha e e princesa,
os petas que escutei.
de sriment u e glória.
E muits e seus pemas
Muit atent eu lhe escutava
Puc a puc eu ecrei.
E puc a puc guarava
os seus verss geniais
Alg na minha memória.
Me ensinaram muit mais Que s livrs que estuei...
As prezas e Jã Gril, Testament e Cancã,
Leanr Gmes e Barrs,
Princesa a Pera Fina,
Mestre Manel Camil,
os cabras e Lampiã,
Autr e Sã Saruê,
Sua Chegaa n Inern,
Pema e grane estil;
22
Jã Ferreira e Lima,
cunh picaresc, e a bjetiviae e sim-
Que mstru em vers e rima
pliciae s texts, elements que eu já
As prezas e Jã Gril.
ienticara e apreciara, certamente pr
Fi assim que eu apreni Ler, escrever e cntar. dna Alzira, a minha avó, Reslveu me ensinar As letras alabet. E em pucs ias seu net Já cnseguia sletrar. O escritor RIBAMAR LOPES, no preácio do livro ACORDA CORDEL NA SALA DE AULA, ressalta que antigamente as escolas utilizavam muito a leitura de poemas em voz alta, o que servia para estimular o hábito da leitura e também para desinibir os alunos. Vejamos: “Em meas e 1940, estuante n gru-
muit se aprximarem a nssa lingua gem clquial. Lg me vi, nas tares e ming, len lhets para amílias a vizinhança, entre as quais nã havia pessas alabetizaas, u que, se as huvesse, preeriam a leitura cm entusiasm, a esenvltura e a interpretaçã que eu sabia imprimir àqueles verss.” Uma Carta e ABC E uma velha Tabuaa, Um punha e créis Numa maleta encantaa, Me eram a luz saber. Ali eu pue aprener Até a História Sagraa.
p esclar a minha ciae n interir
Caa lhet mexia
Maranhã, caíram-me às mãs s
Cm minha imaginaçã:
primeirs lhets e crel e que tive
Castels, reis e gigantes,
cnheciment. Aeit à prática semanal
Princesa, gêni e ragã...
a leitura em vz alta na classe, uvi
N meu pensament eu via,
era habitua a ritm e à snriae
Prque lá nã existia
s verss recitas nas sessões literá-
Revista u televisã.
rias, também semanais, em sala e aula, atei, e prnt, lhet, incluin-
o Cne e Mnte Crist
- entre minhas leituras preiletas.
Eu li, mas i n crel.
Encantaram-me, além a snriae,
Jã Martins e Athaye,
ritm e a harmnia as estres, a
Um ams menestrel,
maneira escntraía cm eram cn-
Len rmance ams
taas histórias abulsas, e amr u
Fez um crel vlums
e aventuras, u, aina, e gracej e e
E passu para papel.
23
os dze Pares e França
Nem t lhet serve,
Batalhas e Ferrabrás,
Tem que saber esclher.
História e Per Cem,
observe cm atençã:
As queixas e Satanás,
métrica, rima e raçã,
Tu em linguagem crreta
T crel eve ter.
Cm A História Cmpleta d Herói Jã e Calais.
Crel esmetrica Nã á pra ler em vz alta.
Sã histórias ascinantes
Tem hra que sbra métrica,
Que as esclas evem ter,
Tem hra que a rima alta,
one s estuantes pem
Ina tem pesquisar
Pesquisar e aprener.
Cm iplma e utr
Em caa bibliteca
Que esse mau “crel” exalta.
deve ter a CoRdELTECA, outra nte e saber.
Separe ji trig,
o crel cntém ciência,
Examine cnteú.
Matemática, astrlgia,
A capa é muit imprtante,
Nções e ísica, gramática,
Prém ela nã iz tu...
de história e gegraa.
Para que bm prevaleça,
Em linguagem ppular,
Crel sem pé nem cabeça
o crel pe narrar
Nã serve para estu.
Tu iss em pesia.
Na úvia, prcure um clássic,
Alertamos os proessores a respeito do
desses que eu citei aqui,
pseudocordel. Alguns escritores, levados
Pis i estuan s mestres
pelo modismo, embora não tenham o dom
Que sei tu que apreni.
da poesia, estão enchendo o país com uma
E aina acrescent mais:
enxurrada de olhetos desmetricados, sem
Sã lhets geniais
métrica e sem rima, ou melhor, sem eira
Que eu sempre li e reli.
nem beira, como diziam os antigos. É preciso tomar cuidado na hora de compor a sua CORDELTECA, para não comprar gato por lebre...
ALgumAS oBrAS rEComENDADAS PArA A ESCoLA: 12 CoNToS dE CASCUdo EM FoLHEToS dE
Prém, pressr, cuia!
CoRdEL — Caixa de olhetos de vários auto-
Escute que eu vu izer:
res - Editora Queima-Bucha.
24
RoMANCE dE IRACEMA, A VIRGEM doS LÁ-
A GRAMÁTICA EM CoRdEL - Zé Maria de For-
BIoS dE MEL (Adaptação da obra de José de
taleza (Ceará);
Alencar) — Autoria atribuída ao poeta popular Alredo Pessoa Lima (Paraíba) — Tupynanquim Editora; A FoRÇA do SANGUE (adaptação de uma novela de Miguel de Cervantes para o Cordel) — Arievaldo Viana (Ceará); PELEJA dE CEGo AdERALdo CoM ZÉ PRETINHo do TUCUM — Firmino Teixeira do Amaral (Piauí); RoMANCE do PAVÃo MYSTERIoSo — José Camelo de Melo Resende (Paraíba); HISTÓRIA dA doNZELA TEodoRA — Leandro Gomes de Barros (Paraíba); o JUSTICEIRo do NoRTE - Rouxinol do Rinaré (Ceará); o PAVÃo MISTERIoSo (Editora IMEPH) - Releitura de Arievaldo Viana, com ilustrações
o HoMEM do ARRoZ E o PodER dE JESUS José João dos Santos Mestre Azulão (Paraíba); SALVEM A FAUNA, SALVEM A FLoRA, SALVEM AS ÁGUAS do BRASIL - Manoel Monteiro da Silva (Pernambuco). A dIdÁTICA do CoRdEL - Zé Maria de Fortaleza/Arievaldo Viana (Ceará); o PEIXINHo ENCANTAdo oU A SoRTE do PREGUIÇoSo - Antônio Francisco Teixeira de Melo (Rio Grande do Norte); A INTRIGA do CACHoRRo CoM o GATo - José Pacheco (Alagoas); AS PRoEZAS dE JoÃo GRILo - João Ferreira de Lima (Pernambuco); A ESTÓRIA do REI, do RATo E do GATo - Manoel Monteiro da Silva;
de Jô Oliveira, destinada ao público inanto-
PAdRE CÍCERo, o SANTo do PoVo (Edições
juvenil.
Demócrito Rocha) - Arievaldo Viana;
dIABRURAS do HoMEM No PAÍS dA BICHA-
VIAGEM A SÃo SARUÊ - Manoel Camilo dos
RAdA - Vidal Santos (Piauí);
Santos (Paraíba);
oBRAS-PRIMAS UNIVERSAIS EM CoRdEL -
RoMANCE dE RoMEU E JULIETA - João Mar-
Adaptação de Stélio Torquato Lima, caixa
tins de Athayde (Paraíba);
com 15 olhetos (Editora Queima-Bucha);
A CHEGAdA dE LAMPIÃo No INFERNo - José
A RAPoSA E o CANCÃo - Cordelivro da Edito-
Pacheco;
ra IMEPH - Autor: Arievaldo Viana, com ilus-
A MEGERA DOMADA - Marco Haurélio
trações de Arlene Holanda (Indicado para
(Bahia) - Ed. Nova Alexandria;
PNBE/2008).
25
AS AVENTURAS do PoRCo EMBRIAGAdo - Fir-
QUER ESCREVER UM CoRdEL, APRENdA A FA-
mino Teixeira do Amaral;
ZER FAZENdo - Manoel Monteiro da Silva;
HISTÓRIA do SoLdAdo JoGAdoR / UMA VIA-
A AMBIÇÃo dE MACBETH - Arievaldo Viana
GEM Ao CÉU - Leandro Gomes de Barros;
(Editora CORTEZ – PNBE/FNLIJ 2009);
A CASA QUE A FoME MoRA - Antônio Francis-
PELEJA dE RIACHÃo CoM o dIABo - Leandro
co Teixeira de Melo;
Gomes de Barros;
A LENdA do VAGALUME - Zé Maria de For-
o dIVÓRCIo dA CACHoRRA - Arievaldo e Klé-
taleza;
visson Viana;
o ABC dA VIdA - Arievaldo Viana;
o HoMEM dA VACA E o PodER dA FoRTUNA -
ARTIMANHAS dE PEdRo MALAZARTES E o URUBU AdIVINHÃo - Klévisson Viana; PAULo FREIRE E BC NETo - UM CoRdEL CoMPARATIVo - Arievaldo Viana; LULA NA LITERATURA dE CoRdEL - Antologia organizada por Crispiniano Neto, reunindo mais de 50 olhetos sobre o presidente Lula
Francisco Sales Areda (Pernambuco); HISTÓRIA dE JoÃo CAMBAdINHo E A PRINCESA do REINo dE MIRAMAR - Inácio Carioca (Pernambuco); oS AMoRES dE CHIQUINHA E AS BRAVURAS dE APoLINÁRIo - Joaquim Batista de Sena (Paraíba);
e a política brasileira dos últimos 40 anos. -
o SEGREdo dA PRINCESA - João Martins de
Editora IMEPH;
Athayde;
o PRÍNCIPE oSCAR E A RAINHA dAS ÁGUAS -
EPoPÉIA do BoI CoRISCo, oU A MoRTE do
José Bernardo da Silva (Alagoas);
VAQUEIRo dESCoNHECIdo - Vidal Santos;
PEdRINHo E JULINHA - José Camelo de Melo
o CASTIGo dA INVEJA oU o FILHo do PESCA-
Resende;
doR - Arievaldo Viana;
doNA BARATINHA E SEU CASÓRIo ATRAPA-
A FESTA doS CACHoRRoS - José Pacheco;
LHAdo - Arievaldo Viana (Edições Demócrito Rocha); SANToS-dUMoNT, ASAS PARA o MUNdo Gonçalo Ferreira da Silva; BRASIL ALFABETIZAdo - ALFABETIZAÇÃo E CIdAdANIA - Maércio Lopes (Ceará);
o PRoFESSoR SABE-TUdo E AS RESPoSTAS dE JoÃo GRILo - Klévisson Viana e Francisco Leite Quental; A VIDA DE CANCÃO DE FOGO E SEU TESTAMENTO - Leandro Gomes de Barros.
26
GONÇALO FERREIRA, MARCUS LUCENNA, MESTRE AZULÃO E CHICO SALLES, NO RIO DE JANEIRO, ESTÃO LANÇANDO CORDELIVROS PELA EDITORA ROVELLE. EM SÃO PAULO, VÁRIOS AUTORES NORDESTINOS ESTÃO PUBLICANDO SEUS “CORDELIVROS” PELAS GRANDES EDITORAS: ARIEVALDO VIANA (FTD, NOVA ALEXANDRIA E CORTEZ); MARCO HAURELIO (NOVA ALEXANDRIA, PAULUS, LUZEIRO etc.). Temos ainda, em São Paulo: COSTA SENNA, VARNECI NASCIMENTO, SEBASTIÃO MARINHO, dentre outros.
27
Pesdênca da repúblca mnsté da Edcaçã Secetaa de Edcaçã a Dstânca Deçã de Pdçã de Cnteúds e façã e Edcaçã a Dstânca
TV ESCoLA/ SALTo PArA o fuTuro Cdenaçã-eal da TV Escla Cdenaçã Pedaóca Spevsã Pedaóca Rsa Helena Mennça Acpanhaent Pedaóc Grazielle Avellar Bragança Cdenaçã de utlzaçã e Avalaçã Mônica Muarrej Fernana Braga Cpdesqe e revsã Maga Freiani Martins Daaaçã e Edtaçã Equipe Núcle e Pruçã Gráca e Míia Impressa – TV Brasil Gerência e Criaçã e Pruçã e Arte Cnslt especalente cnvdad Arieval Viana E-mail: salt@mec.gv.br Hme page: www.tvbrasil.rg.br/salt Rua a Relaçã, 18, 4 anar – Centr. CEP: 20231-110 – Ri e Janeir (RJ) outubr 2010
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