100 Anos Clube Desportivo Feirense Parte 1
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CLUBE DESPORTIVO FEIRENSE CEM ANOS DE HISTÓRIA FUNDAÇÃO DO FEIRENSE1 PARTE I Roberto Carlos Reis* Quando acedi ao desafio desafio de tentar “construir” a história deste grande clube, clube, tinha na mente as dificuldades inerentes a um trabalho desta natureza, nomeadamente a ausência ausência de documentos escritos escritos referentes ao período inicial da vida vid a do Feirense, e como tal temos a consciência consciência de que podemos cometer alguns pequenos erros, mas que com certeza certeza iremos corrigir ao longo longo da publicação da “Revista Villa da Feira”. O ano da fundação, como é do conhecimento geral, é o de 1918, um ano bastante confuso confu so na história de Portugal, senão vejamos, apenas 8 anos tinham decorrido da implantação de República, as feridas ainda se faziam sentir entre republicanos vencedores e monárquicos monárqui cos derrotados. A participação de Portu Portugal gal na 1.ª Guerra Mundial ao lado dos Aliados, também também em nada favorecia o bemestar dos portugueses portugueses e em particular dos feirenses.
1 Feirense Magazine, 19 de Outubro 2001
Porém estes aconteci acontecimentos mentos não impediam que a Vila da Feira, vivesse um fervilhar cultural, recreati vo, desportivo graças à di dinâmica nâmica e entusiasmo dos feirenses de então. Ao falarmos da história de uma instituição para além da consulta de documentos escritos, temos de ter sempre em atenção as “estórias” das pessoas. Recorremos a uma per personalidade, sonalidade, que desde sempre esteve ligado ao Feirense e a todas as coletividades da então Vila da Feira, o Sr. António Lamoso, que nos relatou episódios interessantíssimos interessantíssimos para a História História do Clube Desportivo Feirense. Remeteu-nos a funda fundação ção da Associação Desportiva Desportiva da Feira (antecessora (antecessora do Feirense), para uma época em que o associativismo começou a despertar na Vila da Feira: A sua fundação coincide com a do Clube Caçadores da Feira ocorrida em 1918, sendo os seus fundadores praticamente os mesmos feirenses2. 2 António Lamoso in Factos e Personalidades da Feira do Concelho, 1917a 1950
*Técnico Superior de História Câmara Municipal de Santa Maria da Feira. Historiador. Investigador CEGOT - Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território -Unidade de Investigação e Desenvolvimento das Universidades de Coimbra, Porto e Minho. DEA em Turismo, Lazer e Cultura Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Doutorando Turismo, Lazer e Cultura Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Professor Convidado Universidad Rey Juan Carlos – Madrid.
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Em 18 de março, foi fun fundada dada na Vila da Feira, uma coletividade desportiva, (a que foi dada o nome de Associação Desportiva Feirense), pelos abnegados abnegados feirenses, Luís Amorim (funcionário fabril), Artur Bastos (funcionário das Finanças), Luís Cadillon (bancário) e 12
Artur Lima (comerciante)3, plêiade de rapazes amigos do seu rincão.
3 Domingos Ribeiro in “Um Pouco da História do Clube Desportivo Feirense” Feirense”
Morreu a 13 de Abril de 1974, rodeado de carinhos de familiares e do seu médico assistente, Dr. Alfredo Terra, que durante a sua prolongada doença, jamais abandonou abando nou a cabeceira do seu leito.
ARTUR LIMA
Artur Lima era o mais velho dos quatro fundadores fundadores do Feirense, mas terá sido o maior impulsionador do grupo, já que tinha por hábito há bito colocar os interesses da população em conversa e discussão. Desde muito novo abraçou com fé e entusiamo os princípios democráticos aos quais se manteve fiel até à morte. O seu conceituado estabelecimento comercial na rua principal da então Vila da Feira, foi sempre, sem pre, pode dizer-se, um ponto de reunião, onde alguns dedicados feirenses diariamente diariamente se juntavam para conversa amena, sendo até considerado o clube dos caçadores, caçadores, visto que o saudoso Artur Lima era um apaixonado pela caça. Artur Lima colaborou sempre nas iniciativas que tivessem por objetivo o engrandecimento engrandecimento da sua terra, sendo sócio fundador fundador de todas as coletividades locais, integrando em diversas ocasiões os órgãos sociais dos Bombeiros Voluntários da Feira desde a década de 30 até à década de 60, a direção da Comissão de Vigilância do Cabelo da Feira nos anos 40 e 50.
ARTUR BASTOS
O saudoso José Vale no livro “O Espírito e a Graça das Gentes Feirenses” refere-se a Artur Bastos como sendo “um portista dos sete costados! Um caçador notável, um funcionário público competente e respeitador. Um Homem curioso, na maneira de se exprimir e de escutar escutar.. Génio, possuía-o, em catadupas. Um pouco nervoso a combater ideias com que não estava de acordo, mas, no convívio do lar, ou no seio dos amigos, um Homem simpático e afável. Artur de Oliveira Bastos nasceu em 26 de No vembro de 1893, no lugar do Rossio, precisamente preci samente no centro histórico da Vila da Feira, perfazendo 24 anos por altura da fundação do Feirense. A sua sabedoria e conhecimento estava ligada à área das Finanças, em que foi funcionário funcionário de 1919 até 1964. Foi sempre 13
muito dedicado para com a sua terra Natal, tendo sido um dos fundadores do Clube Caçadores da Feira na década de 20. Integrou os órgãos sociais dos Bombeiros Voluntários da Feira na década de 20 e 40, a Mesa da Santa Casa da Misericórdia da Feira e Club Feirense. Foi casado com a Sr Sr.ª .ª Dona Sofia Alves da Silva Bastos e era pai de Laura Lurdes Costa Vita. José Vale, no já citado livro, contas-nos a seguinte estória: “dirigia-se uma vez o Sr. Artur Bastos ao estabelecimento que o saudoso Américo Vicente possuía, ao lado da Padaria Araújo, e defronte à Igreja Matriz, a fim de adquirir uma imagem de S. Cristóvão (padroeiro dos automobilistas) para oferecer a um amigo. — De que tamanho? – inquiriu Américo Vicente. Resposta imediata do cliente: — Daquelas pequenas, homem. É para colocar no carro. Ou queria que a comprasse de tamanho natural?”. De salientar que a imagem de S. Cristóvão é enorme, cerca de dois metros de altura, está na nossa Igreja da Misericórdia. Outra “estória” de Artur Bastos registou-se no estabelecimento de um outro fundador da Associação Desportiva Feirense, de Artur Lima, no qual se reuniam ao fim da tarde “as direções” das diferentes coletividades da nossa praça. “Contava Artur Bastos as peripécias de uma viagem ocorrida a Trás-os-Montes, quando a certo momento se virou para Francisco Pinho (da MAF), e com a maior calma deste mundo diz: - Visitei Vidago e Pedras Salgadas. E, em cada uma destas estâncias, deu-se um verdadeiro milagre: bebi em cada uma delas, um copo de águas minerais!...” 4
4 Obra citada
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Enfim algumas recordações, de pessoas e locais ligadas à história do Clube Desportivo feirense, história essa que iremos continuar no próximo número, abordando a ligação entre a Associação Desportiva Feirense e o Clube Caçadores da Feira. Faleceu em 30 de Janeiro de 1976, já viúvo, com 82 anos de idade.
LUIS CADILLON
Luís Machado Cadillon, nasceu em 4 de Agosto de 1898 na Vila da Feira e tinha apenas 19 anos quando o Feirense foi fundado. Residia no lugar das Eiras e em 1924 integrou a Comissão Técnica do Feirense, tendo sido eleito a 2 de Janeiro de 1935 vice-presidente da Direção do Feirense, que viria a ser demitida em bloco na Assembleia Geral no dia 14 de Janeiro do mesmo ano. Em 1924 casou com Branca Fonseca Fontoura Madureira Freitas Cadillon, de quem teve quatro filhos, com a curiosidade de ser primo direito de outro fundador do Feirense, Luís Amorim.
Em meados de 1925 foi morar para Ovar, onde era funcionário no Banco Nacional Ultramarino. Integrou ainda a Direção da Ovarense na década de 30 e tendo sido presidente da Direção da Associação Asso ciação de Futebol de Aveiro na época de 1943-44. Faleceu a 27 de Agosto de 1988, em Ovar, com 90 anos de idade.
As primeiras reuniões efetuadas por esta Comissão pró-campo, eram feitas em casa deste último. Imediatamente encetaram as diligências para a aquisição do terreno onde devia ser construído o campo de jogos, que infelizmente, à falta de melhor, teve de cair para os lados da Mata, do lugar de Picalhos, próximo da linha férrea do Vale do Vouga, distanciado distanciado do centro da Vila, aproximadamente um quilómetro. Iniciadas as respectivas obras, pouco tempo levou a concluir o parque de jogos. Já no ano de 1920, se davam os primeiros pontapés na bola, e pouco tempo depois, começaram-se a realizar os primeiros encontros encon tros entre aguerridas turmas de futebol e a prática de tiro aos pombos, até meados de 1926 ou 27.
LUÍS AMORIM
Luís Alves de Amorim nasceu a 24 de Dezembro de 1901, na Vila da Feira e foi o mais jovem dos fundadores do Feirense, com apenas 17 anos! Esteve ligado à criação do Clube de Caçadores da Feira. Fez parte da primeira Comissão Técnica do clube, em 1924 e integrou a primeira equipa de futebol da Associação Desportiva Feirense. Casou com Emília Gonçalves da Mota de quem teve dois filhos e residiam no lugar das Eiras, pertinho da casa do primo Luís Cadillon. Foi empregado de escritório na firma “Amorim “Amorim & Lage”, das massas “Milaneza”, no Porto, cidade onde passou a residir,, e faleceu em 18 de residir d e Maio de 1975 no Hospital de Santo António no Porto, com 73 anos de idade.
Do primeiro grupo de futebol faziam parte os jovens Luís Amorim, Joaquim Magalhães, António Figueiredo, Eurico Menezes, Alberto Bastos, Alberto Andrade, Alcides Cadillon, José Pinto de Lima, Júlio Campos, António Pedrosa, Domingos Ribeiro, Constantino, Andrade 15
II, Anacleto, os irmãos Francisco Bastos “Capenga” e Manduca Manduca Bastos “Capenga”, os irmãos Correia do “Barracão”, “Sandique”, Manuel Santos, Lino Campos e Herculano Martins. A 4 de Maio de 1924, no Campo da Mata na Vila da Feira, realizou-se um desafio de futebol entre as primeiras categorias categorias da Associação Desportiva Feirense e do Lourosa Foot-Ball Club, em que a equipa da casa foi derrotada por 2-1. É o primeiro registo conhecido de jogos de futebol efetuados pela equipa do Feirense, Feirense, que equipava nesta altura com camisola vermelha e preta às listas verticais. A 30 de Dezembro de 1924, Alcides da Silva Machado foi eleito como presidente da primeira direção da ainda denominada Associação Desportiva Feirense. Completaram Completaram a direção os seguintes elementos: Joaquim Cruz como vice-presidente, António Carneiro Júnior como secretário, Alberto Bastos como 2.° Secretário, Américo Nunes como tesoureiro e Viriato Mota e Óscar Rodrigues como vogais. Na Assembleia Geral foi eleito presidente o Dr. Paulo de Sá, vicepresidente Aquiles Gonçalves e como secretários Ernesto Amorim e Fortunato Castro. No Conselho Fiscal foi eleito presidente o Dr. Benjamim de Brito, como secretário Vitorino Coimbra e como vogal Manuel Santos. Para a Comissão Técnica foram eleitos o Dr. António Moreira, Luís Cadillon e Luís Amorim. Em 1926 constituíram-se em nova Comissão, com o objetivo de adquirir um novo terreno com melhores condições condições para um novo campo, os feirenses Luís Amorim, Artur Bastos, Domingos Moreira, António Pedrosa, António Pena Gabriel, Júlio Moreira, Alcides Cadillon e António Carneiro Júnior. As primeiras reuniões efetuadas por esta Comissão Co missão
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pró - campo, eram feitas em casa deste últi mo (por cima da actual Drogaria do Sr Sr.. Amadeu, na Rua Direita). 16
5 Estabelecimento de Artur Lima, primeira “Sede” do Feirense
A já referida Comissão meteu mãos à obra reunindo já na primeira sede oficial desta agremiação instalada no edifício das Xabregas, hoje pertencente aos herdeiros herd eiros de Constantino Pereira. Os trabalhos desta Comissão correram de forma satisfatória, conseguindo um ótimo terreno no lugar do Montinho, mais ao centro da Vila, pertencente ao Senhor Adriano Simão. Curioso é esta notícia publicada no jornal Correio da Feira de 12 de Dezembro 1925, que refere a realização de uma partida de futebol entre uma equipa da Feira designada de União Foot Ball Clube Feirense e as segundas categorias do Paços de Brandão Foot-Ball Club, que terminou com a derrota do clube local por 3-1, sendo que o tento de honra do União foi marcado por Guilherme.
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6 Correio da feira. 12 de Dez embro 1925
Porém este documento que encontramos dissipa todas as dúvidas acerca do percurso da fundação da associação desportiva Feirense, culminando na alteração para Clube Desportivo Feirense. 17
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7 Alvará da apresentação dos Estatutos da Associação Desportiva Feirense no Governo Civil de Aveiro. Livro 10 do registo de alvarás, editais e ordens do Governo Civil de Aveiro , de 10-12-1924.
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INAUGURAÇÃO DO CAMPO DO MONTINHO EM 1931 A coletividade foi redenominada, entre 1926 e 1930, com a atual designação de Clube Desportivo Feirense, que a partir desta altura passou a equipar com camisola azul, calções pretos e meias pretas.
Em 2 de Março de 1931 foi inaugurado oficialmente o Campo do Montinho na Vila da Feira com um jogo entre a Seleção de Aveiro e o F.C. Porto, que esta equipa venceu por 7-1.
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8 Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, na década de 30.
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Em 2 de Março de 1931 foi então inaugurado oficialmente o Campo do Montinho na Vila da Feira com um jogo entre a Seleção de Aveiro e o F.C. Porto, para o qual foram vendidos mais de mil bilhetes. Foi uma grande jornada de confraternização e um dia de festa na receção aos ilustres visitantes, que apresentaram a sua melhor equipa. O resultado do encontro foi de 7-1 favorável à equipa do F.C. F.C. Porto. A visita do Futebol Clube do Porto à então Vila da Feira na época constituiu um marco histórico em termos desportivos para a nossa terra. O jornalista do Democrata Feirense9 que acompanhou esta inauguração, fez referência ao facto de não ter tido muito tempo para efetuar uma maior e melhor divulgação deste jogo que pôs frente a frente a equipa do Futebol Clube do Porto e uma equipa mista do distrito de Aveiro.
9 Democrata Feirense de 3 Março de 1931
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Mais importante que o resultado, foi de facto a jornada de confraternização que se registou na Vila da Feira. O articulista escreveu “causou sensação entre nós e redondezas a vinda daquele importante e cotadíssimo agrupamento desportivo a esta Vila, no passado domingo. Essa sensação aquilata-se bem pela presença numerosa ao nosso campo de jogos, na qual avultava a representação da vila de S. João da Madeira, fervorosa devota destes espetáculos. Calcula-se a assistência em cerca de mil pessoas. E, se não fora o péssimo estado do tempo na véspera e a deficiência de propaganda que à volta do caso se fez aliás explicada pela exiguidade do tempo que nos concedido para ela e para os demais trabalhos árduos da organização, (apenas nos deram 8 dias) decerto se registou uma muito maior concorrência que daria margem larga à amortização do passivo que ainda onera
o nosso campo. Em todo caso, não poderá considerar se desanimadora esta estreia. estreia. A direção do nosso clube desportivo, que está muito louvavelmente caprichando numa ação tenaz de a bem do desenvolvimento das condições mais elementares do seu campo e dependências, preparou preparou ao Futebol Clube
do Porto uma excelente receção, proporcionando-lhe a melhor comodidade na condição dos seus jogadores e membros diretivos que os acompanharam, e pondo o melhor entusiasmo e cavalheirismo na acolhida que lhes dispensou, foguetes, banda de música, vivas calorosos, todo o ritual vibrante das receções sensacionais”.
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As primeiras saudações proferidas na Câmara Municipal pelo vice-presidente da sua comissão administrativa, Sr. Dr. Gaspar Alves Moreira, que assim, gentilmente, acedeu ao pedido que lhe foi feito de colaborar na receção para dar a esta uma maior solenidade.
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Servido o almoço primorosamente num hotel desta vila, visitado o castelo, e feitos uns pequenos giros pelas ruas da terra, seguiu-se o desafio que teve lugar às 15 horas e meia no Campo Montinho. O Porto entrou em campo com a seguinte constituição: Siska, Avelino, Camilo, Souza, Álvaro Pereira, A. Sequeira, Lopes Carneiro, Cesário, Souza, Acácio e Castro. 10 Dr. Gaspar Moreira
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O grupo misto em cuja organização muito há a encarecer o trabalho e a boa vontade, extremamente grátis, do considerado desportista de Espinho, Artur Moreira, apresentou-se com a seguinte composição, selecionada entre alguns dos melhores elementos do distrito: Vieira, A Moreira, Gomes Pinto, Silva Gomes, Casal Ribeiro, Cristiano, Domingos Oliveira, Laranjeira, Soares da Silva, Piro e Carlos Alves (o luvas pretas). Logo de início, não foi difícil verificar que o Porto tinha naquela partida, a seu favor favor,, o valor da sua avultada superioridade técnica. Mercê dela o jogo descambou sobre o meio campo ocupado pelo grupo distrital e a sua atuação foi bem premente e desconcertante, vendo-se o seu frágil adversário em sérios embaraços para abroquelar com eficiência a sua zona de ação.
11 Em cima e da esquerda: Artur de Sousa, Álvaro Pereira, Sika, Waldemar Mota e José Szabo, Acácio, Lopes Carneiro, Sousa, Nunes, Jerónimo Faria e Milahy. Em baixo: Francisco Castro, Avelino Martins e Mesquita. http:// dragaodoporto.blogspot.pt/search/label/Anos%2030?updated-max=2014-0919T16:12:00%2B01:00&max-results=20&start=20&by-date=false
Os esforços empregados para descondensar a pressão que de momento a momento se tornava mais forte e perigosa, não lograram evitar a marcação da 1ª bola e das restantes quatro, impelidas quase todas, com excelente colocação e desembaraço, pelo avançado centro do Porto, que é um excelente condutor da linha avançada e um ótimo atirador, cotadíssimo em todo país com a indiscritível categoria dum internacional. Durante esse tempo de contínua ameaça e duma luta inglória, o grupo misto, quase não fez mais do que reduzir-se á defesa do seu terreno, prematuramente invadido, havendo apenas a assinalar no activo de reacção eficaz das suas linhas, o trabalho magnífico que representam as escapadas do extremo esquerdo, Alves, raro interceptadas, e que muito revelaram o seu poder de domínio e de protecção. O guarda-redes esteve hesitante. É preciso atender a esta circunstância que é capital na avaliação do valor dum guarda-redes; e a mim figura-se-me que a fácil crítica que por aí se fez esquecem esse aspeto importantíssimo do caso, como de resto não descontou na infelicidade do jogo deste homem, a natural enervação proveniente dum desafio daquela monta e responsabilidade. E essa foi bem patente. Na 2ª parte a reacção operou-se com mais êxito, atuando as linhas com um melhor sentido do ataque. E assim, o Porto, que no primeiro tempo poucas sofridas viu crescer sobre o seu terreno, desta vez teve que sofrê-las amiudadas vezes, sendo apenas para lastimar que as não guiasse um melhor senso da repartição do jogo e uma outra serenidade e acerto no lançamento terminal das jogadas, quase todas atiradas para fora ou
para o lado ou então expelidas com frouxidão incapaz de surpreender um goal-keeper da superior classe daquele que acurava na baliza adversária. Os backs regulares, da mesma bitola o half Cristiano. No ataque sobressaiu notavelmente Alves, que deu margem a visionar-se quanto melhor e mais positivo não seria o seu rendimento ao lugar central que costuma ocupar e que de direitos lhe competia. À noite houve jantar profuso e com brindes entusiásticos. Pelas 10 horas pouco ou mais ou menos esse alegre grupo de rapazes simpáticos retirava para o Porto, deixando o espirito de todos a melhor impressão e a maior gratidão por assim tão gentilmente se ter prestado a colaborar com o seu valor e o seu prestígio no desafio inaugural do nosso campo.
26 de Junho de 1938 O Feirense, na década de 30, além de ter começado a competir oficialmente nos campeonatos distritais, cujo primeiro jogo oficial, realizado em 15 de Novembro de 1931, teve como desfecho a derrota por 4-1 no campo do Cortegaça disputou ainda a Taça Vale do Vouga, em 1939, bem como inúmeros encontros amigáveis com diversas equipas, dos quais se destaca em 26 de Junho de 1938, um encontro no Campo do Montinho, entre o Feirense, reforçado, e o campeão de Portugal, o F. C. Porto, que venceu por 15-3.
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FEIRENSE (Reforçado), 3 – Football Club do Porto, 1512
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FEIRENSE: Castro (Ovarense) Arlindo e Leite (Feirense); Avelino (SUD), Moutela (Estarreja), Sete / SUD); Coimbra (Feirense), Marques (Ovarense), Aurélio e Albino (Sanjoanense) e Paniquim (Sanjoanense. Na segunda parte, Sete foi substituido por Arlindo e para o lugar deste entrou Carvalho, da Sanjoanense. 12 Correio da Feira, 2 de Julho de 1938 13 No primeiro plano e da esquerda para a direita: Lopes Carneiro, ro, A. Santos, Francisco Reboredo, Artur de Sousa (Pinga) e Carlos Nunes. No segundo plano e pela mesma ordem: Francisco sco Ferreira, Mnauel Mnauel Anjos (Poças), (Poças), Carlos Pereira, ra, Ernesto Santos (Capitão,) Marins Marins Viana e Soares dos Reis inhttp://dragaodoporto.blogspot.pt/search/ in http://dragaodoporto.blogspot.pt/search/ label/Anos%2030?updated-max=2014-09-19T16:12:00%2B01:00&maxresults=20&start=20&by-date=false
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F.C. PORTO: Rosado, Vitorino e Jerónimo; Poças, Reboredo e Baptista; Campos, A. Santos, Correia Dias, Pinga e Guilhar. Perante uma assistência poucas vezes registada, realizou-se no passado domingo, como este jornal noticiou, o desafio de futebol entre o grupo de honra do Football Club do Porto, campeão do Norte e Clube Desportivo Feirense, reforçado, com elementos do SUD, Sanjoanense, Ovarense e Estarreja.
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O resultado foi favorável ao F. C. Porto, (nem outra coisa era de esperar), pelo resultado de 15-3. Resultado esmagador, mas devemos atender a que o Feirense, com uma linha de halfes a colaborar pessimamente, aguentou-se no balanço dando sempre réplica ao adversário. Temos a obrigação de destacar dois elementos que jogaram pelo Feirense, pela exibição formidável e pela inteligência de outro. Trata-se de Castro, guarda-redes, elemento da Ovarense, que foi um verdadeiro esteio no vencido e Aurélio do Feirense, que marcou dois pontos do Feirense, com uma precisão que deixou admirados os azes adversários.
Os pontos marcados pelo F.C. Porto, foram apontados por Pinga, António Santos e Correia Dias. Os do Feirense foram marcados por Aurélio, 2 e Jerónimo marcou nas suas próprias redes quando pretendia desviar um tiro de Coimbra. A arbitragen esteve a cargo de Eloy da Silva, presidente do Colégio de Árbitros do Porto, não agradou. Deixou passar muitas faltas em claro, marcou dois pontos aos visitantes ilegais. Pouca sorte para o cargo tão alto que ocupa no desporto portuense. 14http://dragaodoporto.blogspot.pt/search/label/Anos%2030?updated-max=201405-19T14:55:00%2B01:00&max-results=20&start=40&by-date=false
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Na época de 1945/46 o Feirense venceu o Campeonato da Promoção de Aveiro, tendo como ponto alto a realização de um jogo a 20 de Janeiro 1945 15:
O seu parque de jogos ofereceu um atraente espetáculo que foi presenciado por regular assistência bem que era de esperar muito mais, se o público soubesse
C.D. Feirens Feirensee (Reforça (Reforçado), do), 2 – F. C. Porto, 8
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O passado dia 20 foi de festa nesta Vila, com a celebração da secular festividade das Fogaceiras, à qual o Clube Desportivo Feirense não foi alheio na sua colaboração.
15 Correio da Feira, 27 de Janeiro 2017. 16Embaixo,daesquerdaparaa direita:Franco,Araújo,CorreiaDias,PingaeCatolino; Em cima: Guilhar, Poças, Romão, Barrigana, Octaviano e Alfredo Pais.
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corresponder à chamada – pois tratava-se de um encontro de beneficência em favor dos cofres do Club promotor e do Abrigo dos Pequeninos, essa caridosa Instituição Infantil que merece ser olhada com carinhos por todos.
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Pelas 15h30 principiou o sensacional encontro, tao ansiosamente esperado, disputado sob um ambiente de lealdade, em que as equipas procuraram emprestarlhe o melhor do seu brilhantismo e esforço, conforme 17 Abrigo dos Pequeninos
as suas possibilidades. Foram os portuenses os mais aguerridos, mais conhecedores da técnica a exercer na condução das jogadas. Houve fases de verdadeiro entusiasmo em que ambas as equipas se revelaram, demonstrando as suas qualidades. 27
No entanto os visitantes foram mais enérgicos, marcando logo no início do jogo o seu primeiro ponto. Quase no final deste período, o Feirense estabelece o empate para momentos depois sofrer novo golo. Na segunda metade, os portuenses foram quem comandaram o jogo, fazendo andar quase sempre à nora os locais, não obstante estarem reforçados com três dos melhores elementos do Lourosa, e assim conseguiram marcar 6 goals enquanto consentiram apenas um. Houve oportunidade em que o Feirense poderia avolumar o seu activo, mas a pouca chance de Norberto evitou, quando não soube aproveitar a grande penalidade que executou, chutando ao lado do poste. As redes do Feirense também estiveram aziagas, pois o seu guarda-redes, Reinaldo, pareceu que lá se encontrava a fazer corpo presente, não seguindo com atenção as jogadas, servindo de elemento vantajoso para beneficiar os visitantes… Entretanto, foi encontro agradável, que satisfaz em absoluto. O Futebol Clube do Porto agradeceu publicamente a receção ocorrida no dia 20 de Janeiro de 1945. Football Club do Porto Da Direção desta Sociedade Desportiva recebemos a inclusa circular que nos apraz aqui transcrever 18: “Porto, 27 de Janeiro de 1945…. Sr. Diretor de o “CORREIO DA FEIRA” Vila da Feira …Senhor: Não quer esta coletividade deixar de vir testemunharlhe a gratidão dos seus dirigentes, não só pelas amáveis 18 Correio da Feira, 3 de Fevereiro de 1945
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referências publicadas no jornal, como também solicitarlhe o especial favor de dar público conhecimento aos Feirenses, da gratidão que sentimos pelo amável acolhimento que nos dispensaram. Junta-se a este testemunho a expressão amiga do signatário, apresentando as nossas melhores saudações desportivas… Júlio Silva”
Ainda o encontro Porto - Feirense19 O team do Futebol Club de Porto que amavelmente veio a esta Vila em missão inteiramente beneficente, pois deslocou-se gratuitamente, foi recebido no Salão Nobre da Câmara tendo feito as honras da praxe o Sr. Professor Leão que em nome do grupo local agradeceu a valiosa colaboração do grupo nortenho nas festas de que ele se havia encarregado de promover (o professor Leão assumiu as rédeas das festividades das Fogaceiras, devido à mudança do Presidente da Câmara: Roberto Vaz de Oliveira foi substituído pelo médico Domingos Caetano de Sousa). Seguiu-se no uso da palavra o sr sr.. Júlio Silva, um dos dirigentes do grupo visitante que disse sentir-se satisfeito em Terras de Santa Maria apresentando o seu gurupi como colaborador na Festa das Fogaceiras. À noite na conceituada Pensão Ferreira foi oferecido pelo grupo local um lauto jantar aos componentes do onze portuense como premio da sua prestante cooperação no encontro que exibiram tendo decorrido sob o mais familiar ambiente de confraternização e durante o qual se estreitaram as animosas relações que cada vez mais se vêm acentuando entre os dois clubes.
19 Correio da Feira. 3 de Fevereiro de 1945. Tinatancons
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Aos brindes falou o distinto advogado sr sr.. Dr Dr.. Domingos Simões Trincão que, depois de ter realçado o valor clubista do grupo portuense, sempre pronto a gentilezas inesquecíveis com a Vila da Feira, disse que o Futebol Clube do Porto não tinha feito promessa mas sim um legado, um foro ao Clube da nossa terra e nesse dia mais uma vez o tinha demonstrado, prestando-se a colaborar na sua festa em favor de uma obra beneficente.
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Depois de se aprofundar no seu burilado discurso agradeceu ao grupo portuense a sua nunca desmentida visita em nome do Desportivo Feirense que o tinha encarregado daquela missão. No 2.º dia de festas pelas 11 da manhã o sr sr.. Júlio Silva, dirigiu ao povo feirense através do microfone do 20 Professor José Leão 21 Domingos Trincão
posto emissor da Ideal Emissora uma preleção em que focou as atenções dispensadas ao seu grupo no dia anterior. As gentis meninas Lídia, Edite e Odete Maciel e Ester Barros obsequiosamente procederam à venda da simbólica flor e foram bem acolhidas pelo público pois conseguiram apurar 320$00 com destino ao Desportivo e Abrigo dos Pequeninos. Nos dois dias de festa esteve instalada na Praça de Camões um pavilhão denominado “Poço da Morte” e cujos proprietários – Irmãos Ramires – eram também os seus personagens, que ofereciam ao público arrojado espetáculo em motociclos, trabalho desconhecido entre nós, digno ser visto e admirado. Irmãos Ramires dedicaram o último número da sua exibição e o seu produto ao Desportivo feirense, que rendeu 111$00. 29 20 Professor José Leão
Década de 50 – Marcolino de Castro Presidente e a fase de consolidação e do Feirense Depois de muitas épocas nos campeonatos distritais, só na época de 1955/56 o Feirense conseguiu pela primeira vez o apuramento para o Campeonato Nacional da 3.a Divisão. Entretanto, em Janeiro de 1955, Marcolino Castro tinha sido eleito pela primeira vez presidente do clube. Por esta altura o Feirense passou a equipar com o equipamento equi pamento atual, ou seja camisola azul, calções brancos e meias azuis. MARCOLINO CASTRO nasceu a 13 de Março de 1916, em Escapães, freguesia a dois passos da Cidade de Santa Maria da Feira.
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22 22 Marcolino de Castro
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Fez a instrução primária com distinção, e o mérito da sua 4.a classe valeu-lhe um diploma especial então atribuído pelo Ministério da Educação. Inicia então uma intensa vida de trabalho no setor do calçado, de que a sua família é pioneira em Escapães e no Concelho. O trabalho e a família absorvem-no, mas ainda consegue intervalos para jogar futebol com as camisolas do Escapães e do Sanfins. Aos 21 anos de idade passou a residir na sede do concelho, no Cavaco, lugar antigo do burgo feirense e altaneiro miradouro, donde se divisa o Castelo e o seu torrão natal. Logo no início de 1940 resolveu desafiar o presente para garantir garantir o amanhã e torna-se industrial de calçado, tornando-se assim o primeiro empresário deste setor de atividade na sede do concelho. A 13 de Abril de 1940 casou com a Ex.ma Senhora D. Maria de Sá Castro, união que está materializada em quatro filhas e é laço que o vai sustentar num labor intenso e multifacetado ao longo do tempo. Em 12 de Julho de 1953 nasce a «Casa da Vila da Feira e Terras Terras de Santa Maria», no Rio de Janeiro Brasil, e Marcolino Castro torna-se «sócio proprietário» daquela que é a mais significativa obra de feirenses radicados nas cinco partes do Mundo. Sensivelmente nesta época, Marcolino Castro passa a integrar os mais diferentes cargos dirigentes no «Clube Desportivo Feirense» e a sua liderança fica marcada pelos eventos mais significativos da vida do clube: conquista de títulos nacionais e subidas de divisão e formação de equipas basicamente constituídas por atletas das Terras Terras de Santa Maria da Feira, ficando culminada a sua atividade com a construção do novo
Estádio, que tem o seu nome e para o qual ofereceu parte do respetivo terreno, despoletando assim o rápido crescimento urbano dessa zona. Marcolino Castro foi também, durante catorze anos, Vereador da Câmara Municipal — de que assumiu a presidência interina repetidas vezes — tendo desenvolvido grande
atividade
nos
diversos
empreendimentos empreendimentos
municipais e assumido posições de grande relevo.
Exerceu cargos de grande responsabilidade na Associação dos Industriais de Calçado, Academia de Música de Santa Maria da Feira, Fei ra, Centro de Cultura e Recreio do Orfeão da Feira, Clube Feirense e Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Feira, tendo integrado também a primeira «Comissão de Construção do Hospital da Feira», desenvolvendo também aqui intensa atividade para a concretização desta já velha aspiração das gentes da sua terra, e não ficando ainda hoje alheio à problemática que envolve todo este processo. Durante um largo período participou da responsabilidade gerente de oito associações e coletividades ao mesmo tempo, o que abona inteiramente o seu
Entretanto foi exercendo uma intensa disponibilidade humanitária, humanitá ria, que só o anonimato em que a desenvolveu impede de marcar agora pela identificação dos beneficiados, pessoas e instituições.
Assumindo a sua presença pela humildade que evita naturalmente natural mente a publicidade dos atos e das palavras, forma de ser e estar que o torna presente em todos os domínios da vida feirense, sem que alguém possa pensar sequer que Marcolino Castro não é das maiores dádivas e dedicações — é Marcolino Castro quem nos caracteriza ca racteriza a sua vida, quando diz, breve e simples: «Eu não sei porque dou! Sei que tenho gosto em ajudar e fá-lo-ei enquanto puder. E neste meu gosto contei sempre, em todas as horas, com o apoio da minha mulher mulher.» .»
Com um objetivo que vinca com a humildade que é, talvez, o maior timbre da sua personalidade e vida, a sua obra: «Trabalho para poder ajudar».
entusiasmo e dedicação a tudo quanto diga respeito res peito ao interesse público desta cidade.
A 17 de Novembro de 2017, faleceu MARCOLINO CAS TRO, HOMEM DE SANTA MARIA DA FEIRA.
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O mês de Março de 1956 marcou o início do departamento departamen to de futebol juvenil e, na época de 1956/57, o Feirense estreou-se com uma equipa no Campeonato Distrital de Juniores. Em 1958, depois de sucessivas Assembleias Gerais, foram fo ram aprovados os novos Estatutos do Clube Desportivo Feirense, as cores da bandeira e o desenho para o novo distintivo do clube, da d a autoria do Dr. Humberto Xavier de Paiva, que substituiu o anterior, desenhado no final da década de 40 por António Ferreira da Costa.
1958 - FUTEBOL CLUBE DO PORTO ESTÁ EM SUA CASA23 O Notícias da Feira, na sua edição de 14 de Janeiro de 1958 anunciava no próximo dia 20, dá-nos o prazer da sua visita a aureolada equipa do F. C. do Porto, campeã do Norte como que «honoris causa» e um dos expoentes máximos do futebol português e peninsular. Sobre a poderosa poderosa agremiação da segunda urbe do país tudo está dito, tudo é sobejamente conhecido. Ninguém, efetivamente, desconhece os seus êxitos e as suas glórias, colecionados não apenas apenas aquém, mas além-fronteiras— na Europa, na África e na América... Dispensamo-nos, exatamente por isso, de repetir factos e de aludir a personalidades. Uma coisa, porém, nos cumpre focar, dando-lhe dando-lhe natural relevo, compreensível destaque — a positiva amizade ami zade que liga não somente a terra feirense mas toda a região de Aveiro ao F. C. do Porto. Ao longo dos anos, na verdade, o notabilíssimo Clube sem pre pôde encontrar encontrar,, nesta zona vizinha e 23 Notícias da Feira 14 de Janeiro de 1958
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amiga, muitas dedicações, dedica ções, muitos cooperadores. Nas suas fileiras, jamais deixaram de alinhar futebolistas oriundos do Distrito, rapazes que tiveram por berço centros desportivos como Espinho, Aveiro, Vale de Cambra, Ovar, Paços de Brandão, Lamas, Águeda, Oliveira de Azeméis e tantos, tantos outros. Nomes como Tavares Bastos, Velez Ve lez Carneiro, Flávio Laranjeira, António Baptista, Correia Dias, Sanfins, Carlos Vieira, Romão, Alfredo, Pinho, Hernâni, Monteiro da Costa, para só falar em meia dúzia e não em meio cento, têm defendido ou defendem ainda, com verdadei ro entusiasmo e afeto, as cores «portistas». Também alguns dirigentes, nados no Distrito, souberam contribuir para a grandeza do F. C. Porto ao prestarem serviços em diversas das suas direções. Estes factos, que se rememoram com uma pontinha de orgulho, servirão para justificar o nosso asserto, para proclamar que, na realidade, não é apenas vaga, mas convenientemente alicerçada, a simpatia da região pelo F. F. C. Porto Porto e do F. C. Porto Porto pela região. região. Afeto pa pa ga se com afeto, amor com com amor se paga. Nas vésperas da sua visita à capital das velhas Terras de Santa Maria, saudamos vibrantemente, como nos cumpre, o maior clube do Porto e dos maiores clubes clu bes de Portugal. Com a sua «chama», com o seu prestígio, transmitirá sem dúvida maior brilho à castiça c astiça «Festa das Fogaceiras», cartaz sugestivo, como raros outros, da terra ter ra feirense. As nossas saudações, portanto — efusivas e sinceras Tão sinceras e efusivas que diremos: — Prestigioso e amigo F. C. Porto, está em sua casa”24 24 Notícias. 14 de Janeiro de 1958
Futebol Club do Porto foi carinhosamente recebido na Vila da Feira
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Os azuis - brancos visitantes ganharam logicamente aos azuis-brancos visitados por 4-0.25 Os «portistas», independentemente da sua real categoria no concerto desportivo nacional, possuem na Vila da Feira um pequenino mundo de admirações. Por isso mesmo, ao Campo do Montinho, acorreram milhares de pessoas, ávidas não apenas de assistir a um bom encontro de futebol mas no fito de vitoriar os seus ídolos... É possível, no entanto, que a multidão engrossasse mais se não fora o tempo chuvoso, como que pouco disposto a associar-se à festa da bola e, afinal, também da Vila... 25 Notícias. 21 Janeiro de 1958 26 Equipas do Feirense e Porto (onde pontificava o santamariano José Oliveira e Sá Pereira, que veio a jogar nos azuis da Feira).
Sob a arbitragem de Eduar Eduardo do Peixinho, de Aveiro, as equipas equi pas alinharam inicialmente:
FEIRENSE: Gonçalves; Ângelo e Barbosa; Casimiro, Campanhã e Ramalho; Armando, Leite; Domingos, Correia e Pinho. F. C. PORTO : Pinho; Oli veira veira e Sarmento; Lito, Osvaldo e Paula; Carlos Alberto, Morais, Noé, Silva e Perdigão. Após o intervalo, as turmas sofreram certas modificações. Nos visitantes, Roldão entrou para o lugar de Pinho e Sá Pereira substituiu Lito. Nos visitados, Henrique ocu ocupou pou a vaga deixada por Gonçal ves, ves, tendo também alinhado Ar Armindo mindo e Valdemar em substituição substituição de Leite e Correia. 33
Os golos Havia somente alguns segundos de jogo quando, na tarde cinzenta cinzenta e húmida, fulgurou o primeiro tento. Silva infletiu para a esquerda, depois de servido por Perdigão, e alvejou com êxito as balizas. Golo bonito, fartamente saudado pelo público. Aos dez minutos, Silva bisou o feito anterior anterior,, em jogada quase semelhante à que dera a primei primeira ra bola. Um passe excelentemente excelentemente medido de Noé e remate colocado e poderoso do «portista». Foi ainda Silva que alcançou o terceiro ponto para a sua equipa. equipa. Três minutos após o recomeço, recomeço, uma descida em bloco dos visitantes acabou por ser culminada culminada pelo jovem dianteiro, mercê dum pontapé colocado, que não podia perdoar. perdoar... .. Sete minutos volvidos, Carlos Alberto, a passe de Noé, fechou a conta, de nada valendo a estirada esti rada de Gonçalves.
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O jogo O piso, extremamente pesado, não impediu, ainda assim, que o futebol posto em prática por ambas ambas as turmas carecesse de brilho. brilho. 0 F. C. do Porto, especialmente, e como era inteiramente de esperar, fez uma exibição não isenta de beleza, levando a bola, em toques sucessivos, a «passear» «passear» de topo a topo do retângulo. Torna-se lícito afirmar afirmar que os visitantes visitantes procuraram, com notório empenho, construir um resultado. A equipa local impediu, impe diu, todavia, que o «score» avolumasse, avolumasse, fechando com acerto as balizas e procurando a par e passo gizar contra-ataques, alguns alguns deles, por sinal, merecedores de... prémio. Ê evidente que os «azuis-brancos» portuenses desperdiçaram um ou outro golo. Não deixa porém de ser verdade que os locais só por manifesta carência de fortuna não obtiveram obtive ram o chamado ponto de honra por intermédio de Domingos. Efetivamente, Roldão, ao «voar» para os pés do interior feirense, demonstrou tanto valor como sorte... Claro é que, sob o prisma téc técnico, nico, uma formação foi nitidamente nitidamente superior. Mas, em coragem cora gem — e haja em vista que o Desportivo Feirense disputara na véspera uma ardorosa partida de campeonato — os visitados não desmereceram do adversário. adversário. Na realidade, acusaram até menos o desgaste da véspera do que seria de esperar esperar..
27 O filhinho do Sr. João Cunha, feirense distinto e grande amigo do F.C.Porto, dá o pontapé inicial perante o olhar interessado dos atletas do F.C. Porto. Esta criança cresceu, hoje já é avô, é formado e pós-graduado em Enfermagem Desportiva. Exerceu na Guerra do Ultramar, no Hospital Distrital de Oliveira de Azeméis e é enfermeiro do Clube Desportivo Feirense há 38anos.
Os jogadores Os vencedores tiveram em Perdigão, Perdi gão, Silva, Lito, Sarmento e Osvaldo Osvaldo os melhores elementos. Sobretudo Sobretudo Perdigão e Lito ofereceram jogadas em que o pormenor técnico avultou grandemente. Todos, no entanto, procuram cumprir a mis são de presentear o público com um futebol alegre, vistoso, suscetível de encantar os olhos. Nos vencidos, Gonçalves e Henrique houveram-se a contento. Nenhumas das quatro bolas tinham sombras de defesa... Campanhã e Casimiro distinguiram-se igualmente, igualmen te, sendo de notar que aquele ocupou ocu pou a vaga de Licínio, impedido de alinhar por motivo de lesão. Os restantes, que souberam tam também bém planificar por vezes — e sem favor excelentes jogadas, deram-se à luta, como aliás já frisámos, de maneira enaltecível.
No final da partida, a Direção do Feirense ofereceu lembranças regionais regionais à caravana «portista». A breve cerimónia foi sublinhada com palmas e vivas ao F. C. Porto. Uma gentil menina presenteou Yustrich, em nome do Clube, com um lindo ramo de flores e uma miniatura do tão formoso Castelo da Feira. O ato foi igualmente saudado pelo público.
A equipa de arbitragem Um jogo sinceramente amistoso não apresenta jamais qualquer difi dificuldade culdade para o árbitro e seus auxiliares. A correção dos atletas de um e de outro lado foi exemplar – e tudo está dito. Logo, como de insignificantes deslizes não reza a história, temos como magnífica, embora facilitadíssima, a tarefa da turma capitaneada pelo juiz de campo Eduardo Peixinho. 28
Apontamentos à margem A assistência distinguiu Monteiro da Costa com uma salva de palmas quando este «internacional» surgiu nas bancadas.
28 Dorival Knipel — Yustrich — o competente treinador brasileiro que muito contribuiu para a vinda do F.C Porto à Vila da Feira, a que não foi alheia a enorme amizade com José Cunha, em cuja quinta passava longas temporadas. Aliás ainda existe, na Quinto dos Braganças — Santa Maria da Feira, a cama que foi feita à medida, devido à enorme estatura do treinador brasileiro.
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À frente dos diretores feirenses que desceram ao retângulo encontrava-se encontrava-se o seu prestigioso presidente sr. Marcolino Castro. Da A. F de Aveiro, associou-se às cerimónias cerimó nias da entrega de lembranças o prof. José Leão.
Opiniões «Portistas» acerca do encontro Findo o jogo quisemos escutar algumas opiniões dos jogadores portuenses sobre a partida que haviam disputado. Como é óbvio, fomos recebidos com requintes de gentileza. Imperava Imperava um «clima» agradabilíssimo e todos quiseram, de tal jeito, ser amáveis. Ao próprio Perdigão — que se pela por não falar — lográmos arrancar algumas palavras, exatamente quantas desejamos. De resto, o jogador «azul-branco» não é inabordável. Defende uma atitude que se tem de respeitar. en tre Pinho afirmou: “foi uma espécie de jogo entre família... Gostei sinceramente da maneira como fomos recebidos. Estou satisfeitíssimo. A equipa da Feira é jeitozinha e capaz de pro gredir”. Carlos Alberto, ele elemento mento transferido há meses do Torriense, disse: “pena foi o tempo, insuportá vel, não deixar fazer melhor. O piso estava impraticável. Apreciei bastante bas tante o médio Ramalho. O público mostrou-se agradável, simpático, e a equipa feirense é promissora”. Lito - o brasileiro que já tem alinhado em «categorias de honra», assim respondeu: “gostei do jogo, que ainda assim, podia ter sido melhor. O mau estado em que se encontrava o campo é que não deu licença para tal... Quanto ao ambiente, festivo por excelência encantou-me”.
Sá Pereira (mais tarde jogador do Feirense), exprimiu-se desta maneira: “jogo amigável, agradável consequentemente. Em correção foi inexcedível, eviden36
ciámos; é certo, superioridade, mas a equipa Feirense sempre ofereceu ma gnífica resistência. Possui méritos para bem figurar no «Nacional» da III III Divisão — e oxalá o consiga. São esses os meus votos” . Seguiu-se o depoimento de Osvaldo, concorrente com Barbosa ao posto de defesa direito: “apreciei sinceramente a maneira como fomos recebidos. Ambiente ami go, go, de princípio a fim, que não esqueço. Desejo ao Feirense uma lisonjeira classificação no campeonato nacional em que participam” . Já no momento da abalada, Perdigão, um «virtuose» do futebol que estava longe de haver caído caí do no esquecimento, afirmou: “tudo correu otimamente. Nada ofuscou a manifestação. Transpareceu a cordialidade. Regresso, por esse motivo mo tivo satisfeito” . Disse-se um último adeus aos jo jogadores. gadores. O autocarro principiou a rodar rodar.. A tarde, ainda aind a longe do ocaso, parecia mais desanuviada, uma luz mais viva, de mistura com eco das derradeiras palmas, acompanhava os visitantes. Na época de 1959/60 o Feirense sagrou-se pela primeira vez Campeão Distrital de Aveiro e subiu na mesma época pela primeira vez à 2.a Divisão Nacional.
1959 RUPERTO GARCIA, TREINADOR DO FEIRENSE, VAI TER O SEU JOGO JOGO DE HOMENAGEM O Notícias da Feira anunciava que “no dia 29, dia de Páscoa, irá ser homenageado o treinador do Clube Desportivo Feirense. Atleta e mestre de atletas, Ruperto Garcia vai ter assim uma tarde de consagração dos seus méritos como homem disciplinado dis ciplinado e disciplinador disciplinador,,
correto e simpático que conse guiu, conse guiu, mercê de tais predicados, predica dos, conquistar o respeito dos seus pupilos e a estima e muita mui ta consideração dos feirenses afectos ao desporto e ainda dos que o não sendo de qual quer modo contactaram com ele. Consta que o valoroso Fute Futebol bol Clube do Porto será o gru po que virá defrontar a equi pa pa do C. D. Feirense. Deste modo prevê-se uma tarde de bom futebol. Que o campo re giste uma enchente como Ru perto Garcia pelos seus atri atributos butos merece e que nenhum feirense verdadeiramente amante do seu clube deixe de estar presente são os nossos votos votos muito sinceros” .
Festival F. Clube Porto que foi recebido na Vila da Feira com as maiores provas de simpatia e carinho
Não nos cansaremos de afirmar que o desporto é uma escola de virtudes cívicas, um caminho da vida que é mister desbravar com nobreza e com elevação. E não será demasiado exaltar e destacar todas as manifestações que contribuam, de qualquer modo, para uma mentalização sã da verdadeira função cívica e física da atividade desportiva. O espetáculo presenciado numa segunda-feira (30 de Março de 1959) na então Vila da feira, em que foram protagonistas protagonistas o F. C. do Porto e o C. D. Feirense (reforçado com atletas de equipas vizinhas!) e, dum modo geral, geral, toda a massa de simpatizantes simpatizantes deste grande desporto que é o futebol. Segundo as crónicas da altura foi um daqueles dias que entram na história das coletividades em páginas de oiro encimadas por essa magistral legenda que a língua latina imortalizou: - mens sana in corpore sano . Nesse dia, pelas 14h30, na avenida Duarte Pacheco, organizou-se a caravana de receção à embaixada portista p ortista que foi esperar esta ao cruzamento com a estrada nacional. O autocarro em que viajavam os jogadores do F. C. do Porto chegou àquele local às 15 horas. Com o cortejo formado por dezenas de carros, partiu dali em direção à Vila da Feira onde chegou perto das 15,30. A caravana entrou na vila sob o ruído ensurdecedor das buzinas buzi nas dos automóveis, abrindo uma interminável fila de viaturas, algumas ostentando bandeiras do F. C. do Porto e todas – com dísticos de saudação. O carro do presidente do C. D. Feirense, Sr Sr.. Alcides Branco, – logo seguido do autocarro com os atletas do clube azul e branco e do carro onde viajavam os 37
dirigentes daquele clube. Para trás uma longa fila de carros não só da Vila da Feira mas de freguesias vizinhas que não quiseram deixar de estar presentes na manifestação de homenagem aos campeões nacionais de futebol futebol de 1959. Nesta página encontrarão encontrarão os nossos leitores relato circunstanciado do que foi a tarde desportiva que se seguiu a este breve mas sugestivo e introito.
Bem-vindo, Bem-vin do, F.C do Porto (Palavras proferidas ao microfone do Campo do Montinho pelo chefe de redação do Notícias da Feira, Manuel Laranjeira, em nome de todos os desportistas feirenses.) “O desporto está em festa neste momento particularmente particularmen te feliz! O Futebol Clube do Porto, o glorioso clube c lube da ci cidade dade Invicta, que lançou raí zes zes no coração de milhares de Homens e soube conquistar a sua admiração e satisfazer os seus anseios clubistas, está entre nós representado pela sua secção s ecção de futebol, aureolada de há bem poucos dias com o título de campeã nacional. É, para nós outros, um justificado motivo de orgulho saudá-la neste dia e poder dizer-lhe quanto nos sentimos gratos e honrados por podermos albergar intramuros da nossa secular capital das Terras de Santa Maria, primeiro que quaisquer outros, essa mão cheia de atletas que sem desfalecimentos, com uma inigualável inigualável fé e confiança, com um inultrapassável amor clubista, lutaram até que o derradeiro instante da luta os sagrasse campeões nacionais! Neles saudamos o F. C. do Porto, Porto, escola de desportivismo de civilidade desportiva e social, o grande promotor dos extraordinários momentos de júbilo que 38
tem varrido o país de lés-a-lés, desde aquele cair da tarde de domingo, dia 22 de Março de 1959. Escrevia se então, na história do futebol nacional, a página mais valiosa e emocionante de todas quantas anteriormente já haviam sido registadas. Escreveram-na a par duas coletividades que são o nosso orgulho de desportistas e de portugueses. Temos a felicidade de podermos demonstrar hoje ao F. C. do Porto; aqui presente, a indefectível simpatia, o acrisolado amor que os desportistas desta região e particularmente da Vila da Feira, berço dum Monteiro da Costa e dum Sousa Cardoso, nutrem pelo mais representativo dos clubes nortenhos que é, simultaneamente, um dos maiores do nosso país. Saudamos particularmente os campeões nacionais de 1959! Abraçamo-los numa eloquente demonstração da nossa gratidão gratidão pelo seu feito e da nossa satisfação de os termos entre nós!... Mas, ao saudá-los e ao abraçálos, tornamos o nosso sentimento extensivo ao potencial desportivo e social que o clube representa em si, para a Cidade do Porto e para o país, sem esquecermos a sua missão de formação desportiva que desejamos ser cada vez maior e mais profícua. profícua. Cada galardão ou título que vós, briosos atletas do clube azul e branco, ganhais para o vosso clube, é um bloco de mármore com que a pouco e pouco se vai construindo o património do vosso clube! Cada mercê
29 Campeões 1958/59 - Em cima, a partir da esquerda: Dr. Paulo Pombo (Presidente), Virgílio, Lito, Carlos Alberto, Américo, Carlos Duarte, Monteiro da Costa, Bela Guttmann (Treinador), Amaral (Diretor), A. Sarmento e Osvaldo Silva. Em baixo, pela mesma ordem: António Teixeira, Morais, Gastão, Acúrcio, Perdigão e Pedroto. (Faltam na foto, por não terem podido estar presentes na ocasião, entre outros: Hernâni, Miguel Arcanjo, Osvaldo Cambalacho, Pinho e Barbosa.)
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que conquistardes para as vossas cores é um passo dado no aumento das responsabilidades que sobre os vossos ombros de edificadores da cidade desportiva passam a alimentar!... Desejamo-vos, pois, que continueis iguais a vós mesmos como até aqui, lutando e caindo de pé, vencidos ou vencedores, com a mesma nobreza e com a mesma dignidade que vos tem imposto à admiração de todos e à amizade e respeito dos vossos adversários. Que leveis desta jornada a melhor das recordações
no campo da amizade, da dedicação e do convívio desportivo, já que melhores louros vos não podemos oferecer, e que esta homenagem tão simples, estes parabéns tão desluzidos que vos apresentamos possam ser multiplica multiplicados dos em vossos corações na proporção em que os sentimos e não sabemos traduzir, são os nossos modestos votos.
Bem-vindo F. C. do Porto Bem-vindos briosos campeões nacionais! E até sempre, enquanto formos formos desportistas!” 39
FEIRENSE, FEIRENS E, 2 – F.C PORTO, 4 À maior voluntariedade dos feirenses opôs o Porto um conjunto jovem, mas mais prático e incisivo a caminhar para as balizas. Árbitro: Alfredo de Carvalho, Fernando Vasconcelos e Francisco Costa (Aveiro)
FEIRENSE: Gonçalves, Dinis, Licínio e Aurélio, Casimiro e Ramalho, Semedo (Ovarense), Brandão (Salgueiros), Geordano (Arrifanense), Gomes (Sanjoanense) e Lima (Lourosa). Foram ainda utilizados, Correia, Domingos, Ilídio, Barroca, Leite, Eduardo e Henrique. F.C.PORTO: Américo, Evaristo, Cristóvão e Nogueira, Paula e Monteiro da Costa, Gabriel, Dário, Adérito, Gastão e Morais. Foram ainda utilizados Coimbra, Orlando e Armando.
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O JOGO Num campo encharcadíssimo e pesado, não era lícito esperar-se um bom jogo de futebol. A bola a correr junto ao solo, o passe medido e bem dirigido, o drible curto, não tinham possibilidades de execução, roubando ao jogo a beleza be leza e a sincronização que seriam de esperar mormente pela parte da equipa portista. Assim, o jogo desenvolveu-se numa toada, bastante veloz com passes largos a aproveitar os extremos como convinha às condições do terreno. Na primeira parte, o Feirense, com a sua linha avançada robustecida com a combatividade de Semedo, a visão e oportunidade de Brandão, a experiência e dureza de Gomes, a habilidade de Lima e a fogosidade de Geordano, deu sempre luta aberta, principalmente na primeira meia hora de jogo em que os lances se repartiam para os dois lados, se bem que fosse notória a melhor movimentação da equipa do F C do Porto, onde Gastão empunhava a «batuta» e regia o quinteto avançado da sua equipa. O Feirense foi o primeiro a marcar e isso espevitou a equipa levando-a a equilibrar a partida. Marcando logo a se seguir, guir, tudo fazia crer que o FC Porto aceleraria remetendo remetendo o adversário para o seu meio campo. Tal não aconteceu, porém, e o Feirense continuou a bater-se corajosamente, corajosamente, dando luta sem tréguas à defesa adversária, que teve muitas vezes que recorrer aos livres de canto para se salvar de apuros. O segundo golo do Porto coincidiu com o abaixamento da equipa da casa, e daí até ao intervalo
30 Licínio entrega uma lembrança a Monteiro da Costa 31 Equipas do Futebol Clube do Porto e do Feirense
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só esporadicamente o Feirense se aventurou ao ataque. A segunda parte foi mais monótona e fria. As equipas, principalmente a do Feirense, desarticuladas pelas constantes substituições, produziram muito pouco e os golos, se premeiam premeiam a equipa que mais noção teve no consenso geral do encontro, pouco dizem acerca da partida. A bola pesada dificultou a ação dos guardiães, e nesse aspeto Américo não foi totalmente feliz, pois, principalmente na segunda bola, teve algumas culpas, por falta de reflexos. No derradeiro quarto de hora o Feirense remeteuse a uma defesa insistente, com Licínio obrigado a trabalho exaustivo mas sempre certo, ao qual não tira
brilho o lance lance desafortunado que deu o quarto golo aos portistas. Dos raríssimos lances ofensivo que então criou saiu o último golo do Feirense, de certo modo a premiar a persistência e boa vontade dos seus jogadores e a atenuar uma derrota, que os números tornariam demasiado pesada. O Porto apresentou uma equipa de jovens que são verdadeiras promessas. Gastão foi de longe o melhor dos catorze elementos empregues. Boa visão nos lances, certeza na execução, boa condição física, esteve na base da sua atuação. Dos outros consagrados, Monteiro da Costa foi ele mesmo nos escassos escas sos minutos em que jogou. Morais diligente mas pouco mais. Américo pouco certo. Dos outros elementos um se destacou 41
sobremaneira pelo seu poder combativo: Dário, um jovem que cremos não pertence ainda às fileiras dos azuis e brancos. Os restantes estiveram num nível regular. Do Feirense destacamos Li Licínio, cínio, juntamente com Brandão, Gomes, Lima e Geordano.
ter vindo à Vila da Feira, Luis Roberto não jogou, dizendo jo go de Tor Torres res Vedras maçou “estou arrasado. Aquele jo go todo o mundo. Ontem os alemães ale mães jogaram durinho e nós tivemos que suar bastante. É esta a razão, mas gostaria bem de ter jogado. Aqui todos são dos nossos, não é? Obrigadinho, amigos, e muitas mui tas felicidades”.
UM FEIXE DE OPINIÕES Monteiro da Costa: “Mais uma vez aqui vim encontrar o carinho, a simpatia e amizade pelo nosso clube ao bom povo da minha terra. Não sei como agradecer tantas provas pro vas de deferência. Para todos a minha gratidão e os desejos muito sinceros das maiores felicidades para o brioso C. D. Feirense. Nunca esquecerei estas estas manifestações jubilosas e sinto-me feliz por ter contribuído contri buído com o meu quinhão para pa ra darmos esta grande alegria a todos os adeptos do n osso clube: sermos campeões nacionais”. nacionais”. Américo: Que quer que lhe diga, com franqueza? Recebidos com esta fidalguia, com este entusiasmo, com este apreço e com este amor ao nos so nos so glorioso F. C. do Porto, o que havemos de dizer senão muito obrigado?!... Em relação ao jogo de Torres Vedras que viu do banco aos suplentes, Américo sublinhou “Nem me fale. Não sei como é possível sofrer tanto. Acre dite que de fora se sofre muito mui to mais. Mas, sabe? isso já pertence per tence ao passado e a realidade incontestável é esta: vencemos . Luís Roberto: Estou encantado, sabe. Me agrada muito este ambiente verdadeiramente verdadei ramente azul e branco. Nós nos sentimos aqui, entre os nossos. Uma receção triunfal e muito «direitinha». Gostei de vir, palavra. E note uma coi sa, sa, gostei muito do «timininho» do Feirense. Para além do re sultado re sultado me agradou o trabalho da equipa. Muito resisten te, sim senhor. Apesar de 42
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Gastão: “Tive enorme prazer nesta visita. A «torcida» foi inexcedível de amabilidade amabi lidade para nós. Cumulounos de simpatia e de aplausos. E o jogo foi bastante bom, ape sar de o terreno estar em mau estado. O Feirense deu boa ré plica ré plica e tem uns rapazinhos novos novos que me agradaram muito. O número 5 é um grande jo gador gador.. Se coloca magnifica magnificamente, mente, entra muito bem à bola e é possante e rijo. Levo ótima impressão dele. Se desta destacou cou entre todos. Quanto à receção só posso dizer que foi magnífica. Como desportista entendo que estas jornadas de amizade se deviam multiplicar para fomentar familiaridade entre os clubes e seus adeptos espalhados pela província”.
32 Dedicatória de Luis Roberto, na sua festa de despedida ao seu grande amigo e colega de equipa, o santamariano Carlos Oliveira, no jogo de despedida no dia 10 de Abril de 196.4
Torcato Plácido: Portista indefectível, várias vezes dirigente e acompanhante acompanhante infalível de qualquer cara vana portista, afirmou: “isto é que é desporto. Esta mos encantados com tudo e não sabemos como agradecer. agradecer. Valeu a pena sofrer aquela an gustiosa an gustiosa jornada de Torres Vedras Vedras para podermos agora ver esta satisfação clubista. Parabéns Parabéns a todos os feirenses e obrigado”. Ruperto Garcia: “A todos os que contribuíram de algum modo para o êxito desta festa, Direcção do Feirense, F. C. do Porto, desportistas e jogadores, o meu reconhecimento reconhecimento muito sincero. Foi pena que o tempo não nos ajudasse, pois o jogo prometia dada a réplica que os meus rapazes poderiam oferecer. O estado do terreno prejudicou o jogo, mas de qualquer modo sinto-me satisfeito sa tisfeito e só tenho que renovar os meus agradecimentos”. Uma jornada desportiva fantástica para as gentes da então Vila da Feira.
CONTRASTES!
1. Monteiro da Costa, o famoso internacional do F. C. do Porto e filho do nosso concelho, teve uma atitude que nos apraz divulgar aqui. Como prova de apreço e dedica dedicação ção pelo treinador do seu clube, Bella Gutman, Monteiro da Costa ofereceulhe a miniatura do Castelo da Feira que lhe havia sido oferecida ofereci da no início do jogo. Nós que assistimos à cerimónia, podemos testemunhar quanto esta atitude sensibilizou o conceituado técnico húngaro. Gonçalves, guarda-redes do Feirense, foi o único atleta que exigiu receber o prémio do jogo como se se tratasse dum jogo de competição.
2. Antes de se iniciar o encontro o capitão do Feirense, Licínio, fez entrega de uma miniatura do Castelo da Feira ao internacional Monteiro da Costa Cost a e o Sr.. Prof. Pinho Leão em nome dos «portistas» desta Vila Sr ofereceu ao F. C do Porto uma artística artística salva de prata. Para a aquisição deste objeto artístico muito contribuiu a atuação do sr. Luís Abelha, dedicado simpatizante da coletividade nortenha. Na época de 1961/62, o Feirense depois de se afirmar como revelação do Campeonato Nacional da 2.a Divisão, arrancou para uma vitória sensacional na Zona Norte, confirmada na última jornada no Campo C ampo do Montinho com uma vitória por 2-1 perante a Oliveirense. O Feirense com uma ascensão meteórica ingressava na 1. a Divisão Nacional, na época de 1962/63, o escalão principal do futebol português. Em 16 de Setembro de 1962 foi inaugurado o Estádio Marcolino Castro, na Vila da Feira, com dois jogos a abrilhantar a festa.
1962/1963 - Campeonato Nacional da I Divisão 1962/63 Na mesma época de 1962/63 o Feirense enfrentou o Futebol Clube do Porto nos 1/16 de Final
Taça de Portugal 10 de Outubro de 1962: Estádio Marcolino de Castro - Santa Maria da Feira) 1ª Mão Arbitro: Renato Santos (Coimbra)
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FEIRENSE, 0- PORTO, 6 FEIRENSE: Martin (Zeferino); Dinis e Jambane; Brandão, Aurélio e Campanhã; Medeiros, Silva, Rui Maia, Ramalho e Eduardo. Treinador: Artur Baeta
33 Inauguração do Estádio Marcolino de Castro
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F.C. PORTO: Américo; António Paula, Alberto Festa, Miguel Arcanjo, Mesquita e Joaquim Jorge; Carlos Baptista, Jaime e Serafim; Nóbrega e Hernâni. Treinador: Jenõ Kalmár Kalmár
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Marcadores: Serafim (40, 55, 78 e 90), Jaime 79, Hernâni 89 46
16 de Outubro de 1962- Estádio da Antas - 2ª Mão
FC PORTO, 9- FEIRENSE, 0 Árbitro: Diogo Manso (Braga) F.C.PORTO: Américo (Rui); Virgílio, Miguel Arcanjo, Mesquita e Jorge Gomes; Custódio Pinto, Carlos Baptista, Joaquim Jorge, Nóbrega, Jaime e Serafim. Treinador: Jenõ Kalmár Kalmár FEIRENSE: Martin; Dinis e Jambane; Silva, Aurélio e Campanhã; Brandão, Marciano, Rui Maia, Ramalho e Eduardo.
Treinador: Artur Baeta Marcadores: Custódio Pinto 11 e 65, Serafim 12, 29, 38, 71 e 82, Carlos Baptista 35 e 37
Estreia do Feirense na 1.ª Divisão A estreia do Feirense no escalão maior foi em 21 de Outubro de 1962, no Estádio das Antas, no Porto. O Feirense foi derrotado por 3-1, com golo de Brandão. Árbitro: Álvaro Rodrigues (Coimbra) 47
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34 Nóbrega remata com a cabeça, sofrendo a oposição de Campanhã
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F.C.PORTO: Américo; Mesquita, Miguel Arcanjo, Alberto Festa e Jorge Gomes; Joaquim Jorge, Custódio Pinto e Jaime; Nóbrega, Carlos Baptista e Hernâni. Treinador: Jenõ Kalmár FEIRENSE: Martin, Aurélio, Dinis e Jambane; Brandão e Campanhã; Medeiros, Rui Maia, Silva, Ramalho e Eduardo.
35 Golo de Lúcio na marcação de um livre direto
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Treinador: Artur Baeta Marcadores: Custódio Pinto (21’ 76’) e Hernâni (33) e Brandão (87 de gp)
11 de Novembro de 1962 – Jornada 3 SPORTING, 7 – FEIRENSE, 0
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Estádio José de Alvalade Arbitro: Samuel de Abreu de Santarém SPORTING: Carvalho, Lino e Hilário; José Carlos, Lúcio e Júlio; Augusto, Osvaldo, Figueiredo, Geo e Morais.
Treinador: Juca
FEIRENSE: Martin; Dinis e Jambane; Brandão, Aurélio e Marciano; Medeiros, Rui Maia, Silva Ramalho e Soares. Treinador: Artur Baeta
36 Duelo José Carlos e Marciano
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Ao intervalo 3-0 Marcadores: Morais (2,49 e 62), Osvaldo Silva (3) Morais (49) Lúcio (55) e Figueiredo (68).
37 Duelo Osvaldo e Marciano
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BENFICA, 6 – FEIRENSE, 0
38 Osvaldo e Marciano na disputa da bo la
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FEIRENSE: Garupa; Jambane, Aurélio, Campanhã e Silva; António Medeiros, Marciano e Ramalho; Brandão; Eduardo e Rui Maia. Treinador: Artur Baeta Ao intervalo: 0-0 Marcadores: José Augusto 51 73, José Torres (53, 55, 71, 78)
3 de Fevereiro de 1963 FEIRENSE, 1 – PORTO 2
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27-12-1962 - Jornada 9 Estádio da Luz Árbitro: Reinaldo Silva de Leiria BENFICA: Costa Pereira; Ângelo; Cavém; Fernando Cruz; Raul Machado; Mário Coluna; António Simões, José Augusto, Santana José Torres e Eusébio. Treinador: Fernando Fernando Riera 39 José Torres marcou 4 golos
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Árbitro: Eduardo Gouveia (Lisboa)
FEIRENSE, 1 – PORTO 2 FEIRENSE: Zeferino; Campanhã, Jambane; Eduardo Gonzalez e Sá Pereira; Marciano, Ramalho e Brandão; António Medeiros, Silva e Eduardo. Treinador: Artur Baeta
Treinador: Jenõ Kalmár 40
F.C.PORTO: Américo; António Paula, Mesquita, F.C.PORTO: Alberto Festa e Miguel Arcanjo; Joaquim Jorge, Custód Custódio io Pinto e Carlos Duarte; Azumir Veríssimo e Serafim e Jaime
Marcadores: Brandão (23); Custódio Pinto (66) e Jaime (69) 56
40 De Israel (Hapoel, Telavice), chegou o técnico húngaro Jenõ Kalmár, que faz uma renovação da equipa, dando-se a saída de 10 jogadores (Monteiro da Costa, Teixeira, Barbosa, Ivan, Noé, Morais, Coimbra, Rui, Cristóvão e Moura)
17 de Fevereiro de 1963 Árbitro: Francisco Guerra do Porto SPORTING: Joaquim Carvalho; Hilário, Álvaro Alexandre, Lúcio, Osvaldo Silva; Augusto, José Pérides e Fernando Mendes; Joao Morais, Géo Carvalho e Ernesto Figueiredo. Treinador: Juca
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FEIRENSE, 1 – SPORTING, 4
FEIRENSE: Zeferino; Eduardo Gonzalez, Aurélio, Jambane e Campanhã; Silva, Ramalho e Brandão, António Medeiros, Marciano e Eduardo. Treinador: Artur Baeta
Ao intervalo 0-2 Marcadores: Morais, 37, Lúcio Soares 42, Augusto, 52, Brandão 55 e Osvaldo Silva 70
41 Fernando Mendes entrega galhardete
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31 de Março de 1963 Estádio Marcolino de Castro, Campeonato Nacional da I Divisão 1962/63 - Jornada 22
FEIRENSE, 1 – BENFICA,6
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42 Eusébio marcou 4 golos
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Árbitro: Braga Barros
FEIRENSE: Zeferino; Eduardo Gonzalez; Aurélio; Jambane; Marciano; Brandão; Silva; António Medeiros; Rui Maia e Eduardo. Treinador: Artur Baeta
Machado; Mário Coluna; António Simões, José Augusto, A ugusto, José Torres e Eusébio. Ao intervalo: 1-3 Marcadores: Brandão (2) José Torres (17 e 88) e Eusébio 28’ 35’ 46’ 51’
BENFICA: Costa Pereira; Ângelo; Humberto Fernandes; Fernando Cruz; Jacinto Santos; Raul
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13 de Outubro de 1963 Despedida de Sousa Santos
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O valoroso ciclista de S. João de Ver Ver,, que durante vários anos defendeu) as cores do F. C. do Porto, te ve, ontem (13 de Outubro de 1963), a sua festa de homenagem e despedida no Estádio Marcolino Castro 43 O popular corredor do F. C. do Porto, nosso conterrâneo Sousa Sou sa Santos, abandonou ontem, no Estádio Marcolino de Castro, a sua carreira de ciclista. Quis que fosse na
Vila da Feira, sede do seu concelho, a realização da sua festa de despedida, numa demonstração demonstração sadia de bairrismo que bem merece ser meditada por todos os feirenses. Pena foi que o campo não registasse grande afluência de público, mas, na verdade, ver dade, o calor intenso que, logo de manhã, se fez sentir, deve ter influído grandemente no êxodo para lugares mais frescos. Ainda assim, um grande número de simpatizantes sim patizantes do ciclista feirense, natural e residente na vizinha freguesia de S. João Ver, fez frente fren te aos rigores do Sol e veio prestar prestar homenagem a Sousa Santos. O Futebol Clube do Porto fez deslocar deslocar,, à nossa Vila, uma equipa de futebol e alguns dos companheiros compa nheiros de Sousa Santos, para lhe agradecerem o contributo que deu tão dedicadamente para a melhor valia da sua equipa de ciclismo. A festa constou de um desafio de futebol entre o misto do F. C. Porto e o Feirense, sendo ao intervalo a cerimónia da homenagem. homenagem. Antes, portanto, de se iniciar ini ciar a segunda parte do encontro, com as equipas de futebol e de arbitragem formadas, entraram no retângulo os corredores portistas que também formaram e representantes repre sentantes das Direções do F. C. Porto e do C. D.
depois o homenageado de vidamente equipado, com o peito coberto de medalhas a testemunharem testemunharem o brilho da
sua carreira. O orientador da equipa de ci ciclismo clismo do Porto, sr. Franclim Cardoso, fez o elogio do brioso ciclista, seguindo-se o sr. António Fernandes, diretor da Associação de Ciclismo do Norte para destacar as qualidades do homenageado homenageado e o aprumo com que sempre se conduziu ao serviço do seu clube, afirmando, ainda, que brevemente lhe seriam concedidas pela Federação Portuguesa de Ciclismo Ciclismo e pela Associação de Ciclismo Ciclismo do Norte as medalhas de Mérito Desportivo. Como nota enternecedora, seguiu-se a oferta de uma bicicleta ao filho de Sousa Santos, um rapazinho de 12 anos, feita pelo diretor do F. F. C. Porto, sr. Manuel Borges, para que ele venha a seguir o exemplo do pai. Em nome da Direcção do Clube das Antas e dos seus companheiros de equipa, o chefe da secção de ciclismo fez entrega de uma salva de prata. Também o sr. António Lamoso, presidente da Direcção do Clube Desportivo Feirense, ofereceu ao valoroso ciclista de S. João de Ver, Ver, outra salva de prata. O industrial sr. José de Oliveira, conterrâneo de Sousa Santos, entregou-lhe uma lembrança e a pequenina Maria Emília, filha daquele industrial, um ramo de flores. Seguiu-se uma volta ao campo por Sousa Santos que via na sua frente, em pedalada peda lada «vigorosa», o seu filho, tripulando tri pulando a bicicleta que lhe fora oferecida. oferecid a. Os aplausos coroaram esta singela homenagem que, se não foi tão grande como Sousa Santos mereceria, teve, ao menos, o condão de lhe ser prestada na sua terra natal.
Feirense. Por entre os aplausos da assistência, entrou
43 Noticias, 14 de Outubro 1963 página 5
13 de Outubro de 1963: Feirense, 4 - F. C. Porto (Misto) Árbitro: Eduardo Peixinho, de Aveiro. 63
FEIRENSE: Zeferino (Garupa); Dinis, Jambane e Lopes; Vasco (Moreira) e Campanhã; Germano (Carlos), (Carlos) , Adventino, Brandão. (Teixeira), Ramalho e Rui (Eduardo). F.C. PORTO: Correia; Barrigana, Valdemar e Gomes; Vieira Nunes e Rodrigues; Acácio, Domingos, Do mingos, Moura, Daniel e Madeira. Ao intervalo, 2-1. O resultado ajusta-se ao desen desenrolar rolar do encontro, já que a equipa local dominou muito mais. Jogo corretíssimo a facilitar a missão do árbitro. Na época de 1965/66 o Feirense sagrou-se pela segunda vez Campeão Distrital de Aveiro e na época de 1967/68 o Feirense conquistou o título Distrital pela terceira vez. Em Outubro de 1968, o Ministro da Educação Nacional concedeu ao C.D. Feirense a Medalha de Bons Serviços, reconhecendo os seus méritos desportivos e o contributo dado ao futebol da região. Ao Feirense foi concedida também a Medalha de Ouro, pela Câmara Municipal da Feira, como distinção ao Mérito Municipal. Na época de 1968/69 o Feirense conquistou o seu primeiro primeiro título Distrital de Aveiro nas camadas jovens, no escalão de Juvenis. Em 1969, Artur Brandão, um dos históricos do clube, foi eleito pela primeira vez presidente do clube. Na época de 1972/73 o Feirense classificou-se em 2.° lugar na Zona B da 3.a Divisão e beneficiando de uma decisão administrativa subiu à 2.ª Divisão Nacional. 9-4-1974: INAUGURAÇÃO DOS NOVOS BALNEÁRIOS As «Velhas Guardas» do grupo da Vila da Feira e do Sporting de Espinho «mataram saudades. 64
Os dirigentes do Clube Des Desportivo portivo Feirense levaram a efeito na quarta-feira à noite uma cerimónia festiva para comemorar a inauguração dos novos balneários do Estádio Marcolino Castro Foi uma jornada que decor decorreu reu sob o signo do entusiasmo muito embora se esperasse maior afluência de público. No entanto a noite estava fria e os sócios e simpatizantes do C. D. Feirense primaram pela ausência Foi pena e por dois motivos: no primeiro encontro que pôs frente a frente as «Velhas Guardas» do Feirense e do Espinho, «houve» futebol. Os «veteranos» primaram pela confeção de jogadas bem urdidas urdidas com entregas de bola ao primeiro toque e quase sempre a beijocar o solo. Foi um regalo regalo para os olhos ver o Brandão Bran dão executar fintas desconcertantes; desconcer tantes; o Ramalho dominar o esférico como mandam os cânones; cânones; o Gonçalves executar defesas à «Damas; o Leite correr cor rer e centrar com peso e medida: me dida: o Rui Maia entregar o couro com precisão; o Licínio «aliviar» como outrora: o Lopes «homem borracha»! a acorrer a todos os setores da retaguarda; o Oliveira com preciosos pre ciosos toques e perfeito nas «dobras»; o Campanhã, o Carlos, Carlos, o Magalhães, o Aurélio a mostrar que o «caruncho» ainda lhes não bateu a porta. Só foi pena o Eduardo não marcar pelo menos 4 golos como o fez à Sanjoanense num ano em que o Feirense subiu à 1.ª Di visão. visão. E no Espinho? Luciano foi «rei e senhor». Louro parecia ter 20 anos: Alcobia e Cadete, foram os «cordelinhos» que fez movimentar todo um con junto deveras afinado; Pinhal e David (este ainda tem lugar em qualquer equipa da 2.ª Divisão.) chegaram para as encomendas en comendas e os restantes, muito iguais. Entre abraços (e com algu algumas mas lágrima? à mistura) recordaram-se re cordaram-se «velhos tempos» ainda na retina de muitos e que tão cedo não cairão nas penumbras do esquecimento.
No desafio-mor o F C. do Porto exibiu-se em bom plano e triunfou com mérito. O próprio resultado explica tudo mas os locais podiam (e de viam) ter «rubricado», pelo menos, menos, dois golos. Mas Nery e Henrique pareciam «comprados...». «compra dos...». A figura da partida foi o «pequenogrande» extremo-esquerdo (Neves) que só à sua conta marcou cinco golos para todos todos os paladares Para a posteridade, poste ridade, as equipas e os marcadores mar cadores dos dois encontros. A «Velha Guarda» do Espinho impôs-se à do Feirense (4-3) A jornada ‘iniciou-se com o encontro entre as «Velhas Guardas» do Feirense e do Espinho. Espinho. Arbitrou Joaquim Soares Soares (Vila da Feira) e as equipas equi pas formaram: veira. Lopes e Aurélio; FEIRENSE: Gonçalves; Oli veira. Campanhã Cam panhã (Licínio), Carlos (Leite) e Brandão; Rui Maia (Magalhães). (Maga lhães). Ramalho e Eduardo.
ESPINHO: Jorge; Mateiro, Pinhal, Alcobia e Massas (Daniel); (Da niel); David, Cadete e Loureiro (Pereira): Capela. Louro e Luciano. Marcaram pelos locais Bran Brandão, dão, Ramalho e Leite (como era de prever...) e pelos espinhenses Cadete. Luciano (2) e Louro FEIRENS E, 0- F. C. DO PORTO. 7 FEIRENSE, Depois, disputou-se o encon encontro tro entre as equipas do C. D. Feirense e do F. C. do Porto. Público em número razoável, já que o frio intenso que se fez sentir afastou muitos espectadores. espectadores. Árbitro: Elísio Mota, Mota, de Aveiro. FEIRENSE: Pinto (Garupa); (Garupa); Jaime. Dinis (Damas), Bastos (João Pereira) e Sobreiro Sobreiro (Pais); Puskas. Brites
(J. Augusto) e Parra; Nery (Roberto), Walter (Acácio) e Henrique (Dario)
F. C. PORTO: Tibi (João); Nino, Zé Manei, Tei xeira xeira e Valente; Júlio (Alves), Simões e Laurindo; Seninho (Muchama), Ailton (Quim) e Neves. Ao intervalo, 0-2 Marcadores: Neves (5), Lau Laurindo rindo e Bastos (na própria baliza). baliza). Resta dizer que os novos bal balneários neários do Estádio do Feirense são modelares e estão apetrechados apetrechados com os requisitos mais modernos. A direção da prestigiosa prestigiosa coletividade «azul» a que preside o sr. Cunha Rodrigues Ro drigues está de parabéns, assim como todos aqueles que colaboraram para tal efetivação. Era o que faltava a um Parque de Jogos que, pela sua situação situa ção e com o Castelo por fundo, é dos mais belos Estádios do País. Só nos apetece deixar aqui esta pergunta que bem pode ser dirigida ao eng.° Artur Brandão, antigo futebolista do clube e um dos elementos que mais tem pugnado pelo progresso pro gresso da terra sobretudo no capítulo desportivo. No regresso à 1.ª Divisão, na época de 1977/78 Feirense e Futebol Clube do Porto voltaram a encontrarse na 4.ª e 19.ª jornada, respetivamente. 24 Setembro 1977: Estádio das Antas Na época de 1976/77, o Feirense após um brilhante campeonato conquistou o 1.° lugar da Zona Centro do Nacional da 2.a Divisão e o regresso à 1.a Divisão Nacional. Nacio nal. Na penúltima jornada, o Feirense venceu por 2-0 ao Académico de Viseu no Estádio do Fontelo em Viseu e na última jornada o Feirense venceu por 3-0 no Estádio Marcolino Castro à equipa do Caldas, confirmando a subida subida de divisão, onde na época de 1977/78 teve a segunda presença no Nacional da 1.ª Divisão. 65
No regresso à 1.ª Divisão, na época de 1977/78
Árbitro: Santos Luís (Coimbra)
Feirense e Futebol Clube do Porto voltaram a encontrar-se na 4.ª e 19.ª jornada, respetivamente.
24 Setembro 1977, Estádio das Antas PORTO, 6 – FEIRENSE, 1
FC PORTO: João Fonseca; Gabriel (Simões aos 70), Alfredo Murça, Rodolfo Reis e Freitas; Adelino Teixeira, Octávio Machado e Fernando Gomes; Duda (Francisco González aos 45), António Oliveira e Seninho. Treinador: José Maria Pedroto
44
44 Em cima, da esquerda para a direita: Seminário, Brito, Cândido, Parra (cap.), Pinto (GR), e Zequinha. Em Baixo: Portela, Bites, Gilberto, Serginho, e José Domingos.
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FEIRENSE: Pinto; Portela, Seminário, Cândido, Gilberto; Baltemar Brito, Zequinha e Parra (Ezequiel aos 45); Bites, Serginho e José Domingos Treinador: Licínio Milheiro Marcadores: Duda (20,32, e 52), Fernando Gomes (36), Alfredo Murça (37), António Oliveira (88) e José Domingos (41)
5 de Novembro de 1977 Estádio José de Alvalade, Jornada 7
SPORTING: António Botelho; Manaca, Francisco Barão, Fernando da Costa e João Laranjeira; Rui Cerdeira (Joaquim Mota aos 76), Artur Correia, Paulo Meneses; Isaías, Rui Jordão e Manuel Fernandes. Treinador: Paulo Paulo Emílio.
FEIRENSE: Silva Morais, Seminário, Gilberto
SPORTING, 5- FEIRENSE, 0 Árbitro: Miranda Dias de Coimbra
Conceição, Baltemar Brito e Babalito; Bites, Henrique Nunes e Valentim Parra; Zequinha, Serginho e José Domingos. Treinador: João Mota Ao intervalo: 1-0 Marcadores: Isaías (8), Manuel Fernandes (52 e 53), Rui Jordão (60 e 88) 67
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45 Silva Morais defende, perante o olhar a tento de Gilberto e Babalito
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22 de Janeiro de 1978 FEIRENSE, 0 - BENFICA, 1 Árbitro: António Espanhol de Leiria
FEIRENSE: Silva Morais; Cândido, Seminário, Sobreiro e Babalito; Brito, Parra e Zequinha; Henrique, Sérgio e José Domingos 70
Entradas de Bites e Cipó Treinador: Professor Joao Mota BENFICA: Bento; Pietra, Bastos Lopes, Eurico e Alberto; Humberto Coelho, Shéu e Toni (Pereirinha aos 74); Chalana (Cavungi aos 51), Nené e Vitor Batista. Treinador: John Mortimore Marcadores: Nené (58) Cartão amarelo: Cândido (39)
26 Março 1978 Estádio Marcolino de Castro FEIRENSE, 1 – PORTO, 3
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Árbitro: Evaristo Faustino (Leiria)
FEIRENSE: Pinto; Portela (Lino aos 85), Sobreiro, Baltemar Brito, Babalito; Henrique Nunes, Bites e Serginho; Cipó, José Domingos e Acácio. Treinador: Prof. João Mota
F.C.PORTO: João Fonseca; Gabriel, Teixeirinha, Alfredo Murça, Simões; Rodolfo Reis, Ademir e Octávio Machado; Fernando Gomes e Duda, António Oliveira. Treinador: José Maria Pedroto Marcadores: Fernando Fernando Gomes (15), António Oliveira (51) Seninho (82) e Serginho (87);
A maior enchente de todos os tempos, 20000 espetadores, originou um atraso de 41 minutos.
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9 de Abril de 1978 – jornada 22- Estádio Marcolino de Castro Árbitro: António Espanhol
FEIRENSE, 0 – SPORTING, 2 FEIRENSE: Pinto; Cândido, Sobreiro, Baltemar Brito e Babalito; Zequinha (Ezequiel aos 75), Parra (José Domingos aos 54) e Bites; Cipó, Serginho e Acácio. Treinador: Professor João Mota SPORTING: António Botelho, Augusto Inácio, Cerdeira, Joao Laranjeira e Paulo Meneses; Joaquim Muça, Francisco Barão (Isaías aos 54) e Baltasar; Manuel Fernandes, Manoel e Salif Keita.
Treinador: Rodrigues Dias Cartão amarelo: Cerdeira aos 40 Ao intervalo: 0-1 Marcadores: Salif Keita (14) e Manoel (88)
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4 Junho 1978. Estádio da Luz. Campeonato Nacional da I Divisão - Jornada 29
BENFICA, 2 – FEIRENSE, 0 BENFICA: António Fidalgo; Pietra, António Bastos Lopes, Alberto e Eurico Gomes; Shéu, Toni (Cavungi aos 45) e Chalana; Rui Lopes, Celso Pita (Jorge Silva aos 77) e Nené. Treinador: John Mortimore
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FEIRENSE: Pinto; Portela, Cândido, Seminário, Sobreiro e Baltemar Brito (Coelho 65), Bites, Zequinha e Ezequiel (Babalito 77); Henrique Nunes e Acácio. Treinador: Professor João Mota Ao intervalo: 1-0 Marcadores: Shéu (38) e Jorge Silva (87)
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Na época de 1980/81 o Feirense, Feirense, com o 2.° lugar obtido na Série B do Nacional da 3a. Divisão, regressou novamente à 2.ª Divisão Nacional.
46 Golo de Jorge Silva
(Continua no próximo número)
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