09-GALILEI, Galileu - O Ensaiador

October 6, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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CIP-Brasil. Cataloga"o-na-Publica "o C$mara Brasileira do Livro, SP

Bruno, Giordano, 1548-1600. B922s  Sobre o infinito, o universo e os mundos / Giordano Bruno. O ensaiador / Galileu Galilei. A cidade do sol /  Tommaso Campanella ; tradu%es de Helda Barraco, Nestor Deola e Aristides L 'bo.  (  3.  3. ed.  (  S  S"o Paulo : Abril 

Cultural, 1983. (Os pensadores) Inclui vida e obra de Bruno, Galileu e Campanella. Bibliografia, 1. Filosofia italiana 2. Fil )sofos modernos I. Galileu Galilei, 1564-1642. II. Campanella, Tommaso, 1568-1639. III.  T *tulo: Sobre o infinito, o universo e  os mundos. IV. T *tulo: O ensaiador. V. T *tulo: A cidade do sol. VI. S+rie.

83-0814 CDD-195 -921.5  *ndices para cat-logo sistem-tico:

1. Filosofia italiana 195 2. Fil)sofos italianos 195 3. Fil)sofos italianos : Biografia 921.5 4. It-lia : Filosofia 195

 

 

GIORDANO BRUNO

SOBRE O INFINITO, O UNIVERSO E OS MUNDOS GALILEU GALILEI

O ENSAIADOR TOMMASO CAMPANELLA

 A CIDADE DO SOL SOL Tradu  es de Helda Barraco Nestor Deola e Aristides L$bo 

1983

 

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 VIDA E OBRA Consultoria: Jos Amrico Motta Pessanha Em 1609, Galileu Galilei, professor da universidade italiana de P "dua, teve not  $$cia de que na Holanda fora inventado um telesc %pio. Imediatamente procurou melhores informa ')es sobre ele. A partir de ent*o p +s-se a aperfei'oar o instrumento; duplicou sua capacidade de aumento e come 'ou a fazer observa')es astron+micas. Um ano depois, publicava um livro intitulado O Mensageiro Celeste, no qual descrevia o aspecto montanhoso da superf  $cie lunar, revelava a exist,ncia de in -meras estrelas at  ent*o desconhecidas e mostrava que J-piter possui quatro satlites. Logo depois, atrav s de outras observa')es, descobria as fases do planeta V ,nus, as formas de Saturno e as manchas solares.  Todas essas descobertas constitu $am grandes inova')es para a filosofia da natureza definida pelos te%logos da Igreja, fundados na f  $sica e astronomia aristot licas, puramente especulativas. Mostravam o verdadeiro caminho para o conhecimento da natureza: a observa'*o dos fen+menos tais como ocorrem e n*o como os explica a pura expe-cula '*o.  /  observa'*o o professor de P"dua ajuntaria a experimenta'*o e a matem"tica (menosprezada por Arist%teles), que consideraria como a  verdadeira linguagem da natureza. Desse modo, Galileu tornou-se um dos principais criadores do moderno mtodo cient $ $fico.

 

A ci  ncia em julgamento A oposi'*o de Galileu Galilei ao esp $rito teol%gico e metaf   $sico manifestava-se havia muito

tempo. Nascido em Pisa, no dia 15 de fevereiro de 1564, Galileu matriculou-se na Escola de Artes da cidade natal para estudar medicina, em 1581. Quatro anos depois, abandona-a para dedicar-se exclusivamente 1 matem"tica e, em 1589, torna-se catedr"tico dessa disciplina na Universidade de Pisa. Nessa poca come'a a fazer as primeiras investiga ')es no campo da f  $sica, particularmente em mec2nica, tentando descrever os fen+menos em linguagem matem"tica. Isso suscita violenta oposi '*o da ci,ncia oficial, representada por seguidores de Arist%teles, que discordam da aplica '*o da matem"tica aos dom $nios da f  $sica. Essa nova orienta '*o metodol%gica seria a maior contribui'*o de Galileu 1  hist%ria das idias. Em 1604, Galileu elabora a lei da queda livre dos corpos, fundamental para todo o desenvolvimento desenvolviment o posterior da mec2nica racional. Seis anos depois, come 'a a fazer observa')es astron+micas, passando a trabalhar em Floren 'a, junto a Cosimo II de Medici. Em 1612, publica o Discurso sobre as Coisas que Coisas  que Est      o sobre a  "    gua,   no qual  gua, ridiculariza a teoria aristotlica dos quatro elementos sublunares e do ter, suposto compenente -nico dos corpos celestes e respons " vel por sua "perfei'*o". Ao mesmo tempo, adota o atomismo de Dem%crito na explica '*o do universo f  $sico. Mais uma manifesta '*o antiaristotlica viria, em 1613, na Hist $$  ria    e Demonstra  &  o sobre as Manctias Solares,  Solares,  onde ap%ia a teoria de Cop rnico e mostra o erro da

concep'*o segundo a qual o Sol, como os demais astros, seria um corpo composto de um -nico elemento, o ter.  A descoberta das manchas solares foi criticada vi violentamente olentamente pelos te %logos, que viam na tese de Galileu uma destrui'*o da perfei'*o do cu e uma nega'*o dos textos b $blicos. Galileu escreveu, ent*o, uma carta para seu aluno Benedetto Castelli, afirmando que as passagens b $blicas n*o possu $am qualquer autoridade no que diz respeito a controv rsias de cunho cient  $$fico; a linguagem da B $blia deveria ser interpretada 1 luz dos conhecimentos da ci ,ncia natural. A carta come'ou a circular em in-meras c%pias manuscritas e a oposi'*o ao autor cresceu progressivamente. As autoridades, contudo, limita vam-se a instru $-lo para que n*o defendesse mais as idias copernicanas do movimento da Terra e estabilidade do Sol, por serem contr "rias 1s escrituras sagradas. Durante alguns anos Galileu permaneceu em sil,ncio. Mas, em 1623, depois de polemizar com um jesu $ta sobre a natureza dos cometas, voltou a ridicularizar as teorias aristot licas no livro O Ensaiador e come'a a redigir o Di   (  logo  sobre os Dois Maiores Sistemas. Neste livro confronta as id ias de Ptolomeu  3  segundo   segundo o qual a Terra

seria est"tica e o Sol giraria em torno dela  3   e de Coprnico, que afirmava exatamente o contr "rio. Porque nenhum editor desejava correr maiores riscos, a obra s % seria publicada em 1632. Foi quando o perigo se declarou: em outubro do mesmo ano, o autor foi convocado para enfrentar um tribunal do Santo Of  $cio.

 

Condenado em junho de 1633, Galileu   obrigado a abjurar suas teses, sob pena de ser queimado como herege. Prefere viver e se retrata, mas n *o se ficou sabendo exatamente em que termos. Sobre o acontecimento correram vers)es muito diferentes, 1s vezes contradit%rias. Seja como for, Galileu continuou a viver e, em 1638, publicou clandestinamente o Discurso a Respeito de Duas Novas Ci   )  ncias. Recapitulan-do os resultados de suas primeiras experi,ncias e acrescentando algumas reflex )es

sobre os princ $pios da mec2nica, essa obra seria a mais madura de todas que escreveu. No mesmo ano Galileu perdeu a vis*o. Morreu quatro anos depois, no dia 18 de janeiro de 1642.

Princ pios do m#todo cient fico Galileu tornou-se o criador da f  $sica moderna, quando enunciou as leis fundamentais do movimento; foi tambm um dos maiores astr+nomos de todos os tempos, pelas observa ')es pioneiras que fez com o telesc %pio. Essas descobertas, contudo, foram resultado de uma nova maneira de abordar os fen+menos da natureza e nisso reside sua import 2ncia dentro da hist%ria da filosofia. No campo das idias filos%ficas, Galileu  mais importante pelas contribui ')es que fez ao mtodo cient  $$fico do que propriamente pelas revela ')es f   $sicas e astron+micas encontradas em suas obras. O primeiro princ $pio do mtodo galileano   a observa'*o dos fen+menos, tais como eles ocorrem, sem que o cientista se deixe perturbar por preconceitos extra-cient $ficos, de natureza religiosa ou filos%fica. Quando Galileu aperfei'oou o telesc%pio e p+s-se a observar os astros, deixou de lado as idias de perfei'*o dos corpos celestes, tal como afirmava a astronomia aristot lica. Essa astronomia partia da pressuposi'*o de que os corpos celestes descreviam %rbitas circulares uniformes, concluindo que esses corpos seriam compostos exclusivamente de um elemento (o ter) e seriam, conseq 4entemente, homog ,neos e perfeitos. A observa '*o das manchas solares, feita por Galileu, destruiu tal teoria e mostrou que o pressuposto da perfei'*o dos corpos celestes n *o deveria ser levado em considera'*o pelos astr+nomos. O segundo princ $pio do mtodo de Galileu consiste na experimenta'*o. Segundo esse princ $pio, nenhuma afirma'*o sobre fen+menos naturais, que se pretenda cient $fica, pode prescindir da verifica-

'*o de sua legitimidade atrav s da produ'*o do fen+meno em determinadas circunst2ncias. Em obedi,ncia a esse preceito, certa vez Galileu subiu 1 torre de Pisa e deixou cair dois corpos livremente, a fim de mostrar como era incorreta a afirma'*o do senso comum (endossada pelos aristot licos) de que a queda livre dos corpos depende de suas massas e de que suas velocidades seriam diferentes. O terceiro e -ltimo princ $pio da metodologia galileana estabelece que o correto conhecimento da natureza exige que se descubra sua regularidade matem "tica. Foi o que Galileu fez, por exemplo, ao revelar que a velocidade adquirida por um corpo que cai livremente, a partir do repouso,  proporcional ao tempo e que o espa'o percorrido  proporcional ao quadrado do tempo empregado em percorr,-lo. Formulando esses princ $pios, Galileu estruturou todo o conhecimento cient $fico da natureza e abalou os alicerces que fundamentavam a concep '*o medieval do mundo. Destruiu a idia de que o

 

mundo possui uma estrutura finita, hierarquicamente ordenada e substituiu-a pela vis *o de um universo aberto, indefinido e at  mesmo infinito. Em lugar de conceber o mundo como dividido em duas partes, uma superior, constitu $da pelo cu, e a outra inferior, a Terra em que vive o homem, mostrou que todos os objetos f  $sicos devem ser concebidos como sendo da mesma natureza e tratados de modo id,ntico, pelo menos por aqueles que desejam conhecer cientificamente o Universo. P +s de lado o finalismo aristot lico e escol "stico, segundo o qual tudo aquilo que ocorre na natureza ocorre para cumprir des $gnios superiores; e mostrou que a natureza   fundamentalmente um conjunto de fen+menos mec2nicos, tal como afirmara Dem%crito na Antig 4idade. Demonstrou o engano do esp $rito puramente l%gico e dedutivo da filosofia aristotlico-escol"stica, quando aplicado 1 explica'*o dos fen+menos f  $sicos. E mostrou, finalmente, que "o livro da natureza est"  escrito em caracteres matem"ticos" e que, "sem um conhecimento dos mesmos, os homens n*o poder*o compreend,-lo".

Cronologia 1564 3 Galileu Galilei nasce em Pisa, a 15 de fevereiro. Nasce Shakespeare. 1581 3 Galileu ingressa na Universidade de Pisa, para estudar medicina. 1584 3 Galileu inicia seus es tudos tudos de matem (   (  tica. 1585 3  Abandona  Abandona a universidade sem sem obter grau.

1589 3 Galileu obt +   +m    a c (   (  tedra de matem (   (tica    em Pisa. 1592 3  ,   ,  nomeado  nomeado para a c (   (  tedra de matem (   (  tica na Universidade de P (   (  dua. 1600  3  Da uni     o de Galileu com Marina Camba nasce Virg .   .  nia. nia.   5 publicado o  Mysterium Cosmographicum Cosmographicum de

Kepler. Condena'*o e morte de Giordano Bruno. 1607 3 Galileu escreve a Defesa contra as Cal-nias e Imposturas de Baldes-sar Capra.

1609 3  Aperfei    Aperfei    & oa oa o telesc $$    pio.    1610 3 Descobre os sat +    piter. Escreve o  Mensageiro Celeste. +  lites de J  /   1612  3  Publica o Discurso sobre as Coisas que Est *o sobre a  7gua e a Hist%ria e Demonstra')es sobre

as Manchas Solares. O dominicano Lorini denuncia a doutrina de Coprnico como hertica.

.  cio. 1615 3 Lorini aponta Galileu ao Santo Of   1616  3  Galileu escreve o Discurso sobre o Fluxo e Refluxo do Mar.  ,  convocado  convocado para depor perante o cardeal    

Belarmino. Um decreto da Sagrada Congrega'*o do Index pro $be a obra de Coprnico. Galileu retorna a Floren  & a, a, em junho. 1623 3 Galileu inicia o Di"logo sobre os Dois Maiores Sistemas. Sistemas. 1632  3  O  O Di"logo +   impresso em fevereiro. Em outubro, Gali  leu recebe ordem de apresentar-se em Roma.

 A\presenta-se em Roma, em abril. Em 22 de junho abjura e o processo se encerra. 1633  3  A\presenta-se 1638 3 Galileu publica o Discurso sobre Duas Ci,ncias Novas. 1642 3  Morre  Morre a 18 de janeiro. janeiro.

 

Bibliografia Edizione Nazionale delle Opere di Galileo Galilei, 20 vols., editada por Ant +nio Favaro, Floren 'a, 1909, reimpressa em 1939. MoNDOLFo, R ODOLFO ODOLFO : Figuras e Id   +  ias da Filosofia da Renascen  & a,  a, Mestre Jou, S*o Paulo, 1967. KoYR 5, ALEXANDRE:  , tudes tudes d'Histoire de Ia Pens +   +e   Scientifique,  Scientifique,  Presses Universi-tairesde France, Paris, 1966. CEYMONAT, LUDOVICO: Galileo Galilei, Mil*o, 1957.   Centen (   RuGGiERo, G. de: Galileo Galilei, nel 3.1  Centen  (  rio dei Dialo  go sopra i Due Massimi Sistemi dei Mondo in  Archivio di Storia Storia delia Filoso Filosofia, fia, 1932.

+  orie Physique de Platon 2  Calil     Calil   +  e   in  An-nales de Philosophie Chr +   +  tienne, tienne,   DuHEM, P.:  Essai sur Ia Notion de Th +   Paris, 1908. B ANFI, A.: Calileo Calilei, Mil*o, 1948. RoM 8o, M ATTOS: Galileu e o M   +  todo Cient   fico,   fico,  ..      vol.  vol. I, Lisboa, 1944. 1944.  TuR   $N, JUAN: Calileo Atl  3  ntico y Kant Copernicano,  Copernicano, C%rdova, 1944.  WoHLwiLL, E.: Galileu und sein Kampf f  4  r Kopernikanische Lehre,  Lehre, Leipzig e Hamburgo, 1910.

 

GALILEU GALILEI

O ENSAIADOR  Tradu'*o e notas de Helda Barraco

O ENSAIADOR ONDE COM PERFEITO E JUSTO EQUIL9BRIO RACIOCINA-SE SOBRE AS COISAS CONTIDAS NA "BALANCA ASTRON;MICA E FILOS=FICA" DE LOTARIO SARSI SIGENSANO ESCRITA EM FORMA DE CARTA AO ILUSTR  I LUSTR 9SSIMO E REVEREND9SSIMO MONSENHOR  D. VIR VIRGIN GINIO IO CES CESARI ARINI NI  ACAD>MICO LINCEU MESTRE DE SALA DE N. S. PELO SENHOR GALILEU GALILEI  ACAD>MICO LINCEU NOBRE FLORENTINO FIL=SOFO E MATEM 7 TICO PRINCIPAL DO SEREN9SSIMO GR   8O-DUQUE DA TOSCANA

PARA A SANTIDADE DE N. S. PAPA PAPA URBA URBANO NO OITA OITAVO VO1  Nesta felicidade relativa ao estudo das boas letras 2  , poder ..    amos dizer da mesma virtude, enquanto a cidade em    peso, e especialmente a Santa S +   + ,   mais esplendorosa que n unca unca por serdes. Vossa Santidade   , colocada na Santa S +   +   por   vontade divina, e n   o   existe mente alguma que n      o esteja   louvavelmente empolgada a estudar e a venerar os dignos experimentos 3  , imitando exemplo t      o eminente, comparecemos em Vossa presen  & a, a, cheios de obriga  &5  es infinitas pelos   benef   .  cios recebidos sempre de Vossa M    o Benigna, e cheios   de alegria e contentamento para ver, em uma S +   +    assim   sublime, um Patr   o   t     o ex .   .  mio. Apresentamos, como demonstra  &  o   de nossa devo  &  o e como   tributo de nossa servid    o   1

O Papa Urbano Oitavo foi o Cardeal Barberini, nomeado em 1623, que, grande admirador de Galileu, como o demonstra este trabalho e uma obra sua publicada justamente em honra deste pesquisador italiano, Adula  &  o Perniciosa, tornou-se o maior inimigo de Galileu depois que ele publicou O Di   (  logo sobre os M  (  ximos Sistemas em 1632. 2 Consideravam-se boas letras, neste per $odo, n*o alguma forma particular de estudo, mas toda a pesquisa que se mantivesse de aco rdo com os c2nones eclesi"sticos, encontrando-se todos os autores citados no  Ensaiador no per $odo entre a Reforma e a Contra-Reforma, quando a f  $sica e a matem"tica estavam se libertando da filosofia. 3 O termo "digno" aqui possui o mesmo significado do termo "boas letras", lembrando como grande parte da autoridade cat %lica, compreendido neste caso o pr %prio papa, ocupava-se com experimentos cient $ficos. 4" Por toda a Idade M dia, at a Renascen'a, o termo "her %ico" n*o possui algum significado pol  $$tico, mas preferivelmente o significado "luta pelo sucesso" em sua m "xima extens*o.

 

verdadeira, o Ensaiador do nosso Galilei, descobridor florentino, n      o de  novas terras, mas de partes do c +   +u   jamais vistas.  vistas.  O  Ensaiador cont +   +  m investiga  &5  es sobre aqueles celestes esplendor es es que produzem a maior maravilha. Dedicamo-lo e  presenteamo-lo  presenteamo -lo a Vossa Santidade, por ter a alma cheia de verdadeiros adornos e esplendores, e por haver dedicado sua mente her $     este discurso sobre as faces desc onhecidas onhecidas do c +   $  ica 4  a a  &5  es muito sublimes; desejando que  este +  u seja um sinal de   nossa mais viva e ardente dedica   &  o ao   servi    & o de Vossa Santidade para merecer   sua gratid    o. Prostrados humildemente   aos Vossos p +   +s,   portanto, Vos suplicamos de conceder os favo res res costumeiros aos nossos estudos com a cortesia e o calor de Sua dign ..    ssima prote   &  o.

Roma, aos 20 de outubro de 1623. De Vossa Santidade Servos Humil $ $ssimos e Devot  $$ssimos Os ACAD>MICOS DOS LINCEUS

O Ensaiador DO SENHOR

GALILEU GALILEI ACAD>MICO DA ACADEMIA DOS "LINCEI", FILOSOFO E MATEM 7 TICO PRINCIPAL DO SEREN9SSIMO GR  8O-DUQUE DE TOSCANA

ESCRITO EM FORMA DE CARTA  AO ILUSTR 9SSIMO E R EVEREND EVEREND9SSIMO SENHOR  DOM VIRGINIO CESARINI  ACAD>MICO DA ACADEMIA DOS "LINCEI", MESTRE DE QUARTO DE N. S. Eu nunca pude entender, Ilustr $ssimo Senhor, de onde originou-se o fato de que tudo aquilo que dos meus estudos achei conveniente publicar, para agradar ou servir aos outros, tenha encontrado em muitas pessoas uma certa animosidade em diminuir, defraudar e desprezar aquele pouco valor que, se n*o pela obra, ao menos pela minha inten '*o, eu esperava merecer. Mal acabara de sair o meu  Nunzio Sidereo, onde foram reveladas tantas novas e extraordin "rias descobertas referentes ao c u, que

ali"s deviam ser do agrado de todos os apaixonados da verdadeira filosofia, que imediatamente levantaram-se, em todos os lugares, invejosos daqueles louvores devidos a t *o importantes descobertas: nem faltaram aqueles que, somente para contradizer minhas palavras, n *o se preocuparam de p+r em d- vida todas aquelas demonstra')es que viram e reviram 1  vontade com os pr %prios olhos. O Seren $ssimo Gr*o Duque Cosme II5, meu Senhor, de gloriosa mem%ria, obrigou-me a escrever meu parecer sobre as causas do boiar ou afundar das coisas na "gua; e, para satisfazer a esta ordem, tendo colocado no papel tudo o que tinha lembrado a mais da doutrina de Arquimedes, que, d "-se o caso,   toda a verdade que, com efeito, podia-se afirmar em rela '*o a essa matria, eis imediatamente todas as 4 5

Cosme de Medici, Gr*o Duque da Toscana, de 1609. Filho da Princesa Cristina de Lorena, que convidou Galileu para dar aulas de matem"tica ao pequeno duque herdeiro, que, mais tarde, em 1610, o nomear " matem"tico e fil%sofo da Corte. Em 1606 Galileu dedica-lhe  As Opera   &5  es do Compasso Geom +   +  trico e Militar. Cosme II morre durante a compila'*o do Ensaiador que ele havia encomendado a este fil%sofo.

 

tipografias cheias de libelos contra o meu Discurso ; nem aguardando que tudo o que fosse apresentado por mim seria confirmado e conclu $do com demonstra')es geomtricas, contradisseram a minha opini*o, nem perceberam (tanta foi a for 'a da paix*o) que se opor 1 geometria  negar abertamente a  verdade. As Letras sobre as Manchas Solares por quantos e em quantas maneiras foram combatidas? E aquela matria que deveria abrir campo a tantos intelectos para extraordin"rias especula')es por muitos foi desprezada ou ridicularizada completamente, seja por n *o ter sido acreditada, seja por n *o ter sido considerada; outros, para n *o querer aceitar meu racioc $nio, apresentaram contra mim rid $culas e imposs $ veis  veis especula')es; e outros, levados com convic'*o por minhas raz )es, procuraram me despojar daquela gl%ria que me pertencia, e, escondendo o fato de ter j" lido meus textos, tentaram depois de mim proclamar-se primeiros descobridores de coisas t *o estupendas. N*o mencionarei algumas das minhas conversas particulares, demonstra ')es e pareceres, os quais n*o publiquei, todas elas maldosamente impugnadas ou consideradas sem valor; n *o faltaram aquelas que esbarraram, muitas  vezes, sobre alguns daqueles que, com muita habilid habilidade, ade, tentaram atribuir-se a honra de t,-las descoberto pelo pr%prio intelecto. Eu poderia citar muitos destes usurpadores; prefiro, por m, silenciar porque os primeiros roubos pareceram merecer castigos muito menos graves que os roubos seguintes. Contudo, n*o quero mais calar-me sobre o segundo roubo que com aud"cia demais foi perpetrado voluntariamente por aquela mesma pessoa que muitos anos atr "s tinha cometido outro, apropriando-se da inven '*o dos meus compassos geomtricos, quando eu, muitos anos antes, j "  o tinha mostrado e demonstrado a muitos senhores, e finalmente publicado: e seja-me perdoado se, contra a minha pr %pria natureza, contra o meu costume e inten '*o, talvez sinta demais e reclame de ter-me calado por muitos anos. Eu me refiro a Simon M"rio Guntzehuzano, que foi aquele que, em P"dua, onde naquela poca eu me encontrava, traduziu, em l  $$ngua latina, o manuseio deste meu compasso, e, atribuindo-o a si mesmo, o fez publicar por um disc $pulo seu, com seu nome, e logo em seguida, provavelmente para fugir ao castigo, voltou 1 sua terra, deixando o seu aluno, como se diz, em maus len '%is; contra o qual eu fui obrigado a proceder, na aus,ncia de Simon M"rio, da forma que ficou manifesta na Defesa  que naquela

poca elaborei e publiquei. Este mesmo, quatro anos depois da publica'*o do meu  Nunzio Sidereo, acostumado a querer gabar-se dos trabalhos alheios, n*o se envergonhou de proclamar-se autor das minhas descobertas publicadas naquela obra; e, imprimindo-o com o t $tulo  Mundus Jovialis etc.7    , afirmou temerariamente ter observado ele antes de mim os planetas Mediceus que giram ao redor de J -piter. Mas, como raramente a verdade  suprimida pela mentira, eis que ele mesmo, em sua obra, por sua inadvert ,ncia e escassa intelig ,ncia, oferece-me a possibilidade de poder venc ,-lo com testemunhos

"

*

*

irrefut  veis e demonstrar claramente claramente sua culpa, fazendo ver como ele n o somente n o tinha observado essas estrelas antes de mim como tamb m n*o as tinha visto, seguramente, nem dois anos depois: e 6 7

Este discurso  aquele "referente "s coisas que se encontram boiando na "gua ou que nela se movimentam . Mundo de J -piter. Em refer,ncia ao planeta J-piter e aos seus planetas menores.

 

digo mais, provavelmente, pode-se afirmar, ele jamais as observou. E eu, apesar de poder tirar de numerosas passagens de seu texto provas evident $ssimas daquilo que estou afirmando, quero, deixando as outras para outra ocasi *o, para n*o me estender demais e afastar-me de meu principal objetivo, relatar um -nico trecho. Simon M"rio diz na segunda parte de seu  Mundus Jovialis, sobre o sexto fen+meno, ter observado cuidadosamente como os quatro planetas nunca se encontram na linha reta paralela 1  ecl $ $ptica, a n*o ser quando est*o nas maiores digress)es de J-piter; porm, quando se encontram fora daquelas digress)es, sempre declinam, com diferen'a not" vel, da linha reta; declinam sempre, afirmo eu, rumo ao norte, quando se encontram na parte inferior das pr %prias circunfer,ncias, e, ao contr "rio, rumam sempre para o sul, quando se encontram nas partes superiores: para salvar esta manifesta '*o, Simon M"rio estabelece que as circunfer ,ncias daqueles planetas resultam inclinadas em rela '*o ao plano da ecl $ $ptica rumo ao sul, nas partes superiores, e rumo ao norte, nas partes inferiores. Esta sua teoria  repleta de erros que claramente demonstram e testemunham sua fraude. Em primeiro lugar, n*o  verdade que as quatro circunfer ,ncias dos planetas Mediceus sejam inclinadas em rela'*o ao plano da ecl  $$ptica; pelo contr"rio, lhes s*o eq 4idistantes. Em segundo lugar, n*o  verdade que as mesmas estrelas n *o estejam nunca entre elas pontualmente em linha reta a n *o ser quando se encontram nas digress)es m"ximas de J-piter; pelo contr"rio, acontece que elas, em qualquer dist2ncia, ou seja, m"xima, mdia e m $nima, podem ser vistas em linha perfeitamente reta, e encontrando-se, encontrando -se, mesmo em movimentos contr "rios e muito pr%ximas de J-piter, juntam-se num ponto de tal forma que duas parecem ser uma. Enfim,  falso que, quando declinam em rela '*o ao plano da ecl $ $ptica, rumam sempre para o sul quando est *o nas metades superiores das pr %prias circunfer,ncias e rumo ao norte quando est*o nas inferiores; pelo contr"rio, somente em alguns per $odos procedem assim e em outros procedem ao contr "rio, isto , rumo ao norte quando se encontram no meio das circunfer,ncias superiores e rumo ao sul quando se encontram no meio das inferiores. Por m, Simon M"rio, por n*o haver entendido nem observado esta situa'*o, revelou sem querer a sua falha. A situa'*o dos planetas  assim:  As quatro circunfer,ncias dos planetas Mediceus s*o sempre paralelas ao plano da ecl  $$ptica; e porque estamos colocados no mesmo plano, acontece que 1s vezes J-piter n*o possuir" latitude, mas encontrar-se-" ainda sob o plano da ecl $ptica, os movimentos dessas estrelas ent*o parecem desenrolarse numa mesma linha reta, e as suas conjun ')es realizadas em qualquer lugar parecer*o sempre corporais, isto , sem declina'*o alguma. Porm, quando o mesmo J-piter se encontrar fora do plano da ecl $ $ptica, acontecer" que, se a sua latitude for rumo ao norte em rela '*o a seu plano, mesmo que as

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1

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quatro circunfer ncias dos planetas Mediceus continuem paralelas  ecl ptica, as suas partes superiores parecer*o rumar para o sul em rela '*o 1s inferiores, as quais nos parecer *o colocadas mais ao norte; ao contr"rio, quando a latitude de J-piter for austral, as partes superiores das mesmas pequenas circunfer,ncias nos parecer *o mais setentrionais que as inferiores; assim, as declina ')es das estrelas

 

parecer*o fazer o contr"rio quando J-piter for austral; isto , no primeiro caso as veremos declinar rumo ao sul quando se encontrarem na metade superior das circunfer,ncias, e rumo ao norte nas inferiores; mas no outro caso declinar*o ao contr"rio, isto , rumo ao norte nas metades superiores, e rumo ao sul nas inferiores; e tais declina ')es apresentar-se-*o maiores ou menores, conforme a latitude de J-piter seja maior ou menor. Ora, Simon M "rio afirmara haver observado que as supramencionadas quatro estrelas declinam sempre rumo ao sul quando se encontram na metade superior das pr %prias circunfer,ncias. Suas observa ')es foram feitas no per $odo em que J-piter possu $a latitude boreal: mas quando eu conduzi minhas primeiras observa ')es J-piter era austral, e assim permaneceu por longo tempo, e nem tornou-se boreal, assim que as latitudes das quatro estrelas pudessem mostrar-se da forma que as descreve Simon, sen *o mais que dois anos depois: assim, se alguma vez, por acaso, ele as  viu e as observou, observou, isto n*o se verificou a n*o ser dois anos depois de mim. Ei-lo assim, por suas pr %prias deposi')es, j" vencido pela mentira de ter feito tais observa ')es antes de mim. Mas eu acrescento mais, afirmando que muito provavelmente podemos acreditar que ele nunca o fez: pois ele afirma n *o t,-las observado nem visto jamais colocadas perfeitamente em linha reta a n*o ser quando essas estrelas se encontram na maior dist2ncia de J-piter; e a verdade   que quatro meses inteiros, isto , da metade de fevereiro at a metade de junho de 1611, em cujo tempo a latitude de J-piter foi pouqu $ssima ou quase nula, a coloca '*o dessas quatro estrelas foi sempre em linha reta, em todas as suas posi ')es. E note-se a sagacidade com a qual ele quer mostrar-se anterior a mim. Escrevi em meu  Nunzio Sidereo ter feito minha primeira observa'*o no dia 7 de janeiro de 1610, continuando as outras nas noites seguintes. Simon M"rio, apropriando-se das minhas pr%prias observa')es, imprime no t $tulo de seu livro, e at na obra, ter feito suas observa')es at o ano de 1609, dando assim aos outros a impress *o de sua anterioridade. Todavia, a mais antiga observa '*o que ele relata como feita por ele  a segunda realizada por mim; por m ele a relata como feita no ano de 1609 e n*o avisa o leitor que, sendo ele separado da nossa Igreja e n *o tendo aceito a reforma gregoriana 8, o dia 7 de janeiro de 1610 de n%s cat%licos   o mesmo que o dia 28 de dezembro de 1609 daqueles hereges. Esta   toda a proced,ncia de suas falsas observa ')es. Ele atribui a si mesmo, tamb m falsamente, a descoberta dos movimentos peri %dicos desses planetas, encontrados por mim depois de  vig  $lias demoradas e enormes fadigas, e publicadas em minhas Cartas Solares e tambm no tratado que publiquei das coisas que se encontram acima da "gua, tratado conhecido por Simon, como se percebe claramente pelo seu livro, e do qual, sem d- vida, ele deduziu tais movimentos. movimentos. Percebo, contudo, ter-me deixado levar a uma digress*o longa demais, al m daquilo que, provavelmente, pedia minha presente situa '*o. Porm, voltando ao racioc $nio iniciado, continuarei a

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afirmar que, devido a tantas provas clar ssimas, n o permanecendo d  vida alguma de existir maldade e obstinada a'*o contra minhas obras, decidi permanecer completamente tranq 4ilo, para afastar de mim 8

 A Reforma Gregoriana Gregoriana  a Reforma do Calend "rio, realizada em 1582. Para retornar 1s datas certas, o in $cio das esta')es, o Papa Greg %rio XIII (por isto a Reforma tomou o nome de Gregoriana) estabeleceu que o dia depois da quinta-feira de 4 de outubro de 1582 se tornasse a sexta-feira de 15 de outubro (em vez de 5 de outubro).

 

mesmo a causa daqueles desgostos que senti em ser alvo de t *o freq 4entes ironias e tirando dos outros a possibilidade de exercer t *o lastim" vel talento. 5  verdade que me teria faltado a oportunidade de publicar outras obras, provavelmente ura tanto inusitadas para as escolas filos%ficas e de conseq 4, 4,ncias n*o menores, daquelas publicadas at agora, para a filosofia natural. Estas raz )es foram t*o fortes que exigi o parecer e o julgamento de alguns gentis-homens, verdadeiros e sincer $ssimos amigos meus, com os quais, raciocinando e discutindo sobre minhas reflex)es, gozei daquele prazer que nos oferece a possibilidade de comprovar aquilo que, de cada vez, nos ministra o intelecto, evitando ao mesmo tempo a renova'*o daqueles sofrimentos que tive anteriormente com tanto aborrecimento. Estes Senhores, meus amigos, mostrando muito apre 'o pelos meus racioc $nios, procuraram com v "rias raz)es mudar esta minha decis*o. Primeiramente tentaram persuadir-me a n*o tomar conhecimento dessas t*o obstinadas oposi ')es, quase que, voltando-se elas enfim contra os pr %prios opositores, tornavam mais  vivo e mais brilhante meu racioc $nio e mostravam claramente quanto foram inusitados meus trabalhos, afirmando todos que a vulgaridade e a mediocridade, consideradas pouco ou nada, ser *o deixadas de lado, e a intelig ,ncia humana deve voltar-se 1 descoberta do extraordin"rio e ao fora de limite, coisa esta que, nos intelectos mal formados, faz nascer imediatamente a inveja e com ela, logo em seguida, a cal-nia. E apesar de tais racioc $nios, apresentados pela autoridade desses Senhores, quase conseguirem tirar minha convic'*o de n*o mais escrever, meu desejo de viver tranq 4ilo, porm, sem tantas lutas, prevaleceu. Firme, assim, na minha decis*o, acreditei ter feito calar todas as l  $$nguas que mostraram, at  agora, um enorme desejo de se opor. Porm, este plano resultou in -til, e nem calando-me consegui desviar este meu destino, porque sempre existe algum que quer escrever e lutar contra mim. Permanecer calado n*o me ofereceu vantagem alguma, pois meus inimigos, t *o desejosos de me atrapalhar, chegaram a atribuir-me as obras dos outros escritores; e, tendo-me atacado 1  base destes textos, chegaram a fazer coisas que, a meu parecer, pertencem claramente a 2nimos fan"ticos e sem racioc $nio. E por que n*o p+de o Sr. M"rio Guiducci9, por causa de seu of  $cio, discutir em sua  Academia e depois publicar seu Discurso sobre os Cometas, sem que Lot"rio Sarsi10, pessoa completamente desconhecida, tivesse se voltado contra mim, e sem respeito algum por este gentil-homem, me considerar autor daquele Discurso, onde minha -nica participa'*o foi a estima e a honra que ele me dedicou em concordar com minha opini *o que o Sr. Guiducci conheceu atrav s daquelas discuss)es com aqueles senhores, meus amigos, com os quais ele muitas vezes gostou de se encontrar? E mesmo que todo aquele Discurso sobre os Cometas tivesse sido obra minha (por m, onde for conhecido o Sr. M"rio, isto n*o poder"  ocorrer a ningum), que finalidade teria tido o Sarsi, querendo eu permanecer inc%gnito, em 9

M"rio Guiducci, florentino, aluno e amigo de Galileu, morto em 1646, apresentou, na Academia de Floren 'a, onde exercitava o cargo de c+nsul, o seu Discurso Referente aos Cometas deduzido, em grande parte, dos estudos astron +micos de Galileu. M"rio Guiduci fez parte tambm da Academia da Crusca e dos Linceus. 10 Esta personagem  muito confusa; o nome Lot "rio Sarsi Sigensano  o anagrama de Horatio Grassi Salonensi, que  o pseud +nimo que o padre jesu $ta Hor "cio Grassi assumiu para replicar diretamente ao Discurso sobre os Cometas de Galileu, com a sua Balan   & a Astron 66    mica e Filos   fica. $$     Sarsi, ou melhor Grassi, foi professor de matem "tica em G,nova e Roma; e era muito conhecido na poca por sua inven '*o de um barco que n*o afundava e por ser o arquiteto da Igreja de Santo In "cio, incorporada ao Col gio Romano, muito lembrado neste texto.

 

desvendar-me e desmascarar-me com tanto atrevimento? Por isso, obrigado por este inusitado e ins%lito comportamento, quebro minha resolu '*o de nunca mais publicar obras minhas; por m espero que n*o permane'a ignorada a falta de considera '*o a mim feita e espero tirar a vontade de algu m de cutucar o c*o que dorme (como diz o ditado) e querer briga com quem permanece calado.11 E apesar de considerar que este nome, nunca escutado no mundo, de Lot"rio Sarsi, sirva de pseud+nimo para algum que quer permanecer desconhecido, n *o procurarei, como fez Sarsi, armar uma luta com algum por querer desmascar"-lo, pois n*o acho digna esta a '*o, nem de alguma ajuda a esta minha obra. Pelo contr"rio, considero que tratar com uma pessoa desconhecida oferece mais clareza ao meu racioc $nio e simplifica a tarefa de explicar mais livremente minha opini *o. Porque, muitas vezes, aqueles que permanecem inc%gnitos, ou s*o pessoas temerosas que sob aquele disfarce querem se fazer passar por senhores e gentis-homens e desta maneira, por alguma finalidade pessoal,  valer-se daquela honra que a nobreza traz consigo, ou 1s vezes s*o gentis-homens que deixando cair, assim disfar'ados, o respeito devido ao pr %prio grau, atribuem-se o direito, como  costume em muitas cidades italianas, de poder falar livremente de qualquer coisa com qualquer um, achando extremamente divertido que algum, seja quem for, possa com eles discutir sem respeito e ironiz "-los. E a este segundo grupo deve pertencer, acredito eu, aquele que se esconde sob a m"scara de Lot"rio Sarsi (pois, se pertencesse ao primeiro grupo, pouco lhe agradaria ter querido jogar t *o forte), e acredito tamb m que, assim como 1s escondidas ele resolveu falar contra mim porque cara a cara ele provavelmente teria se recusado, assim tambm n*o deveria queixar-se de que, valendo-me do privil gio concedido contra as m"scaras, possa trat"-lo com liberdade, nem seja examinada, por ele ou por qualquer outro, cada minha palavra que por acaso eu possa proferir com mais liberdade do que ele desejaria. Eu quis, Ilustr $ssimo Senhor, que o senhor seja o primeiro espectador desta minha resposta; pois que, sendo muito entendido no assunto e, por suas extremamente nobres qualidades, imparcial no

2nimo, informar" corretamente a respeito do meu comportamento e n *o deixar" de reprimir a aud"cia daqueles que, igualmente entendidos no assunto, por m fan"ticos (porque dos ignorantes pouco me preocupo), quiserem, junto 1 multid*o que n*o entende, distorcer malevolamente o meu racioc $nio. E apesar de ter tido a inten '*o, quando pude ler pela primeira vez o trabalho de Sarsi, de compilar numa simples carta enviada a V. E. Ilustr $ssima todas as respostas, todavia, no momento de o fazer, multiplicaram-se de tal forma as coisas dignas de ser anotadas sobre a obra de Sarsi que, necessariamente, tive de passar os limites duma simples carta. Porm, continua minha resolu '*o de falar com V. E. Ilustr $ssima e de escrever-lhe, qualquer que seja a forma desta minha resposta, a qual eu quis intitular O Ensaiador, usando a mesma met"fora empregada por Sarsi. Porm, como me pareceu que, examinando as opini )es do Sr. Guiducci, ele tenha usado uma balan'a grande demais, eu quis utilizarme duma balan'a de experimentadores, t*o exata que pesa menos dum sescentsimo de gr*o. Com ela, 11

Na verdade, Galileu, primeiro, havia contestado a tese dos padres do Col gio Romano sobre o aumento dos corpos celestes, por meio da luneta, iniciando, assim, uma pol ,mica ofensiva que perdurar " por muito tempo.

 

usando todo o cuidado poss $ vel,  vel, n*o deixando nenhuma opini*o de lado apresentada por ele, experimentarei todas elas; anotarei e numerarei todas aquelas experi,ncias de tal modo que, se por acaso, forem vistas por Sarsi e queira ele responder, possa faz ,-lo com facilidade, sem deixar para tr "s alguma coisa. Chegando agora 1s considera')es espec $ficas, ser", certamente, coisa %tima (para que n*o permane'a nada sem ser observado) dizer algo sobre a inscri'*o da obra que o Sr. Lot"rio Sarsi intitula Balan   & a Astron 6   6  mica e Filos   fica.   fica.  $$       Explica no epigrama, que ele acrescenta, a raz *o que o empolgou a

cham"-la assim, isto , que o pr%prio cometa, nascendo e aparecendo no signo da Balan 'a, quis misteriosamente indicar-lhe para pesar exatamente e ponderar as coisas contidas no tratado dos cometas publicados pelo Sr. M"rio Guiducci. 5 aqui que eu percebo como Sarsi come'a, o mais cedo poss $ vel,  vel, a transformar com enorme liberalidade as coisas (estilo que ele manteve em todo o seu trabalho) para acomod"-las 1  sua finalidade. Tinha percebido a brincadeira da correspond ,ncia de sua Balan   & aa   com a Balan  & a  a  celeste, e porque lhe pareceu que sua met"fora resultasse mais arguta com o

aparecimento do cometa, se este aparecimento se verificasse no signo da Balan 'a, afirma sem base alguma que o cometa nasceu naquele signo, n*o se preocupando em contrariar a verdade, e, duma certa forma, contradizer a si mesmo e a seu pr%prio Mestre, que na sua Discuss      o, na VII parte, conclui assim: Verdadeiramente a primeira apari  &     o do cometa verificou-se naquele lugar do c +   +u,    que sempre foi chamado signo do    Escorpi     o;  e doze versos mais abaixo afirma:  ,  claro   claro que tendo nascido no Escorpi     o, que +   a casa principal de    Marte;  e pouco mais abaixo continua:  Eu, pelo que me toca, pesquiso a p (   ia daquele que afirmo ter nascido no (  tr ia signo de Escorpi   todos.  Ent*o teria sido muito mais justo e mais verdadeiro, em   o, de acordo com a opini    o de todos.  o,   constela'*o chamada rela'*o 1 sua pr%pria publica'*o, t,-la intitulado O Astron 66  mico    e Filos   fico $   $   Escorpi    o,

pelo nosso soberano poeta Dante: figura do frio animal "que chicoteia as pessoas com a cauda".  Verdadeiramente n*o lhe faltam pontadas dirigidas contra mim muito mais graves que aquelas dos escorpi)es, pois estes, como amigos dos homens, n *o ferem a n*o ser quando atacados e provocados, mas Sarsi me morde apesar de eu nunca, nem em pensamento, t ,-lo molestado. Sorte minha que conhe'o o ant $ $doto e o remdio imediato para tais pontadas! Despeda'arei, ent*o, e esfregarei o mesmo escorpi*o sobre as feridas onde o veneno absorvido novamente pelo pr %prio cad" ver me deixe livre e s*o. 1. Passemos agora ao texto, e o primeiro ensaio diz respeito a algumas palavras do pro ,mio, isto

, do Unus, quod sciam, at  o Doluimus 12 . Relataremos esta introdu'*o inteiramente, com texto latino completo, porque n*o queremos que falte nem um jota. O ano passado, ap $$  s   brilharem no c +   +  u tr )   )s   fogos com luz   ins $   $  lita, n      o existiu homem  de mente t    o   cega que n      o   os fitasse 2 s vezes e n   o   observasse admirado a vivacidade do brilho extraordin (   (  rio nesse tempo. O vulgo, entretanto, sendo   como +   na realidade avid   conhecer,  .  ssimo de conhecimento e muito pouco apto a estudar as causas dos fen 6   6  menos, exigia conhecer,  como +   de seu direito, o motivo dos fen 66  menos t    ia a observa  &  o das estrelas e do        o ins $$  litos    daquel  es a quem mais compet ia 12

"O -nico que eu conhe 'a" at "lamentamos", que  o in $cio da parte n ? 2.

 

mundo todo. O povo considerou, ent      o, oportuno consultar  imediatamente   imediatamente as academias do s fil   $  sofos e astr 6   6  nomos. E o    que foi que resolveu esta nossa Academia Gregoriana que, insigne por grande n //  mero    de disciplinas e de acad )  micos, micos,        facilmente compreendia compreendia ser indicada ent entre re as outras para a tarefa, e que a ela, acima de todas as outras, eram dirigidas as  perguntas e que dela esperavam-se as respostas? N   duvidosa,    o pude   evitar, ent      o, a prop $   $  sito desta quest      o, mesmo duvidosa,  cumprir ao menos com o pr $$    prio    dever e satisfazer de qualque r forma aos desejos daqueles que formulavam as perguntas. Isto resolveram fazer aqueles aos quais incumbia a obriga  &  o   de cumprir esta tarefa; e n      o o fizeram de forma indigna se   consideramos a aprova   &  o dos cientistas, mesmo cientistas, mesmo os mais cotados. Que eu saiba, o /  nico a n      o aprov ar, ar, na verdade um tanto acremente demais, a nossa disserta   &  o foi Galileu. Nas -ltimas palavras, isto , o -nico que eu saiba, ele afirma que n %s temos violentamente

recusado a discuss*o de seu Mestre. Por ora n*o vejo necessidade de responder coisa alguma, pois sua afirma'*o  absolutamente falsa: porquanto porquanto procurei com cuidado no texto do Sr. M"rio o lugar (j" que Sarsi n*o o relata) e n*o consegui encontr"-lo. Mas a respeito disto teremos depois muitas outras ocasi)es para falar. 2. Continua depois (e este   meu segundo ensaio):  No in .   .  cio ficamos magoados em saber que o   Discurso n   o   tivesse agradado a um homem de tanto renome; por +   +m,    depois tivemos a consola  &  o de ver o pr $   $ prio        Arist $$  teles,    Tycho e outros que n      o foram tratados por ele  com   com muito maior gentileza nest a discuss      o. Sem d   /  vida n      o   teria sido necess ((    rio elaborar   outra defesa por aqueles que est      o em comum   com estas grandes intelig )   )ncias,    pois, mesmo    que eles silenciem suas raz 5   5es,    defendem-se sozinhos frente a uma banca de Ju ..  zes    honestos.

 Aqui afirma ter escutado que, no come'o, eu n*o tinha gostado daquele Discurso, porm acrescenta que ficara consolado ao ver que o pr %prio Arist%teles, Tycho13  e outros foram recusados com semelhante aspereza; assim, eles n *o precisavam de outras defesas, pois que as acusa ')es feitas por intelectos eminent $ssimos demonstravam a sua emin ,ncia, mesmo no sil ,ncio, por justos ju $zes, e este sil,ncio era eloq 4ente e os defendia. Destas palavras parece-me entender que, segundo o julgamento de Sarsi, aqueles que t,m o costume de contradizer os autores de grande intelig ,ncia n*o devem ser estimados e nem vale a pena que algu m se preocupe em defender os autores atacados cuja autoridade   suficiente para manter o bom conceito que deles t,m os que entendem. Quero que aqui V. E. Ilustr $ssima perceba como Sarsi, qualquer que seja a causa disto, inadvertida, ou voluntar voluntariamente, iamente, agrava bastante a reputa '*o do Pe.Grassi, seu preceptor, cuja finalidade principal, no seu Problema, foi contradizer a opini*o de Arist%teles referente aos cometas, como resulta claramente da sua publica'*o e como o pr%prio Sarsi relata e confirma nesta sua obra, na parte VII; ent *o, se aqueles que se op)em aos homens eminent $ssimos devem ser deixados de lado, Pe. Grassi devia encontrar-se entre eles. Todavia, n*o somente n*o o temos deixado de lado como lhe temos atribu $do a mesma estima que temos dos grandes intelectos, juntando-o a eles, com este argumento particular, ele   em nosso conceito t *o considerado quanto  rebaixado no conceito de seu disc $pulo. N*o vejo como Sarsi, como desculpa, 13

 Tycho Brahe, famos $ssimo astr+nomo dinamarqu,s, morto em 1601. publicou em 158 aetheri recentioribus phenomenis, isto , Sobre os Mais Recentes Fen 6   6  menos da Atmosfera.seu De Mundi  

 

possa apresentar outro argumento a n *o ser que ele quisesse significar que entre aqueles que se op)em

1s intelig ,ncias eminent $ssimas devem ser deixados de lado os vulgares, mas, pelo contr "rio, exaltar aqueles que j"  s*o eminent  $$ssimos, entre os quais ele intencionou colocar seu Mestre, e colocar a n %s entre os vulgares, enquanto que, por aquele respeito que era devido a seu Mestre, devia acusar-nos.

+m,    tamb +   +m    para homens muito s (   (  bios pareceu   3. Continua em seguida (e este  o terceiro ensaio): Por +   oportuno levar em conta que existisse ao menos algu +   +m    que   examinasse, com uma certa di lig    )   )  ncia, a disserta  &  o de   Galileu, quer onde ele se oponha 2 s conclus 55  es    alheias, quer onde manifeste as conclus 5   5  es pr $   $ prias;    eu resolvi faz )   )  -lo em     forma breve. O sentido destas palavras, seguindo o das anteriores, parece-me ser este: os opositores 1s

intelig ,ncias eminent $ssimas devem ser deixados de lado, como j " foi dito, e silenciar a respeito deles, e mesmo se fosse necess"rio responder-lhes, este encargo seja dado a pessoas inferiores em vez de importantes; important es; e que por esta raz *o pareceu mais conveniente 1quelas grandes intelig ,ncias que n*o fosse o Pe. Grassi ou outro de igual reputa '*o, mas ao menos algum para responder a Galileu. At  aqui eu n*o afirmo nem reputo nada, pois, conhecendo e confessando minha inferioridade, inclino-me perante o parecer de tais personagens. Admiro-me bastante de que Sarsi, espontaneamente, tenha escolhido ser aquele ao menos algum e se preocupe tanto com este trabalho que, segundo a opini *o de homens muito s"bios e segundo o parecer dele pr%prio, devia ser deferido a alguma outra personagem inferior. Nem entendo claramente como, sendo instinto instinto natural de cada um tributar a si mesmo m ritos maiores em vez de menores, Sarsi rebaixe tanto sua condi '*o que seja induzido a considerar-se um ao menos algu +   +m.    Esta coisa inveross $mil deixou-me na d- vida bastante tempo, e finalmente pareceu-me

 veross $mil acreditar que em seus termos possa existir um erro de imprensa, isto , onde foi impresso ut  esset saltem aliquis qui Galilaei disputationem diligentius expenderet, deva-se ler ut esset qui saltem aliqua in Galilaei disputatione paulo diligentius expenderet 14 : cuja vers*o eu considero verdadeira e leg  $tima, porque se adapta

melhor ao resto da obra, enquanto a outra n*o se enquadra com a considera '*o que, eu acredito, Sarsi tenha de si mesmo. Perceber "  ent*o V. E. Ilustr $ssima, examinando comigo a publica '*o de Sarsi, quanto   verdade aquilo que afirmo, isto , de tudo aquilo que o Sr. M"rio publicou, ele examinou somente o termo  Aliqua, ou Saltem aliqua, ou seja, algumas min-cias de pouca import2ncia em rela'*o 1  finalidade principal, principal, deixando de lado as conclus)es e o racioc $nio principal. Foi obrigado a fazer isto porquanto sabia, em consci ,ncia, n*o poder fazer nada mais que louvar e confessar verdadeiras todas elas, o que contrariava a sua inten '*o, que era a de condenar e contestar, como escreve na parte XIII com estas palavras:  Estas coisas sejam relatadas a prop $   $  sito do parecer   de Galileu, por aquilo que diz respeito estritamente ao cometa. Ele mesmo nos pro .   .  be de falar mais, ele que exp 6   6  s numa   comprida disserta  ento somente com poucas e enroladas palavras, impedindo-nos de expor mais coisas a  &  o seu pensam ento respeito deste argumento. Como refutar, com efeito, a   quilo que ele n      o manifestou  e n $   $  s n    o   podemos adivinhar?    14

 A frase: "Deveria "Deveria existir ao menos algum que examinasse com um certo cuidado a exposi '*o de Galileu" deveria ser lida: "Existiu algum que examinou com um certo cuidado ao menos algumas partes da exposi '*o de Galileu".

 

Nestas palavras, alm de tornar-se clara a finalidade j "  declarada de somente contestar, eu percebo mais duas coisas: uma, sua simula '*o de n*o ter entendido muitas coisas por terem sido escritas (afirma ele) obscuramente, que seriam aquelas onde ele n*o encontrou possibilidade alguma de contradizer; a outra, sua declara'*o de n*o ter podido contradizer as coisas que eu n*o manifestei e que ele n*o p+de adivinhar. Todavia, V. E. Ilustr $ssima poder" perceber que a verdade  que a maior parte das coisas que ele contesta s *o aquelas que n*o foram manifestadas por n%s, mas adivinhadas, ou melhor, imaginadas por ele. 4.  Espero fazer algo muito grato a muitos daqueles que n      o puderam aprovar, sob nenhum ponto de vista, o   trabalho de Galileu: farei isto nesta disserta  &  o de tal modo   que que me absterei daquelas ppalavras alavras que s      o mais ind  .  cios de   esp .   .  rito exacerbado e irado do que cient   fico. ..     Esta forma de   responder, se algu +   +  m o deseja  , deixarei, de boa vontade, a outros. Em suma, ele quer que a discuss      o seja conduzida tamb +   +m      atrav +   +  s de mensageiros e int +   +rpretes    assim como n    o   foi    ele que fez a exposi    &  o diretamente, mas atrav +   +  s do c 66  nsul        da Academia. M  (  rio tornou mani     festo a todos os segredos de seu esp ..    rito, seja ent     o permitido a mim tamb +   +m,    n    o   c 66  nsul    por +   +m    estudioso de disciplinas matem (   (  ticas, expor aquilo que   escutei de meu mestre, Oracio Grassi, sobr e as /  ltimas descobertas de Galileu, n      o para uma /  nica academia, mas para   todos aqueles que conhecem o latim.  Em primeiro lugar, o pr $$    prio    Galileu confessa bastante   claramente, em cartas enviadas a alguns amigos romanos, que aquela discuss      o havia sido produto de   seu esp ..    rito; depois, uma vez que o pr $   $ prio    M  (  rio muito   candidamente confessa haver publicado com inteira confian  & aa,  ,  n      o suas pesquisas, mas aquelas como se fosse Galileu que   tivesse ditado, permitir ((    ,  acredito eu, sem  muito  muito constrangimento, que eu, por enquanto, discuta sobre este argumento com as argumenta  &5  es que ele lhe ditou,  ditou, do que com aquela do c 66  nsul.   

Em toda esta parte que resta do pro,mio eu percebo, antes de tudo, que Sarsi pensa ter feito coisa grata a muitos com sua oposi '*o e pode ser que isto se tenha verificado com alguns que, por acaso, n*o tenham lido a publica '*o do Sr. M"rio, mas que tenham aceito sua informa'*o. Esta tendo sido feita particularmente, isto  (como se costuma dizer), cara a cara, quanto ter " sido diferente das coisas publicadas, pois, no seu texto impresso, Sarsi apresenta muitas coisas como escritas pelo Sr. M"rio, as quais nunca se encontraram em sua publica'*o nem mesmo na nossa imagina'*o? Acrescenta, depois, querer abster-se daquelas palavras que demonstram um 2nimo ofendido e magoado, em vez de sabedoria: e logo em seguida perceberemos aquilo que Sarsi observou. No momento percebo, pela sua confiss*o, que ele esteja internamente ofendido e encolerizado, pois, se ele assim n *o o fosse, querer abster-se de tratar disto teria sido, se n *o fora de prop%sito, ao menos suprfluo, porque onde n*o existe costume ou aptid*o n*o existe abstin,ncia.  A respeito daquilo que ele escreve a seguir, isto , de querer, como terceira pessoa, relatar aquelas coisas que ouviu do Pe. Oracio Grassi, seu preceptor, referente 1s minhas -ltimas descobertas, eu absolutamente n*o acredito e tenho certeza de que o padre mencionado acima nunca tenha dito nem pensado nem visto escritas estas fantasias de Sarsi, fantasias estas afastadas demais, sob qualquer ponto de vista, daquelas teorias que se lecionam no Col gio onde o Pe. Grassi  professor, como espero fazer

 

entender claramente. E sem me distanciar demais deste ponto, que seria aquele que, nem tendo um pequeno conhecimento da prud,ncia daqueles padres, poderia ser induzido a acreditar que alguns deles tivessem escrito e publicado que eu, em cartas particulares escritas em Roma para amigos meus, me proclamasse abertamente autor da publica'*o do Sr. M"rio? Isto n*o  verdade e, mesmo que tivesse sido verdade, a sua publica'*o teria insinuado prazer em espalhar alguma semente que pudesse fazer nascer entre amigos  $ntimos alguma sombra de desconfian 'a. E qual  o resultado de tomar a liberdade de imprimir as obras particulares alheias? 5  bom, porm, que V. E. Ilustr $ssima seja informada da  verdade deste deste fato. Durante todo o tempo que o cometa era vis $ vel,  vel, eu me encontrava acamado, onde, freq 4entemente visitado por amigos, muitas vezes a discuss *o caiu sobre os cometas, ocasi *o em que me ocorreu manifestar alguns dos meus pensamentos que demonstravam ser duvidosas as teorias apresentadas at agora. Entre os outros amigos, apareceu diversas vezes o Sr. M"rio, anunciando-me, um dia, querer falar a respeito dos cometas, na Academia, onde, se eu concordasse, ele levaria as coisas que tinha coletado de outros autores e as que ele mesmo tinha elaborado, bem como aquelas que tinha escutado de mim, j " que eu n*o estava em condi'*o de poder escrever. Considerei bem oportuna a sua gentil oferta e fiquei muito grato, por m n*o a aceitei. No entanto, quer de Roma, quer de outros lugares, outros amigos e patronos que talvez ignoravam a minha enfermidade, perguntavam-me continuamente se tinha alguma coisa a dizer sobre esta mat ria. Respondia-lhes que n *o tinha nada a n*o ser algumas d- vidas sobre as quais n*o podia escrever devido 1 minha doen'a e esperava que bem breve poderiam ficar conhecidas minhas opini )es e d- vidas inseridas num discurso discurso dum gentil-hom gentil-homem, em, amigo meu, que em minha honra tinha-se dado ao trabalho de colet "-las e inseri-las numa publica '*o sua. Isto   tudo o que tenho a ver com este assunto e, em numerosas passagens, foi relatado pelo mesmo Sr. M"rio. Assim, ningu m pensou que Sarsi pudesse, acrescentando, em verdade, introduzir cartas minhas, nem algu m pensou que ele pudesse dar ao Sr. M "rio t*o pouco lugar numa publica '*o que era dele (onde ele tem uma import2ncia maior que a minha), quase dando-lhe o lugar de copista.  Agora, j " que ele quis assim, continue, ent *o, assim; e o Sr. M"rio, em compensa'*o da honra a mim feita, aceite a defesa da sua publica'*o. 5. E voltando ao texto, leia novamente V. E. Ilustr $ssima as palavras abaixo transcritas:  Em   primeiro lugar, ele sente sente muito haver sido maltratado em nosso Discurso quando argumentamos a respeito da luneta que n      o aumenta nada o cometa, n $$  s   deduz .   .  amos disto que o mesmo encontra-se muito distante de n $   $  s. Afirma, com efeito,  efeito,  haver declarado muito antes, com toda clareza, que este ar   gumento n      o +    de nenhuma import 3   3  ncia. Mesmo que haja   afirmado, porventura os ventos trazem de novo em seu devi   do lugar para meu mestre as coisas por ele pronunciadas?  ,   verdade que a fama espalha geralmente as palavras as  palavras dos grandes homens, por +   as palavras (que se pode se  pode fazer?) n    +m    de su as o      chegou at +    sequer. E mesmo que dissimulasse, ele soube todavia, atrav +   + n     $   $s   nem uma s ..    laba  sequer. +  s, tamb +   +  m, do testemunho de   muitas pessoas, que o esp ..    rito de meu mestre era muito bene volente volente para com ele, como, em discursos particulares e discuss 5   5es    p //    blicas, ele n     o poupara elogios a seu respeito. Com certeza n      o pode   negar que nunca ningu +   +  m   foi mais

 

especificamente chamado a participar por meu mestre do que ele, e que nunca ni   ngu +   +  m foi t      o particularmente lembrado   com alguma palavra. Se alguma d   /  vida, vida,   entretanto, o atormentasse, podia tamb +   +m      lembrar-se  lembrar-se de haver sido recebido um dia com toda honra neste Col    gio Romano pelos matem (    gio e quando f   oi discutido publicamente em +   (  ticos   do pr $   $ prio    Col  +   sua presen  a, mesmo que ele ouvisse e (qual mod   es a respeito dos astros Mediceus e da  & a, +  stia) corasse ante os seus louvor es luneta, e quando depois por um outro, que, no mesmo lugar e com igual multid     o de gente, falou gente, falou dos flutuantes, sempre e com prazer foi exaltado Galileu. N     o podemos entender ent      o qual foi a causa pela qual, por sua vez, pareceu-lhe t      o   desprez .   .  vel a dignidade deste Col   +    gio Romano, a ponto de chamar os mestres que l   (   ensinam de ignorantes em l   $    gica e   afirmar, sem constrangimento, que nossas argumenta   &5  es sobr e os cometas eram fundamentadas sobre argumentos f  /  teis e     falsos.

 A respeito destas publica')es particulares, afirmo primeiramente nunca me ter queixado por haver sido maltratado no discurso do Pe. Grassi, porquanto tenho a plena certeza de que nunca Sua Rever,ncia pensou em minha pessoa para me ofender; e mesmo que, hipoteticamente, houvesse pensado que o Pe. Grassi, ao se opor 1queles que davam pouca import2ncia ao argumento do aumento do cometa, houvesse compreendido15 entre eles a mim tambm, Sarsi n*o deve pensar que isto tivesse sido motivo de desgosto e de queixa. Isto poderia ter acontecido se minha opini *o houvesse sido falsa, e como tal, descoberta e publicada; mas, sendo mais que verdadeiro meu racioc raci oc $nio, e falso o outro, a multid*o dos opositores, e especialmente o Pe. Grassi, com todo o seu valor, podia aumentar-me mais o prazer que a dor, uma vez que   mais prefer $ vel  vel sair vitorioso de um numeroso e valoroso exrcito que de poucos e fracos inimigos. E por causa dos avisos que de muitas partes da Europa chegaram para seu Mestre (como escreve o Sarsi), alguns, passando por aqui, nos faziam sentir que geralmente todos os mais clebres astr+nomos fundamentavam-se fundamentavam-se muito sobre este argumento, nem faltavam ao nosso redor e na pr %pria cidade estudiosos com a mesma opini *o; eu, desde a primeira palavra que escutei, deixei bem claro que considerava muito v *o este argumento, e da $  ele muito zombar de mim, especialmente quando, em favor deles, apareceu o testemunho e a confirma'*o, dignos de toda confian 'a, do matem"tico do Colgio Romano. Isto (n *o posso neg "-lo) deu origem a n*o pouco trabalho, pois, encontrando-me na necessidade de defender minha palavra de tantos contraditores, os quais, tendo-se tornado mais fortes por causa de tanta ajuda, mais imperiosamente levantavam-se contra mim, n*o conseguia contradiz,-los sem incluir tambm o Pe. Grassi. Ent *o, n*o foi minha escolha mas um acidente necess "rio, mesmo sendo ocasional, que dirigiu minha oposi '*o tambm por aquele lado que eu menos haveria desejado. Porm, se fosse minha pretens*o (como Sarsi acrescenta) que meu parecer tivesse que ser espalhado at   Roma, como s%i acontecer com os pareceres dos homens clebres e importantes, isto vai muito al m a  me proporcionou maravilhas, isto . dos limites da minha ambi '*o. 5 verdade que a leitura da Balan   & a  que minhas palavras n*o tivessem chegado ao ouvido de Sarsi. E n *o  espantoso que coisas que nunca 15

O termo "compreender", nessa poca, possui, quase sempre, n *o o significado moderno de "entender" -as o significado num rico de "estar compreendido em uma quantia".

 

falei nem pensei, das quais grande n-mero  relatado em seu Discurso, fossem-lhe levadas e as outras, proferidas por mim mil vezes, lhe fossem desconhecidas? Pode ser que os ventos que levam as nuvens, as quimeras e os monstros que v *o se formando neles em tumulto n *o tenham for'a de levar consigo as coisas s%lidas e pesadas. Pelas palavras que v ,m depois, parece-me que Sarsi me atribui como grande falta n *o ter retribu $do com outra tanta delicadeza grande honra a mim prestada pelos padres do Col gio em ministrar aulas p-blicas sobre minhas descobertas celestes e sobre minhas especula ')es a respeito das coisas flutuantes. O que  que eu devia fazer? Sarsi responde-me: elogiar e aprovar o Discurso  do Pe. Grassi. Porm, Sr. Grassi, j " que as coisas entre mim e o senhor devem equilibrar-se e devem, como se diz, ser tratadas tecnicamente, eu pergunto ao senhor se aqueles Reverend $ssimos Padres consideraram  verdadeiras as minhas teorias ou as consideraram falsas. Se as consideraram verdadeiras e as louvaram como tais, o senhor me pediria agora, com juros demasiados, a devolu'*o do emprestado, querendo que exaltasse com o mesmo louvor as coisas que eu sei serem falsas. Se eles as consideraram v *s e mesmos assim as exaltaram, eu posso agradecer-lhes pela boa considera'*o; porm, teria gostado muito mais que me tivessem indicado o erro e me tivessem manifestado a verdade, porque eu considero de muito maior utilidade as verdadeiras corre')es do que a grandiosidade das ostenta ')es v *s: e, como eu acredito que aconte'a o mesmo a todos os bons fil %sofos, assim, nem de um lado nem do outro, sentiame obrigado. Poderia o senhor afirmar que eu talvez deveria ter-me calado. A esta obje '*o respondo em primeiro lugar que, estritamente, t $nhamo-nos obrigado um ao outro, o Sr. M"rio e eu, antes da publica'*o do texto do Pe. Grassi, a manifestar nossas id ias; calar-se, pois, teria feito jorrar sobre n %s um desprezo e uma goza '*o quase gerais. Ainda acrescento que me teria esfor 'ado e talvez teria at  pedido para que o Sr. Guiducci n *o publicasse seu Discurso  se tivesse constatado nele alguma coisa prejudicial 1  dignidade daquele famos $ssimo Colgio ou 1  dignidade de alguns dos seus professores. Porm, quando as opini )es impugnadas por n%s pertenceram todas elas a outros antes que ao matem"tico professor do Col gio, n*o entendo por que, somente com ter-lhe V. E. concedido o assentimento, nos obrigasse a dissimular e esconder a verdade para favorecer e manter vivo o erro. A acusa'*o, ent*o, de entender pouco de l %gica recai sobre Tycho16 e outros que geraram um equ $ voco  voco com aquele argumento, equ $ voco  voco este que foi por n %s descoberto n*o para acusar ou reprovar algum, mas para salvar outras pessoas de um erro e para manifestar a verdade, e nunca eu soube que a '*o semelhante pudesse ser logicamente reprovada. Sarsi, ent*o, n*o tem raz*o de afirmar que por minha causa tenha sido diminu $da a dignidade do Colgio Romano. Justamente pelo contr"rio, quando a voz de Sarsi sa $sse daquele Colgio teria eu a ocasi*o de considerar que os meus conhecimentos e minha reputa'*o n*o somente naquele momento espec $fico mas, talvez, por todos os tempos teriam sido subestimados demais, visto que nesta Balan   & aa   nenhum dos meus pensamentos tem aprova '*o nem se 16

Padre Grassi sustentava a tese de Tycho, isto , de que os cometas s *o verdadeiros astros e n *o meteoros da atmosfera terrestre.

 

podem ler outras coisas a n *o ser contradi')es, acusa')es e reprova')es, e alm daquilo que se encontra escrito (se se deve prestar ouvido aos boatos), h"  uma clara vaidade de conseguir destruir todas as minhas teorias. Mas, como n *o acredito nisso nem acho que desejo algum desse tipo exista naquele Colgio, prefiro imaginar que Sarsi deriva de sua filosofia igualmente o poder de louvar e reprovar, confirmar e rejeitar as mesmas teorias, de acordo com os impulsos da benevol ,ncia ou do desgosto. Faz-me lembrar a esta altura um professor de filosofia que se encontrava no meu tempo, no Est-dio de P"dua, estando desgostoso, como 1s vezes acontece com um concorrente seu, afirmou que, se ele n*o tivesse mudado de jeito, teria mandado, 1s escondidas, algu m espionar as teorias expostas por ele em suas aulas e que, por vingan'a, teria sempre sustentado as contr"rias. 6. Agora leia V. E. Ilustr $ssima:  Mas para n    o   perder tempo com v      s discuss 5   5  es, n      o vejo, antes de mais   nada, com qual direito pode-se acusar meu mestre e culp (   (  -lo, n      o de ter feito, mas de parecer ter feito uso das palavras de Tycho, como era natural, e de ter seguido em toda a sua parte as v      s argumenta  &5  es  dele.  dele. Mas tudo isto +   claramente falso,  falso,   pois, executada a forma de apresentar as provas e os m +   +  todos atrav +   +  s dos quais procura-se o lugar do cometa, nenhuma   outra coisa poderia encontrar em nosso Discurso que haja seguido Tycho, como testemunham essas claras palavras. Os

.  ntimos sentimentos de seu esp .   .  rito, apesar de ser astr 66  nomo    linceu, n      o olhou certamente com sua luneta; mas vamos   conceder que tamb +   +m    meu mestre haja aderido a Tycho.  Tycho.   Que grande crime +    este? A quem dever .   .  amos seguir, de    prefer )   )ncia?    Por acaso Ptolomeu, cujos  seguidores  seguidores dizem que Marte, situado mais perto, mais  perto, amea   & a com a espada desembai-  nhada na garganta? Cop +   +  rnico ent      o? Mas este, que +    religioso, afastaria antes todo mundo dele, pois uma hip $   $  tese   condenada agora mesmo ser (   (   condenada   e n      o aceita por ele igualmente. Entr e todos sobrava somente Tycho para ser tomado como guia pelo ignorado caminh o dos astros. Por que raz      o, ent      o, censura meu mestre, que n      o o despreza? Em   v      o Galileu invoca S )   )  neca, em v      o Galileu chora a triste situa  &  o dos nossos tempos, pois n      o se conhece a disposi    &  o   verdadeira e certa das partes do mundo, em v      o deplora a triste situa  &  o deste s +   +culo,    n      o existindo nada de melhor para   alegrar esta idade que, segundo seu parecer, ao menos em rela  &  o a este assunto, +   m .   .  sera.

Pelo que Sarsi escreve aqui, parece-me claro que n *o tenha lido com a devida aten'*o, n*o somente o Discurso  do Sr. M"rio, mas nem aquele do Pe. Grassi, pois apresenta proposi ')es que n*o podem ser encontradas nos textos de nenhum dos dois. 5  bem verdade que, para poder conseguir acusar-me de ter relatado n*o sei qual das teses, ele teria necessitado que eu as tivesse escrito; assim, n*o as tendo encontrado, quis coloc"-las ele mesmo. Em primeiro lugar, n*o se encontra no texto do Sr. M "rio manifestado claramente, de forma alguma, nem considerado como falta do Pe. Grassi de ter jurado fidelidade a Tycho e seguido inteiramente suas v *s elucubra')es. Eis os lugares citados por Sarsi, na p "gina 18: Farei refer )   )  ncia ao    professor de matem ((    tica do Col +    gio   Romano, o qual, numa publica  &  o sua editada recentemente, parece aceitar cada    proposi   parecer.   Em outro lugar, encontra-se na  &  o deste Tycho, acrescentando novas raz 55  es    para confirmar o seu parecer.   gio   Romano aceitou da mesma   forma,   forma, a respeito deste /  ltimo cometa, a mesma   p"gina 38: O matem ((  tico    do Col +   hip $$  tese; Tycho,     e com esta afirma  &  o, al   +  m daquele pouco que foi escrito pelo autor que est (   (   de acordo com a posi    &  o de Tycho,  mais me empolga ver, no resto de toda a obra, co mo mo ele concorda com as outras hip $   Tycho.  Agora $  teses de Tycho.  Agora veja, V. E.

 

Ilustr $ssima, se aqui pode atribuir-se coisa alguma 1  culpa ou 1 falta. Alm disso, torna-se bem claro que, n*o se tratando na obra inteira a n *o ser de acidentes relativos aos cometas, sobre os quais tinha escrito Tycho t*o grande volume, dizer que o matem"tico do Colgio concorda com as outras hip %teses de Tycho, n*o pode ser referente a outro assunto que n*o seja 1quele dos cometas; assim, comparar as posi')es de Tycho e aquelas de Ptolomeu e Cop rnico, que nunca trataram de assuntos relativos a cometas, parece-me aqui fora de lugar.  Aquilo que Sarsi afirma, isto , que no texto do seu Mestre n *o se pode encontrar nada que o coloque como seguidor de Tycho, com exce '*o das demonstra')es necess"rias para encontrar o lugar do cometa, para dizer a verdade, n *o   bem assim; pelo contr"rio, nada   menos exato que tal demonstra'*o. GALILEU

Gra'as a Deus que nisto o Pe. Grassi n*o imitou Tycho nem percebeu, com refer,ncia ao modo de investigar a dist2ncia do cometa pelas observa')es conclu $das em dois lugares diferentes da Terra, quanto fosse necess"rio conhecer os primeiros elementos das matem"ticas. E para que V. E. Ilustr $ssima veja claramente que eu n*o estou falando assim sem fundamento, observe a demonstra '*o que ele inicia na p "gina 123 do Tratado sobre o Cometa de 1577, que se encontra na -ltima parte de seus Progimnasios, onde, querendo provar que n*o era inferior 1 Lua atrav s da confer,ncia das observa')es

que ele mesmo fez em Uraniburg 17 e no Tadeu Agecio em Praga 18: tirada, antes, a corda AB do arco do orbe terrestre que media a dist2ncia entre os supramencionados lugares e olhando do ponto A a estrela fixa colocada em D, sup)e-se que o 2ngulo D A B seja reto; isto  imposs $ vel  vel porque, sendo a linha linha AB corda de um arco menor de 6 graus (como o pr%prio Tycho afirma), torna-se necess"rio, ent*o, que o supramencionado 2ngulo seja reto e que a estrela fixa D esteja longe do z,nite de A ao menos 3 graus. Isto  completamente falso, pois sua dist 2ncia m $nima  de mais de 48 graus, sendo (como o pr %prio  guia, conhecida tambm por  Abutre, de  Tycho afirma) a declina '*o da estrela fixa D, isto , a estrela  "  

7,52 graus para o norte e a latitude de Uraniburg de 55,54 graus. Ele escreve ainda que a mesma estrela fixa pode ser vista dos dois lugares A e B no mesmo lugar lu gar da oitava esfera, porque a Terra inteira, e n*o somente a pequena parte AB, n *o possui sens $ vel  vel propor'*o com a imensidade dessa oitava esfera. Porm, que Tycho me perdoe: a grandeza e a pequenez da Terra n*o t,m nada a ver com este caso, porque o fato de se poder enxergar por toda parte a mesma estrela no mesmo lugar deriva do fato de 17

Observat %rio criado por Tycho na ilha de Huen, realizado re alizado com a ajuda de Frederico II da Dinamarca.  Tadeu Agecio de Praga, Praga, morto em 1600, pr professor ofessor de matem"tica no Col gio Carol $ $neo de Praga e depois m dico dos imperadores Maximiliano II e Rodolfo II.

18

 

ela se encontrar realmente na oitava esfera, e n *o de outra coisa; justamente da mesma forma que os sinais que se encontram nessa folha, jamais em rela '*o *  mesma folha mudar*o de lugar, apesar de qualquer mudan'a mesmo muito grande que o olho de V. E. Ilustr $ssima, que os est"  enxergando, possa produzir. Um objeto colocado entre o olho e o papel, ao movimento da cabe 'a, mudar" de lugar aparentemente em rela'*o aos sinais, pois o mesmo sinal poder "  ser visto ora pela direita, ora pela esquerda, ora mais alto, ora mais baixo. Da mesma forma mudam aparentemente de lugar os planetas no orbe estrelado, vistos de diversas partes da Terra, porque encontram-se muito distantes dele; e aquilo que neste caso opera a pequenez da Terra  que, variando menos de aspecto os mais longe de n%s e variando mais aqueles que se encontram mais perto, por um que se encontre bem longe, a grandeza da Terra n*o   suficiente para produzir uma tal variedade sens $ vel.  vel. Depois, aquilo que ele afirma acontecer conforme as leis dos arcos e das cordas, veja V. E. Ilustr $ssima como ele se encontra longe de tais leis e at  dos primeiros elementos de geometria. Afirma serem as duas retas AD e BD perpendiculares 1  reta AB, o que   imposs $ vel,  vel, porque somente a reta que procede do v rtice   perpendicular 1 tangente e 1s suas paralelas, e estas n *o procedem do v rtice nem AB  tangente ou paralela a esta. Al m disso, ele as quer paralelas e em seguida afirma que elas se juntar *o no centro: assim, alm da contradi'*o de serem paralelas e concorrentes,  que, prolongadas, passam muito longe do centro. E finalmente conclui que, procedendo do centro rumo 1 circunfer,ncia em rela'*o ao termo  AB, elas resultam resultam ser perpen perpendiculares. diculares. Ora, isto  imposs $ vel  vel quanto   imposs $ vel  vel que das linhas tiradas do centro rumo a todos os pontos da corda AB, somente aquela que cai no ponto mediano lhe   perpendicular, enquanto que aquelas que caem nos termos extremos s *o, mais que todas as outras, inclinadas e obl  $$quas. Veja, ent*o,  V. E. Ilustr $ssima quais e quantas extravag 2ncias teria Sarsi feito aceitar pelo seu Mestre, quando a  verdade seria aquilo que escreveu a este prop%sito, isto , que seu Mestre tenha seguido as formas de racioc $nio e as demonstra')es de Tycho em procurar o lugar dos cometas. Veja mais o pr %prio Sarsi como eu, melhor que ele, sem usar de astrologia nem telesc%pio, tenha penetrado, n *o direi os sentidos internos de seu esp $rito porque para estud"-los n*o possuo nem olhos nem orelhas, mas o significado de suas proposi')es, significado este que n *o  muito claro e manifesto, n*o havendo necessidade de olhos perspicazes, gentilmente introduzidos por Sarsi com a finalidade, acredito eu, de zombar um pouco da nossa Academia. E como V. E. Ilustr $ssima e outros Pr $ncipes e Grandes Senhores conhecem, da mesma forma que eu, esta brincadeira, eu ent *o, pelas teorias acima manifestadas por Sarsi, n*o me preocupando muito com suas palavras, trabalharei sob a sombra destas teorias, ou melhor, iluminarei minha sombra com o seu esplendor.  Voltando ao assunto anterior, veja V. E. como co mo novamente ele quer que eu tenha considerado como grande falta do Pe. Grassi ter aderido 1s teorias de Tycho, e, com reprova '*o, pergunta: a quem devia ele seguir? Por acaso Ptolomeu, cuja teoria das novas observa ')es, com respeito a Marte,   claramente falsa? Ou talvez Coprnico, do qual todo mundo se h" de afastar o mais r"pido poss $ vel,  vel, por

 

causa de suas teorias ultimamente condenadas? Aqui eu percebo v "rias coisas: primeiramente, rejeito como falso eu ter reprovado o Pe. Grassi de seguir Tycho, mesmo que eu tivesse tido raz)es para faz,lo, como ficar" bem claro a seus adeptos por causa do Antitycho do Cavaleiro Chiaramonte 19. Aquilo que Sarsi relata aqui est"  fora do assunto, e muito mais fora do assunto   a introdu'*o de Ptolomeu e Coprnico, dos quais nunca soubemos existirem obras atinentes a dist 2ncias, grandezas, movimentos e teorias relativas a cometas, somente das quais estamos tratando e n *o de outras coisas, porque da mesma forma podiam ser introduzidos S %focles, Bartolomeu ou L $ vio.  vio. Parece-me tamb tambm perceber em Sarsi s%lida cren'a que, para filosofar, seja necess "rio apoiar-se nas opini )es de algum clebre autor, de tal forma que o nosso racioc $nio, quando n*o concordasse com as demonstra')es de outro, tivesse que permanecer estril e infecundo. Talvez considere a filosofia como um livro e fantasia de um homem, como a Il   .  ada  e Orlando Furioso 20 , livros em que a coisa menos importante   a verdade daquilo que apresentam escrito. Sr. Sarsi, a coisa n *o  assim. A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que continuamente continuamen te se abre perante nossos olhos (isto , o universo), que n*o se pode compreender antes de entender a l $ $ngua e conhecer os caracteres com os quais est "  escrito21. Ele est"  escrito em l  $$ngua matem"tica, os caracteres s*o tri2ngulos, circunfer,ncias e outras figuras geom tricas, sem cujos meios

 imposs $ vel  vel entender humanamente humanamente as palavras; sem eles n%s vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto. Porm, admitindo igualmente, segundo o parecer de Sarsi, que o nosso intelecto deva tornarse escravo do intelecto de outro homem (deixo a ele, transformando todos n %s em copiadores, louvar em si mesmo aquilo que reprovou no Sr. M "rio) e que nas contempla')es dos movimentos a Ptolomeu e a Coprnico, de ambos os quais possu $mos os sistemas inteiros do mundo, com grande habilidade constru $dos e finalizados. Isto parece-me n*o ter sido feito por Tycho, se j " n *o  suficiente para Sarsi ter renegado os outros dois e ter-nos prometido um outro, se bem que depois n*o cumpriu. Nem gostaria que algum atribu $sse a Tycho haver convencido os outros dois de falsidade, porque, quanto ao sistema ptolemaico, nem Tycho nem os outros astr+nomos nem o pr%prio Coprnico mesmo podiam abertamente convenc,-lo, sendo que a principal raz*o deduzida dos movimentos de Marte e V ,nus sempre contrariava o sentido. Pois, demonstrando-se o disco de V ,nus nas duas conjun')es e separa')es do Sol muito pouco diferente em grandeza em rela '*o a si mesmo e o disco de Marte no perigeu apenas tr,s ou quatro vezes maior que quando no apogeu, nunca Sarsi teria se persuadido de mostrar verdadeiramente este quarenta e este sessenta vezes maior num estado do que no outro, como teria sido necess"rio acontecer quando as suas convers)es tivessem sido realizadas ao redor do Sol, segundo o sistema copernicano. Todavia, que essa teoria   verdadeira e clara para os sentidos, eu mesmo o demonstrei e deixei 1  m*o de quem quisesse ver um telesc %pio perfeito para testar. Depois, em rela'*o 1  hip%tese de Coprnico, mesmo que para benef  $cio de n%s cat%licos da mais soberana 19

Scipione Chiaramonti, fil %sofo aristotlico do Est-dio de Pisa, foi, logicamente, opositor de todas as doutrinas contr "rias ao seu Mestre. Il   .  ada, texto de epopia grega, por Galileu considerado aqui "livro" no sentido de "realidade hist %rica". Orlando Furioso, poema extraordin"rio de Ludovico Ariosto, considerado por Galileu uma "fantasia" e n*o "uma realidade hist%rica". 21 Base de toda a filosofia naturalista da Renascen'a. 20

 

sabedoria n*o tiv ssemos sido esclarecidos em nossos erros e iluminada a nossa cegueira, n *o acredito que uma tal gra'a e benef  $cio tivessem podido obter-se pelos racioc $nios e pelas experi ,ncias expostas por Tycho. Sendo, ent *o, certamente falsos os dois sistemas e nulo o de Tycho, n *o deveria Sarsi reprovar-me se com S,neca desejo a verdadeira constitui'*o do universo. E mesmo que o desejo seja grande e muito querido por mim, n*o deploro, porm, entre l"grimas e tristezas, como escreve Sarsi, a misria e a calamidade deste sculo, nem h" o m $nimo vest  $$gio de tais lamenta')es em todo o texto do Sr. M"rio. Sarsi, contudo, necessitando encobrir e sustentar algum pensamento que ele deseja explicar,  vai remanejando ele mesmo e fazendo a si aquelas acusa ')es que n*o lhe foram atribu $das por outros. E mesmo que eu lamentasse este nosso infort -nio, n*o vejo como exatamente possa Sarsi afirmar que minhas lamenta')es foram v *s, n*o possuindo eu nem modo nem faculdade de destruir tal misria, porque parece-me que justamente por isto eu teria raz*o de me queixar, e, pelo contr"rio, as lamenta ')es ent*o n*o teriam lugar, uma vez que eu pudesse afastar este infort-nio. 7. Mas leia agora  V. E. Ilustr $ $ssima: Desde que aqui no in .   .  cio da discuss      o devo me opor 2  quilo que me parece de menor menor import 3   3  ncia com   respeito 2  quele homem t     o humano que como tal todo mundo o conhece, n      o haveria sem d  /  vida imaginado nunca que,  que,  mais severo quase que o pr $$    prio    Cat      o, se opusesse t      o fastid  iosamente a alguma brincadeira e piada, propositalmente por n $$    s utilizadas no discurso, e antes para   gozar afirmava que a natureza n      o deleita os poetas. Eu, por +   +m,    quanto me   encontrava longe desta opini     o! At +   +   hoje considerei a natureza uma poetisa. Ela quase nunca d (    fruto sem que haja   antes, quase para brincar, manifestado as flores. E quem haveria imaginado Gali   leu t      o severo assim, que julgasse dever   excluir nas quest 5   dicado mais para um est $   5  es importantes algum agrad  (  vel al   .  vio? Este comportamento +   in dicado $  ico que para   um acad   )  mico. Todavia, com raz      o nos acusaria se houv +   +  ssemos tentado, com brincadeiras e s (   (  tiras, iludir, em vez de   explicar, t     o importantes quest 55  es; brincadeira divertida e alguma piada no meio da severidade    mas, quem pro ..    be alguma   brincadeira de s +   +rias    quest 5   5  es? Eis que o acad   )  mico o pro ..    be. N     o obedeceremos. Ele n      o gosta da nossa forma de espirituosidade?    Muitos, n   o   menos s ((    bios que ele, gostam. Com efeito, n      o foi este o parecer de homens famos .   .  ssimos, quer pela nobreza    quer pela sabedoria, que estiver am am presentes 2  nossa   nossa discuss      o, o, os  os quais lhes pareceu tudo sabiamente discutido que o cometa, triste e infausto press (   ( gio    para   o vulgo, fora tratado com um certo ben +   +volo    linimento de palavras e quase   diminu ..    do. Por +   +  m, voc )   )   afirma que estas  s      o coisas superficiais. E justo e por  isto devem ser ligeiramente dilu .   .  das.

De acordo com aquilo que est" escrito aqui, resumindo-o em poucas palavras, afirmo que nem o Sr. M"rio nem eu somos de natureza t*o austera que as brincadeiras e as suavidades po ticas nos enjoem. Sejam testemunho disto as outras brincadeiras inseridas habilmente em seu texto pelo Pe. Grassi, sobre as quais o Sr. M "rio n*o proferiu palavra alguma de reprova '*o; pelo contr "rio, foram lidos com grande deleite o nascimento, o ber 'o, as habita')es, os funerais do cometa, e o ter-se ele acendido para iluminar o encontro e a ceia do Sol e de Merc -rio; nem ficamos incomodados que as luzes permanecessem escondidas vinte dias depois da ceia, nem ficamos incomodados sabendo que onde existe o Sol s*o in-teis e suprfluas as velas, e que o Sol n*o ceia, almo'a somente, isto , ele come de dia e n*o de noite, per $odo de tempo que lhe  completamente desconhecido. Todas estas coisas foram relatadas de forma a n*o deixarem em n%s escr-pulo algum, pois n*o nos deixariam nada a

 

desejar sobre a verdade do conceito contido nestas brincadeiras, o qual, por ser not%rio e manifesto por si mesmo, n*o tinha necessidade de outra mais profunda demonstra'*o. Porm, que numa quest*o t *o importante e t*o dif  $cil, qual   o querer nos persuadir de que exista realmente e fora de qualquer brincadeira na natureza um orbe celeste particular para cometas, enquanto que Tycho n *o pode dar uma explica'*o da deformidade do movimento aparente deste cometa, meu racioc $nio ent*o deve parar de raciocinar e satisfazer-se com um requinte potico, o qual n*o produz fruto algum, isto , aquilo que o Sr. M"rio recusa, e com raz *o e com verdade afirma que a natureza n *o se deleita com poesias.  Afirma'*o esta bem verdadeira, se bem que Sarsi aparente n*o acreditar e finja n*o conhecer os mitos e as fantasias, pois, sem a natureza e a poesia, n *o podem subsistir. Estas mentiras s *o t*o detestadas pela natureza que  mais poss $ vel  vel encontrar nela alguma mentira do que encontrar trevas na luz. Mas agora j"  tempo de tratarmos do assunto de maior import2ncia. Leia V. E. Ilustr $ssima o seguinte: 8. Vou tratar agora de coisas muito mais s +   +rias.    Meu   mestre achou que fosse necess (   (  rio procurar o lugar do   cometa especialmente atrav +   +  s de tr )   )  s argumentos: primeiro, sem d  /  vida, pelas observa  &5  es da paralaxe; segundo, pelo seu   movimento; terceiro, pelas coisas que se observam nele at rav  rav +   +  s da luneta. Galileu procura minimizar cada um deles e    priv (   (  -los de sua import 33    ncia. Tendo-nos  demonstrado  demonstrado que o cometa apareceu com uma pequena diversidade de aspecto nas v (   (  rias observa  &5  es de lugares diferentes, e por causa disto fora necess (   (  rio coloc (   (  -lo al   +  m da  Lua,   Lua, Galileu afirma que o argumento originado pela pesquisa referente 2  paralaxe  paralaxe n    o   +   de   peso peso algum se antes n      o se estabelecer se de fato as coisas   observadas s   o   reais e est (   (  veis ou puras apar )   )ncias    em movimento. Est (   (    certo, mas n      o havia necessidade. Por que   argumentar a respeito, se tudo isto j (    estava assentado? Sem d /   vida, como n $   $  s +  ramos contr (   (  rios ao parecer dos    peripat +   +  ticos principalmente, cuja opini    o +   ainda important ..    ssima para os numerosos seguidores, em v      o poder .   .  amos ter   exclu .   .  do os cometas do n //    mero das coisas irreais, pois que esta d  /  vida n      o existia no esp .   .  rito de nenhum de n $   $s.   E o    pr $$    prio    Galileu, contradizendo Arist $$  teles,    n      o usa argumento  mais convincente nem mais v (   (  lido do que aquele originado    pela paralaxe. Por que, ent      o, para uma quest      o em tudo semelhante, n      o nos era permitid  o usar livremente a mesma argumenta   &  o? 

Para conhecer qual o teor das coisas aqui relatadas, ser " suficiente resumir brevemente aquilo que o Sr. M"rio afirma e aquilo do qual sofreu oposi '*o. De uma forma geral o Sr. M"rio escreveu:  Aqueles que pela paralaxe querem querem determi determinar nar o lugar do com cometa eta precisam  precisam antes estabelecer se ela ela +   uma coisa fixa e real e   n      o uma vaga apar )   )ncia,    porque a lei da paralaxe deriva da realidade de um objeto e n      o da apar )   )ncia, ncia,       como ele

exemplifica com abund2ncia de particulares. Acrescenta depois que a falta de paralaxe n *o  compat  $ vel  $vel com as duas preposi')es Aristotlicas22 que afirmam que o cometa  fogo, isto , uma coisa bem real e que se encontra no espa'o bem perto da Terra. A isto op )e-se Sarsi, afirmando: Est (   (   tudo bem, por +   +  m n      o   tem nada a ver com o nosso assunto, porque n $$  s   discutimos contra Arist $   $teles,    e teria sido v      o o esfor  & oo  de   de provar que o cometa n   o   seja uma apar )     que seja coisa real, e nosso argumento como de coisa real, )  ncia, pois n $$  s   concordamos com ele  que

22

 A filosofia aristotlica pressup)e um mundo cosmol%gico pr-constru $do, im% vel e organizado, organizado, que contrasta, eent nt *o, com as teorias sobre os cometas destes autores.

 

 porque derivado de paralaxe, conclui assim. Acrescenta at +   +    que que o pr $   $ prio    advers (   (rio    n      o utiliza o argumento mais v (   (  lido   contra Arist $   $  teles; e se chega a utiliz (   (-lo,    por que n      o podemos, pelo mesmo motivo, utiliz (   (  -lo livremente n $   $  s tamb +   +  m? 

Ora, n*o entendo o que Sarsi pretende aqui nem em que ponto pensa ele contestar o Sr. M "rio, pois que ambos relatam as mesmas coisas, isto , que a lei da paralaxe n*o vale nas coisas aparentes, porm bem vale nos objetos reais, e conseq 4entemente vai contra Arist%teles, enquanto quer que o cometa seja coisa real. Aqui, se temos que dizer a verdade, com permiss *o de Sarsi, n*o podemos dizer outra coisa a n *o ser que ele, disfar'ando as palavras do Sr. M"rio, quis ofuscar a vista do leitor para que este permane'a na opini *o de que o Sr. M"rio tenha-se exprimido fora do prop %sito. Porque, querendo que a obje'*o de Sarsi vigorasse, seria necess "rio que, onde o Sr. M"rio, falando em geral para o mundo inteiro, diz  Quem quer que o argumento da paralaxe se refi   ra ao cometa, +    necess (   (  rio provar antes que   aquela coisa seja real, precisasse, afirmo, ter dito: Se o Pe. Grassi quer que o argumento da paralaxe seja contra  Arist $$  teles,    que considera o cometa uma   coisa real e n      o aparente, +   necess (   (  rio  que   que prove antes que o cometa seja uma coisa real e n     o aparente.  aparente.  Assim as palavras do Sr. M"rio seriam de fato um enorme desprop%sito, que

como tal Sarsi gostaria que parecessem. Por m o Sr. M"rio nunca escreveu nem pensou estupidezas semelhantes. 9.  Mas deveriam ter sido discutidas tamb +   +  m as opini 5  es  de Anax (   ( goras,  goras,       dos pitag $   $  ricos e de Hip $   $  crates. crates.   Todavia nenhum deles havia afir mado mado que o cometa +   uma ilus      o $    ptica. Anax (   ( goras,    com efeito, efeito, afirmou que o cometa +    uma reuni     o de estrelas bem verdadeiras. Tanto Hip $$  crates       como Esquilo n      o diferem em nada dos pitag $   $ricos.    Aris-  t $$  teles,  prios    na verdade, quando exp 66  s   a opini    o dos pr $$      pitag $$  ricos    que dizem que o cometa +   uma das estrelas errantes   vagarosamente aproximando-se de n $$  s   e rapidissimamente af astando-se,   acrescenta: "De maneira igual enunciaram tamb +   de Quio e seu disc  pulo +m    aqueles que seguiram Hip $$  crates    .   .   Esquilo, mas afirmam que o cometa n      o possui uma   cauda em si mesmo, por +   +m    2 s vezes adquire por causa do lugar  enquanto  enquanto anda vagando, ficando nossa vista refratada pelo   fluido 23  atra .   .  do por ele mesmo para o Sol". Galileu, na verdade,  verdade,  no in .   .  cio de sua disserta  &  o, o,  quando  quando examina as opini   5  es   deles, afirma que eles consideram o cometa uma estrela que, uma vez chegada perto da Terra, atrairia a si alguns vapores, mesmo da Terra, com os quais acomodaria para acomodaria  para si convenientemente n    a  mas mas a cauda. Diga-se de passagem que   o a cabe  & a  Galileu julga com menos oportunidade que o cometa seja originado por aqueles mesmos lugares acreditados pelos  pitag $$  ricos,    que achavam que ele existia por causa da refra  &  o da luz; na realidade, eles n      o perceberam nada de ilus $   $  rio   no cometa, com exce   &  o da cauda.  Entende, ent   o,    que a nenhum deles pareceu que o cometa, se falarmos de sua cabe  & a, a, deve ser considerado pura   apar )   )ncia.    Ent     o, pois, todo o mundo estava de acordo em rela  &  o a este argumento, por que dever ..    amos ter despojado este   brilhant ..    ssimo fogo daqueles fantasmas ou   daqueles daqueles jogos de luzes, e afastar dele aquela culpa que homem algum, cuja opini     o tivesse um certo valor, lhe imputava? Cardano e Tel  +  sio, com efeito, dos qu ais ais Galileu parece haver tirado alguma coisa a prop $   alguma,  $  sito deste assunto caindo em   uma est +   +  ril e infeliz filosofia, n      o sendo alegrados por descend   )  ncia alguma,  deixaram livros para a posteridade, n    utiram erradamente   o filhos. Para n $$  s   e Tycho +   suficiente   afirmar que n      o disc utiram 23

De acordo com a teoria naturalista renascentista, o cosmo inteiro era animado e "ativo" internamente. Esta "vida" ou "alma" interna

(que originar" o termo filosofia animista )  a causa de qualquer fen+meno.

 

aqueles que nunca suspeitaram que o cometa fosse um fantas ma ma v      o e falso, o que fizer am, am, segundo o testemunho do  pr $$    prio    Galileu, as academias de  todos os fil  $  sofos existentes at +   + agora.    Pois, se existiu algu +   Pois,  +  m que  eloq 44  entemente    ensinou    que estes fen 6   p uramente uramente aparentes, eu lhe mostraria, no momento certo, se 6  menos devem ser colocados entre os fen 66  menos    n      o estou errado, quanto os cometas s      o diferentes, em seu comportamento e em seu movimento, do arco- .   .  ris, dos halos e   das coroas, e com quais argumentos se chega 2   conclus      o   de que o cometa, com exce  &  o da cauda, n      o se movimenta   segundo o mando e o desejo do Sol, o que +   comum a todos os as tros tros aparentes, mas movimenta-se livremente e percorre sua

$  rbita para a qual sua natureza o impelir e levar. Querendo aqui tambm mostrar universalmente que a d- vida levantada pelo Sr. M"rio era v * e suprflua, afirma que nenhum escritor antigo ou moderno, digno de alguma considera'*o, poderia alguma vez ter pensado que o cometa pudesse ser uma simples apar ,ncia, e que por isto seu Mestre, que s% com eles discutia e que aspirava exclusivamente 1 vit%ria sobre eles, n *o se esfor'ava nada para tir"-la dos puros simulacros. A isto eu respondo afirmando em primeiro lugar que Sarsi, mesmo com um racioc $nio semelhante, podia deixar de lado o Sr. M "rio e a mim porque n*o pertencemos ao n-mero daqueles antigos e modernos contra os quais discutia seu Mestre, e temos tido a inten '*o de falar somente com aqueles (sejam eles antigos ou modernos) que procuram com todas as for 'as investigar n*o importa qual verdade na natureza, deixando completamente na pr%pria opini*o aqueles que, s% para ostentar estrondosas discuss )es, aspiram, com um grandioso aplauso popular, a serem julgados n *o pesquisadores de verdades, mas somente serem superiores aos outros; nem devia empenhar-se t *o ansiosamente para derrubar coisas que nem para ele mesmo, nem para seu Mestre, eram prejudiciais. Ele devia, em segundo lugar, considerar que  muito mais excus" vel a algu m que em alguma profiss*o n*o se engane em alguma particularidade relativa a esta profiss *o, e especialmente quando nem mil outros, que tenham a mesma opini*o, lembraram e concordaram com uma coisa que   v *  e in-til naquele assunto. Assim, ele podia e devia antes confessar que seu Mestre, como nenhum dos seus antecessores, n*o tinha nem pensado que o cometa podia ser uma apar,ncia, em vez de esfor'ar-se para declarar v *  a dedu'*o 1  qual n%s chegamos. Porquanto, uma semelhante admiss *o, alm de n*o ser nenhuma ofensa para seu Mestre, teria sido ind $cio de uma liberdade ing ,nua, que, n*o podendo aceitar isto sem ofensa 1 minha reputa'*o (quando ele tivesse conseguido o intento),  antes sinal de esp $rito alterado por alguma paix *o. O Sr. M"rio, na esperan 'a de fazer algo agrad" vel e prof  $cuo para os estudiosos da verdade, prop+s, com toda modstia poss $ vel,  vel, que no futuro fosse mais conveniente considerar a ess,ncia do cometa para verificar se ele pudesse ser algo n*o real mas simplesmente aparente, e n*o reprovou, de forma alguma, nem o Pe. Grassi nem outros por n *o o terem feito at   aquele momento. Sarsi se levanta e com mente alterada procura demonstrar que a d - vida tinha sido colocada fora de prop%sito e que era manifestamente falsa. Todavia, para se encontrar, como se diz, pronto para as duas possibilidades 24, sob qualquer forma em que ela pudesse aparecer digna de alguma considera'*o, para despojar-me daquele elogio que dela derivaria, ele a declara como opini *o velha j"  24

In utrumque paratus.

 

apresentada pelo Cardano 25  e pelo Telsio26, porm desprezada pelo seu Mestre como fantasia de fil%sofos fracos e sem seguidor algum; e no mesmo instante finge e n *o percebe com qu*o pouca caridade ele despoja e tira toda a reputa '*o daqueles fil%sofos para encobrir uma pequen $ssima verruga daquele seu Mestre. Sarsi, se o senhor s enhor se torna disc $pulo daqueles venerandos Padres seguidores da filosofia natural, o senhor n *o se torna, porm, seu disc $pulo na moral porque ningu m acreditaria no senhor Aquilo que o Cardano e o Telsio escreveram eu n*o o vi, porm, por outros relacionamentos que faremos depois, posso facilmente conjeturar que Sarsi n *o tenha compreendido bem as teorias deles. Seria uma falta de minha parte deixar de demonstrar, como advert ,ncia para ele e como defesa para aqueles fil%sofos, como carecem de l %gica as conclus)es do Sarsi, que afirma ser pouca a profundidade da ci,ncia filos%fica deles devido ao pequeno n-mero de seus disc $pulos. Por acaso acredita Sarsi que bons fil%sofos podemos encontr"-los em todas as quadras, dentro de cada recinto dos muros? Eu, Sr. Sarsi, acredito que os fil %sofos voam como "guias e n*o como p"ssaros pretos. 5 bem  verdade que as "guias, por serem raras, oferecem pouca chance de serem vistas e muito menos de serem ouvidas, e os p "ssaros pretos, que voam em bando, param em todos os cantos enchendo o c u de gritos e rumores, tirando o sossego do mundo. Mas queira Deus que os verdadeiros fil%sofos fossem como as "guias e n*o como a f ,nix. Sr. Sarsi, infinito  o bando dos est -pidos, isto , daqueles que n*o entendem nada; muitos s *o aqueles que sabem alguma coisa de filosofia; poucos s *o aqueles que entendem um pouco de filosofia; pouqu $ssimos s*o aqueles que conhecem alguma parte dela; um s %, Deus,  o que a entende toda. Assim que, para relatar aquilo que eu deduzi, ocupando-me da ci ,ncia que atrav s de demonstra ')es e de discurso humano se pode conseguir dos homens, eu acredito firmemente que quanto mais ela participar da perfei '*o tanto menor n-mero de conclus)es prometer"  ensinar, tanto menor n -mero delas demonstrar", e, conseq 4entemente, tanto menos agradar", e tanto menor ser"  o n-mero de seus seguidores. Pelo contr "rio, porm, a magnific,ncia dos t  $$tulos, a grandiosidade e a abund2ncia das promessas, atraindo a natural curiosidade dos homens, mantendo-os entretidos perpetuamente com mentiras e quimeras, sem nunca proporcionar-lhes o prazer da profundidade de uma -nica demonstra'*o, onde o gosto uma vez apurado saiba reconhecer a falta de sal nos alimentos costumeiros, conseguir *o desta forma manter ocupado grande n-mero deles. E grande sorte ter" algum que, iluminado por uma luz natural, saber" sair dos confusos labirintos nos quais teria continuado a caminhar com o comum e no entanto sempre mais amarrado. Julgar, ent *o, as teorias de algum em matria de filosofia pelo n -mero dos seguidores, considero pouco exato. Mesmo considerando que possa ser reduzid $ssimo o n-mero de seguidores da melhor filosofia, n *o chego porm 1  conclus*o de que aquelas opini )es e doutrinas, por terem poucos seguidores, sejam necessariamente perfeitas; porque compreendo compreendo muito bem que algu m possa considerar certas opini )es 25

Girolamo Cardano, fil%sofo e cientista entre os mais famosos da Renascen'a, foi lembrado mais pelas suas obras de magia que por sua resolu'*o da equa'*o do cubo. 26 Bernardino Telsio, calabr,s, com Giordano Bruno e Tommaso Campanella, sistematizou completamente a filosofia animista da poca, $ pria    principia ("Sobre a natureza das coisas segundo seus seus verdadeiros pri princ  nc  pios ..     "). Contrariamente 1 opini*o de escreveu o De natura rerum iuxta pr $  

muitos, todos os fil %sofos naturalistas ou animistas, que  o mesmo, foram sempre contr "rios 1s opini)es peripatticas

 

t*o erradas que sejam recusadas por todos os outros. Ora, de qual das duas raz )es origina-se a escassez de seguidores dos dois autores chamados por Sarsi infecundos  e desgra   & ados,  ados,  eu n*o sei nem estudei suas obras para que me fosse poss $ vel  vel julg  julg "-los.  Voltando ao nosso assunto, afirmo que  tarde demais para Sarsi querer demonstrar que o seu Mestre, n*o porque n*o raciocinasse sobre o argumento, mas porque desprezou como coisa extremamente v * a idia de que o cometa pudesse ser uma simples apar ,ncia, e que nestes n*o vinga o argumento da paralaxe, n*o fez nem men'*o. Muito tarde, digo,  uma desculpa, porque quando ele   e a Terra, assim que possa ser escreveu no seu Problema: Afirmo que se uma cois a qualquer +   colocada entre o c +   +  u  e vista de lugares diferentes, aparecer (   (   tamb +   +m    em diversas partes do c +   +u    27   , claramente demonstra n*o ter pensado a

respeito do arco- $ris, do halo, dos peri lios e outras teorias que n*o repousam sobre esta lei, teorias que ele deveria mencionar e colocar como exce '*o, especialmente ele que, deixando Arist %teles e seguindo Kepler28, afirma que o cometa pode consistir em um reflexo. Continuando, parece-me que Sarsi faz grande diferen'a entre a cabe'a do cometa e a cauda, aceitando que a cauda pode ser mesmo uma ilus*o da nossa vista e   verdadeiramente apar,ncia, e que como tal a tenham considerado aqueles pitag %ricos mencionados por Arist %teles. Quanto 1  cabe'a, considera, por m, necess"rio que ela seja

 tida como coisa real e que ningu m jamais tenha considerado de modo diferente. Neste ponto, gostaria de fazer uma bem clara distin'*o entre aquilo que o Sarsi entende como real e aquilo que entende como aparente, e qual a raz*o que faz ser real aquilo que verdadeiramente   real e aparente aquilo que    verdadeiramente  verdadeiramen te aparente. Por Porquanto, quanto, se ele chama real a cabe'a por ser de matria e subst2ncia real, eu afirmo que tambm a cauda  real; assim, se algum afastasse aqueles vapores onde nossa vista se reflete face ao Sol, destruir-se-ia a cauda tambm, da mesma forma que tirando as nuvens, tiram-se o arco- $ris e o halo. E se afirmar que a cauda n *o  real porque sem o reflexo do Sol n*o existiria, eu afirmo que este mesmo racioc $nio deve-se atribuir 1  cabe'a, porque, quer a cauda quer a cabe 'a, n*o s*o outra coisa que reflexos de raios em uma mat ria qualquer, pois, enquanto eles s *o puras apar,ncias, enquanto matria s*o coisas reais. E se Sarsi admite que em rela'*o 1 mudan'a de lugar do observador pode verificar-se mudan'a em rela'*o ao lugar da origem da cauda na mat ria, eu afirmo que a mesma coisa pode acontecer em rela '*o 1  cabe'a. E n*o acredito que aqueles antigos fil %sofos tivessem opini)es diferentes, porque se, por exemplo, tivessem acreditado que a cabe 'a fosse realmente uma estrela em si mesma, brilhante e consistente, e que somente a cauda fosse aparente, teriam dito que quando, por causa da obliq 4idade da esfera, n*o se verifica a refra'*o de nossa vista face ao Sol, n *o se percebe mais a cauda, mas a estrela que  a cabe'a do cometa. Isto nunca foi afirmado por eles, pelo contr"rio, afirmam que neste caso o cometa n *o era vis $ vel.  vel. Mas, mesmo que os antigos tenham tenham ou n *o tenham feito tais afirma ')es, elas est *o sendo elaboradas agora pelo Sr. M"rio com v "lidas raz)es para 27

"Statuo, rem quamcumque inter firmamentum et Terram constituam, si diversis ex locis spectetur, diver-sis etiam firmamenti partibus responsarum." 28  Jo*o Kepler, astr+nomo alem*o de enorme import 2ncia, morto em 1630, assistente de Tycho. ao qual sucedeu no cargo, autor de

numerosas obras, contr"rio a Galileu no come 'o, acabou concordando com o matem "tico italiano.

 

duvidar, raz)es que devem ser ponderadas, como faz o pr%prio Sarsi. N%s, de nossa parte, tra'aremos considera')es sobre aquilo que ele escreve. 10. Por enquanto continue V. E. Ilustr $ssima a ler:  Exatamente da mesma forma devo responder 2 ss   obje   &5  es sobre o argumento oriundo do   movimento. Pela forma como se encontram os lugares do cometa nos dias determinados, lugares que aparecem em pl   ano, seguindo o movimento hor (   (  rio, em   linha reta, n $   $  s infer .   .  amos que aquele   movimento se verificava necessariamente em um a circunfer )   )  ncia m (   (  xima: mas Galileu replica:   "N*o se deve deduzir

isto necessariamente; pois, se o movimento do cometa tivesse sido verdadeiramente em linha reta, suas posi')es tambm, realizando-se em movimento hor"rio, teriam formado uma linha reta; todavia este movimento n*o teria se verificado atrav s de um c $rculo m"ximo".  Entretanto, mesmo sendo bem verdade, o movimento retil   .  neo deveria ter sido representado tamb +   +m    com uma linha reta. Como todavia era uma controv +   +  rsia contra   aqueles que, ou n   o   haviam tido d   /  vida alguma a respeito   do movimento circular do cometa, ou n      o haviam pensado   nunca sobre este movimento retil   .  neo, isto +    , contra Anax (   ( goras,    os pitag $   $  ricos, Hip $   $  crates e Arist $   $  teles, perguntava-se   somente se o cometa, que se considerava movimentar-se circularmente, percorre rria ia $  rbitas maiores ou menores, n    o      desreguladamente, mas ordenadamente; pelo movimento aparente em linha reta deduzia-se que o c .   .  rculo descrito pelo   movimento era uma circunfer )   )ncia    m (   (  xima: ningu +   +m,    com efei   to, havia apresentado este movimento reto e perpendicular.  Apesar de Kepler, antes de Galileu, em algumas breves notas a respeito do movime movimento nto dos cometas, procurar explicar este movimento por meio de linhas retas, percebeu todavia em qu antas antas dificuldades iria afundar-se. Por isso n      o afirmou este   movimento movime nto perpendicular 2  Terra,  Terra, mas sim transversal, n      o igual mas mais vagaroso no in .   .  cio  que  que no fim, com velocidade m (     disso, achou que este movimento deve ser refor  & ado ado pelo movimento circular da pr $   (  xima no ponto m +   +  dio. Al +  m $ pria       Terra, para explicar todos os fen 66  menos dos cometas: isto n    licos.   Eu Eu ent         o +   de modo algum permitido a n $   $  s cat $   $  licos.   o resolvi    considerar nula aquela opini   podia ser sustentada com aargumenta  rgumenta    piedosas e santas. Pois, se Galileu com   o que n      o   podia  &5  es  piedosas  poucas altera   &5  es Julgou dever-se atribuir  aos cometas este movimento retil  .  neo, n    o     havendo  havendo ele explicitado isto claramente, eu mostrarei isto minuciosamente mais adiante. Saiba, por enquanto, que n $   $  s n      o pecamos contra as le isis da l  $    gica quando   do movimento aparente em linha reta de duzimos duzimos que foi tra  & ada ada a mesma parte do  c ..    rculo m (   (  ximo. Qual era, com efeito,  efeito,   a necessidade de excluir aquele movimento retil   .  neo e perpendicular que era bem conhecido por n      o fazer parte em nada   dos cometas? 

O Sr. Guiducci, com a finalidade mais que honesta de facilitar mais o caminho daqueles que pesquisam a verdade, havia tomado em considera '*o os equ $ vocos  vocos daqueles que, havendo percebido que o cometa movimentava-se em linha reta, ficaram acreditando que o movimento do j " mencionado cometa procedesse atrav s de uma circunfer,ncia m"xima, considerando que, apesar de o movimento atrav s de uma circunfer,ncia m"xima possuir a apar,ncia de movimento retil  $$neo, o contr"rio, porm, n*o era necessariamente verdadeiro, isto , que o movimento que fosse percebido como reto fosse originado de uma circunfer,ncia m"xima, como havia sido afirmado por aqueles que do aparente movimento reto deduziam que o cometa se movimentava atrav s de uma circunfer,ncia m"xima. Entre eles estava o Pe. Grassi, o qual, apoiando-se talvez na autoridade de Tycho, que por primeiro se havia equivocado, passou por cima dele chegando a um ponto onde ele n *o haveria chegado se n*o tivesse

 

tido tal precursor. Para mim   excus" vel o pequeno erro do Padre que, acredito eu, considerou de capital import2ncia o aviso do Sr. M"rio, atribuindo-lhe grande import 2ncia. Agora vem Sarsi e, continuando segundo seu feitio costumeiro, esfor 'a-se por fazer aparecer o aviso como uma inadvert ,ncia e como falta de considera'*o, acreditando salvar desta forma seu Mestre: por m, pareceme que surte efeito contr"rio (se o Padre fosse de acordo com as desculpas e defesas do Sarsi) e que, para evitar um -nico erro, ca $a em muitos. Em primeiro lugar, continuando Sarsi a considerar v *o e suprfluo o aviso relativo 1quelas coisas que nem ele nem outro haviam feito, afirma que, contestando seu Mestre, Arist %teles e os pitag %ricos que nunca haviam introduzido em rela '*o aos cometas movimento reto, estaria fora de cogita'*o que seu Mestre houvesse advertido a respeito. Por m, se refletirmos cuidadosamente, esta desculpa n*o ajuda em nada o Padre, porque aqueles advers "rios seus n*o havendo introduzido jamais em rela'*o aos cometas o movimento por circunfer,ncias menores, da mesma forma   suprfluo demonstrar que eles se movimentam por circunfer,ncias m"ximas. Sarsi precisa, ent *o, afirmar que aqueles antigos fil%sofos tenham escrito que os cometas se movimentam por circunfer,ncias menores ou confessar que seu Mestre tenha procedido superficialmente ao considerar o movimento provir de

,

"

uma circunfer ncia m xima, como teria acontecido considerar o movimento proceder de linha reta. E mais (e seja como segunda coisa), aceitando o jogo de Sarsi, muito maior falta foi deixar sem investiga'*o o movimento reto, pois o pr %prio Kepler j"  o havia atribu $do aos cometas e o pr %prio Sarsi o coloca em seu texto. Nem me parece que a desculpa que ele apresenta seja completamente suficiente, isto , para se tirar esta opini *o de Kepler referente 1 mobilidade da Terra, opini*o que pia e santamente n*o pode ser aceita, Sarsi por isto a considerava consid erava in-til, pois isto devia antes ser-lhe est $mulo para destru $-la e manifest"-la imposs $ vel.  vel. Talvez n*o seja errado demonstrar tambm com raz)es naturais, quando isto   poss $ vel,  vel, a falsidade daquelas proposi')es que s*o declaradas contr"rias 1s Sagradas Escrituras.  Terceiro, resta ainda uma falta de Sarsi, porque n*o somente o movimento verdadeiramente reto nos aparece em linhas retas, mas qualquer outro, todas as vezes que ele se realiza no mesmo plano do olho que o est" observando, e isto foi relatado tamb m pelo Sr. M"rio. Assim, ser " necess"rio para Sarsi achar um modo de persuadir-nos que movimento algum fora do circular foi atribu $do alguma vez aos cometas; coisa esta n *o muito f "cil de realizar; porque, mesmo que ningu m mais o tivesse afirmado, ele mesmo o relatou poucas linhas abaixo, quando, em defesa da mudan 'a local do Sol de mais de 90 graus, ele d" lugar ao movimento circular, mesmo em linha oval, e, por necessidade, em qualquer outra linha irregular. Torna-se, ent*o, necess"rio que o mesmo movimento se apresente, 1s  vezes circular, 1s vezes oval, 1s vezes completamente irregular, conforme necessidade de Sarsi; de outra forma, dever" admitir que a defesa de seu Mestre  defeituosa. Quarto, o que acontecer"  quando eu admitir que o movimento do cometa   circular n*o somente pela opini*o comum mas de verdade e por necessidade? Pensar "  talvez Sarsi que por isto

 

mesmo, quer pelo seu Mestre quer por outros, ser "  demonstrado de forma concludente que o movimento se realiza atrav s de uma circunfer,ncia m"xima porque ele nos aparece em linha reta? Sei, por certo, que Sarsi acreditou nisto at  agora; ele enganou-se; eu o tiraria do erro se soubesse que n *o lhe causaria desgosto; por isto eu lhe perguntaria quais s *o na esfera aquelas circunfer,ncias que ele considera m"ximas. Sei com certeza que me responderia serem aquelas que passando pelo centro daquela (que   tambm o centro da terra) a dividem em duas partes. Ent *o afirmaria eu que as circunfer,ncias realizadas por V ,nus, Merc-rio e pelos planetas Mediceus n *o s*o circunfer,ncias m"ximas, pelo contr"rio, s*o muito pequenas, tendo estas como centro J -piter, e aquelas o Sol. Contudo, se observarmos quais s *o os movimentos que nos apresentam, veremo-los aparecer em linha reta, o que acontece por se encontrar nosso olho no mesmo plano das circunfer ,ncias realizadas por aquelas estrelas acima mencionadas. Conclu $mos, portanto, que, pelo fato de aparecer-nos um movimento retil $ $neo, n*o podemos concluir a respeito dele outra coisa a n *o ser que ele est"  se realizando com a mesma probabilidade atrav s de uma circunfer,ncia m $nima. Podemos, ent*o, concluir que este movimento manifesta-se no plano que passa atrav s do olho, isto , no plano de uma circunfer,ncia m"xima e que, em si mesmo, aquele movimento pode ser originado por uma linha



"

circular, ou tamb m por alguma outra, irregular como se queira, pois sempre nos aparecer   como movimento reto; ent *o, n*o sendo substitu $ veis  veis as duas proposi')es por n%s j" examinadas, aceitar uma pela outra  equivocar-se, o que  um procedimento il%gico. Se eu acreditasse que Sarsi n *o ficasse de mal comigo, gostaria poder levantar a seu respeito outro engano semelhante que, como vejo, passou desapercebido a homens de grande talento, e que talvez o pr%prio Sarsi deixou passar. Entretanto, n *o gostaria de deix"-lo desgostoso demonstrando como eu e muitos outros mais perspicazes que eu n *o o deixamos passar desapercebido. Mas, qualquer que seja a sua rea'*o, quero discuti-lo com V. E. Ilustr $ssima. Foi observado com muita agudeza que a extremidade da cauda, a cabe'a dos cometas e o centro do disco do Sol se percebem sempre segundo a mesma linha reta, deduzindo-se disto que a cauda  um comprido reflexo da luz solar, diametralmente oposta ao Sol. Que eu saiba n *o houve ningum, por aquilo que podemos conhecer at  agora, que tenha cogitado que a forma de se manifestar do Sol e todo o peda 'o do cometa em linha reta que possa concluir que necessariamente a linha reta tirada pela extremidade da cauda e pela cabe 'a do cometa alcance, prolongada, o Sol. Para aparecerem em linha reta, tr ,s ou mais elementos,   suficiente que sejam colocados no mesmo plano que o olho. Assim, Marte ou a Lua poder*o ser vistos diretamente no meio de duas estrelas fixas, mas nem por isto a linha reta que uniria as duas estrelas passaria atrav s de Marte ou da Lua. Ent *o, do aparecer da cauda do cometa diretamente em oposi '*o ao Sol, n*o podemos concluir outra coisa a n *o ser que ele se encontra no mesmo plano do olho. E agora, como quinta coisa, pode-se perceber, direi assim, uma certa inconst 2ncia nas palavras finais lidas por V. E. Ilustr $ssima e por mim examinadas, onde Sarsi preocupa-se em querer, mais abaixo, demonstrar como eu, isto , o Sr. M"rio, erradamente atribuiu ao cometa o movimento reto, e

 

depois, tr,s linhas mais abaixo, afirma n *o existir necessidade alguma de excluir este movimento reto, o qual era certo e manifesto n*o se encontrar nos cometas. Mas se a impossibilidade deste movimento   clara e evidente, por que preocupar-se em querer exclu $-lo? E de que forma  ele claro e manifesto se, pelas mesmas palavras de Sarsi, ningum jamais n*o somente n*o a relatou como nem alguma vez a considerou? Somente Kepler, afirma ele, considerou este movimento. Mas Kepler n *o o impugna, pelo contr"rio, o introduz como poss $ vel  vel e verdadeiro. Parece-me que Sarsi, percebendo que podia fazer outra coisa, procura emaranhar o leitor, mas eu procurarei livr"-lo. op 55  e   ainda sobre este ponto:  Se o cometa se movimentasse ao redor do Sol, quando 11. Mas quando se op 

ele se afastasse do mesmo Sol por um quadrante inteiro, ele desceria um dia, at  a Terra, talvez Galileu n      o perceba que o cometa pode movimentar-se ao redor do   Sol n      o s $   $    de um modo. E se a $  rbita, atrav +   +s   da qual     movimentava-se, movimentav a-se, tivesse sido exc )   )ntrica    ao Sol, e em sua maior  parte  parte tivesse sido colocada ou acima do Sol ou virada para o norte? E se o movimento n      o tivesse sido circular mas el   ptico .   e por isto comprimido  comprimido  na  na parte mais alta e na mais baixa, muito alongado nos lados? E se n      o tivesse sido nem mesmo el    p  .  tico, tico, mas completamente irregular, pois, segundo o sistema do mesmo Galileu, o cometa p 66  de    movimentar-se sem empecilho algum em uma dire  &  o qualquer? Assim, n      o haveria tido   nada a temer que a Terra e o T   (  rtaro nunca ha veriam veriam de ver de perto a luz dos cometas.

'*



Primeiramente, se admito aqui ser verdadeira a acusa o que Sarsi me faz, isto , de ser superficial por n*o haver eu considerado os diversos movimentos que podem ser atribu $dos ao cometa, n*o sei de que forma conseguir" Sarsi desculpar seu Mestre, que nem sequer considerou c onsiderou a possibilidade de o cometa poder movimentar-se em linha reta. E se ele desculpa seu Mestre afirmando que um racioc $nio semelhante haveria de ser considerado suprfluo, pois este movimento n *o fora tomado em considera'*o por nenhum outro autor, n *o percebo ent*o de que forma poderia ser acusado eu de superficialidade. Pelo contr"rio, devo ser desculpado da mesma forma que seu Mestre, n*o se encontrando, com efeito, nenhum autor que haja introduzido estes movimentos desconhecidos, relatados aqui por Sarsi. E mais, Sr. Sarsi, cabia ao seu Mestre e n*o a mim raciocinar sobre estes movimentos, atrav s dos quais se pudesse explicar convenientemente as grandes mudan'as de lugar dos cometas. E se existisse algu m apto a dar esta explica '*o, seu Mestre devia cit"-lo e aceit"-lo com exclusividade, e n*o deix"-lo em sil ,ncio e introduzir com Tycho o simples movimento circular ao redor do Sol, inapto a explicar uma apar ,ncia semelhante, e querer que n *o ele mas n %s ter $amos errado, por n*o adivinhar que ele pudesse internamente ter abrigado pensamentos bem diferentes daqueles que tinha relatado. Alm disso, o Sr. M"rio nunca afirmou que n*o exista na natureza forma alguma de salvar a mudan'a de lugar de uma quarta29 (pelo contr"rio, se tal mudan'a de lugar existiu,   claro que existe tambm a possibilidade de saber bem como ela tinha sido), mas afirmou: "Pela hip%tese recebida do Padre, n*o   poss $ vel  vel esta mudan'a de lugar sem que o cometa toque a Terra e at   a penetre". 5 muito v *, ent*o, a desculpa de Sarsi. Pode ser que pretenda que qualquer desculpa, mesmo em matria sem import2ncia, deva ser admitida em favor de seu Mestre, mas que para mim seja 29

29

 Termo usado seja para medida medida celeste seja para medida medida terrestre.

 

proibida qualquer desculpa, mesmo em matria de suma import2ncia. Se isto  verdade, com muita boa  vontade me calo e livremen livremente te o concedo. E, em segundo lugar, apresento outra desculpa para mim mesmo (como se eu fosse o Sr. M"rio), confessando ingenuamente n*o ter pensado nos movimentos exc,ntricos ou nas linhas ovais ou nas outras irregulares. Isto aconteceu porque n *o  meu feitio prestar ouvido aos conceitos que n *o est*o ligados ao argumento de que se est "  tratando. E qual   a finalidade de Sarsi ao transformar o movimento ao redor do Sol em uma figura oval, para transportar de uma quarta o lugar do cometa?  Acredita ele, por acaso, que alongando de um lado e restringindo de outro um umaa figura possa ele alcan'ar seu intento? Certo que n*o, mesmo que ele a prolongasse ao infinito. A mesma impossibilidade apresenta-se no exc ,ntrico que se encontra na parte menor embaixo do Sol. E, por causa da intelig ,ncia de Sarsi, V. E. Ilustr $ssima poder"  alguma vez, depois de t,-lo encontrado, propor-lhe propor-lhe duas linhas retas AB, CD, das quais a reta CD seja perpendicular 1 reta AB, e dizer a Sarsi que, supondo a reta DC ser aquela que se prolonga do olho para o Sol, aquela pela qual se h "  de ver o cometa transportado de lugar 90 graus,  necess"rio que seja a reta DA, isto , DB, sendo comumente aceito que o movimento aparente do cometa se encontre no plano de uma circunfer ,ncia m"xima. V. E. Ilustr $ssima pe'a depois para Sarsi que, por causa do nosso ensinamento, descreva o movimento exc,ntrico ou o movimento oval afirmados por ele, atrav s dos quais o cometa, ao se movimentar, possa abaixar-se tanto que possa ser visto na linha  @DB, porque confesso que eu n*o conseguiria fazer.  At  agora conseguimos excluir dois modos propostos; falta o outro exc,ntrico com o centro em decl $ $nio 1 direita ou para a esquerda da Unha DC, e a linha irregular. Quanto ao exc ,ntrico,  verdade que n*o   de todo imposs $ vel  vel desenh"-lo numa determinada maneira que d,  origem 1  mudan'a procurada; porm ponho Sarsi de sobreaviso que, se ele delinear o Sol com os orbes de Merc -rio e de  V ,nus ao redor, e al m disso a Terra circundada pelo orbe da Lua, como  necess"rio fazer em rela'*o aos dois, e depois se ele tentar introduzir o exc ,ntrico do cometa, acredito com toda certeza que se lhe apresentar*o tantos excessos e monstruosidades que, mesmo que pudesse ajudar com tais desculpas a seu Mestre, ele ficaria com medo de faz ,-lo. Com respeito 1s linhas irregulares, n *o temos d- vida alguma de que n*o somente esta apar,ncia como qualquer outra apar,ncia pode ser salva. Por m, quero avisar a Sarsi que a introdu'*o de uma tal linha n *o s%  n*o ajudaria em nada a causa de seu Mestre como o prejudicaria mais gravemente, e n *o por n*o t ,-la nunca citado, pelo contr"rio, aceitou a teoria da linha circular regular $ssima, sobre todas as outras, para assim dizer, mas porque cit"-la seria um engano ainda maior. Isto o pr %prio Sarsi poderia entender todas as vezes que ele considerasse o que uma teoria de linha irregular traz consigo. S *o chamadas linhas regulares aquelas que, tendo uma -nica linha de movimento e sendo ela sempre constante e determinante, podem ser definidas e podem-se demonstrar os seus acidentes e propriedades: assim a espiral  regular e considera-se originada por dois movimentos uniformes, um reto e o outro circular, e el  $$ptica, nascendo de uma sec'*o do cone e do cilindro, etc. As linhas irregulares, por m, s*o aquelas que, n*o tendo determina'*o alguma, s*o infi-

 

nitas e casuais e por isto indefin $ veis;  veis; nem destas, por conseq 4, 4,ncia, pode-se demonstrar propriedade alguma nem pode-se afirmar que se conhe 'a alguma coisa a seu respeito. Assim, dizer "um tal acidente acontece por causa de uma linha irregular"  a mesma coisa que dizer "eu n*o sei por que acontece". A introdu'*o de um tal tipo de linha n *o   em nada melhor para simpatias, antipatias, propriedades ocultas, influ,ncias e outros termos usados por alguns fil %sofos para m"scara da verdadeira resposta que seria "eu n*o sei", resposta muito mais aceit " vel que as outras, porque uma sinceridade c 2ndida   muito mais linda que uma mentira enganadora. O Pe. Grassi foi, ent *o, muito mais inteligente, n *o propondo tais linhas irregulares como suficientes para satisfazer 1 pergunta, do que seu disc $pulo, ao cit"-las.

5 bem verdade, se tenho que expressar livremente a minha opini*o, acredito que o pr%prio Sarsi tenha compreendido muito bem a inefic "cia de suas respostas e que pouco fundamento houve a respeito, pois me parece prov " vel devido 1  brevidade de sua exposi'*o com refer,ncia a esta teoria, mesmo que este fosse o ponto important $ssimo na matria que estamos tratando e fossem grav  $ssimas as obje')es promovidas pelo Sr. M"rio. E ele me  um bom testemunho daquilo que estou afirmando, pois na parte 16, falando de um determinado argumento usado por seu Mestre, escreve: Por outro lado, de  quanta import 33  ncia    era para n $$  s   este argume nto, nto, penso que podia ser compreendido be bem m facilmente pelo fato de haver sido exposto por meio de poucas e (  ridas palavras, enquanto que   os dois outros argumentos de prefer )   )ncia    haviam sido   explicados muito mais cuidadosa e amplamente.30 

E com quanta superficialidade e brevidade ele tenha ten ha tocado neste assunto, pode ver-se, n *o por outras coisas, mas por n *o ter reproduzido as figuras dos exc,ntricos e das elipses introduzidas para salvar o todo. Mais abaixo encontraremos encontraremos depois uma quantidade de desenhos inseridos em um longo discurso como prova de um experimento que, afinal das contas, n *o  de vantagem nenhuma para a demonstra'*o principal que se acha naquela passagem. E, sem querer ir longe demais, aproxime-se V. E. Ilustr $ssima de um mar de distin ')es, silogismos e outros termos l %gicos, e poder"  verificar que Sarsi considerara important $ssimas determinadas coisas que eu considero, podendo falar livremente, ainda menos importantes que discursos vazios.

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"Caeterum, quanti hoc argumentum apud nos esset, satis arbitror exeo poterat inteiligi, quod paucis adeo ac plane ieiune propositum

fuerit, cum prius reliqua duo longe accuratius ac fusius fuissent explicata."

 

12.  Mas J   (   que Galileu acusa meu mestre de ignor 3   3  ncia   em mat +   +  ria de l $    gica,   permita-me que n $   $  s tamb +   +m       mostremos mostrem os com quanta exatid     o ele pr $$    prio    haja respeitado as leis desta l  $    gica, e, n      o precisando de muitas palavras, nos   limitaremos a um ou outro exemplo. Hav .    vista   .  amos afirmado que  as estrelas, observadas atrav +   +s   da luneta, ofereciam 2  vista  um aumento m ..    nimo. Mas, como as estrelas,  estrelas,   afirma ele, cujo grande n //  mero foge aos olhos mais perspicazes, podem ser    foge aos enxergadas atrav +   +s   da luneta, deve-se dizer que elas n      o rece beram beram da luneta um aumento in sens  sens .   .  vel, mas antes infinito.  infinito.    Nada, pois, nem alguma coisa est (   (   separado com efeitos por um   intervalo infinito. Pelo fato, ent      o, de que ver alguma   coisa que antes n      o se via, Galileu deduz um aumento infinito  do  do objeto, um aumento, afirmo eu, ao menos aparente, de  quantidade. Mas eu acredito que n      nem aumento infinito nem aumento algum. Primeiramente,   o seja poss .   .  vel deduzir  nem embora seja verdade que entre o ser visto e o n      o ser visto existe uma dist 3   3  ncia in    finita, ao menos de um lado, contudo entre as duas coisas existe aquela pr opor  opor   &  o que existe entre o nada e alguma   coisa, isto +    , nenhuma propor   &  o. o.    Entretanto, quando aquilo que n      o existia antes come  & a a existir, n      o podemos dizer que cresce ou aumenta, pois cada   aumento pressup 5   5  e sempre algo, tanto +    que que n      o afirmamos que o mundo, quando  foi   foi originariamente criado por Deus, aumentou infinitamente, visto antes nada existir. Com efeito, crescer significa tornar maior aquilo que antes era menor. Por isto, do fato de que alguma coisa que antes n      o podia ser vista depois por +   +m    +   vista, n      o se pode deduzir, nem sequer   vis ..    vel pela raz   o,    um aumento infinito. Mas no momento n      o quero continuar sobre isto; chame-se mesmo de aumento 2    passagem do n     o-ser ao ser: prefiro ir para  a frente. O pr $$    prio ter visto atrav +      Galileu, quando deduziu, por ter +  s da luneta as   estrelas n   o   percebidas antes, que as estr eelas las haviam recebido pela luneta um aumento infinito, deveria ter-se lembrado de ter afirmado alhures que a mesma luneta aumenta tudo na mesma propor   &  o. Ent      o, se aumenta numa determinada    propor  elas que percebemos a olho nu, aument ar  ar (    &  o, por exemplo c )   )  ntupla, as estr elas (   na mesma propor  &  o tamb +   +m    aquelas   estrelas bem pequenas que fogem 2  vista,  vista, quando ele as torna ev identes, identes, e por isto o aumento delas n      o ser (   (   infinito, pois   isto n      o admite propor  &  o alguma.  Em segundo lugar, quando entre vis .   .  vel e invis .   .  vel coloca --se se um aumento infinito na quantidade aparente (este, com efeito, +   o significado da palavra aumento por ele usada),  usada),   +   necess (   (  rio mostrar que entre quantidade percebida ou n      o    percebida existe uma diferen  diferen  & a infinita quantitativamente;   por por outro lado, este aumento infinito n      o ser (   (   nunca deduz ..    vel. vel.   Com efeito, se algu +   sim: "Quando alguma coisa passa do in vis  vis .   +  m raciocinasse as sim: .  vel para o vis ..    vel, ent      o aumenta   infinitamente; as estrelas passam de invis .   .  veis a vis .   .  veis; logo, aumentam infinitamente", dever-se- (   (   distinguir a premissa   maior: que aumentem infinitamente em rela  &  o 2  visibilidade  visibilidade +   aceit (   (  vel: que aumentem em rela  &  o 2  quantidade  quantidade deve ser   negado. Assim, tamb +   +  m, o que deriva disto resolve-se com   a mesma distin  &  o: aumentam em rela  &  o 2  visibilidade   visibilidade mas   n      o 2  quantidade.  quantidade. Disto resulta que o termo aumento n      o +   usado da mesma forma na tese maior e em sua deriva  &  o. Na    primeira significa aumento aumento de visibilidade e na segunda aumento de quantidade. Quanto tudo isto esteja de acordo com as leis da l  $    gica, reflita Galileu.  Em terceiro lugar, afirmo que aumento algum pode ser deduzido daqui. Com efeito, +   lei da l   $    gica que todas as   vezes que um efeito pode poss uir uir numerosas causas, +    dif   .  cil do mesmo efeito deduzir uma s $   $    daquelas causas. Por   exemplo, como o calor pode obter-se do calor, do movimento, do Sol e de outras ca usas, ca usas, dificilmente algu +   +  m poderia dizer:   "Existe calor, logo deriva do fogo". Quando, portanto, do fato de que se torna vis .   .  vel algo que antes era invis ..    vel pode    proceder de mais causas, n    pode deduzir daquela visibilidade uma /  nica ca usa. usa. E que este efeito pode ser referido a   o se   pode

 

numerosas causas, acredito que +   bem claro. Com efeito, perm anecendo anecendo o mesmo objeto imut (   (  vel, se aumentado o poder da   visibilidade em si mesma ou tirado qualquer impedimento que existir ou por meio de algum instrumento, como as lunetas, torna-se mais forte o poder ou o poder  permanece imut (   a-se mais claramente iluminado ou (  vel, o objeto mesmo torn a-se aproxima-se mais perto da vista ou, enfim, seu volume aumenta; um destes elementos  ser (   (    suficiente para produzir o   mesmo efeito. Ent     o, quando, pelo fato  de   de perceberem-se as estrelas que antes permaneciam ocultas, deduz-se que elas receberam um aumento infinito, esta teoria n    o   est (   (   bem de acordo com a regra dos l   $    gicos, pois foram deixadas de lado   outras causas das quais podia se originar o mesmo ef eito.   Com certeza n      o h (   (    motivo   por que Galileu atribua este aumento 2  luneta;  luneta; com efeito, se ele abrir  os  os olhos de uma vez por to das, das, afirmar (   rdade que todas as coisas (   com igual ve rdade aumentam infinitamente porque antes n      o se  viam e agora s      o vistas. Depois, afirma  dever-se falar s $   $   so bre bre os efeitos que se podem obter por meio da luneta, pois no texto tratava-se s $$     da luneta, e por isto  pude  pude deixar de lado as outras causas; respondo-lhe que nem isto +   suficiente para um argumento  verdadeiro.   verdadeiro. A mesma luneta, co m efeito, n      o mostra de um  

/  nico modo os objetos que sem ela n      o s      o vistos, primeiro, possibilitando a vis      o  dos objetos sob um 3  ngulo maior, dando   assim a possibilidade de v )   )-los    maiores; seg undo, undo, reunindo raios e imagens assim que ajam sobre a vis      o mais eficazmente:   uma destas coisas +   suficiente para fazer ver aquilo que antes n      o v ..    amos. Por isso n      o foi poss .   .  vel deste efeito deduzir   uma s $$   daquelas    causas.  Quarto, n     o est ((     de acordo nem com as   leis dos l    gicos que as estrelas, estrelas,   se n    $     o s      o aumentadas pela luneta, por   uma qualidade espec    fica ..     do instrumento, que se iluminem. iluminem.   A partir destes argumentos, parece que Galileu reparte adequadamente em duas partes os efeitos da luneta, como se afirmasse: "O telesc $   $ pio    ou aumenta as estrelas ou as   ilumina; n     o as aumenta, logo as ilumina ". Todavia, +   outra lei dos l    gicos aquela que   diz que nas divis 5   $   5es    em partes   devem ser inclu ..    das todas as partes a serem divididas. Mas nesta divis      o de Galileu n    o   est      o inclu .   .  dos todos os efeitos da   luneta, nem os efeitos apresentados s     prios   o pr $$      da luneta. Com efeito, a ilumina  &  o, como acredita o mesmo Galileu, n    o       pode ser efeito originado pela luneta, e ele deixou de lado tamb +   +m    a jun  &  o dos raios ou imagens, que +   caracter ..    stica    particular da luneta; sua divis      o era ent      o errada. N    o acrescen to to mais nada: mas, deixando de lado as outras coisas no momento, eu quis assinalar estas poucas que casualmente encontrei em algumas part es es do texto, para faz )   )-lo    compreender    que sua disserta  &  o possui os mesmos erros que ele reprova nos outros. Mas (fa  & oo   quest  quest      o agora de relatar uma coisa que   Galileu ainda n   o   ouviu), e se eu conseguir demonstrar que se deve atribuir 2  l    l   uneta uma prerrogativ p rerrogativaa que Galileu mesmo n      o ousa atribuir-lhe? A lune ta, ta, afirma, ou aumenta os ob    jetos ou, com uma for   & a oculta   e incr .   .  vel, os ilumina.  7   exatamente assim: a luneta ilumina mais todas as coisas luminosas. Se conseguir demonstr ar ar isto, tenho esperan  & a de   conseguir as boas gra   & as as de Galileu; atribuindo 2  sua  sua luneta   (de cujo poder de aumento ele se gloria) tamb +   +m    esta incr .   .  vel     particularidade. Pois bem, os objetos s      o aumentados pela luneta porque luneta  porque chegam aos olhos por meio de um 3  ngulo maior   do que aquele que possuem quando s      o ob servados servados a olho nu. Todas as coisas que coisas  que s      o observadas sob um 3  ngulo maior   s      o vistas, segundo o parecer dos $    pticos, como maiores. A luneta, por +   +  m, enquanto dirige  e re //  ne    quase num /  nico ponto   as imagens luminosas e os raios dispersos, toma muito mais luminoso o cone visivo ou a pir 3   3  mide luminosa atrav +   +s   da    qual v )   forma,  )  em-se os objetos, e por isto mostra os objetos atrav +   +s   de uma pir 3   3  mide mais luminosa. Ent      o, da mesma forma,   pode-se afirmar que a luneta ilumina as estrelas assim como como podemos  podemos afirmar que as aumenta. Como, pois, um 3  ngulo   maior ou menor, sob o qual v )-se uma c oisa, oisa, mostra a coisa maior ou menor, a ssim ssim a pir 3mide mais ou menos luminosa,  luminosa,  

)  

3  

 

atrav +   +s   da qual enxerga-se o corpo luminoso, mostrar (   (   igua lmente lmente o objeto com uma maior ou menor luminosidade. As experi   )  ncias e a pr $   $ pria    raz      o demonstram   com suficiente clareza como a pir 3   3  mide   $    ptica torna-se mais luminosa com o     juntar-se dos raios. A raz    o, mais ilumina o lugar     o ensina que a fonte luminosa, quanto mais +   contida em menor espa  & o, onde se encontra situada. P Por or outro lado, os raios reunidos em um /  nico lugar encerram a mesma luz num espa   & o menor e    por isto o iluminam tamb +   +  m mais. Esta mesma coisa poder (   (    esclarecer a experi   )  ncia se fi   carmos expondo ao Sol uma lente de vidro: perceberemos, ent      o, que os raios reunidos  em um /  nico lugar n      o somente queimam a madeira e derretem o   chumbo mas podem cegar a vista, por causa da luz muito brilhante. Por tudo isto afirmo ser t      o verdade que as estrelas   tornam-se iluminadas pela luneta como tomam-se aumentadas por ela. Esta nossa luneta torna-se, assim, um instrumento extremamente afortunado, pois as estrela s e o Sol, clar .   .  ssimas luzes, podem agora, por meu pr $   $ prio    merecimento merecimento,, ser   iluminadas ainda mais claramente.

 Aqui, como V. E. Ilustr $ssima pode perceber, em vez do equ $ voco  voco no qual o Pe. Grassi havia incorrido, como adverte o Sr. Guiducci, seguindo o rumo de Tycho e dos outros, Sarsi quer mostrar que eu, outro tanto ou ainda mais, havia errado no racioc $nio l%gico. Para demonstrar que o aumento do telesc%pio   o mesmo para as estrelas fixas que para outros objetos, e que este aumento n *o impercept $  vel  $vel ou nulo, como havia afirmado o padre, argumentou-se desta forma: muitas estrelas completamente invis $ veis  veis a olho nu tornam-se vis $ veis  veis com o telesc %pio; ent*o, este argumento deveria chamar-se infinito em vez de nulo. Contra isto insurge-se Sarsi, que com demoradas discuss)es esfor'ase para me tachar de p ssimo l%gico por ter eu chamado este aumento de infinito. Contra tudo isto, j "  que estou farto de sobra com todas as discuss)es das quais eu mesmo me deleitava quando ainda jovem e estudante, responderei breve e simplesmente que Sarsi parece mostrar a todo mundo aquilo que ele diz de mim, isto , pouco conhecedor de l%gica, enquanto ele considera absoluto o que   relativo. Nunca se afirmou que o aumento das estrelas fixas fosse infinito. Mas, tendo escrito o Padre ser aquele considerado nulo e havendo o Sr. M "rio avisado sobre o engano, pois uma quantidade enorme de estrelas tornam-se vis $ veis  veis depois de terem sido invis $ veis,  veis, acrescentou que este aumento haveria de ser chamado antes infinito que nulo. Quem   t*o simpl%rio assim de n*o entender que um lucro de mil sobre cem de capital possa ser chamado grande e n *o nulo, e que o mesmo lucro sobre dez de capital possa ser chamado enorme e n*o nulo, e n*o entenda que o lucro de mil sobre nada de capital possa ser chamado mais infinito que nulo? Mas quando o Sr. M "rio falou de aumento absoluto, Sarsi sabe muito bem, porque o escreveu ele mesmo em muitos lugares, que quis fazer refer ,ncia a todos os outros objetos observados com o mesmo instrumento. Assim, pois, quando aqui Sarsi quer acusar o Sr. M "rio de pouca mem%ria por n*o haver lembrado a afirma '*o feita anteriormente, isto , que o mesmo instrumento aumentava todos os objetos na mesma propor '*o, esta acusa'*o   v *. Pelo contr"rio, mesmo que sem outra refer,ncia o Sr. M"rio o tivesse chamado de infinito, eu n *o haveria acreditado na exist,ncia de algum t*o cuidadoso que lhe desse import 2ncia, sendo um modo de falar de todos os dias o uso do termo infinito em vez do termo grand $ssimo. Campo vasto ter " Sarsi em mostrar-se mais

l%gico que todos os outros escritores do mundo nos textos dos quais eu asseguro que ele encontrar " a

 

palavra infinito usada nove vezes em dez em vez de  grande ou grand   .  ssimo. ssimo.   Ainda Ainda mais, Sr. Sarsi, se o s"bio levantar-se contra o senhor e disser: " 5  infinito o n -mero dos est-pidos" 31, qual ser"  a atitude do senhor? Ficaria com esta teoria e sustentaria que esta proposi '*o   falsa, provando, at   com a autoridade das pr%prias Escrituras, que o mundo n*o  eterno e que, tendo sido criado no tempo, n *o podem existir nem ter existido homens infinitos? E n *o obstante n*o poder acontecer que esta teoria seja alguma vez poss $ vel,  vel, mesmo que todos os homens presentes, passados e at , direi, futuros fossem t*o est-pidos de afirmar uma coisa parecida, imposs $ vel,  vel, aos seres humanos, mesmo que a dura'*o do mundo fosse eterna, que eles fossem infinitos?  Voltando ao assunto, o que poderemos afirmar da outra mentira, com tanta intelig ,ncia descoberta por Sarsi, em rela '*o ao fato de n %s chamarmos aumento aquilo que se verifica num objeto que de invis $ vel  vel torna-se vis $ vel  vel por meio de telesc%pio? Isto, afirma ele, n*o pode ser chamado aumento porque o aumento pressup )e antes alguma quantidade, e aumentar n *o   outra coisa que tornar maior o que era menor. Em rela'*o a este argumento eu n*o saberia mais o que dizer que sirva de desculpa ao Sr. M"rio, sen*o que ele demonstrou ser um pouco superficial. Acreditando ele que a faculdade do telesc%pio por meio do qual ele nos apresenta aqueles objetos, os quais eram invis $ veis  veis sem ele, fosse a mesma faculdade daquela com a qual nos mostra muito maiores aqueles objetos vistos anteriormente, anteriormen te, e sabendo que esta faculdade era chamada em linguagem comum aumento da espcie ou do objeto vis $ vel,  vel, deixou-se induzir a chamar aquela faculdade com o mesmo nome. Esta faculdade, como agora nos ensina Sarsi, deveria ter o nome, n *o de aumento, mas de tr 2nsito do n*o-ser para o ser. Da mesma forma que, por exemplo, quando um %culo nos permite ler mesmo de uma grande dist2ncia aquelas letras que n *o poder $amos enxergar sem ele sen *o as mai-sculas, para falar logicamente dir $amos que os %culos aumentam as mai-sculas mas que em rela'*o 1s min-sculas as faz transitar do n*o-ser para o ser. Contudo, se n*o  poss $ vel  vel usar sem erro a palavra aumento onde n*o se suponha antes alguma coisa em ato que possa receber este aumento, ser "  que a palavra tr 3   3  nsito  ou  passagem  ser" ainda mais usada arbitrariamente por Sarsi, n*o existindo algum dos dois termos, isto ,

nem o termo de onde se saia nem o outro aonde se chegue? Mas quem sabe se o Sr. M "rio n*o fosse e n*o seja da opini *o de que dos objetos, mesmo que muito distantes, cheguem at n %s as espcies sob 2ngulos t*o agudos que permane'am impercept  $ veis  $veis ao nosso sentido, como se n *o existissem, mesmo que elas sejam de fato alguma coisa (porque, se devo manifestar meu parecer, considero que, mesmo que elas fossem nada, n *o seriam suficientes todos os

%culos do mundo para torn "-las alguma coisa); mesmo que as espcies das estrelas invis $ veis  veis sejam, n*o menos que aquelas das vis $ veis,  veis, difundidas pelo universo e que conseq 4entemente seja poss $ vel  vel tambm a respeito delas, desculpando-nos Sarsi e com plena l %gica, afirmar o aumento? Mas por que ponho eu em d- vida algo do qual tenho necessariamente prova sens $ vel?  vel? Aquela luminosidade nublada das estrelas n*o est" realmente nas estrelas, mas no nosso olho, visto que da estrela nos chega a esp cie nua

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"Stultorum inflnitus est numerus."

 

e definida. Sabemos com certeza que uma nebulosa n *o   outra coisa que um conjunto de estrelas pequenas a n%s invis $ veis;  veis; com tudo isto, n*o nos  invis $ vel  vel aquele campo que  ocupado por elas, mas se nos apresenta como uma mancha alva, originada pela jun'*o dos brilhos que circunda cada uma das pequenas estrelas. Sendo que estas irradia')es luminosas n*o est*o sen*o em nosso olho, torna-se necess"rio que cada esp cie destas pequenas estrelas exista real e distintamente no olho. Daqui podemos deduzir outra teoria, isto , as nebulosas e a Via L "ctea n*o existem no cu, mas s*o uma simples particularidade do nosso olho. Assim, pois, para aqueles que possuem uma vista t *o aguda que possam distinguir aquelas diminutas estrelas, as nebulosas e a Via L "ctea n*o se encontrariam no cu. Estas conclus)es, at agora nunca afirmadas por outros, acredito que n *o deveriam ser admitidas por Sarsi, e acredito que ele gostaria muito que o Sr. M "rio tivesse errado ao chamar aumento aquilo que para Sarsi deveria ser chamado tr 2nsito do ser para o n *o-ser. Mas, seja o que for, eu tenho a permiss *o do Sr. M"rio (para n*o criar novas brigas) de conceder a Sarsi a vit%ria completa desta discuss*o e de tudo aquilo que deriva de posi')es semelhantes onde Sarsi se contentar que a descoberta das estrelas fixas invis $ veis  veis possa ser chamada aumento infinito em rela'*o ao vis $ vel  vel mas n*o em rela'*o 1  intensidade. Tudo isto lhe seja concedido com a condi '*o de que nos conceda que as estrelas invis $ veis  veis e vis $ veis,  veis, mesmo crescendo da forma que a S"rsi agrada mais, cres'am porm de uma maneira que tornem totalmente falsas as afirma')es de seu Mestre, que escreveu que elas n*o aumentavam de forma alguma. Sobre tudo isto fundamentava-se a terceira das raz )es com as quais ele tinha come 'ado a demonstrar a primeira proposi'*o de seu tratado, isto , o lugar do cometa. Mas, o que dever $amos n%s responder ao outro erro, tamb m de l%gica, que Sarsi nos atribui?  Apresentamos este erro e depois assumiremos as opini )es que nos parecerem mais oportunas. Sarsi, n*o satisfeito de haver demonstrado como o conhecimento, j" in-meras vezes mencionado, das estrelas fixas invis $ veis  veis n*o deve ser chamado aumento infinito, passa a provar que a afirma '*o de que este aumento proceda do telesc%pio   um grave erro de l %gica, cujas leis querem que, quando um efeito pode originar-se de causas m-ltiplas,  muito dif  $cil originar-se um efeito de uma -nica causa. Poder ver agora aquilo que antes n*o se podia ver  um dos efeitos que podem depender de numerosas causas, alm daquela do telesc%pio, como demonstra claramente Sarsi, citando-as umas depois das outras; e todas estas causas haviam de ser removidas, mostrando como elas n *o eram separadas do ato que nos permitia ver por meio do telesc %pio as estrelas invis $ veis.  veis. Assim o Sr. M "rio, para fugir da acusa'*o de Sarsi, em primeiro lugar devia demonstrar que o encostar o telesc%pio no olho n*o era um aumentar em si e por si o poder visivo (que  tambm uma causa por meio da qual, sem outro aux $lio, pode-se ver aquilo que antes n*o era poss $ vel);  vel); em segundo lugar, devia demonstrar que a mesma aplica '*o n*o era tirar as nuvens, as "rvores, os telhados ou os outros empecilhos intermedi"rios; em terceiro lugar, devia demonstrar que n*o era poss $ vel  vel servir-se de um par de %culos comuns (estou, como V. E. Ilustr $ssima pode ver, relatando todas as causas colocadas pelo pr %prio Sarsi, sem mudar nada); em quarto lugar,

devia demonstrar que tal procedimento n*o  iluminar o objeto mais claramente; em quinto lugar, devia

 

mostrar que este procedimento n*o traz as estrelas 1 Terra ou nos leva ao c u, assim que o intervalo diminua; em sexto lugar, devia demonstrar que o efeito n *o consiste em faz,-las inchar, de modo que, aumentadas, tornem-se vis $ veis;  veis; em stimo lugar, devia mostrar que este n*o   um abrir os olhos fechados: a')es todas, cada uma das quais (e especialmente a -ltima)   suficiente para nos mostrar aquilo que antes n%s n*o v  $amos. Sr. Sarsi, eu n*o sei o que lhe dizer, sen*o que discute brilhantemente. Somente sinto que todas estas acusa ')es recaiam todas sobre vosso Mestre, sem tocar de forma alguma no Sr. M"rio ou em mim. Eu vos pergunto se algumas destas causas por v %s relatadas como aptas a fazer-nos ver aquilo que sem elas n *o se poderia ver, como, por exemplo, aproxim "-lo, interpor vapores ou cristais, etc, pergunto-vos se alguma destas causas pode produzir o efeito de aumentar os objetos  vis $ veis,  veis, assim como faz o telesc %pio. Creio que responder $eis que sim. Ent *o acrescentaria eu que este comportamento comportam ento seria uma manifesta acusa'*o de ilogicidade para com o vosso Mestre que, falando em geral para todo o mundo, reconheceu o aumento da Lua e de todos os outros objetos como obra caracter $ $stica do telesc%pio, sem excluir alguma das outras causas, como, segundo vossa opini *o, teria obriga'*o de fazer. Obriga'*o esta, porm, que n*o toca ao Sr. M"rio, uma vez que, falando exclusivamente com o vosso Mestre e n*o mais a todo o mundo, e querendo mostrar falso aquilo que ele havia afirmado sobre o efeito deste instrumento, considerou-o (nem podia proceder diferentemente) diferentemente) da mesma forma que seu opositor. A vossa acusa '*o de l%gico inexperiente recai tanto mais gravemente sobre vosso Mestre porque ele, em outra ocasi*o muito importante, transgrediu esta lei, isto , deduzir a circula'*o da apar,ncia do movimento reto atrav s da m"xima circunfer,ncia, podendo ser causa do mesmo efeito o movimento realmente reto e qualquer outro movimento realizado no mesmo plano do olho, de cujas tr,s causas podiam duvidar com muita raz*o tambm os homens extremamente sensatos.  At o vosso pr%prio Mestre, segundo vossas palavras, aceitou o movimento oval ou mesmo irregular. Porm, duvidar se alguma das vossas sete causas acima mencionadas pudesse verificar-se na apari'*o de estrelas invis $ veis,  veis, enquanto que com o telesc%pio s*o observadas, se me for permitido falar livremente, n*o acredito que pudesse ser cogitado, a n*o ser por pessoas extremamente simples. Neste grupo, porm, Ilustr $ssimo Senhor, n*o entendo por que colocar Sarsi; pois, mesmo que ele tenha se deixado levar por esta teoria, todavia, percebe-se bem claro que n *o falou sinceramente32, porquanto no fim quase que ele aceita em conceder que, sendo causa relativa ao telesc %pio, pudessem ser deixadas de lado todas as outras causas. No entanto, concedendo isto abertamente, destruiu a acusa'*o anterior e o conceito que pudesse talvez ter influenciado algum de seus leitores de eu ser um pssimo l%gico; para evitar tudo isto, acrescenta que tal coisa  suficiente para uma exata argumenta '*o. E a raz*o de o telesc %pio n*o apresentar aquilo que se via sob um -nico aspecto mas em dois : o primeiro consiste em levar o objeto aos olhos sob um 2ngulo maior para permitir que apare 'a maior; o outro consiste em unir os raios e as esp cies onde operem com mais efic "cia. Como um s% dos dois   suficiente para tornar manifesto aquilo que antes n*o se percebia, n *o se deve deduzir deste efeito uma

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"Ex corde."

 

-nica causa. Estas s *o as suas exatas palavras das quais n*o saberia penetrar no seu sentido s entido  $ntimo, pois ele generaliza demais quando deveria especificar mais, podendo sua declara'*o ser entendida de muitos modos, dos quais aquele que   por acaso o primeiro a ocorrer na mente cont m uma contradi'*o manifesta. Com efeito, apresentar os objetos sob 2ngulo maior, para aparecerem maiores, resulta ser um efeito contr"rio ao estreitar-se dos raios e esp cies, porque, sendo os raios aqueles que conduzem as espcies, n*o aparece claro de que forma, em conduzi-las, se estreitem e ao mesmo tempo realizem um

2ngulo maior. E se Sarsi imaginava um outro modo por meio do qual os raios pudessem, juntando-se, formar um 2ngulo maior (coisa que eu n *o nego que possa por acaso ser verdade), devia declar "-lo e distingui-lo do outro, para n*o deixar o leitor em d- vidas e equ $ vocos.  vocos. Mas, aceitando por enquanto que o telesc%pio tenha estas duas formas de operar, eu gostaria de saber se ele trabalha sempre com ambas simultaneamente ou uma vez com uma e outra vez com outra separadamente; assim, quando ele se serve do aumento do 2ngulo deixa de lado a conjun'*o dos raios, e quando estreita os raios deixa o

2ngulo em sua quantidade anterior. Se ele opera simultaneamente com ambos os meios,   grande ingenuidade de Sarsi, que acusa o Sr. M "rio por n*o ter aceito e citado um e exclu $do o outro. Porm, se ele opera com um s %, tambm errou Sarsi em n*o o mencionar, excluindo o outro, e mostrar que quando n%s olhamos para a Lua, por exemplo, que aumenta enormemente, ele opera com o aumento do 2ngulo, mas quando se olha para as estrelas o 2ngulo n*o aumenta mas somente juntam-se os raios. Eu, naquilo que posso testemunhar de verdade, por ter infinitas vezes, ou melhor, muit $ssimas vezes olhado com este instrumento, n*o pude perceber diversidade alguma em seu modo de operar, pois acredito que ele opere sempre da mesma maneira, e assim eu penso que Sarsi acredite o mesmo. Para que isto se verifique, toma-se necess"rio que as duas opera ')es, o aumento do 2ngulo e o juntar-se dos raios, verifiquem-se juntas. Isto coloca completamente fora de quest*o a oposi'*o de Sarsi. Porque   bem verdade que, quando um efeito que pode depender de mais causas separadamente, outros fazem derivar uma particular, cometendo um erro; mas, quando as causas s *o entre elas insepar" veis, assim que necessariamente verifiquem-se sempre todas, pode-se arbitrariamen arbitrariamente te deduzir aquilo que se quer, porque todas as vezes que o efeito est "  presente a causa tamb m est"  presente. Assim, para dar um exemplo, quem afirmasse "Fulano acendeu o fogo, logo, serviu-se do espelho ust%rio" erraria, podendo o acender do fogo ser efeito do bater de um ferro, da espingarda e da isca, da fric'*o de dois paus e de outras causas. Mas quem afirmasse "eu escutei o vizinho acender o fogo batendo" e acrescentasse "ent *o ele possui uma pedra", sem raz *o seria ele repreendido por quem opusesse o argumento que, participando de tal opera '*o, alm da pedra, a espingarda, a isca e o f %sforo, n*o era poss $ vel  vel logicamente deduzir definitivamen definitivamente te a pedra. E assim, se o aumento do 2ngulo e a uni*o dos raios participam sempre da opera '*o do telesc%pio, de cujas opera')es uma   fazer ver o invis $ vel,  vel, por que deste efeito n *o se pode inferir qual das duas causas mais agrada? Acredito penetrar em parte no pensamento de Sarsi que, se n *o estou enganado, gostaria que o leitor acreditasse naquilo

que ele mesmo n*o acredita em absoluto, isto , que o poder ver as estrelas que antes eram invis $ veis  veis

 

derivasse n*o do aumento do 2ngulo mas da uni*o dos raios; pois se fizeram vis $ veis  veis n*o porque sua espcie se tornasse maior, mas porque os raios se tornaram mais fortes. N *o quis, porm, revelar abertamente porque s*o demais contra ele as outras raz )es do Sr. M"rio silenciadas por ele, e em particular aquela que faz perceber os espa 'os entre uma estrela e outra na mesma percep'*o que os objetos aqui embaixo, cujos espa 'os n*o deveriam aumentar nada se as estrelas tamb m n*o aumentassem, sendo esses espa 'os t*o distantes de n%s como as estrelas. Mas, para acabar com o assunto, tenho certeza de que quando Sarsi resolver se manifestar sobre como entende estas duas opera')es do telesc %pio, isto , da conjun'*o dos raios e do aumento do 2ngulo, haver" de declarar n*o somente que eles ocorrem sempre juntos mas que nunca acontece de poder juntar os raios sem aumentar o 2ngulo e que eles todos s*o a mesma coisa. Se ele tivesse uma outra teoria, teria que mostrar que o telesc%pio, algumas vezes, junta os raios sem aumentar o 2ngulo e que isto se verifica justamente na contempla'*o das estrelas fixas. Isto ele nunca poder " mostrar, porque  uma v * quimera, ou, para falar mais francamente ainda, uma falsidade. Eu n*o acreditava, meu Ilustr $ssimo Senhor, ter que gastar tantas palavras com estas superficialidades, mas, j" que foi feito o maior, vamos fazer o menor. E quanto 1 outra acusa'*o, de transgredir as leis da l %gica, na divis*o dos efeitos do telesc %pio, o Sr. M"rio colocou l" um que n*o existe e passou por cima do outro que devia ser colocado, quando disse: o telesc $   $ pio    torna vis .   .  veis as estrelas,  estrelas,   quer aumentando as suas suas esp +   +cies,    quer iluminando-as,  iluminando-as, em vez de dizer: aumentando ou juntando as esp +   +cies    e os raios,  raios, 

como queria Sarsi que fosse dito. Respondo que o Sr. M "rio nunca teve a inten'*o de operar uma divis*o a respeito daquilo que  uma coisa s%, isto , a opera'*o do telesc%pio em representar-nos os objetos, como eu e ele acreditamos. E quando o Sr. M "rio afirmou: "Se o telesc%pio n*o nos torna  vis $ veis  veis as estrelas aumentando-as,   necess"rio que as ilumine de alguma forma", n *o introduziu a ilumina'*o como efeito aceito, mas o contrap+s ao outro, para que sobressa $sse mais sua verdade; e esta

 uma forma de se falar muito usada, como quando se diz: "Se os inimigos n *o subiram a montanha,   necess"rio que eles tenham ca $do do cu". Se Sarsi acredita mesmo poder com louvor se opor a esta forma de falar, abre-se outra porta para ele, al m daquela acima mencionada relativa ao infinito, de triunfar em duelo de l%gica sobre todos os escritores do mundo. Cuide, porm, que em querer aparecer como grande l%gico n*o apare'a como um grande sofista. Parece-me ver V. E. Ilustr $ssima quase sorrir, pensando: Mas que quer este aqui? Sarsi tinha resolvido escrever opondo-se ao texto do Sr. M "rio, e para isto teve necessariamente que se agarrar a qualquer argumento. Eu, por mim, n *o somente o desculpo mas o louvo, e parece-me que ele tenha feito o imposs $ vel.  vel. Mas, voltando ao assunto, j" est" claro que o Sr. M"rio n*o colocou a ilumina '*o como efeito originado do telesc %pio. E que mais? O pr%prio Sarsi admitiu t,-lo colocado como efeito imposs $ vel.  vel. Ent*o ele n*o dividiu seu pensamento daquele do Sr. M"rio, porque n*o existe divis*o. Depois, no que diz respeito 1  uni*o das espcies e dos raios, lembrada por Sarsi como parte n*o considerada pelo Sr. M"rio, seria %timo que Sarsi especificasse de

que forma esta segunda opera'*o  diferente da primeira, porque n %s at agora a entendemos como

 

igual. E quando tivermos certeza de que as duas s*o diversas, ent*o compreenderemos ter errado; mas o erro n*o ser" de l%gica no dividir mal, mas de perspectiva por n*o ter percebido bem todas as fun')es do instrumento. Quanto 1 conclus*o, onde Sarsi afirma n *o querer por ora relatar erros al m daqueles poucos encontrados por acaso numa parte s %, deixando de lado os outros, eu, antes de tudo, agrade 'o a Sarsi pela piedosa afei'*o para conosco; depois alegro-me com o Sr. M"rio, o qual pode ter certeza de n*o ter cometido no texto todo m $nima falha de racioc $nio l%gico. Pois, mesmo que Sarsi afirme que existem ali muitos outros, todavia creio ao menos que estes, relatados e descobertos por ele, tenham sido considerados os maiores; deixo agora para ele julgar a qualidade e as conseq 4, 4,ncias produzidas pelos outros.  Vou considerar finalmente a -ltima parte, onde Sarsi, para me fazer um grande favor, quer enobrecer o telesc%pio como uma admir" vel condi'*o e faculdade de iluminar os objetos que podemos observar por meio dele, como tamb m de nos aumentar estes mesmos objetos. Mas, antes de proceder, quero agradecer-lhe pelo seu afeto, porque duvido que sua s ua obje'*o tenha muito resultado depois de ter investigado a for'a de sua demonstra'*o, demonstra'*o que me parece ser esta, apesar de o autor, ao explic"-la, ir, n*o sei por que, emaranhando-a e replicando sempre as mesmas opini )es. O telesc%pio representa os objetos em forma maior porque os apresenta sob um 2ngulo maior do que quando s*o observados sem aquele instrumento. O mesmo telesc %pio, quase restringindo a um ponto as esp cies dos corpos luminosos e os raios esparsos, toma o cone visivo, isto , a pir2mide luminosa, por meio da qual podem ser observados os objetos enormemente mais brilhantes; por isto, os objetos igualmente brilhantes se nos apresentam aumentados e iluminados com uma luz maior. Depois, o fato de que a pir2mide %ptica se torne mais brilhante pelo restringir-se dos raios,  provado pela raz*o e pela experi ,ncia. Com efeito, a raz*o nos ensina que a luz recolhida num espa 'o menor deve necessariamente ilumin"-lo mais; e a experi ,ncia nos demonstra que colocada uma lente cristalina ao Sol, no ponto onde os raios se encontram, n *o somente a lenha se queima mas o chumbo derrete e a  vista perde a vis*o; pelo que se conclui novamente poder-se afirmar com igual verdade que o telesc%pio ilumina as estrelas e as aumenta. Em recompensa da delicadeza e da bondade que teve Sarsi em exaltar e enobrecer muito este admir" vel instrumento instrumento,, eu n*o posso fazer outra coisa que consentir, por enquanto, com todas as proposi ')es e experi,ncias acima mencionadas. Porm, muito me entristece ver que serem elas  verdadeiras lhes  mais prejudicial que serem falsas. A principal conclus *o que devia ser demonstrada por meio delas   de todo falsa e nem acredito que possa existir possibilidade de sustentar que n *o peque em l%gica aquele que de proposi ')es verdadeiras deduz uma conclus*o falsa. 5  verdade que o telesc%pio aumenta os objetos colocando-os sob um 2ngulo maior; verdadeira  a prova que nos d*o os pesquisadores de perspectiva; nem  menos verdadeiro que os raios da pir 2mide luminosa quanto mais

est*o juntos mais a tornam brilhante, assim como os objetos observados por meio dela;  verdadeira a

 

raz*o apresentada por Sarsi, isto , que a mesma intensidade de luz num espa 'o menor ilumina mais; finalmente,   verdadeira a experi,ncia da lente que, juntando-se os raios solares, queima e cega. 5, porm, falso que os objetos luminosos se nos apresentem mais brilhantes com o telesc %pio que sem ele, pelo contr"rio, vemo-los mais escuros. Se Sarsi, ao observar por exemplo a Lua com o telesc %pio, tivesse aberto o outro olho e com este livre tivesse olhado a mesma Lua, teria podido comparar sem esfor'o o brilho da Lua maior, vista pelo instrumento, com a menor, vista a olho nu. E observando este fen+meno teria com certeza escrito que a luz vista a olho nu era muito maior que a outra. Extremamente clara , ent*o, a falsidade da conclus*o: falta agora mostr "-la falsa mesmo de premissas verdadeiras. Parece-me que aqui aconteceu a Sarsi aquilo que aconteceria a um comerciante, o qual, ao verificar em seus livros sua situa'*o, ficasse lendo s%  o lado do haver e ficasse assim persuadido de ser bem rico, conclus *o que  exata se n*o existisse a outra parte, isto , aquela do dever.

5 verdade, Sr. Sarsi, que a lente, isto , o vidro convexo, junta os raios e por isto multiplica a luz e favorece vossa conclus*o. Mas, onde o senhor deixa o vidro c+ncavo, que no telesc%pio  a contralente e  a mais importante por ser aquela onde se fixa o olho e atrav s da qual passam os -ltimos raios e  o

-ltimo balan'o do haver e dever? Se a lente convexa junta os raios, n *o sabe que o vidro c+ncavo os amplia e forma o cone inverso? Se tivesse experimentado receber os raios atrav s de ambos os vidros do telesc%pio, como observou aqueles que resultam da refra'*o de uma -nica lente, teria percebido que onde eles se juntam num ponto v *o ampliando-se sempre mais ao infinito, ou, para dizer melhor, a um espa'o enorme. Esta experi ,ncia pode facilmente ser comprovada receben recebendo do sobre uma folha de papel a imagem do Sol, como quando se desenham suas manchas, e sobre este papel, conforme ele se afaste sempre mais da extremidade do telesc%pio, sempre maior circunfer,ncia realiza o cone dos raios solares, e quanto maior ele se torna tanto menos luminoso ele se torna em compara'*o com o restante da folha onde pousam os raios livres do Sol. E como o senhor n *o tivesse conhecido esta e qualquer outra experi,ncia, me  dif  $cil acreditar que nunca escutou dizer que os vidros c+ncavos, quanto maior mostram um objeto, o que   verdade, mais escuro o mostram. Como afirma, ent*o, com a mesma intensidade a a'*o do telesc%pio de aumentar e de iluminar? Sr. Sarsi, deixe de procurar exaltar este instrumento com estas suas novas faculdades t *o admir" veis, se n *o quer faz,-lo desprezar por aqueles que at agora pouco o estimaram. E sabe que na minha exposi '*o aceitei como verdadeira uma opini*o sua que  falsa, isto , que a luz refor'ada mediante a jun'*o dos raios torne o objeto mais brilhante. Seria verdade isto quando esta luz reca $sse sobre o objeto, mas ela se dirige para o olho, coisa esta que produz o efeito contr"rio; assim, alm de ofender a vista, torna o meio mais luminoso e o meio mais luminoso faz aparecer (como acredito que saiba) os objetos mais escuros; esta  a -nica raz*o por que as estrelas aparecem mais brilhantes 1 medida que a noite fica mais escura, e no clarear tornam-se mais foscas. Estas coisas, como V. E. Ilustr $ssima pode ver, s*o t*o manifestas que n*o me deixam acreditar poder ser desconhecidas por Sarsi. Creio que ele, em vez de mostrar a agilidade de seu racioc $nio, haja

preferido mostrar um paradoxo, em vez de pensar que esta fosse mesmo a opini *o dele. E sua -ltima

 

conclus*o me firma nesta minha opini*o, porque, para mostrar (acredito eu) que estava brincando, termina com estas palavras:  Afirmo ent      o que se pode acreditar ser verdade que o telesc $    pio ilumina as estrelas da   mesma forma que ele as aumenta.  V. E. Ilustr $ssima sabe muito bem que ele e seu Mestre afirmam sempre, e

afirmam ainda agora, que ele n *o as aumenta nada: conclus*o que Sarsi se esfor'a por sustentar ainda, como podemos perceber naquilo que segue.  Apresso-mee em passar ao terceiro argumento, que acredito dever relatar 13. Leia ent*o V. E. Ilustr $ssima:  Apresso-m com suas pr $   $ prias    palavras, para que todo  mundo  mundo entenda qual foi, depois de tudo, a coisa pela qual Galileu considera-se t      o veementemente ofendido. A situa  &  o +   esta: "Daquela conclus      o deduz, em tercei  ro lugar, que o cometa observado pela luneta n   o   sofreu aumento algum; por longa experi   )  ncia encontrou-se e mostrou-se tamb +   +m    atrav +   +  s da $    ptica que tudo   aquilo que se olha atrav +   +  s deste instrumento aparece maior do  que  que aquilo que aparece a olho nu, obedecendo obedecendo por +   +m    2  lei  lei de    que aparece t     o menos aumentado pela luneta quanto mais long e se encontra do olho; por isto, as estrelas fixas, muito longe de n $   $  s, n   o   recebem da luneta nenhum aumento sens ..    vel  . Como, pois, o cometa pareceu aumentar s $   $   um pouco, ser (   (    necess (   (  rio consider ((  -lo    muito mais longe   de n $$  s   do que a Lua, mostrando-se esta, uma esta, uma vez observada pela luneta, muito maior. Sei, por +   +  m, que este argumento teve pouco valor para al    gumas pessoas; mas pode ser que que eles investigaram pouco os  princ  pios ..     $    pticos, os quais d     o muita for  & a ao mesmo argumento que quer mostrar que n $   $  s temos raz      o ". Sobre este    ponto devo, antes de tudo, explicar por que tal argumento foi colocado em nosso Discurso: n      o gostaria, com efeito, que   ele fosse considerado mais importante pelos outros que por mim: nem somos daqueles que enganam os compradores mas vendem as pr $   $ prias    mercadorias pelo pre  & o que valem.  Meu Mestre recebeu not  not .   os ilustres, entre os quais .  cias de muitas partes da Europa  sobre observa  &5  es de astr 6   6nom     os n    smo no fim, que o cometa por ele obse rvado rvado atrav +     o havia ningu +   +  m que n   o   acrescentasse, me smo +  s de uma luneta bastante   comprida n   o   tivesse tido um certo aumento; desta observa  &  o deduziam que era necess (     da   (  rio coloc (   (  -lo ao menos al +  m Lua. E discutindo sobre a quest      o, bem como sobre as outras, n      o faltou quem aberta e livremente afirmasse que a este   argumento n   o   era necess ((    rio prestar f +    ,  ,    porque a luneta oferece aos olhos s $   $    apar )   )ncias    e ilude o esp ..    rito com v (   (  rias   imagens. E assim como n      o mostra exatamente e sem enganos nem as coisas que olhamos de perto, assim n   o poder (   (    mostrar outras coisas a n     o ser as que est      o muito longe de n $$  s.   Ent      o como nos parecia ter concedido algo 2 s observa  &5  es   dos amigos e hav .   .  amos reprovado a ignor 3   3  ncia daqueles que n      o consideravam de nenhum valor a luneta, consideramos   oportuno colocar em terceiro lugar este argumento e acrescenta r as /  ltimas palavras que Galileu afirma t )   )-lo    ofendido, na   esperan   & a de merecer antes elogio que reprova  &  o, em defender da   cal  /  nia dos invejosos esta luneta que, se n      o +   seu filho,  filho,  com certeza +    seu disc  pulo. ..     Al   +  m disso, a estima  &  o que   n $$  s   t ..    nhamos por este argumento podia facilmente ser   compreendida, penso eu, pelo fato exposto em poucas palavras e aridamente; enquanto que os dois precedentes haviam sido desenvolvidos mais longa e pormenorizadamente. Nem isto passou despercebido a Galileu, par a par a dizer as coisas como s      o   na realidade. Com efeito, soubemos que ele havia se chocado com aquele argumento porque acreditava que com aquelas  palavras se quisesse atacar a ele somente. Meu mestre preocupou-se em fazer chegar a seu conhecimento, por meio de amigos, que pensamento algum havia sido t      o estranho 2   sua mente quanto aquele de prejudic (   (  -lo com palavras ou   escritos; mesmo que Galileu most rasse rasse 2  queles por meio dos quais   soube estas coisas esp ..    rito tranq 44  ilo    e satisfeito com as  

 palavras deles, preferiu preferiu contudo, depois depois,, qua nto nto p 66  de,    perder um amigo do que uma opini    o.

 

Em rela'*o 1s coisas aqui expostas, apresenta-se 1  minha considera'*o, em primeiro lugar, a raz*o pela qual Sarsi tenha escrito sobre eu haver lamentado muito a posi '*o do Pe. Grassi referente a mim. Pois no texto do Sr. M "rio n*o aparece nem sombra de queixas minhas e jamais com algu m nem comigo mesmo lamentei, mesmo que tivesse havido raz)es para lamentar. Acho que mostraria grande ingenuidade aquele que lamentasse que homens de grande renome possu $ssem opini)es contr"rias 1s suas, mesmo que ele tivesse a possibilidade de poder mostrar ser verdadeiras e evidentes, como aconteceu comigo. Por isso, n *o encontro outra explica'*o a n *o ser que Sarsi, com estas suas palavras enganadoras, tenha querido esconder, n *o sei por que, motivos particulares que o levaram a ir contra mim. Disto me queixei um pouco porque teria gostado mais de ter aproveitado este tempo em algum outro estudo do meu gosto. Que o Pe. Grassi n*o tivesse inten '*o de me ofender ao considerar pouco inteligentes aqueles que desprezavam o argumento resultante do pouco aumento do cometa por meio do telesc %pio, o acredito com Sarsi; porm, havendo eu j " declarado encontrar-me naquele n -mero de pessoas, deviame ser permitido apresentar minhas raz )es de defender minha causa, especialmente sendo ela justa. Quero ainda admitir com Sarsi que seu Mestre com boa inten'*o sustentasse aquela opini *o, acreditando guardar e aumentar a reputa'*o e o valor do telesc%pio contra as cal-nias daqueles que o consideravam fraudulento e enganador em %ptica, e procuravam assim despoj "-lo de suas in-meras qualidades. Em rela'*o a isto, parece-me ser boa e louv " vel a inten'*o do Padre, porm a escolha e a qualidade da defesa parecem-me ruins e danosas enquanto querem defender, contra a falsidade dos maldosos, os verdadeiros efeitos do telesc %pio atribuindo-lhe outros efeitos errados. Este n *o me parece um bom argumento para persuadir da nobreza deste instrumento. Portanto, permita Sarsi desculpar-me se n*o me apresento com aquela abund2ncia que talvez pare'a a ele conveniente, como se eu tivesse obriga '*o para com as novas qualidades e honras atribu $das a este instrumento. E com que raz*o pretende ele que deve aumentar em mim a obriga'*o e a afei'*o para com eles por causa dos v *os e falsos atributos, enquanto eles, porque com minhas afirma ')es verdadeiras os tiro do engano, condenam-mee a perder a sua amizade? condenam-m Segue, depois, e n *o sei com quanta oportunidade se chame o telesc %pio disc $pulo meu e se chegue a descobri-lo at  como sendo meu filho. O que faz, Sr. Sarsi? Enquanto tenta fazer-me interessar pelas grandes obriga')es, pelos benef  $cios feitos 1quele que eu considerava meu filho, afirma que n*o  nada mais que um disc $pulo? Que ret%rica  a sua? Tinha antes acreditado que em tal ocasi *o tivesse tentado apresent"-lo como meu filho, quando estava bem certo de que n*o era. Qual parte eu tenha no descobrimento deste instrumento, e se eu possa com raz *o cham"-lo produ'*o minha j "  h"  33 

muito tempo o esclareci em meu  Aviso Sidereo  , escrevendo como a Veneza, onde me encontrava naquele tempo, chegou a not $cia de que um holand,s havia apresentado ao Sr. Conde Maur $cio34 uma 33

34

O texto Avviso Sidereo  conhecido tamb m com o nome Sidereus Nuncius ou Nunzio Sidereo.  Trata-se do Conde Maur Maur $cio de Nassau, staatholder da Holanda, Pr $ncipe de Orange desde 1618.

 

luneta com a qual as coisas long  $nquas percebiam-se t*o perfeitamente como se estivessem bem perto; nada mais foi acrescentado. Voltando a P "dua, onde me havia estabelecido, comecei a raciocinar sobre este relato e na primeira noite depois de minha volta achei uma solu '*o. No dia seguinte fabriquei o instrumento e comuniquei o acontecido em Veneza aos mesmos amigos com os quais no dia anterior eu havia discutido sobre este problema. Dediquei-me logo 1 constru'*o de outro mais perfeito que seis dias depois levei para Veneza, onde, com grande admira '*o minha, foi observado por quase todos os principais gentis-homens daquela rep -blica, por mais de um m,s em seguida, com grande aborrecimento meu. E, por conselho de um meu aficionado mecenas, apresentei-o ao Pr $ncipe, em pleno Colgio, de cuja estima e admira'*o s*o testemunhas as cartas ducais que ainda eu possuo e que mostram a grandiosidade daquele Pr $ncipe Seren $ssimo, confirmando-me para a vida inteira, em recompensa da inven'*o apresentada, no cargo de leitor no Estudo de P"dua, com ordenado duplicado em rela'*o 1quilo que eu recebia antes, que era j " tr ,s vezes mais do que qualquer outro ordenado de qualquer outro dos meus predecessores; Todos estes acontecimentos, Sr. Sarsi, n *o se passaram num bosque ou num deserto, mas em Veneza, onde, se o senhor s enhor tivesse permanecido, n*o teria me chamado de simples mentiroso. Por gra'a divina, vive ainda l" a maior parte daqueles senhores, bem cientes de tudo, por meio dos quais o senhor pode ser bem informado. Pode ser que algum afirmasse ser de bastante ajuda, para solucionar qualquer problema, ficar ciente antecipadamente da verdade da conclus*o e ficar certo de n*o estar procurando o imposs $ vel,  vel, e que por isso o conhecimento e a certeza de que a luneta havia j " sido constru $da foram-me de tanta ajuda que sem eles eu n*o a teria talvez encontrado. Respondo a isto dizendo que a ajuda oferecida pelo conhecimento da exist ,ncia do telesc%pio me impulsionou a pensar sobre o assunto, porque pode ser que sem ele eu nunca teria pensado nisto; por m, que o conhecimento de sua exist ,ncia possa ter facilitado minha inven'*o, n*o acredito; e afirmo mais, que encontrar a solu '*o de um problema j"  marcado e conhecido  obra de racioc $nio muito maior do que daquele que  necess"rio para encontrar a solu'*o de um problema ainda n *o pensado nem conhecido, pois naquela hip %tese pode haver influ,ncia do acaso em grande parte, mas nesta -ltima  obra do desenvolvimento l%gico. E estamos certos de que o holand,s, primeiro inventor do telesc%pio, era um simples fabricante de %culos comuns, que, casualmente manuseando v "rios tipos de vidros, encontrou, ao olhar ao mesmo tempo atrav s de dois deles, um convexo e outro c+ncavo, colocados a dist2ncias diferentes do olho, e desta forma  verificou e observou o efeito derivado, e inventou o %culo. Eu, porm, empolgado por este invento, encontrei a mesma coisa, mas por continuidade l %gica; e porque esta continuidade l%gica   bastante f "cil, quero explic"-la a V. E. Ilustr $ssima para que, relatando-a se for o caso, ela possa com a sua facilidade tornar mais crdulos aqueles que, como Sarsi, querem privar-me daquele louvor, qualquer que ele seja, que me pertence. Meu racioc $nio l%gico foi ent*o este: este %culo ou consta de um -nico vidro ou mais de um;

n*o pode se originar de um -nico vidro porque ou a sua figura resulta convexa, isto , mais espessa no

 

meio do que na orla, ou resulta c +ncava, isto , mais fina no meio, ou resulta ser compreendida entre superf   $cies paralelas. Porm, esta -ltima n*o altera em nada os objetos vis $ veis  veis aumentando-o aumentando-oss ou diminuindo-os; a c +ncava os diminui e a convexa os aumenta suficientemente, mas os faz aparecer indistintos e esfuma'ados; portanto, um vidro s% n*o pode produzir este efeito. Tomando-se ent*o dois  vidros, e sabendo que o vidro de superf   $cies paralelas n*o altera nada, como acabamos de dizer, conclu $mos que este efeito n*o podia ser produzido pela jun '*o de um destes com qualquer um dos outros dois. Assim, restringi-me a experimentar aquilo que produzia a composi'*o dos outros dois, isto

, do convexo e do c +ncavo; percebi, assim, que solucionava meu problema. E o progresso relativo ao meu invento foi t*o grande que n*o me foi de ajuda conhecer a verdade da conclus *o. Porm, se Sarsi ou outros pensam que a certeza da conclus*o seja de grande ajuda para produzir um determinado efeito, leiam eles as hist %rias onde encontrar*o que Arquita35  produziu uma pomba voadora, Arquimedes, um espelho que ardia a enorme dist 2ncia e outras maquinarias extraordin"rias, que foram acesas luzes perptuas e cem outras conclus)es estupendas. Raciocinando a respeito disto, poder *o, sem muito esfor'o e com grande honra e utilidade, encontrar o sistema de constru '*o ou, se ao menos isto n *o se  verificar, tirar*o o benef  $cio de esclarecer melhor que a facilidade que eles se prometiam em conhecer antecipadamente a verdade do efeito era muito menor do que aquilo que acreditavam. Mas quero voltar 1quilo que em seguida escreve Sarsi para evitar ser for 'ado a afirmar que o argumento sobre o m $nimo aumento dos objetos muito remotos n *o vale nada, porque  falso. Afirma que este mesmo argumento n*o foi muito bem aceito, sendo claro isto porque seu Mestre falou a prop%sito com muita brevidade, enquanto os outros dois argumentos aparecem completos e amplos, sem economia de palavras. Assim posso afirmar que n*o   pela abund2ncia mas pela efic "cia das palavras que se deve argumentar a estima que os outros possuem das coisas relatadas. Como todo mundo sabe, existem demonstra')es que por pr%pria natureza n*o podem desenvolver-se sem abund2ncia de explica')es, e outras cuja abund 2ncia de explica')es resultaria de  todo suprflua e ma'ante. E aqui, se devemos observar as palavras, o argumento foi relatado com palavras suficientes para uma explica'*o clara e perfeita. Mas, al m disso, o pr%prio Pe. Grassi, escrevendo que tal argumento, como claramente se deduz dos princ $pios %pticos, possui uma for 'a muito grande de convencimento, nos mostra tamb m claramente quanta import2ncia ele lhe atribuiu. Quero admitir com Sarsi que esta import2ncia tenha sido internamente pouqu $ssima, e este racioc $nio leva-me n*o 1  brevidade da explica'*o, mas a outro racioc $nio muito mais s%lido, isto , que o Pe. Grassi procura demonstrar que o lugar do cometa h" de ser bem long  $nquo; recebendo do telesc %pio aumento insens $ vel,  vel, ele imita em tudo as estrelas fixas afastadas; quando, por porm, ele se aproxima a uma limita '*o mais espec $fica deste lugar, o Pe. Grassi coloca o cometa na categoria dos objetos que recebem, do mesmo telesc%pio, um enorme aumento. Verifica-se isto embaixo do Sol, que ele faz aumentar centenas e milhares de vezes, como sabem o pr %prio padre e o pr%prio Sarsi. Porm Sarsi n*o entendeu o grande

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 Tirano de Tarento, Tarento, no sculo IV antes de Cristo, foi c lebre por seus estudos e pesquisas matem"ticas de cunho pitag %rico

 

artif   $cio de seu Mestre junto com o qual quis, ao mesmo tempo, agradar a seus amigos e alimentar o gosto deles em rela'*o 1 nova inven'*o e, face 1queles de maior entendimento e menos fan "ticos, quis, como se fala, mostrar-se sutil e inteligente, imitando aquele ato generos $ssimo daquele grande senhor que jogou fora sua argumenta'*o para n*o interromper a felicidade que impregnava o jovem pr $ncipe, seu advers"rio, pela vit%ria j"  prometida pelo velho de cinq 4enta e cinco anos, j "  descoberta e apresentada. O Sr. M"rio, porm, de forma um pouco mais severa, quis amplamente expressar seu conceito e mostrar a falsidade e a pequenez daquele argumento visando a outro fim, isto , antes corrigir os defeitos e eliminar os erros fazendo sofrer os fan"ticos do que aumentar os erros e aliment"los para n*o desiludi-los. Em rela'*o 1quilo que Sarsi escreve por -ltimo, isto , que seu Mestre n*o houvesse pensado em ofender a mim, opondo-se 1queles que ca'oavam do argumento, n*o  necess"rio que eu fale mais nada porque j"  afirmei acreditar em suas palavras e n*o ter acreditado nunca em outras coisas. Entretanto, quero que Sarsi acredite tambm que eu, ao demonstrar falso o argumento, n *o tive a inten'*o de ofender seu Mestre, mas, pelo contr"rio, tive a inten '*o de auxiliar todos aqueles que se encontravam no erro. Nem entendo com muita clareza por que eu deva aqui querer, para n*o perder uma linda frase, perder um amigo; nem consigo perceber que sutileza existe em dizer "este argumento n*o  verdadeiro" para que esta frase deva ser considerada sutil. 14. Continue V. E. Ilustr $ssima a ler: Discutimos agora mais claramente sobre a quest      o. Afirmo que neste   argumento n   o   se encontra nada contr (     verdade. Com efeito, Com  efeito, afirmamos antes de tudo que objetos, observados pela (  rio 2  verdade. luneta, quanto mais encontram-se perto mais ficam aumentados, acontecendo o cont rr (   (    rio quando afastados. Nada de mais   verdadeiro. Galileu o nega. E se ele o admitisse? Pergunto-lhe, pois, Pergunto-lhe,  pois, quando ele pegar em sua luneta, com certeza - $   tima,  $tima,      se por acaso pretender observar alguma coisa fechada em um quarto ou em um  quintal, n      o ser (   (    necess (   (  rio que ele o   encompride muit ..    ssimo? Assim +    , afirma el   e. Se realmente se quiser observar com este instrumento, pela janela, uma coisa muito long .   .nqua,    afirma ele que ser (   (   necess (   (rio    diminu ..    -lo   e reduzi-lo 2   forma menor.  menor.  Assim, se perguntar a causa daquele encompridar e diminuir, ser (   (   necess (   (  rio recorrer 2  natureza   natureza do instrumento cuja condi    &  o +   tal que, segundo os    princ  pios ..     da $    ptica, deve ser encompridado encompridado para observar as  coisas mais pr $   $  ximas, diminu .   .  do para ver as mais afastadas.  afastadas.   Portanto, como do encompridar e do diminuir da luneta nasce necessariamente um maior ou menor aumento dos objetos, como ele afirma, ser ((      l   .  cito que eu formule este argumento: "Tudo aquilo que +   observado exclusivamente com a luneta encompridada recebe necessariamente maior aumento; tudo aqui  lo que +   observado exclusivamente com a luneta diminu .   .  da   necessariamente aumenta menos; todas as coisas pr $$  ximas       s      o observadas exclusivamente com a luneta encompridada e   todas as coisas long ..    nquas exclusivamente  com  com a luneta encompridada e todas as coisas long ..    nquas exclusivamente com a   luneta diminu .   .  da. Ent     o, necessariamente, todas as coisas pr $$  ximas    aumentam mais e todas   as long ..    nquas menos ". Se   conseguirmos neste racioc ..    nio demonstrar   verdadeiros o aumento e a diminui   conseguirmos  &  o, n      o poder (   (   negar-se aquilo, acredito, que   deles deriva necessariamente. Ele admite espontaneamente a pr imeira imeira proposi    &  o, a segunda resulta tamb +   +  m muito certa;    para as coisas que se observam numa meia milha, ele n      o necessita de prova alguma  ; e se as coisas que se encontram mais

 para l  (    s   o   observadas com a luneta sempre encompridada, isto se faz n      o porque realmente ela n      o deva ser diminu ..    da  

 

sempre mais e mais, mas porque esta diminui    &  o +   contida entre limites t      o diminutos que n      o apresenta muita diferen  & a  a  se +   omitida, e ent   o,    na maioria das vezes, n      o +   realizada. Por +   +  m, se observarmos a natureza da coisa e falarmos com   rigor geom +     mesma forma acontece com quem afirma que qualquer coisa +trico,    esta diminui    &  o resultar (   (   sempre maior. Da  mesma vis ..    vel mais encontra-se longe do olho mais percebe-se sob   um 3  ngulo menor, cuja proposi   m,    &  o +   bem verdadeira; por +   +  m,  quando a coisa que se oferece a nosso ol   har chega a uma determinada dist 3   3  ncia que torne o 3  ngulo visual muito pequeno,  pequeno,  mesmo que se afastasse bem ma is is longe, o 3  ngulo n      o diminui sensivelmente; todavia poder (   (    ser demonstrado que se   tornar ((      sempre menor. Assim, mesmo que al +  m   de uma determinada dist 3   3ncia    m (   (  xima os objetos variem apenas os  

3  ngulos de incid   )  ncia das imagens nas lentes da luneta (co m efeito, seria a mesma coisa que se todos os raios ca .   .  ssem    perpendicularmente),  perpendicularmen te), e, por conseq 4)   4)  ncia, nem o comprimento   do instrumento h (   (    de variar sensivelmente, +    necess (   (  rio    guardar ainda como verdadeira a proposi    &  o que afirma que   a natureza da luneta +    tal que, quanto mais longe se   encontrarem os objetos tanto mais, para observ (   (  -los, deve ser ela diminu ..    da, e por isto os aumenta menos dos pr $   $  ximos, e   se for necess ((    rio, como afirmava eu, falar seriamente, afirmo  que  que as estrelas devem ser observadas com a luneta mais curta do que seria para observar a Lua.

 Aqui, como V. E. Ilustr $ssima pode ver, prepara-se Sarsi com admir" vel franqueza, em virtude de silogismos sutis, para querer sustentar que nada   mais verdadeiro do que a supramencionada proposi '*o, isto , que os objetos observados com o telesc %pio tanto mais aumentam quanto mais perto se encontrem, e tanto menos quanto mais longe se encontrem; e sua confian 'a  tanta que quase espera a minha confirma'*o, mesmo que at agora eu a negue. Mas eu entendo antecipadamente que ele, ao colocar esta hip %tese, se encontre emaranhado em suas filas daquilo que ele imagina agora enquanto a est" colocando, assim que dever " depois declarar-se amarrado36, amarrado, afirmo eu, 1quele que com uma certa considera'*o examinar" as conclus)es onde ele acabar", que ser*o as mesmas "at  as unhas"37 daquelas descritas pelo Sr. M "rio, mas manuseadas e interpoladas de tal forma e com tantas  variedades de palavras, ou jogadas em algum canto, que 1s vezes, 1 primeira vista, para quem observa menos cuidadosamente, podem parecer alguma coisa de diferente daquilo que realmente s*o. No momento, para n*o desanim"-lo, acrescento-lhe que, como resulta ser verdadeiro aquilo que ele est"  tentando, n*o s%  o argumento que se ap %ia nesta proposi '*o que seu Mestre e os outros astr+nomos amigos utilizaram para encontrar o lugar do cometa  o mais engenhoso e conclusivo, mas afirmo, alm disso, que o efeito do telesc %pio   enormemente superior aos outros, por causa das conseq 4 4,,ncias que ele traz; e fico extremamente admirado e nem entendo bem como pode acontecer que, considerando-o verdadeiro, Sarsi tenha afirmado pouco antes que ele e seu Mestre deram-lhe muito menor import2ncia que aos outros dois, um belo moto circular e o outro pela pequena paralaxe, os quais em verdade n*o s *o dignos nem de ser servos dele. Senhor, se esta coisa  verdade, eis aberta para Sarsi a estrada para admir " veis inven')es, procuradas por muitos e nunca encontradas por ningum; eis n*o s% medida num -nico ponto qualquer dist 2ncia da Terra, mas, sem erro algum, eis 36

37

 Aqui Galileu Galileu usa o termo convic convicto to com o significado latino de amarrado ou obri obrigado gado "Ad unguem."

 

estabelecidas as dist2ncias dos corpos celestes. Pois, observado, mesmo uma -nica vez, por exemplo, um c $rculo longe uma milha, este, se mostrado a n %s, visto atrav s do telesc%pio, com um di2metro trinta vezes maior que a olho nu, logo lo go que percebermos a altura de uma torre crescer, por exemplo, dez  vezes, teremos certeza d dee que ela se encontra a tr,s milhas de dist2ncia; e aumentando o di2metro da Lua tr,s vezes mais daquilo que o mostra o olho nu, poderemos afirmar que ela se encontra longe umas dez milhas e o Sol umas quinze, se seu di 2metro aumentar somente duas vezes; ou, se com um excelente telesc%pio n%s pudssemos ver a Lua aumentar em di2metro, por exemplo, dez vezes, a qual dista mais de cem mil milhas, como escreve justamente Pe. Grassi, a bola da c -pula da dist2ncia de uma milha aumentar" duas vezes e o di 2metro mais de um milh *o de vezes. Eu, ent *o, para ajudar naquilo que posso uma a '*o t *o maravilhosa, levantarei algumas pequenas d- vidas que brotaram em mim no decorrer do desenvolvimento do racioc $nio de Sarsi, as quais V. E. Ilustr $ssima, se assim gostar, poder "  em alguma ocasi*o mostrar para ele, para que ele, tirando-as, possa ainda melhor esclarecer tudo. Querendo ent*o Sarsi persuadir-me de que as estrelas fixas n *o recebem sens $ vel  vel aumento do telesc%pio, ele come'a a demonstra'*o pelos objetos que se encontram na sala e me pergunta se, para observ "-los com o telesc%pio, devo necessariamente encomprid"-lo muito; eu lhe respondo que sim; passa depois aos objetos fora da janela muito distantes e afirma que para observ "-los   necess"rio diminuir muito o instrumento; eu o afirmo e acrescento depois que isto deriva, como ele mesmo escreveu da natureza do instrumento que, para observar os objetos muito perto, precisa de uma bem maior longura de cano, e menor para os mais long  $nquos; alm disso, confesso que o cano mais longo mostra os objetos maiores do que o cano mais curto; e finalmente concedo-lhe por enquanto, o silogismo inteiro, cuja conclus *o  que geralmente os objetos pr %ximos aumentam mais e os long  $nquos menos, isto   (adaptando-a aos supramencionados elementos), as estrelas fixas, que s *o objetos long  $nquos, aumentam menos que as coisas colocadas em uma sala ou em um pal "cio, em cujos limites parece-me que Sarsi compreenda as coisas que ele chama pr %ximas, n*o possuindo muito longe seus limites. Porm aquilo que foi afirmado at agora n*o me parece que possa satisfazer por muito tempo 1  necessidade de Sarsi. Pergunto-lhe, ent *o, se considera a Lua na classe dos objetos pr %ximos ou na classe dos long  $nquos. Se a coloca entre os objetos long  $nquos, h" de se dizer, a respeito dela, o mesmo daquilo que se diz a respeito das estrelas fixas, isto , o pouco aumento (o que  em tudo contr"rio 1  inten'*o de seu Mestre que, para colocar o cometa acima da Lua, necessita que a Lua seja daqueles objetos que aumentam enormemente; assim escreveu que ela, com efeito, aumentava muito, enquanto o cometa aumentava pouco); por m, se Sarsi a coloca entre os pr %ximos, que s*o aqueles que aumentam muito, eu lhe responderia que ele n*o devia restringir, no come'o, os limites das coisas pr %ximas entre 38

os muros de uma casa, mas devia ampli "-los ao menos at   o cu da Lua . Suponhamos que estejam ampliados at l " e que Sarsi volte 1s suas primeiras perguntas e me pergunte se, para poder ver com o 38

Neste per $odo o termo "c u" n*o possui o nosso significado, isto , de ab%bada celeste que envolve todo o restante; ele  uma parte

determinada desta ab%bada. Esta teoria gera o sentido desta frase de Galileu: "cu da Lua", onde o termo "c u" adquire um car"ter explicativo, em rela'*o 1quela determinada parte da ab %bada

 

telesc%pio os objetos pr %ximos, isto , que n*o se encontrem al m do c $rculo da Lua, seja-me necess"rio encompridar demasiadamente o telesc%pio. Eu lhe responderia que n*o; eis aqui quebrado o arco do duelo e terminado o arremesso de flechas dos silogismos. Portanto, se n%s voltarmos a considerar melhor este argumento, o encontraremos defeituoso, havendo tomado como absoluto aquilo que n *o pode ser entendido sen*o como relativo, isto , haver entendido como determinado aquilo que  indeterminado, em suma, ter sido feita uma divis *o diminuta (isto s*o erros de l%gica), enquanto Sarsi, sem colocar um termo e um limite entre proximidade e longinq 4idade, repartiu os objetos vis $ veis  veis em afastados e pr%ximos, errando da mesma forma que erraria aquele que afirmasse que "as coisas do mundo ou s *o grandes ou s*o pequenas", em cuja posi'*o n *o se encontra nem verdade nem falsidade, como n*o existiria erro em dizer que "os objetos ou s*o pr%ximos ou s*o afastados", de cuja indetermina'*o decorre que as mesmas coisas poder *o ser chamadas bem pr%ximas e bem afastadas, muito grandes e muito pequenas, e as mais pr%ximas poder*o ser chamadas afastadas e as mais long  $nquas pr%ximas, e as maiores poder*o ser chamadas pequenas e as pequenas grandes, e poder-se-"  dizer: "Esta   uma colina pequen $ssima", "Este   um grand $ssimo diamante"; aquele mensageiro chama brev  $ssima a viagem Roma 3 N"poles, enquanto aquela senhora queixa-se de que a igreja esteja longe demais de sua casa. Para evitar estes equ $ vocos,  vocos, se eu n*o estou enganado, Sarsi devia fazer ao menos uma tr $plice divis*o afirmando: "Dos objetos vis $ veis,  veis, uns s*o pr%ximos, uns afastados e outros colocados numa dist2ncia med $ocre", assim colocando um certo limite entre os pr%ximos e os long  $nquos. Nem devia parar aqui, mas devia acrescentar mais uma determina '*o precisa relativa 1  dist2ncia deste limite, afirmando, por exemplo: "Eu chamo dist 2ncia med $ocre aquela que mede uma lgua"; grande aquela que mede mais de uma l gua; pequena aquela menos de uma lgua". Nem entendo muito bem por que ele n*o o tenha feito, a n*o ser que percebesse ser muito mais conveniente para ele jogar com equ $ vocos  vocos entre pessoas mais simples, em vez de concluir firme entre as mais inteligentes. 5 de fato uma grande vantagem possuir um papel pintado dos dois lados e poder, por exemplo, afirmar: "As estrelas fixas, sendo long  $nquas, aumentam muito pouco, mas a Lua aumenta muito, porque est" pr %xima", e outra vez, tendo necessidade, afirmar: "Os objetos da sala, sendo pr%ximos, aumentam demais, porm a Lua pouco, porque se encontra muito longe".  Valha esta minha minha exposi'*o como primeira d- vida. Segundo, j" o Pe. Grassi colocou em um -nico cap $tulo a causa do aumento vari" vel dos objetos observados atrav s do telesc%pio, variabilidade devida ao menor ou maior afastamento dos mesmos objetos, nem falou nada a respeito do encompridar ou diminuir o instrumento; e nada, afirma Sarsi, agora, pode ser mais verdadeiro. Todavia, quando ele se prop)e a demonstr"-lo, n*o lhe  suficiente o breve ou o enorme afastamento do objeto, mas necessita acrescentar o maior ou menor comprimento do telesc%pio, e construir o silogismo desta forma: "A proximidade do objeto  causa do encompridar do telesc%pio; porm, este encompridar  causa do aumento maior; logo, a proximidade do objeto  

causa do aumento maior". Parece-me que Sarsi, aqui, em vez de auxiliar seu Mestre, o dificulta mais,

 

levando-o a se equivocar entre o acidental 39 e o essencial40; assim, cairia em erro aquele que quisesse colocar a avareza entre as regras de sa -de41  e afirmasse: "A avareza   causa do viver parco; a temperan'a  causa de sanidade; logo, a avareza nos mantm sadios": onde a avareza  um elemento ocasional, ou seja, uma bem remota causa ocasional 42  de sanidade que se encontra fora da inten'*o prim"ria do avarento, pois para o avarento sua finalidade   a economia. E isto que eu afirmo   t*o  verdadeiro que provarei t*o conseq 4entemente que a avareza  causa de doen'a, pois o avarento, para economizar, freq 4entemente aceita convite de amigos e parentes, e a freq 4, 4,ncia de convites gera diversas doen'as; logo, a avareza  causa de doen'as. De toda esta exposi'*o percebe-se, enfim, que a avareza, do ponto de vista da avareza, n *o tem nada a ver com a sanidade, da mesma forma que n *o tem nada a ver a proximidade do objeto com seu maior aumento. aumento. A raz*o por que, ao observar os objetos pr%ximos, encomprida-se o instrumento,   remover a confus*o que sombreia o objeto que n%s observamos, confus*o que se evita com o comprimento maior; mas porque ao encompridar segue um maior aumento, fora da inten'*o prim"ria que foi aquela de esclarecer e n *o de aumentar o objeto, assim   que a proximidade n*o pode ser chamada sen*o de ocasional, ou seja, a remot $ssima causa ocasional43 do aumento maior.  Terceiro, se  verdade que s% ela e n*o outra deve ser a causa que colocada gera sempre o efeito, e tirada tira o efeito, s % o encompridar do telesc%pio poder" ser considerado causa de maior aumento, mesmo que o mesmo objeto se encontre a uma dist2ncia qualquer, por cada pequeno aumento de comprimento segue um claro aumento; por outro lado, todas as vezes que o instrumento for colocado no mesmo comprimento, aproximando o objeto quanto se queira, mesmo que da dist2ncia de cem mil passos chegue-se 1 dist2ncia de cinq 4enta, o aumento, em rela'*o ao olho nu, n *o ser" em nada maior. Porm,  bem verdade que aproximando-o a dist2ncias pequen $ssimas, como quatro passos, dois, um ou meio, a espcie do objeto mais e mais enturva-se e ofusca-se, ass assim, im, para observ "-lo distinto e claro, conv m encompridar sempre mais o telesc %pio, e deste encompridar segue um aumento sempre maior. E derivando este aumento s%  do encompridar e n*o do aproximar-se, deve ser regulado em rela'*o

1quele e n*o a este; pois, n *o dando resultado no afastamento superior a meia milha para observar os objetos claros e distintos mexerem com o instrumento, instrumento, n*o se verifica muta'*o alguma em seus aumentos, mas todos realizam-se com a mesma propor'*o. A superf  $cie de uma bola, por exemplo, observada com o telesc%pio 1 dist2ncia de meia milha, aumenta mil vezes, mil vezes mais, e n *o menos, aumentar"  o disco da Lua, outro tanto aumentar" o de J-piter, e enfim o mesmo tanto o de uma estrela fixa. Nem acontece aqui que Sarsi queira estud"-la cuidadosamente, do ponto de vista geomtrico, porque, quando ele a tiver reduzido a "tomos e tiver deduzido todas as vantagens, seu ganho n *o chegar"  1quele do 39

"Per accidens." "Per se." 41 "De sanitate tuenda." 40

42 43

Per accidens." "Per accidens."

 

pesquisador que cuidadosamente ia procurando atrav s de que porta da cidade podia sair para ir mais rapidamente 1  $ndia. Enfim, ser" mais conveniente para Sarsi confessar (como parece fazer, em parte, no fim do trecho lido por V. E. Ilustr $ssima) que, tratando com toda severidade o telesc %pio, n*o se deva diminuir seu comprimento ao observar as estrelas fixas mais que ao observar a Lua. Mas, de toda esta cuidadosa pesquisa, o que resultar"  que possa ajudar Sarsi? Absolutamente nada, pois n*o acontecer"  nada mais que, por exemplo, aumentando mil vezes a Lua, as estrelas fixas aumentam novecentas e noventa e nove; enquanto que, em sua defesa e em defesa de seu Mestre, seria necess "rio que elas n*o aumentassem nem duas vezes, porque aumentar o dobro n *o passa despercebido, e os dois afirmam que as estrelas fixas n*o aumentam sensivelmente. Eu sei que Sarsi entendeu perfeitamente estas coisas, mesmo lendo a obra do Sr. M "rio; mas quer, quanto pode, manter vivo seu Mestre com silogismos silo gismos sutilmente apresentados apresentados (seja-me permitido falar assim, porque logo em seguida ele considerar" minuciosas demais algumas coisas do Sr. M "rio que s*o, em vez, bem mais importantes que as dele). Mas, para finalizar minhas d - vidas, lembro-me de salientar mais alguma coisa em rela'*o ao exemplo apresentado por Sarsi, tirado dos objetos observados a olho nu. A respeito deles afirma que quanto mais eles se afastam do olho sempre mais percebem-se sob um menor 2ngulo, e quando se chega a uma certa dist2ncia na qual o 2ngulo reduz-se muito, porquanto afasta-se sucessivamente o objeto, o 2ngulo porm n*o diminui sensivelmente; todavia, afirma ele, pode-se demonstrar que ele se torna menor. Contudo, se o sentido deste exemplo   aquele que eu imagino, e aquele que deve ser para concordar com o conceito apresentado, eu raciocino diferentemente de como Sarsi raciocina. Com efeito, parece-me que ele quer que o 2ngulo visual, afastando-se do objeto, diminua continuamente mas sempre progressivamente com menor propor '*o; assim, depois de uma determinada dist 2ncia, mesmo que o objeto se afaste ainda mais, de pouco diminui o 2ngulo; eu, porm, sou de parecer contr"rio e afirmo que a diminui'*o torna-se sempre proporcionalmente maior 1 medida que o objeto se afasta. E para explicar-me mais claramente, fa 'o notar, primeiramente, que querer determinar as grandezas aparentes dos objetos vis $ veis  veis por meio das quantidades dos 2ngulos com os quais elas se nos apresentam   bom racioc $nio quando se trata de partes de alguma circunfer,ncia de um c $rculo em cujo centro esteja colocado o olho. Por m, em rela'*o a todos os outros objetos, encontra-se em erro, pois as grandezas aparentes s *o determinadas n*o pelo 2ngulo visual mas pelas cordas dos arcos subentendidos a este 2ngulo. Estas quantidades aparentes v *o sempre diminuindo de acordo com a propor '*o contr"ria 1quela das dist2ncias; assim, o di2metro, por exemplo, de uma circunfer,ncia observada a cem bra'as de dist2ncia mostra-se a mim a metade daquilo que se mostraria a cinq 4enta bra'as de dist2ncia, e vista a mil bra 'as de dist2ncia mostrar-se-ia duas vezes aquilo que se mostraria se a duas mil bra'as, e assim sempre com todas as dist2ncias. Nem acontecer" nunca que ele, qualquer que seja a dist2ncia, possa aparecer-me t*o pequeno que n*o pare'a a metade da dist 2ncia dupla. Mas se queremos tamb m determinar as grandezas

aparentes atrav s da quantidade dos 2ngulos, como acontece com Sarsi, isto ser" ainda pouco favor" vel

 

para ele, pois tais 2ngulos j"  n*o diminuem em propor'*o ao aumento das dist 2ncias, mas em propor'*o menor. Porm, aquilo que se op)e 1s palavras de Sarsi  que, feita a compara'*o entre os

2ngulos, eles v *o diminuindo em propor '*o maior nas dist2ncias maiores que nas dist 2ncias menores; assim, se, por exemplo, o 2ngulo de um objeto colocado 1 dist2ncia de cinq 4enta bra'as em rela'*o ao

2ngulo do mesmo objeto colocado a cem bra 'as de dist2ncia , por exemplo, na propor'*o de cem a sessenta; o 2ngulo do mesmo objeto 1 dist2ncia de mil em propor'*o ao 2ngulo * dist2ncia de duas mil ser", por exemplo, na propor'*o de cem a cinq 4enta e oito, e aquele 1 dist2ncia de quatro mil, e aquele

1 dist2ncia de oito mil ser " na propor'*o de cem a cinq 4enta e cinco, e aquele * dist2ncia de dez mil e aquele 1 dist2ncia de vinte mil ser " na propor'*o de cem a cinq 4enta e dois; e sempre a diminui'*o do 2ngulo tornar-se-"  em maior e menor propor'*o, sem porm chegar a ser a mesma das dist 2ncias tomadas sem permutas. Assim, se eu n *o me engano, aquilo que Sarsi escreve, isto , que o 2ngulo  visual, tornando-se por causa das grandes dist 2ncias muito agudo, n*o continua diminuindo por outros enormes afastamentos na mesma propor '*o que assumia com dist2ncias menores, resulta t *o falso quanto a teoria de que esta diminui'*o assume propor'*o maior. 15. Leia agora, V. E. Ilustr $ssima:  Ele afirmara que agir assim n      o sign ifica ifica usar o instrumento da mesma   forma e que, por isto, se estamos falando da mesma luneta, aq uela uela afirma  &  o +   falsa. Com ef   eito, apesar de serem iguais, seja as lentes seja a luneta, todavia se ela resultar uma vez mais comprida, uma vez mais curta, n      o ser (   (   sempre o mesmo   instrumento. Longe de n $   $s   estas sutilezas! Ent    o,    se um fula nno, o, falando com um amigo, disser as palavras em voz baixa  para ser escutado s $   $   de perto, depois, visto um outro de   longe cham (   (  -lo com voz alt ..    ssima, dir-se- (   (   que usa uma goela e   uma boca diferentes porque +   necess (     primeiro caso contrair estes instrumentos da voz e no outro caso dilat (   (  rio no  primeiro (  -los e   aument ((    -los? Realmente, quando observamos os tocadores de tr ombone, ombone, impulsionando e retraindo a direita, encompridar,  para dar o som mais grave, aquele instrumento instrumento curvo e dobrad   o, e fazer o contr (   (  r io io para o som agudo, afirmamos por isto  que est     o usando trombones diferentes? 

 Aqui, como pode ver, Sarsi, convencido pela fo forr'a de seus silogismos, leva-me a recorrer, para me salvar, a um ataque qualquer, mesmo fraco, e a dizer, mesmo, que seja verdade que as estrelas fixas n*o recebem aumento como os objetos pr %ximos, que este saltem 44  n*o   servir-se do mesmo instrumento, pois nos objetos pr %ximos deve-se encompridar; e me diz, com um apage, que eu uso o recurso de coisas sutis demais. Por m, Sr. Sarsi, eu n*o prefiro recorrer ao saltem e 1s sutilezas. Tivestes necessidade de dizer que   somenos e demasiada sutileza nas idias geomtricas considerar que as estrelas fixas exigem a diminui'*o do telesc%pio mais que a Lua, de onde se originava, como frisei antes, que aumentando a Lua mil vezes as estrelas fixas aumentariam novecentas e noventa e nove, enquanto que, para sustentar vossas palavras, t $nheis necessidade de que elas n*o aumentassem nem meia vez. Isto, Sr. Sarsi, significa reduzir-se a saltem e fazer como aquela cobra que, ferida e machucada, n*o tendo mais vitalidade que na extremidade da cauda, continua movendo-a para fazer acreditar aos transeuntes ser ainda sadia e forte. Assim, dizer que o telesc %pio encompridado  outro instrumento do precedente,

44

"Ao menos."

 

, na teoria que estamos expondo, coisa essencial  $$ssima e bem verdadeira, e nem Sarsi haveria raciocinado diferentemente se n*o se houvesse equivocado sobre a mat ria, a forma ou a figura, por bem dizer, coisa que se pode facilmente declarar mesmo sem se afastar de seu exemplo. Eu pergunto a Sarsi por que os tubos do %rg *o n*o tocam todos em un $ssono, mas alguns produzem um tom mais grave e outros menos. Afirmar" talvez que isto se verifica porque eles s*o de materiais diversos? Certo que n*o, sendo todos de chumbo; mas tocam notas diversas porque s *o de grandezas diversas, e, naquilo que diz respeito ao material, este n *o tem influ,ncia alguma sobre o tipo de som pois os tubos constru $dos alguns de madeira, outros de estanho, outros de chumbo, outros de prata, outros de papel tocar*o todos em un $ssono, o que se verificar" quando todos os comprimentos e larguras deles sejam iguais; e, pelo contr "rio, com o mesmo material em n -mero, isto , com as mesmas quatro libras de chumbo, colocando-o em maior ou menor recipiente, formarei diversas notas. Assim, no que diz respeito 1 produ'*o de som, diversos s *o os instrumentos que possuem grandeza diversa, e n*o aqueles que possuem material diverso. Agora, se desmanchando um tubo formar-se com o mesmo chumbo um outro tubo mais comprido, e conseq 4entemente de tonalidade mais grave, hesitar " Sarsi em afirmar que este seja um tubo diverso do primeiro? Quero acreditar que n *o. Porm, se outros encontrassem um jeito de formar o segundo s egundo cano mais comprido sem desmanchar o primeiro, n*o seria o mesmo? Certamente que sim. Porm, o jeito ser "  faz,-lo de dois peda'os assim que um entre no outro, porque assim se poder" encompridar e diminuir, em suma, segundo o nosso arb $trio fazer devir diferentes canos, procurando formar diversas notas; e esta   a natureza do trombone. As cordas da harpa, mesmo sendo do mesmo material, d *o sons diversos porque s*o todas de comprimentos diferentes; porm, aquilo que produzem muitas delas o produz uma -nica corda do ala-de, enquanto que com o movimento dos dedos se produz o som ora de uma ora de outra parte, que  o mesmo que encompridar e diminuir o instrumento, por aquilo que diz respeito *  produ'*o do som, com cordas diferentes. A mesma coisa pode-se afirmar do tubo da garganta, o qual, variando em comprimento e em largura, aparelhando-se a formar v "rias vozes, pode-se sem erro afirmar que se torna tubos diversos.  Assim e n*o de outra forma (porque o maior e o menor aumentos n *o consistem na matria do telesc%pio mas na figura, pois o mais comprido parece maior), quando, conservando a mesma mat ria, mudar-se-" o intervalo entre vidro e vidro, constituir-se-*o instrumentos diversos. 16. Escutemos agora o outro silogismo que Sarsi constr %i: Fique claro para Galileu que n    o   estou   agindo polemicamente. Mesmo que sejam instrumentos diversos, a luneta ora mais ora menos comprida, de novo, mudando  pouco, provarei o mesmo argumento. argumento. Toda Todass as coisas que devem ser observadas co com m instrumentos divers os os recebem tamb +   +m       do instrumento aumentos diversos; as c oisas oisas pr $$  ximas    e long ..    nquas devem ser observadas com instrumento diferente; ent    o      as coisas pr $   ais s    $  ximas e long ..    nqua s recebem do instrumento aumento diferente. Igu ais   o, ent      o, a maior  e a menor, igual h (   (    de ser a conseq 4)     4)  ncia. Depois de ter exposto estes argumentos, parece-me ter demonstrado suficientemente que at +   + agora     nada foi dito de estranho 2  verdade   verdade nem ao pensamento de  Galileu   Galileu quando afirmamos que este instrumento aumenta

menos as coisas long ..    nquas que as pr $$  ximas, pois, por sua  natureza,   natureza, necessita ser encompridado para poder ver umas e   

 

diminu .   .  do para ver outras. Todavia, poder-se- (   (   afirmar sem equ .   .  voco que ele +    o mesmo instrumento, usado por +   +  m de   modo diferente.

Eu aceito este argumento na  $ntegra, porm n*o entendo como ele possa concluir desfavoravelmente ao argumento do Sr. M"rio, nem favoravelmente 1  causa de Sarsi; porque de proveito algum   para ele que os objetos muito pr%ximos observados com um telesc%pio encompridado aumentem aumentem mais que os long  $nquos observados com um diminuto, que  a conclus*o do silogismo, muito diversa, por m, da tarefa assumida por Sarsi. Tarefa que devia conseguir provar dois pontos b"sicos: um, que os objetos at  a Lua, e n*o s% aqueles que se encontram na sala, aumentam enormemente; mas as estrelas fixas aumentam insensivelmente, apesar de serem observadas todas com o mesmo instrumento; o outro, outro, que a diversidade de tais ta is aumentos origina-se da diversidade das dist2ncias desses objetos e que se verifique em propor'*o. Estas coisas ele n *o conseguir" nunca provar, pois s*o falsas. Da inutilidade do presente silogismo, mesmo pertencendo 1 mat ria examinada, seja nosso testemunho o argumento que eu apresentarei na forma costumeira para demonstrar conclus)es contr"rias. Os objetos que necessitam ser observados com o mesmo instrumento recebem dele o mesmo aumento; porm, todos os objetos, desde um quarto de milha para a frente at  a dist2ncia de mil milh)es, necessitam ser observados com o mesmo instrumento; todos eles, ent *o, recebem o mesmo aumento. N*o conclua, portanto, Sarsi ter escrito de acordo com a verdade e comigo, pois de minha parte, ao menos, asseguro-lhe que ele at aqui concluiu coisa contr"ria 1 minha inten'*o. No -ltimo trecho deste per $odo, onde ele afirma que o telesc%pio comprido agora curto podese chamar o mesmo instrumento, porm diversamente usado45, existe, se n*o estou enganado, um pequeno equ $ voco;  voco; parece-me at que o assunto ass unto proceda em sentido completamente oposto, isto , que o instrumento seja diverso e o uso ou a aplica '*o seja o mesmo. Afirmamos que um mesmo instrumento  usado diversamente quando, sem alter"-lo em nada, aplica-se a diversos usos. Assim, a

2ncora foi a mesma, mas usada diversamente pelo piloto, para pegar o fundo, e por Orlando, para pegar baleias. No nosso acontece tudo ao contr "rio, pois o uso do telesc%pio   sempre o mesmo porque aplica-se a observar objetos vis $ veis,  veis, porm o instrumento diversifica-se mudando-se nele uma coisa essencial $ $ssima, isto , o intervalo entre vidro e vidro. 5, por conseguinte, evidente o equ $ voco  voco de Sarsi. 17. Mas continuemos mais 1 frente:  Afirma ele que estas coisas s      o bem verdadeiras se a quest      o vem   observada segundo o sumo direito da geometria; isto em nosso caso n      o acontece; pois, ao  menos  menos para poder observar a Lua e as estrelas, a luneta costuma ser usada sem diferen  & a de comprimento, nem aqui    ser (   (   de alguma import 3   3  ncia a maior ou   menor dist 33  ncia    em causar um maior ou menor aumento do objeto. Seja assim; se n      o existe algum outro motivo para que   o telesc $   $ pio    aumente menos menos as estrelas que  a Lua, o argumento ser (   (   de menos peso. Quando todavia atribui-se, al  +  m disso,  disso,  a este instrumento a a  &  o de privar toda s as coisas daquela larga radia  mo que coroadas, do qual,  &  o com a qual s      o co mo ainda que as estrelas talvez recebam o mesmo aumento da Lua, parecem aumentar menos (sendo manifestadamente diverso aquilo que se observou atrav +    luneta daquilo que se enxergava antes a olho nu, pois o olho nu enxergava tanto +  s da  luneta

45

 Aqui Galileu usa usa o verbo "usurpar" eem m vez de "usar".

 

a estrela como o esplendor que a circunda, enquanto que quando se usa a luneta aprese nta-se aprese nta-se 2  vista   vista s $   $ uma    pequena    part ..    cula da estrela), +   tamb +   +m    muito verdadeiro que, consideradas todas as coisas que dizem respeito 2   $    ptica, que as   estrelas recebem deste instrumento, ao meno s na apar )   mas vezes, acreditando-se )  ncia, menor aumento que a Lua, e at +   +   algu mas nos olhos, n   o   aumentam nada, mas, gra  as a Deus, tornam-se at +   admire,   & as +    menores, o que nem   Galileu nega. N     o se admire,  ent    o,    de nos haver afirmado que as estrelas resultam insensivelmente maiores com a luneta, pois nem examin (   (  vamos a   causa de tal apar )   )ncia, ncia,      mas a pr $$    pria    apar )   )ncia.   

Repare aqui, V. E. Ilustr $ssima, como minha predi'*o, colocada na parte 14, come 'a a verificarse. Sarsi, corajosamente, afirmou l "  que coisa alguma   mais verdadeira do aumento dos objetos percebidos com telesc%pio quanto mais se encontram pr %ximos, e tanto menos quanto mais longe; assim, as estrelas fixas estando muito longe, n *o aumentam sensivelmente; mas a Lua aumenta porque est"  pr%xima. Agora parece-me que aqui se possa perceber uma grande mudan'a e uma manifesta confiss*o: primeiro, que a diversidade das dist 2ncias dos objetos n*o seja mais a verdadeira causa dos diversos aumentos, mas que seja necess"rio recorrer ao encompridamento e diminui'*o do telesc%pio, coisa esta nem afirmada nem acenada, talvez nem pensada por eles antes do aviso do Sr. M "rio; segundo, que nem este tenha muito peso neste caso, admitindo que mudan'a alguma verificar-se-ia no instrumento, pois, desaparecendo este -ltimo ponto ainda, o aumento que se baseava sobre isto anulainstrumento, se totalmente. Em terceiro lugar, percebo que se faz refer ,ncia a causas afastad $ssimas daquelas consideradas no in $cio como -nicas verdadeiras, e afirma-se que o pouco aumento aparente nas estrelas fixas n*o depende mais nem da grande dist2ncia nem da diminui'*o do instrumento, mas que   uma ilus*o do nosso olho; o qual, sem instrumento, percebe as estrelas com um grand $ssimo halo irreal e que porm nos parecem grandes, mas com o instrumento percebe-se o corpo real da estrela, corpo que, apesar de nos aparecer maior como todos os outros objetos, n *o aparece assim comparado 1s mesmas estrelas observadas a olho nu, em rela '*o 1s quais o aumento aparece bem pequeno; conclui-se assim que, a menos por aquilo que diz respeito 1 apar,ncia, as estrelas fixas apresentam um aumento pouco sens $ vel,  vel, e eu n*o devo ficar admirado de que eles hajam falado isto, pois n *o procuravam a causa de tudo isto, mas somente pesquisavam o aspecto. Por m, Sr. Sarsi, desculpai-me; enquanto procur procurais ais n*o deixar-me admirado a prop%sito desta coloca '*o, v %s me deixais admirado com as novas causas apresentadas e at aumentais minha admira'*o. Em primeiro lugar, admiro-me bastante de ver em que forma doutrin"ria apresentastes este precedente argumento, quase querendo ensin"-lo a mim, enquanto o aprendestes palavra por palavra do Sr. M"rio; e alm disso acrescentais que eu n*o nego estas coisas, acredito, com a finalidade de colocar no leitor a idia de que eu mesmo tivesse na m*o a resolu'*o da dificuldade, mas que eu n*o a tivesse reconhecido nem tivesse sabido us"-la. Admiro-me, em segundo lugar, da vossa afirma'*o de que o  vosso Mestre n*o procurou a causa dos aumentos insens $ veis  veis das estrelas fixas, mas s% o efeito, mesmo afirmando repetidamente ser a causa disto a imensa dist 2ncia. Porm, aquilo que mais me admira, em

terceiro lugar,  que v %s n*o percebeis que, se isto for verdade, v %s estareis colocando vosso Mestre,

 

erradamente, numa posi'*o desprovida ainda daquela comun $ssima l%gica natural, em virtude da qual cada pessoa, mesmo idiota, desenvolve e conclui acertadamente suas proposi ')es. E para provar a  verdade das minhas afirma')es tirais o racioc $nio sobre a causa e introduzis s% o efeito (pois afirmais que vosso Mestre n*o procurou a causa mas s% o efeito) e depois, desenvolvendo o assunto, afirmais:  As estrelas fixas aumentam insensivelment insensivelmentee e o cometa tamb +   +m    aumenta insensivelmente.  insensivelmente.  Ent*o, Sr. Sarsi, o que

concluireis? Respondeis:  Nada, se quereis responder que seja poss $ vel,  vel, pois, se pretendeis tirar uma

(   muito distante   conclus*o, eu pretenderei tirar, ent *o, mil. E se pensais em poder afirmar: O cometa est (    porque tamb +   o,  com maior raz*o eu afirmarei: "Ent*o o cometa  incorrupt  $ vel  $vel porque +  m as estrelas fixas est      o,

as estrelas fixas s*o incorrupt  $ veis",  $veis", e acrescentarei: "Ent*o o cometa brilha porque as estrelas brilham", e com a mesma raz*o poderei afirmar: "Ent*o o cometa brilha com luz pr%pria, porque assim acontece com as estrelas fixas". E se eu tirar estas conclus )es v %s rireis de mim como se fosse um l%gico sem racioc $nio l%gico, e tereis mil raz )es; depois v %s me advertireis cortesmente que daquelas premissas n*o posso deduzir outra coisa em rela '*o a cometa a n*o ser aqueles acidentes particulares que est*o em necess"ria, ali"s, necessar $ssima conex*o com o insens $ vel  vel aumento das estrelas fixas; pois pois este aumento n*o depende nem possui conex *o alguma com a incorruptibilidade, nem com o brilho, nem com a luz pr%pria, ent*o nenhuma destas conclus )es pode-se derivar do cometa. E aquele que quiser deduzir que o cometa  muito distante, necessitar" ter bem esclarecido antes o insens $ vel  vel aumento das estrelas como originado necessariamente da sua grande dist2ncia, porque de outra forma n*o resultaria verdadeiro o inverso, isto , que aqueles objetos que aumentam insensivelmente s *o obrigatoriamente muito distantes. Observais, ent *o, quantos erros de l %gica v %s imputais ao vosso Mestre imerecidamente, afirmo imerecidamente, imerecidamente, pois que esses erros pertencem a v %s e n*o a ele. 18. Leia agora V. E. Ilustr $ssima o fim deste primeiro exame:  Neste ponto, perceba Galileu, com quanta raz      o, desta e  das   das muitas outras coisas expostas por ele no texto

Nunzio Sidereo, deduzimos que o cometa deve se encontrar al +  m   da   Lua. Ele mesmo afirma que, entre os astros, alguns brilham com a luz nativa e pr $$    pria,   pria,     e nesse n /   /  mero ele coloca o Sol e as  estrelas chamadas fixas; outros, n      o dota-  dos de brilho algum pela natureza, rece bem bem toda a luz do Sol, como +    costum e pensar dos seis planetas que sobram. Galileu observou, ademais, que as estrelas amam muito aquela v       coroa  &  o de luz n      o pr $   $ p    ria ria e que costuma fazer crescer uma cauda; os planetas, em vez, especialmente a Lua, J  /    piter e Saturno, n      o t )   )m    quase nenhum brilho; contudo, Marte,  Marte,  V   )  nus e Merc //  rio,    apesar de n      o serem providos de luz pr $$    pria,    tiram, pela vizinhan  & a  a  do do Sol, tanta luz que, sendo  quase igual 2  quelas das estrelas, imitam seus raios circunst antes antes e seu brilho. Portanto, como o cometa, segundo Galileu tamb +   +m,    n    o   possui luz pr $$    pria    por natur eza, eza, mas a recebe do Sol, e junto com outros astr 6   6  nomos  de   de grande fama o consideramos planeta tempor (   (  rio, devia-se raciocinar sobre ele  do   do mesmo modo como sobre a Lua e outros planetas, e cuja condi    &  o +   tal que quanto menos s      o distantes do Sol tanto ma isis brilham, e revestidos de um brilho maior (que deriva disto), observados com a luneta parecem aumentar menos; enquanto o cometa recebe deste instrumento quase o mesmo aumento de Merc //    rio, podemos n    adiou aquela luz circundada   o com muita probabilidade   deduzir que o cometa n      o irr adiou

mais que Merc //  rio    e por isso n      o se encontra muito longe;   por outro lado, como era aumentado menos que a Lua,

 

 precisava coloc  coloc ((  -lo    circundado de uma luz  maior  maior e mais perto do Sol? De tudo is to to pode-se compreender com quanta raz      o   afirmamos que o cometa, pois pareceu aumentar muito pouco, de ve ve ser considerado muito mais longe de n $   $  s do que a Lua.  Lua.  Sem d   /  vida, pela paralaxe observada e tamb +   +m    pelo curso do   cometa quase sid   +  reo, n $   $  s conhec .   .  amos bastante seu lugar;   como, al   +  m disso, a luneta o aumentava quase quanto Merc /   /  rio, certamente nenhuma raz      o teria podido sustentar o   contr (   (  rio; foi l  .  cito tirar daqui um corol  (  rio tamb +   +m    de grande import 3   3  ncia e peso a favo r de nossa teoria. Mesmo que soub +   +ssemos,    com efeito, que estas coisas podiam ser originad   as por muitas causas, justamente por causa da analogia que este corpo luminoso guardava junto a todos os outros corpos celestes em todos os seus fen 6   6  menos, pensamos ter recebido da   luneta um beneficio bastante grande, pois nosso parecer, j  (   fi   rmado pelo peso de outros argumentos, confirmava ainda mais com o peso do pr $   $ prio    assentimento. Quanto  ao restante, por +   +  m, acrescentado ao argumento, isto +    , as  palavras:  palavras: "Sei que este argumento foi considerado por alguns de pouca de pouca import 3   3  ncia ", etc, clara e honestamente hav .   .  amos lembrado antes para    que fim estas palavras haviam sido acrescentadas: naturalmente contra aqueles que, enfraquecendo a f  +   neste instrumento, instrumento,   completamente completam ente ignaros das disciplinas de $    ptica, proclamavam-no proclamavam-no enganador e indign indignoo de qualquer confian   & a. a. Compreende,  Compreende,  ent      o, Galileu, se n     o me engano, com quanta falta de racioc .   .  nio lutou contra nossa opini    o a respeito da luneta, que ele   considera em tudo de acordo com a verdade e com as suas pr $$    prias    opini  5  es: haveria podido conhecer tamb +   +m    antes se a   tivesse examinado com esp ..    rito mais calmo. Como, ent      o, haver .   .  amos podido imaginar que ele n      o haveria de gostar dessas   id    prias? Mas como estas coisas, segundo a nossa opini   o, parecem  parecem suficientes, vamos +  ias que consider ((    vamos suas pr $$        o, examinar a opini    o  do pr $   $ prio    Galileu.

 Aqui, primeirament primeiramente, e, como V. E. pode ver, iniciamos uma argumenta'*o recortada, como se diz, de velho pano, consistente em diversos fragmentos de proposi ')es, para provar que o lugar do cometa era entre a Lua e o Sol; proposi '*o esta que o Sr. M"rio e eu podemos conceder-lhe por completo, sem preju $zo algum, n*o tendo n%s nunca afirmado nada em rela '*o ao lugar do cometa, nem negado que ele possa se encontrar al m da Lua, mas falou-se somente que as demonstra ')es at  agora apresentadas pelos autores oferecem d - vidas. E para tir"-las n*o  de ajuda nenhuma que Sarsi apresente agora uma nova demonstra'*o, mesmo que ela fosse necess"ria e conclusiva, e provar que esta conclus*o seja verdadeira, mesmo que tamb m em torno de conclus)es verdadeiras se possa argumentar e silogizar falsamente. Todavia, pelo desejo que eu possuo de p+r 1 luz as coisas escondidas e chegar a verdadeiras conclus)es, apresentarei algumas considera')es em rela'*o a estas proposi ')es. Para maior clareza e compreens*o o farei com a maior brevidade poss $ vel.  vel.  Afirma ele ter deduzido do meu  Nunzio Sidereo que as estrelas fixas, sendo aquelas que brilham com luz pr%pria, brilham com uma luz n*o real, mas aparente. Os planetas, sendo desprovidos de luz pr%pria, n*o agem assim, especialmente a Lua, J -piter e Saturno, mas mostram-se quase sem brilho; porm, V ,nus, Merc-rio e Marte, mesmo privados de luz pr %pria, brilham muito por causa da  vizinhan'a do Sol, pelo qual s*o mais abundantemente atingidos. Afirma, alm disso, que o cometa, segundo meu parecer, recebe sua luz do Sol, e acrescenta haver ele, junto com autores de renome, considerado o cometa, desde muito tempo, um planeta; assim, a respeito dele pode-se raciocinar como

a respeito dos outros planetas, os quais, quanto mais encontram-se perto do Sol mais brilham, e por

 

conseq 4 4,,ncia menos podem ser observados pelo telesc%pio, e, aumentando o cometa pouco mais que Merc-rio e muito menos que a Lua, com muita raz *o podia-se concluir que n*o estivesse muito mais longe do Sol do que de Merc-rio, mas muito mais perto daquele que da Lua. Esta  a teoria que muito bem se ajusta 1  necessidade de Sarsi, como se a conclus*o, deduzida antes dos princ $pios e meios, dependesse n*o aquela destes, mas estes dela, e tivessem sido preparados por ele n *o da grandiosidade da natureza mas da arte muito sutil. Pesquisemos, porm, quanto ela seja conclusiva. Em primeiro lugar,  completamente falso que eu tenha escrito no  Nunzio Sidereo que J-piter e Saturno n*o brilhem quase nada e que Marte, V ,nus e Merc-rio sejam coroados de muitos raios, porque eu separei s% a Lua do resto das outras estrelas, quer fixas quer errantes. Em segundo lugar, n*o sei se para concluir que o cometa seja quase um planeta e que, sendo tal, lhe sejam convenientes as propriedades dos outros outros pl planetas, anetas, seja suficiente que Sarsi e seu Mestre junto com outros autores o tenham considerado e chamado assim. Pois, se a opini *o deles fosse t*o importante a ponto de fazer aceitar as coisas por eles propostas, eu os rogaria que considerassem e chamassem ouro muitos velhos peda 'os de ferro que possuo em casa. Mas, deixando os nomes de lado, qual  a teoria que os induz a considerar o cometa quase um planeta desde muito tempo? Brilhar como os planetas? Mas qual   a nuvem, qual a fuma'a, qual a madeira, qual o muro, qual a montanha, atingidos pelo Sol, que n *o brilham do mesmo tanto? N *o percebeu Sarsi no  Nunzio Sidereo minha demonstra '*o, isto ,que nossa Terra brilha mais que a Lua? Mas qual  minha opini *o sobre o brilho do cometa como um planeta? Eu, por mim, n *o considero imposs $ vel  vel que sua luz possa ser t *o fraca e sua subst2ncia t*o sutil e rala, que, quando algum se aproximasse dela, sumisse da vista completamente, como acontece com alguns fogos-f "tuos que saem da Terra, que s*o percebidos s%  durante a noite e de longe, mas de perto desaparecem 46; da mesma forma que as nuvens distantes s*o percebidas bem determinadas, e depois, de perto, mostram um pouco de nebulosidade t *o indeterminada que algum, entrando nela, quase n *o distingue os limites, nem sabe separ "-la do ar cont $guo. E aquelas proje ')es de raios solares entre as nuvens, t *o semelhantes aos cometas, por quem s*o percebidas se n *o por aqueles que lhes s*o distantes? Tem o cometa alguma coisa em comum com os planetas por causa do movimento? E qual ser "  a coisa separada da parte elementar 47  que, obedecendo ao estado terrestre, n *o ter" o moto diurno de acordo com o resto do universo? Mas se falamos do outro movimento, aquele transversal, este n *o tem nada a ver com o movimento dos planetas, n*o sendo criado nem por aquele rumo, nem regulado, nem talvez circular. Mas, deixados de lado os acidentes, acreditar" talvez algum que a subst2ncia ou a matria do cometa tenha alguma coisa a ver com a dos planetas? Pode-se acreditar que ela seja solid $ssima, como nos convida a pensar em particular a Lua e em universal a figura bem determinada e imut" vel de todos os planetas; e, ao 46 47

 Aqui Galileu Galileu est" falando a respeito dos fogos-f "tuos.

Nesta poca considerava-se que tudo. no universo, constava de prop riedades particulares, t $ $picas de cada coisa, e de outras acidentais, ampliando-se esta teoria ao infinito. 5 daqui que se originar " a filosofia de Locke, sensualista ingl,s, com seu tratado sobre as qualidades prim"rias e qualidades secund"rias.

 

contr"rio, pode-se acreditar que a do cometa dissolva-se em poucos dias; e sua figura, n *o determinada ao redor, mas confusa e indistinta, nos mostra que a sua subst 2ncia  mais sutil e mais rala que a n  voa e a fuma'a. Assim ele quase poderia ser chamado mais um planeta pintad pintado o que real. Em terceiro lugar, eu n*o sei com quanta perfei '*o ele possa ter paragonado os raios e o aumento do cometa com o aumento de Merc -rio que, podendo ser observado rar $ssimas vezes, em todo o tempo da apari '*o do cometa, ele n *o apareceu nunca, nem deu a possibilidade de ser observado, encontrando-se encontrando-se sempre muito perto do So Sol;l; posso sem escr-pulo acreditar que Sarsi n*o fez esta compara'*o, dif  $cil de se realizar e muito incerta, mas que ele afirma ter realizado porque, sendo assim, serviria melhor para sua causa. Outro ind $cio que mostra como ele n*o conseguiu fazer esta experi,ncia -me fornecido pelo fato de que, ao referir-se 1s observa')es relativas a Merc-rio e 1 Lua, com os quais compara as do cometa, parece-me que ele esteja confundindo muito. Aceitando, para concluir, que o cometa se encontre mais longe do Sol que de Merc-rio, precisava afirmar que o cometa possu $a menos raios que ele, e observado com o telesc %pio aumentava mais que ele; todavia, afirmou o contr"rio, isto , que n*o possu $a mais raios que Merc-rio e que aumentava quase a mesma coisa, o que significa afirmar que possu $a mais raios e menos aumento que Merc-rio. Comparando depois o cometa com a Lua, escreve a mesma coisa (mesmo afirmando escrever o contr "rio), isto , que aumentava menos que a Lua e possu $a mais raios. Todavia, para chegar a uma conclus *o, deduz da identidade das premissas conclus)es diferentes, isto , que o cometa encontra-se mais perto do Sol que a Lua, por m mais distante que Merc-rio. Para finalizar, afirmando Sarsi ser um l %gico exato, n*o me faz entender por que, na divis*o dos corpos luminosos que se irradiam mais ou menos, e que por conseq 4, 4,ncia, observados com o telesc%pio, recebem um aumento maior ou menor, ele n *o haja registrado nossas luzes elementares; pois as velas, as tochas acesas observadas a qualquer dist2ncia, qualquer pedrinha, lenho ou corp -sculo, at as folhas e as gotas de orvalho atingidas pelo Sol, resplandecem, e de um certo 2ngulo irradiam a par de qualquer estrela mais brilhante, e vistas pelo telesc %pio observam no aumento o mesmo teor que as estrelas. Assim, termina completamente aquela ajuda a mais 48  que os outros haviam esperado do telesc%pio para conduzir o cometa no c u e tir"-lo da esfera elementar49. Abandonai, portanto, Sarsi, a idia de poder ajudar vosso Mestre e estai certo de que, para querer sustentar um erro,   necess"rio perpetrar cem outros e, coisa ainda pior, n *o conseguir o intento. Gostaria tamb m de pedir-vos para n*o replicar mais, como o fazeis no final desta vossa parte, que estas s *o teorias minhas, pois nunca escrevi coisas parecidas, nem as falei, nem as pensei. Basta a respeito do primeiro trecho em exame. 19. Passemos ao segundo:  Apesar de ningu +   +m    at +   +    hoje ter falado   que o cometa deve colocar-se entre as apar )   ois Galileu acreditou enveredar )ncias    v     s, onde n   o   haver ..    amos necessidade de libert (   (  -lo   da acusa  &  o de inanidade, p ois  por outro caminho caminho para explicar o comet cometaa completa e sabidamente, +   justo parar  e  e expor com cuidado esta sua nova teoria.

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 Aqui Galileu refere-se ao uso da ajuda de custo, j " praticado na poca, aplicando este termo, por ila '*o, ao telesc%pio. O termo "elementar"  usado, nesta frase, com o mesmo significado explicado na nota 47, e se refere 1 esfera terrestre.

 

S      o duas hip $   $  teses que ele cogitou: uma relativa 2   subst 3   3  nc ia, ia, outra referente ao movimento do cometa. No que diz respeito 2  primeira,  primeira, Galileu afirma que esta luz +   daquelas qu e, e, mostradas mais que criadas pela criadas  pela refra  &  o  de   de outra luz,  parecem ter mais o nome de sombras de corpos luminosos que ser corpos luminosos, como, por exemplo, os arco- ..    ris, os   halos, os par +   que diz respeito 2  segunda,  segunda, Gali   leu afirma que o movimento dos +lios    e muitas outras coisas semelhantes. No   que cometas sempre foi retil .  neo   e perpendicular 2   superf .  cie   da Terra. Revelando est as as suas descobertas, acreditou poder destruir com facilidade as opini  5  es dos outros. N   $  s vamos exam inar inar agora com poucas palavras   , e sem ret $   $  rica, quanto de    pr $$    prio    se deva atribuir a estas opini  5  es (pois a verdade, mesmo nua, +   bastante ornada).  ornada).  Mesmo Mesmo sendo dif   .  cil abranger   singularmente estas duas pr oposi   oposi   cem depender uma da outra e sustentar-se  &5  es, pois s      o t      o conexas que pare cem reciprocamente, n $   $  s nos preocuparemos para que os leitores n      o fiquem lesados. Por isso, co ntra ntra a primeira posi    &  o de   Galileu, afirmo que o cometa n      o foi    simulacro v      o de uma luz qu e iludia os olhos daqueles que o observavam e isto  parece-me que n     o necessita de outra prov a para aquele que, ao menos uma vez, seja a olho nu, seja com a luneta, haja observado o cometa. A simples vista manifestava a natureza d  esta luz, porque, em compara  &  o  a outras luzes real  .  ssimas, ssimas,    qualquer um poder ((     com facilidade julgar se o observado er a falso ou verdadeiro. Tycho, examinando as observa   &5  es de   Tadeu Agezio, deduz isto: "O corpo do cometa naqueles dias foi igua l, igua l, em grandeza, a J   /    piter   e V   )  nus, e revestiu-se de   uma luz n ..    tida e de um grande esplendor, puro e belo, e sua subst 3   3ncia    pareceu   pura demais para ser conveniente a mat +   +rias    s $   $   elementares, mas era, de prefer )   )ncia,    an (   (  loga 2  quela dos corpos cel  estes ". Tycho acrescenta a isto: "Tadeu foi bom juiz relativamente a este aspecto, haveria podido concluir clarame claramente nte que  que este cometa cometa n      o era elementar".

Sarsi andou figurando antes e arbitrariamente os princ $pios e os meios que fossem de acordo com as conclus)es que ele queria demonstrar; agora parece-me que vai imaginando conclus )es para contradiz,-las como teorias do Sr. M"rio e minhas, muito diversas, ou, ao menos, muito diversamente tomadas, de como s*o relatadas no Discurso do Sr. M"rio. Que o cometa seja, sem d- vida, uma imagem  v * e uma simples apar,ncia, nunca foi afirmado com certeza, mas s%  foi posto em d- vida e levado 1  considera'*o dos fil%sofos com aqueles racioc $nios e cogita')es que parecem poder garantir que seja  verdade. Eis aqui as palavras do Sr. M"rio a este prop %sito: "Eu n*o afirmo resolutamente que o cometa produza-se assim, mas afirmo que s*o duvidosos, seja este modo seja os outros dos demais autores; os quais pretender*o estabelecer com certeza seus pareceres. e ter*o a obriga'*o de demonstrar que esta e todas as outras posi')es s*o v *s e falsas". Mesmo sendo o texto t *o diferente, Sarsi afirma que n%s temos por certo que o movimento do cometa deve ser necessariamente reto e perpendicular 1  superf   $cie terrestre. Isto n*o foi apresentado desta forma, mas simplesmente foi cogitado como ser mais conforme 1s apar,ncias e satisfazer 1s mudan'as observadas no cometa. Esta hip %tese   t*o superficialmente apresentada pelo Sr. M "rio que no fim ele declara: "Porm  mais conveniente para n%s contentarmo-nos com aquele pouco que podemos cogitar mesmo sem ter muita clareza". Por m Sarsi quis mostrar que estas opini)es eram t*o firmemente aceitas por mim que imaginou pod ,-las destruir com facilidade e com meios mais eficazes. Se ele conseguir o agradecerei, pois no futuro deverei preocupar-me com uma hip%tese a menos todas as vezes que me venha a idia de filosofar

 

sobre tal matria. Por enquanto, pois parece-me que ainda subsiste alguma coisa de vivo no racioc $nio do Sr. M"rio, moverei algumas obje')es 1s obje')es de Sarsi. Opondo-se Sarsi com grande firmeza 1 primeira conclus*o, afirma que aquele que, mesmo por uma vez, houvesse observado o cometa, n *o necessitaria mais de argumento algum para conhecer a natureza desta estrela; estrela que, comparada com as outras verdadeiras estrelas, mostrava muito claramente ser verdadeira e n*o falsa. Assim, como V. E. Ilustr $ssima entende, Sarsi confia tanto no sentido da vis*o que considera imposs $ vel  vel ser enganado todas as vezes que tentamos fazer uma compara '*o entre um objeto falso e um real. Eu confesso n *o ter a vis*o t *o perfeita, pelo contr "rio, confesso ser como aquele macaco que acredita firmemente ver no espelho um outro macaco, e nem reconhece seu erro se quatro ou seis vezes n *o tenha ido atr"s do espelho para agarrar a imagem, tanto aquela imagem se lhe apresente viva e verdadeira. Supondo, ent *o, que aqueles que Sarsi v , no espelho n*o sejam homens verdadeiros e reais, mas imagens v *s, como n%s vemos nossa imagem no espelho, gostaria ardentemente de saber quais s*o aquelas diferen'as visuais por meio das quais t*o rapidamente distingue o verdadeiro do falso. Quanto a mim, encontrei-me mil vezes em alguma sala de janelas fechadas, e atrav s de algum pequeno buraco pude perceber o Sol refletindo-se sobre um muro oposto, julgando assim esta mancha, pela vista, uma estrela estrel a t*o brilhante quanto a Can $cula e V ,nus. E andando contra o Sol no campo, quantos milhares de corp-sculos, pedrinhas, lisos ou molhados, transformar-se-

*o pelo reflexo do Sol em estrelas brilhant $ssimas? Mesmo cuspindo no ch *o, Sarsi sem d- vida perceber" onde cuspiu, pela reflex*o solar, uma estrela natural  $$ssima. Alm disso, qual corpo colocado a grande dist2ncia, atingido pelo Sol, n *o aparecer" como uma estrela, especialmente se for t*o alto que possa ser enxergado durante a noite, como se enxergam as outras estrelas? E quem distinguiria a Lua,  vista durante o dia, de uma nuvem atingida pelo SSol, ol, sen*o pela diversidade do aspecto e pela grandeza? Ningum, com certeza. E enfim, se a simples apar ,ncia deve determinar a ess,ncia,  necess"rio que Sarsi aceite que os s%is, as luas e as estrelas, observados em "gua parada e em espelhos, sejam  verdadeiros s%is, verdadeiras luas e verdadeiras estrelas. Em rela '*o a esta parte, mude mesmo Sarsi de opini*o, nem acredite que, citando a autoridade de Tycho, de Tadeu Agezio ou de muitos outros, melhore sua condi'*o, a n*o ser que, por ter tido tais homens como companheiros, desculpe mais seu erro. 20. Continue V. E. Ilustr $ssima a ler: "Pois, por todo o tempo que nosso cometa brilhou, Galileu, segundo ouvi dizer, permaneceu de cama por um a doen   & a, a, e nunca talvez p 6   6de,    por causa da doen  & a, a, observar aquele corpo   brilhant ..    ssimo, e por isso pensamos deve r-se r-se discutir com ele por meio de outra argumenta   &  o. Afirma ele mesmo que 2 ss   vezes, de alguma parte da Terra, um vapor fumacento levanta- se se acima da Lua e tamb +   +  m acima do Sol, e, logo que sa .   .do       do cone sombreado da Terra, olhou para a luz do Sol da qual como que concebeu e gerou o cometa; e o movimento ou a subida de um tal vapor n   o   +   vago ou incerto mas retil  .  neo e sem ser desviado pa ra ra parte alguma. Assim afirma ele, mas n $$    s colocamos na nossa balan  & a o peso destas afirma  &5  es. Primeiro, sabemos que esta mat +   +  ria fumacenta e /  mida, tendo  

subido casualmente da Terra nos dias em  que, em  que, dominando amplamente o c +   +u   b $   $  reas   violent .   .  ssimas, facilmente poderia  

 

haver sido dispersada e dissipada.  ,  pois,  pois, digno de admira  &  o  como impunemente corp //  sculos    t      o sutis e leves, entre a ira   do vento violent ..    ssimo, puderam ter chegado at +   +    o alto com   um proceder constante atrav +   +  s do caminho enveredado no   come  o, quando nem pesos consider (     for  a. Eu considero muito    & o, (  veis confiados ao vento   podiam vencer o .  mpeto e a   for   & a. contradit $     e suba em linha reta, e mal acredito que isto haja podido acontecer entre as $  rio que um vapor muito leve suba  e v (   (  rias mudan  & as as do vento. E acrescenta  que,  que, garante Galileu, nem nas mais altas regi   5  es dos planetas faltam condensa  &5  es   e rarefa  &5  es de tais corpos fumacentos, e por isso nem aque les les movimentos vagos e incertos  pelos quais +   necess (   (  rio que   sejam levados.

Que os vapores fumacentos de alguma parte da Terra subam alm da Lua, e at al m do Sol, e que sa $dos do cone da sombra terrestre sejam engravidados pelos raios solares e que ent *o gerem o cometa, nunca foi escrito pelo Sr. M "rio nem foi afirmado por mim, apesar de Sarsi atribu $-lo a mim.  Aquilo que o Sr. M"rio escreveu  que n*o  imposs $ vel  vel que algumas vezes possam elevar-se da Terra exala')es e outras coisas parecidas, mas muito mais sutis que de costume, que subam al m da Lua e possam ser matria geradora do cometa, e que 1s vezes originem-se sublima')es extraordin"rias relativas 1 matria dos corp-sculos, exemplificando-o por meio da aurora boreal. Porm n*o afirma que aquela seja numericamente a mesma matria dos cometas, que necessita ser muito mais rala e sutil que os vapores dos corp-sculos e do que a mat ria da assim chamada aurora boreal, tendo aceito que o cometa resplende muito menos que a aurora; assim, se o cometa se ampliasse, por exemplo, rumo ao oriente, na c 2ndida alvorada, enquanto o Sol n *o se encontrasse longe do horizonte mais do que 6 ou 8 graus, sem d- vida n *o se perceberia, por ser menos brilhante do que seu pr %prio ambiente. E com a mesma probabilidade, n *o certeza, atribuiu-se 1 mesma matria o movimento retil  $$neo em ascens*o. E isto seja afirmado n*o para retratarmo-nos por medo das oposi ')es de Sarsi, mas s% para mostrar que n*o nos afastamos do nosso h "bito, que consiste em n*o afirmar como verdadeiras a n*o ser as coisas que conhecemos como indiscut  $ veis,  $veis, como nos ensina nossa filosofia e nossa matem"tica. Agora, partindo do ponto de vista de que houv ssemos verdadeiramente afirmado aquilo que Sarsi fala, examinemos suas posi')es. Sua primeira oposi'*o baseia-se na impossibilidade de os vapores subirem ao c u, em linha reta, enquanto que verificamos que um papagaio  empurrado pelo ar com movimento transversal, assim como as outras coisas que se encontram nele; e o mesmo verificou-se por muitos dias depois do aparecimento do cometa. A oposi '*o   verdadeiramente inteligente, mas perde muito de sua for 'a l%gica porque, segundo not  $$cias seguras, naqueles dias, nem na P rsia nem na China verificaram-se perturba')es atmosf ricas; e eu acreditarei que de umas daquelas regi)es se origina a matria do cometa, se Sarsi provar que ele n *o  origin"rio de l", mas de Roma, onde ele percebeu o vento boreal. Mas, mesmo que o vapor sa $sse da It"lia, quem pode saber se ele n *o se houvesse posto em viagem antes dos dias de vento, muitos dias antes de sua chegada ao orbe do cometa, longe da Terra, segundo a rela'*o do Mestre de Sarsi, quatrocentos e setenta mil milhas mais ou menos; porque, para empreender

uma viagem t*o comprida,   necess"rio bastante tempo, pois a subida dos vapores, por aquilo que

 

podemos observar em rela '*o 1queles perto da Terra, n*o atinge a velocidade do v +o das aves; assim n*o seriam suficientes quatro anos para concluir tamanha viagem. Mesmo aceitando que estes vapores pudessem se movimentar em poca de vento, Sarsi, que acredita piamente nos historiadores e nos poetas, n*o poder"  negar que o impulso dos ventos n *o sobe mais de duas ou tr,s milhas, j"  que existem montes cujo cume vai al m da regi*o dos ventos. Assim, o m"ximo que ele poder" concluir   que dentro deste espa'o os vapores movimentam-se transversal e n *o perpendicularmente; porm, fora deste espa'o desaparece o impedimento que os desvia do caminho retil  $$neo. 21. Veja mais V. E. Ilustr $ssima:  Aceitamos que estes vapores possam manter, atrav +   +  s dos ventos, suas   dire   &5  es e rumar para onde possam receber os raios diretos do  Sol, enviando-os a n $   $  s refletidos. Por que, ent      o, recebendo   em toda a sua extens     o a luz do Sol,  Sol,   no-la mostram somente em uma m .   .  nima parte de si? Com certeza, sendo o pr $   $ prio       Galileu testemunha, quando nos dias de ver      o um vapor n      o diferente indo rumo   ao norte mais alto que de costume apresenta-se 2  luz  luz do Sol, ent      o, imergido em luz brilhant .   .  ssi  ma, mostra-se muito brilhante em todas as suas partes, para utilizar sua pr $   $ prias    palavras, nos reflete mesmo de noite a aurora boreal; e n    o   se mostra t      o avarento do esplendor   recebido que n     o permita que a reflex      o da  luz  luz do Sol, que ele recebeu em toda a sua extens      o, nos apare  & a apenas atrav +   +s     de um pequeno buraco. Eu mesmo verifiquei, n      o somente em tempo de ver      o, mas no m )   )  s de janeiro, quatro horas depois   do p 66  r-do-sol, algo ainda mais maravilhoso, isto +    , uma   pequena nuvem, c 3      3  ndida e brilhante, t      o rarefeita que n      o   encobria nem as estrelas menores, e os dons de luz que havia recebido do Sol ela os expandia livremente, com alma  generosa, por todos todos os cantos. Ent      o todas as nuvens (admitindo que tenham alguma afinidade com a mat +   +ria    do cometa),  cometa),  se s      os raios do Sol, ao menos na parte virada para o Sol o   o t     o densas e obscuras que   n      o possam refletir livremente  os refletem para n $   por +   tis, e a luz facilmente as penetre as  penetre integralmente, n    $  s com generosidade rec  proca; .   .   +  m, se s      o ralas e su tis,   o   mostram obscuridade em parte alguma, mas oferecem aos olhos inundados uma luz esplendoros a. a. Ent      o, se o cometa n      o   se forma de outra mat +   +ria    que n    o   seja vapores fumacentos,  fumacentos,  n      o Juntados globalmente mas, como o pr $   $ prio    Galileu   afirma, ocupando um espa   & o suficientemente   vasto do c +   +u,    brilhando em toda parte  com a luz do Sol, qual +   a causa pela    qual brilham sempre sempre para aqueles que o observam s $$   de    um peque no no e estreito disco, e as outras partes deste mesmo vapor, iluminadas pelo Sol com mesma luz, n      o aparecem? Dificilmente  tudo isto pode ser explicado com o exemplo do arco- .   .  ris, ris,   em cuja forma   &  o acontece a mesma coisa que evidentemente s $$   de    uma parte da nuv em em volta ao olho, quando, entretanto, em todo o espa   & o iluminado pelo Sol a pr $$    p    ria ria diversidade das cores seja gerada de sua luz. Com ef   eito, o arco- ..    ris e outros   meteoros, se existirem, requerem de pr efer  efer )   )  ncia mat +   +ria    /  mida e com tend  )  ncia a   mudar-se em (    gua; pois esta mat +   +ria    s $   $     quando se derrete em (    gua, imitando a natureza dos corpos lev es, es, puros e transparentes, refle te te a luz s $   $ na    parte onde     formam 3  ngulos de reflex   o   e de refra  &  o necess (   (rios    a tudo isto, como percebemos nos espelhos espelhos,, na (    gua e no gelo. Depois,  Depois,  se alguma emana  &  o encontrar-se mais rarefeita ou mais seca, acontece porque ela n      o possui superf .  cie   lisa como os   espelhos, nem reflete muitos raios. Visto necessitar-se de um corpo liso para que haja re    flex      o e necessitar-se de sua   densidade para a refra   gicas,   gicas,     a n     &  o (coisas que nunca se encontram nas impress 5   5  es meteorol $     o ser quando a natureza   delas possue muita (    gua, como ensinaram n     ptica, e a pr $     o s $$   Arist     $$  teles       mas tamb +   +m    todos os mestres   de $   $ pria    raz    o       persuade com muita efic ((    cia), segue disto necessariamente que  emana   &5  es semelhantes possuir      o, por natureza pr $   $ pria,    um  

certo peso, e por isto menos aptas a subir acima da Lua e do d o Sol, pois o pr $   $ prio    Galileu ad  mite que devem ser muito sutis

 

e leves aqueles que voam at +   + l      (   em cima. Portanto, n      o daquele  vapor  vapor fumacento e rarefeito, e na verdade de peso algum,  poder (   (   refletir para n $   $  s aquela imagem  brilhante   brilhante de luz: o vapor aguado, na verdade, sendo pesado, n      o poder (   (   subir   deforma alguma.

Depois de observado por muitas experi,ncias, parece-me ser esta a condi'*o humana em rela'*o 1s coisas intelectuais: quanto menos entende-se e sabe-se, com tanta mais for'a quer-se discutir; e, pelo contr"rio, mais coisas s*o conhecidas menor   a tend,ncia de discutir resolutamente sobre qualquer novidade. Nasceu em um lugar muito solit"rio um homem dotado por natureza de grande intelig ,ncia e de extraordin"ria curiosidade. Criando por prazer grande diversidade de aves, gostava enormemente do seu canto, e com muita admira'*o observava de que modo, por meio do pr %prio ar que respiravam, conseguiam formar ao seu arb $trio cantos diferentes e todos suav  $ssimos. Acontece que uma noite perto de casa escutou um som delicado, e, nem podendo imaginar que fosse outra coisa a n*o ser uma pequena ave, foi busc "-la. Chegando 1  estrada encontrou um pequeno pastor que, assoprando num peda'o de madeira furada e movimentando os dedos sobre a madeira, uma vez fechando e uma vez abrindo determinados buracos, conseguia produzir aquelas vozes diferentes, semelhantes 1s de um p"ssaro, mas de forma bem diversa. Admirado e movido pela sua curiosidade natural, deu de presente um bezerro ao pastor para obter aquela flauta. De regresso 1  sua casa e percebendo que se n*o houvesse encontrado por acaso aquele pastor nunca haveria aprendido que existiam na natureza duas formas diversas de criar vozes e cantos suaves, quis sair de casa procurando encontrar outras aventuras. Aconteceu que no dia seguinte, passando perto de uma pequena cho 'a, escutou ressoar dentro dela uma voz semelhante. Para ter certeza se era uma flauta ou um p"ssaro, entrou e encontrou um menino que estava serrando, com um pequeno arco segurado na m*o direita, alguns nervos estendidos sobre um lenho c +ncavo, enquanto sustentava com a m *o esquerda o instrumento sobre o qual, movimentando os dedos e sem sopro algum, extra $a dele vozes diversas e suaves. Qual foi seu espanto pode ser julgado facilmente por aquele que possuir a mesma intelig ,ncia e a mesma curiosidade dele que, vendo aumentar, de duas novas formas, a maneira de produzir uma voz e um canto t*o inusitados, come'ou a acreditar poderem existir ainda outros na natureza. Mas qual foi sua surpresa quando, entrando em um determinado templo, come'ou a olhar atr"s da porta para ver quem estava tocando e percebeu que o som havia sa $do dos ferros da porta ao abri-la? Em outra ocasi*o, empolgado pela curiosidade, entrou em um boteco e, acreditando encontrar outra vez algu m que com o arco tocasse as cordas de um violino, viu uma pessoa que, esfregando o dedo sobre a orla de um copo, conseguia produzir um som suav  $ssimo. Mas logo que observou que as abelhas, os pernilongos e as moscas, com o rapid $ssimo bater das asas, e n *o como suas primeiras aves que respirando formavam vozes ininterruptas, produziam um som perptuo, tanto aumentou sua admira'*o que diminuiu sua confian'a sobre o conhecimento da origem do som. Nem todas as experi ,ncias j"  observadas haveriam sido suficientes para fazer-lhe entender ou acreditar que os grilos, n*o voando,

conseguiam, n*o por meio do sopro mas com o movimento das asas, produzir sons t *o doces e

 

sonoros. Mas quando acreditou n *o poderem existir outras formas poss $ veis  veis de produzir vozes, depois de haver observado, alm das maneiras j " relatadas, ainda tantos %rg *os, trompas, flautas e instrumentos de corda de todos os tipos, at chegar 1 aquela pequena l2mina de ferro que, suspensa entre os dentes, usava de forma muito esquisita a cavidade bucal para dar corpo 1 amplifica'*o do sopro permitindo a passagem do som, quando, repito, na hora que acreditava haver conhecido tudo, encontrou-se ainda mais no escuro e na ignor2ncia, quando, havendo encontrado uma cigarra que nem fechando-lhe a boca e nem fechando-lhe as asas conseguia diminuir seu alt $ssimo estridor, n*o percebeu movimento algum de escamas nem de outras partes. Finalmente, levantando-lhe a caixa dos pulm )es e observando embaixo dela algumas cartilagens duras mas sutis, e acreditando que o som fosse originado do seu movimento,, resolveu quebr"-las para faz,-la parar, mas tudo foi em v *o. movimento Ent*o, enfincando uma agulha mais funda no corpo co rpo da cigarra, passando-a, tirou-lhe junto com a voz a vida e assim n*o pode mais pesquisar se o canto era originado verdadeiramente por aquelas membranas. Tornou-se t*o descrente sobre seus poss $ veis  veis conhecimentos em rela'*o aos sons que todas as vezes que algum lhe perguntava sua opini *o sobre a origem dos sons, generosamente respondia n*o conhecer causa alguma, mas que estava resolvido a acreditar que pudessem existir cem outras maneiras, ainda desconhecidas e impens" veis. Eu poderia dar muitos exemplos da variedade da natureza em produzir seus efeitos de maneira inimagin" vel para n%s, se o sentido e a experi ,ncia n*o nos explicitassem sem, muitas vezes, suprir nossa incapacidade. Assim, se eu n *o souber, com exatid*o, determinar a produ'*o do cometa, dever*o ser aceitas minhas desculpas, especialmente porque nunca afirmei poder dar esta explica '*o sabendo que ela poderia verificar-se de forma muito alheia 1 nossa imagina '*o. A dificuldade de entender como se forma o canto da cigarra, enquanto ela canta na m*o, desculpa de sobra n *o saber como pode formar-se um cometa t*o longe de n%s. Para frisar, ent*o, a primeira inten '*o do Sr. M"rio e minha, isto , promover aquelas d- vidas que parecem abalar as opini)es manifestadas at  agora e propor alguma nova teoria para examinar se existe alguma coisa que possa esclarecer e abrir o caminho rumo 1   verdade, continuarei a raciocinar sobre as teorias manifestadas por Sarsi, que considerou improv " veis nossos argumentos. Continuando Sarsi sua exposi '*o e aceitando serem os vapores ou outra mat ria aptos a formar o cometa, seu elevar-se da Terra e subindo muito alto, onde pudesse receber diretamente os raios solares refletindo-os para n %s,  dif  $cil imaginar de que forma, sendo completamente iluminada, reflita at  n%s s%  a luz de uma pequena parte, e n *o acontece como aqueles vapores que nos apresentam aquela intempestiva aurora boreal, vapores que, sendo todos iluminados, mostram todos suas luzes.  Afirma depois ter observado, pelo meio da noite, uma coisa maravilhosa, isto , uma pequena nuvem no z,nite que, sendo toda iluminada, refletia livremente seu brilho de todas as suas partes, e acrescenta que, se todas as nuvens forem espessas e opacas, nos refletem a luz do Sol com toda a ssua ua parte vis $ vel,  vel,

porm se elas forem ralas, assim que a luz as penetre, mostrar-se-*o a n%s brilhantes e n *o opacas;

 

ent*o, se o cometa forma-se com tais vapores fumacentos muito espalhados, como afirma o Sr. M "rio, e n*o reunidos em c $rculo, sendo atingidos pelo Sol por todas as partes, por qual raz *o n%s recebemos sua reflex*o de uma pequena parte e n*o de todo o restante igualmente iluminado? Mesmo que as solu')es destas perguntas estejam completamente resolvidas no Discurso  do Sr. M"rio, eu as relatarei aqui colocando-as acertadamente e acrescentando alguma outra considera '*o, conforme for solicitado pela matria. Em primeiro lugar, Sarsi deveria sem dificuldade conceder que s % de um lado particular de toda a matria sublimada pelo cometa verifica-se a reflex *o da luz do Sol a uma vis*o particular, apesar de ser toda iluminada; tendo n %s mil experi,ncias semelhantes a favor, contra uma que pare 'a ser contr"ria, facilmente, entre as de Sarsi contr "rias a esta posi '*o, encontraremos muitas outras favor" veis. 5 certo que qualquer espelho plano exposto ao Sol fica por ele iluminado em toda a sua superf   $cie; o mesmo acontece com qualquer p2ntano, lago, rio, mar, ou seja, com qualquer superf  $cie lisa de qualquer material; porm, a uma vista particular n *o corresponde a reflex*o do raio solar, a n *o ser de um lugar particular desta superf  $cie, cujo lugar muda, mudando o olho do observador. A superf   $cie externa de nuvens sutis, mas muito espalhadas,   toda iluminada pelo Sol de forma igual; todavia, o halo e os peri lios n*o aparecem a um olho particular a n *o ser em um -nico lugar, e este, com o movimento do olho, muda de lugar dentro da nuvem. Sarsi afirma: Aquela mat +   +ria    sutil sublimada que produz aquela  aurora boreal v )   )  -se  tamb +   +  m toda iluminada,  iluminada,  como ela o +   de verdade.  verdade. Porm, pergunto eu a Sarsi de onde lhe vem esta es ta certeza. E ele pode responder-me

somente que n*o percebe parte alguma que n*o seja iluminada, assim como acontece com o resto da superf   $cie dos espelhos, das "guas, dos m"rmores, alm daquela pequena parte que reflete a viva luz do Sol. Porm advirto-o de que, se a matria fosse transparente, n*o distinguiria nada mais que aquele espl,ndido raio refletido, como acontece 1s vezes que a superf  $cie do mar n*o se distingue do ar, mesmo que se veja imagem reflexa do Sol; e assim, colocado um vidro sutil a uma determinada dist2ncia, poder" mostrar-nos aquela sua pequena parte que reflete alguma luz, ficando o resto invis $ vel  vel por causa de sua transpar ,ncia. Este erro de Sarsi  semelhante 1quele dos que afirmam que criminoso algum deve confiar que seu crime possa ficar oculto, nem percebem a incompatibilidade que existe entre permanecer oculto e ser descoberto, e quem quisesse ter duas cadernetas, uma dos delitos que permanecem ocultos e outra daqueles que s*o descobertos em cuja caderneta dos ocultos nunca poderia registrar-se coisa alguma. Afirmo, ent*o, que n*o me oponho 1 cren'a de que a matria da aurora boreal seja muito ampla e uniformemente iluminada pelo Sol 50; como, porm, n*o posso descobrir e observar a n*o ser aquela parte cuja refra'*o meu olho pode captar, permanecendo invis $ vel  vel todo o restante, tenho a ilus*o de perceber tudo. E que mais? A prop %sito dos vapores crepusculares que circundam a Terra, n*o permanece iluminado pelos raios solares sempre um hemisf rio? Com certeza sim; todavia, aquela parte que se interp)e diretamente entre o Sol e n %s mostra-se a n%s muito mais

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 A origem da aurora boreal, boreal, considerada difere diferentemente ntemente que ago agora, ra, na poca de Galileu, prevalecendo a tese de ser produto solar.

 

luminosa do que as partes mais distantes. Mas esta, como ainda outras,   pura apar,ncia e ilus*o de nosso olho, pois, encontrando-nos em qualquer lugar, sempre observamos o Sol como centro de um c $rculo luminoso, mas que gradualmente vai perdendo o brilho, segundo se encontre 1  direita ou 1  esquerda deste centro; para outros, mais para o boreal, parece mais escura aquela parte que a mim parece mais clara, e mais brilhante aquela que a mim apresentava-se mais escura. Podemos, assim, afirmar a exist,ncia de um halo perptuo e grande ao redor do Sol, figurado na superf  $cie convexa que termina a esfera de vapor, cujo halo, da mesma forma que o outro, que 1s vezes nasce de uma nuvem sutil, muda de lugar segundo a mudan'a do observador. Em rela '*o 1 pequena nuvem que Sarsi afirma ter observado brilhar na noite profunda, poderia poderia perguntar-lhe que certeza tem ele de ela n*o ser maior do que aquela que aparece, especialmente afirmando ele que era t *o transparente que n*o escondia estrelas fixas, mesmo m $nimas, pois n *o possu $a ind $cio algum para garantir que ela se ampliasse invisivelmente como transparente, muito e muito al m da parte brilhante observada: por isso  ainda duvidoso se ela n*o  uma apar,ncia que muda como as outras segundo a mudan 'a do olho. Alm de n*o haver nada em contr"rio que ela apare'a inteiramente brilhante e seja, da mesma forma, uma ilus *o, o que acontecer" se ela n*o fosse maior do que aquele espa 'o que vem a ser ocupado pela imagem do Sol, assim que, observando a imagem do Sol, por exemplo, ocupar num espelho tanto espa 'o quanto uma unha, n%s cort"ssemos fora o restante, n *o h"  d- vida de que este pequeno espelho poder"  nos aparecer brilhante de todo. Al m disso, quando o pequeno espelho fosse menor do que a imagem, ent*o poder-se-ia observar n *o s% tudo iluminado mas sua imagem n*o pareceria movimentar-se a cada movimento do olho, como no espelho grande; e at  por ser ele incapaz de toda imagem do Sol, segue que, movendo-se o olho, veria a reflex *o ora de um lado ora de outro do disco solar; assim a imagem pareceria im% vel, at  que o olho se dirija 1  parte que n*o produz reflex*o, ela se perderia completamente. 5  muito importante, ent *o, considerar a grandeza e a qualidade da superf  $cie que reflete, pois, conforme a superf  $cie seja menos limpa, a imagem do mesmo objeto se apresentar "  sempre maior, pois, 1s vezes, antes que a imagem passe por todo o espelho, ser " necess"rio que o olho passe por muito espa'o, e esta imagem parecer" fixa ent*o, mesmo que na realidade seja m% vel. Para explicar melhor um ponto important $ssimo e que talvez possa solicitar, n *o digo Sarsi, mas algum outro, pense V. E. Ilustr $ssima encontrar-se numa praia com um tempo tranq 4ilo e o Sol j "  descendo no ocaso. Perceber ", ent*o, sobre a superf  $cie do mar que est" na metade do c $rculo m"ximo da esfera celeste que passa pelo disco solar, o reflexo brilhant $ssimo do Sol, mas n *o muito amplo; se, pelo contr"rio, como j " falei, a "gua for muito calma, ver" a imagem do disco solar bem definida como num espelho. Se uma pequena brisa come 'a a movimentar a superf  $cie da "gua, na mesma hora ver" V. E. Ilustr $ssima a imagem do Sol quebrar-se em muitas partes, ampliando-se e difundindo-se. E, enquanto pr%xima, poderiam se distinguir cada uma das partes da imagem quebrada; todavia, sendo longe, n*o se perceberia esta separa '*o, quer pelos breves intervalos entre as partes, quer pelo grande

longe, n*o se perceberia esta separa '*o, quer pelos breves intervalos entre as partes, quer pelo grande brilho das partes cintilantes, que se misturaram, como acontece com muitos fogos perto entre si e que

 

de longe parecem ser um s %. Se a "gua se movimentar sempre mais por espa 'os sempre maiores, ampliar-se-"  a multid*o dos espelhos que refletir *o, segundo as diversas inclina ')es das ondas, a imagem do Sol quebrada. Mas distanciando-se sempre mais e subindo numa colina ou outra eleva '*o para poder enxergar melhor o mar, o campo brilhante parecer "  -nico e cont $nuo. Aconteceu-me enxergar de cima de uma montanha alt  $$ssima e distante do mar de Livorno sessenta milhas, com um tempo sereno mas de ventania, uma hora antes do p +r-do-sol, uma tira brilhant $ssima 1  direita e 1  esquerda do Sol, que ocupava em comprimento muitas dezenas, at  muitas centenas de milhas, a qual era, porm, como as outras, uma mesma reflex*o da luz do Sol. Agora, imagine, Sarsi, que da superf  $cie do mar, com o mesmo movimento de ondas, grande parte tivesse se retra $do para as orlas deixando s %  no meio, isto , face ao Sol, um compriment comprimento o de duas ou tr,s milhas: esta, com certeza, seria observada completamente iluminada, e im% vel mesmo, com respeito a qualquer movimento que o observador houvesse realizado 1 direita ou 1 esquerda; s% depois de movimentar-se por alguma milha come 'aria a desaparecer a parte esquerda da imagem, se ele estivesse caminhando para a direita, e a imagem esplendorosa diminuiria at  que, adelga'ando-se, desapareceria por completo. Disto resulta que a imagem  m% vel em rela'*o 1 imagem do observador, pois, mesmo observando-a toda, perceber $amo-la toda ainda movimentar-se, encontrando-se seu meio sempre 1  direita do Sol, apesar de aparecer a muitos outros que a observem no mesmo momento como encontrando-se em outros pontos do horizonte. Eu n*o quero esconder de V. E. Ilustr $ssima aquilo que eu lembrei neste ponto para a solu '*o do problema do mar. Espertos marinheiros conhecem 1s vezes o vento que chegou a eles depois de algum tempo, observando o ar que, nesse caso, mostra-se mais claro, daquele lado, do que deveria ser. Imagine V. E. Ilustr $ssima se isto poderia derivar do fato de se encontrar j " naquela parte o vento que, movimentadas as ondas, faz nascer, como por espelhos multiplicados multiplicados infinitamente e difund difundidos idos amplamente, o reflexo do Sol muito maior do que se o mar fosse tranq 4ilo, permitindo que seja muito mais iluminada por esta nova luz aquela parte do ar vaporoso por meio do qual este reflexo difunde-se, cujo ar ofere'a ainda algum reflexo de luz aos olhos dos marinheiros, os quais, encontrando-se embaixo, n*o podiam perceber a primeira reflex *o daquela parte de mar j" movimentada pelos ventos e distante deles vinte ou trinta milhas; e que esta seja a sua previs*o do vento distante. Mas, continuando nosso primeiro discurso, afirmo que os raios solares n *o refletem, com a mesma grandeza, a imagem do Sol sobre todos os materiais, isto , sobre todas as superf  $cies; mas sobre algumas (isto , as planas e lisas como um espelho) nos aparece o disco solar semelhante ao  verdadeiro, nas superf  $cies convexas mas lisas nos aparece menor, e nas c +ncavas 1s vezes menor e 1s  vezes maior, 1s vezes mesmo igual, segundo as diversas dist2ncias entre o espelho, o objeto e o olho. Porm, se a superf  $cie n*o for igual mas sinuosa e cheia de cavidades ou eleva')es e como se fosse

composta por milhares de pequenos espelhos colocados com v "rias inclina')es, expostas aos olhos de mil modos, ent*o a mesma imagem do Sol chegar"  ao nosso olho de mil partes e dividida em mil

 

peda'os, os quais ampliar-se-*o, imprimindo nesta superf  $cie um amplo conjunto de pequenas manchas brilhantes, cuja freq 4 4,,ncia originar" a ilus*o de um -nico campo de luz cont $nua visto de longe, mais brilhante e viva no meio que nas extremidades, onde diminui e desaparece, enfim, quando por causa da obliq 4idade do olho em rela'*o a esta superf  $cie os raios vis $ veis  veis n*o encontram mais ondas que se refletem contra o Sol. Esta imagem resulta ainda m% vel de acordo com o movimento do olho, se, porm, alm de seus limites, continua a superf  $cie que reflete; mas, se a quantidade da mat ria ocupar um pequeno espa'o, muito menor do que o da imagem inteira, poder" acontecer que, ficando fixa a matria e movimentando-se o olho, ela continue a aparecer brilhante, at  que, tendo chegado o olho

1quele termo do qual, pela obliq 4idade dos raios incidentes sobre a matria, as reflex)es n*o se dirigem mais rumo ao Sol, a luz desaparece e perde-se. N*o concordo com Sarsi que quando ele v , uma nuvem suspensa no ar, bem determinada e toda brilhante, que permanece tal apesar de o olho ir se movimentando, n*o pode ter a certeza de que esta luz seja mais real do que um halo, do que os perilios, do que o arco- $ris, e do que a reflex*o sobre a superf  $cie do mar; porque afirmo-lhe que a sua consist,ncia e sua aparente estabilidade podem depender da pequenez da nuvem que n*o consegue receber toda a amplid*o da imagem do Sol; e esta imagem, em rela'*o 1 posi'*o das partes da superf  $cie da nuvem, ampliar-se-ia, se n*o lhe faltasse matria, num espa'o muito maior da nuvem, e quando se  visse inteiro e o campo das nuvens se adiantasse a ele, afirmo que apareceria movimentando movimentando-se -se inteiramente em rela'*o ao movimento do olho. Prova-o Prova-o o fato de termos visto muitas vezes, ao nascer e ao p+r-do-sol, muitas pequenas nuvens colocadas perto do horizonte, das quais as que se encontram face ao Sol tornam-se brilhant $ssimas e quase de fino ouro, das laterais as menos distantes do meio s *o ainda mais brilhantes do que as mais distantes, as quais v *o aparecendo gradualmente menos claras at  ficar praticamente nulo o brilho das mais distantes: nulo para n %s, mas, para quem se encontrasse num lugar onde elas permanecessem entre seu olho e o lugar onde o Sol se p )e, mostrar-se-iam brilhant $ssimas para ele e obscuras a n %s as mais esplendorosas. Entenda, ent *o., Sarsi, que se as nuvens n*o fossem quebradas mas fossem uma longa extens*o cont  $$nua, a sua parte central pareceria brilhante a qualquer um dos observantes e gradualmente menos claras as laterais, conforme a dist2ncia de seu meio, porque onde eu posso ver o maior brilho, para outros   o menor. Mas algum poderia agora afirmar que, uma vez que aquela parte da nuvem permanece fixa e sua luz n *o parece movimentar-se pela mudan'a de lugar do observador, isto seria suficiente para fazer com que a paralaxe opere na determina'*o de sua altura, e que, podendo acontecer o mesmo com o cometa, o uso da paralaxe seja suficiente para quem queira mostrar o lugar dela. Poder-se-ia responder a esta obje '*o que este argumento resultaria verdadeiro se fosse demonstrado antes que o cometa n*o  uma inteira imagem do Sol, mas s% uma parte da imagem, assim como a matria que forma o cometa  n *o s% toda iluminada mas que a imagem do Sol  maior que ela, de modo que  bastante para iluminar um campo muito maior,

existindo matria apta a refletir a luz. Isto n *o foi demonstrado e pode ser diferente, isto , que o cometa seja uma inteira imagem, n*o mutilada, como nos faz acreditar sua apar ,ncia bem regulada e

 

simtrica. E daqui pode-se deduzir uma resposta f "cil e razo" vel 1 pergunta que Sarsi coloca, isto , como pode acontecer que, acreditando, segundo a coloca '*o de M"rio, o cometa esteja num campo muito extenso em altura que n*o se ilumine inteiramente mas nos reflita s% um c $rculo parcial, sem que as outras partes, mesmo atingidas pelo Sol, n *o apare'am nunca. Farei, ent *o, a mesma pergunta a ele e ao seu Mestre, que n*o desejando que o cometa seja um fogo, mas querendo acreditar (se n *o me engano) que ao menos sua cauda seja uma reflex *o dos raios solares, se eles acreditam que o material que produz uma reflex*o seja recortado da medida desta cauda, inteiro, que tenha de algum lado; e se sobrar (como acredito que me responda), por que n *o  percebida, uma vez que  atingida pelo Sol? N*o se pode afirmar que o reflexo seja originado pela subst 2ncia do ter, subst2ncia que, muito transparente, n*o serve para isto, nem pode-se originar em outro material que, mesmo apto 1 reflex*o, seria tambm apto a refletir os raios solares. Al m disso, n*o sei por que raz*o ele chama um pequeno c $rculo a cabe'a do cometa que seu Mestre conseguiu medir em 87 127 milhas quadradas, n*o sei com quais inteligent $ $ssimos c"lculos, quando nuvem alguma, acredito eu, pode alcan'ar tal medida.  Acrescenta Sarsi, imitando aquele que por muito tempo acreditou que o som pudesse ser produzido de uma -nica forma, n*o ser poss $ vel  vel que o cometa se origine do reflexo daqueles vapores fumacentos, e que o exemplo do arco- $ris n*o resolve a dificuldade, sendo ele uma ilus*o visual: pois o arco- $ $ris e outras coisas semelhantes s*o originados pela umidade da matria que j"  est"  se transformando em "gua, que s% naquele momento, imitando a natureza dos corpos l $quidos, reflete a luz daquela parte onde se produzem os 2ngulos da reflex*o e da refra'*o, procurados como acontece nos espelhos, na "gua e nas bolas de cristal; mas, nos outros materiais ralos e secos, n *o possuindo superf   $cie lisa como os espelhos, n *o se origina muita refra'*o, procurando-se, ent *o, para esta finalidade, uma matria aguada, por conseguinte, muito pesada e inapta a subir al m da Lua e do Sol, aonde podem chegar (tambm segundo minha opini *o) s% exala')es lev  $ssimas. O cometa, ent*o, n*o pode ser produzido por tais fumacentos vapores. Uma resposta suficiente a toda esta argumenta '*o seria afirmar que o Sr. M"rio nunca limitou-se a afirmar qual seja a mat ria origin"ria e precisa do cometa, nem se ela  -mida ou fumacenta, seca ou lisa, e sei que ele n *o se envergonhar" em afirmar que n*o a conhece. Porm, vendo que em vapores, nuvens ralas e n *o aguacentas, e naquelas que se dissolvem j "  em pequenas gotas, nas "guas paradas, nos espelhos e outras matrias, aparecem por reflex*o e refra'*o muitas imagens ilus%rias, considerou n*o ser imposs $ vel  vel que na natureza exista ainda ainda uma matria apta a nos oferecer mais uma imagem diversa das outras, isto , o cometa. Tal resposta, afirmo eu,   bem adequada 1  pergunta, se cada parte da pergunta for exata: todavia, o desejo de ajudar (como muitas  vezes j" confirmei) a pesquisa da verdade, pelo que me cabe, leva-me a fazer algumas considera ')es sobre determinados determinados particulares contidos nesses discursos. Em primeiro lugar,  verdade que numa emana'*o de pequen $ssimas gotas de "gua recebemos a

ilus*o do arco  $ris, mas n*o acredito que, pelo contr"rio, uma ilus*o semelhante n*o se verifique sem uma tal emana'*o. O prisma triangular cristalino perto dos olhos nos apresenta todos os objetos das

 

cores do arco- $ris; muitas vezes, v ,-se o arco- $ris tambm em nuvens secas, sem que caia chuva alguma. N*o podemos ver tamb m as mesmas ilus)es de cores diversas nas penas de muitas aves, enquanto o Sol as atinge de v "rias formas? E que mais? Gostaria de anunciar a Sarsi alguma novidade se existisse alguma novidade a contar. Pegue ele qualquer mat ria, seja pedra, madeira ou metal, e. expondo-a ao Sol, observe-a atentamente e poder " observar nela todas as cores repartidas em pequen $ssimas partes; e se ele usufruir, para observ "-las melhor, de um telesc%pio adaptado a observar os objetos muito pr%ximos, muito mais distintamente perceber"  aquilo de que estou falando, sem necessidade que aqueles corpos transformem-se em orvalho ou vapores -midos. Alm disso, aquelas pequenas nuvens que ao p+r-do-sol mostram-se brilhant  $$ssimas e refletem a luz do Sol t *o viva que quase nos cega, s *o das mais ralas, secas e est reis nuvens que existem no ar, e as -midas, em vez, quanto mais est*o cheias de "gua mais se mostram a n%s escuras. O halo e os perilios verificam-se sem chuvas e sem umidade nas mais ralas e secas nuvens ou vapores que se encontrem no ar. Segundo,   verdade que as superf  $cies bem lisas, como as dos espelhos, nos oferecem um poderoso reflexo reflexo da luz do Sol; assim, a muito custo podemos observ "-la sem ofender a vista; por m,   tambm verdade que superf   $cies n*o muito lisas refletem com menos for 'a se menor for a sua limpeza.  Veja agora, V. E. Ilustr $ssima, se o esplendor do cometa  daqueles que cegam a vista, ou  daqueles que por fraqueza n*o ofendem em nada; e disto julgue se para produzi-lo seja necess "rio uma superf  $cie semelhante 1quela de um espelho, e seja suficiente uma menos lisa. Eu gostaria de mostrar a Sarsi um modo de originar uma reflex*o muito semelhante 1quela do cometa. Pegue V. E. Ilustr $ssima uma garrafa de vidro bem limpa, e com uma vela acesa n*o muito distante do recipiente perceber ", em sua superf   $cie, uma imagem bem pequena desta luz, clara e determinada. Pegando depois com a ponta do dedo uma m $nima quantidade de qualquer matria que possua um pouco de gordura, de modo que se junte ao vidro, engordure o mais sutilmente que puder aquela parte onde se percebe a imagem da luz at que a superf  $cie fique um pouco nublada. Movimente depois a garrafa de maneira que a imagem saia da gordura e pare ao contato com ela; passe depois o dedo uma -nica vez horizontalmente sobre a parte gordurosa. Imediatamente ver"  originar-se um raio reto como a cauda do cometa, e este raio cortar" transversalmente e em 2ngulos retos a linha do dedo que V. E. produziu, e, se V. E. voltar a passar o dedo numa outra dire'*o, este raio originar-se-"  em outra dire'*o. Isto acontece porque, devido 1 pele dos nossos dedos n *o ser lisa, mas marcada por algumas linhas sinuosas para permitir melhor o tato e perceber as m $nimas diferen'as entre as coisas tang  $ veis,  veis, movimentando o dedo sobre esta superf  $cie gordurosa, deixa alguns sulcos sutis no interior dos quais produzem-se os reflexos da luz, os quais, sendo muitos e dispostos ordenadamente, apresentam depois uma Unha brilhante, em cuja extremidade, se produzirmos, movimentando o vaso, aquela primeira imagem realizada na parte n *o gordurosa, perceber-se-" a cabe'a da cauda mais brilhante e a cauda menos brilhante; o mesmo efeito

produzir-se-" se, em vez de se engordurar o vidro, ficar emba'ado soprando em cima. Eu pe 'o a V. E. Ilustr $ssima que, se alguma vez por acaso Sarsi chegar a conhecer esta brincadeira, explique por mim

 

bem claramente que eu n*o entendo com isso afirmar que exista no c u uma grande garrafa e algum que a engordure, produzindo assim o cometa; simplesmente eu apresento este exemplo e poderei apresentar muitos outros que possam encontrar-se na natureza, ainda indefinidos a n %s, como argumentos de sua riqueza de modos diferentes entre eles para produzir seus efeitos. Em terceiro lugar, que reflex*o e refra'*o n*o podem ser produzidas por matrias e impress )es meteorol%gicas51  a n*o ser quando cont,m muita "gua, porque s%  neste caso apresentam superf  $cies lisas e limpas, condi ')es estas necess"rias para produzir tal efeito, asseguro que n *o  verdade que n*o possa ser diferente. No que diz respeito 1 limpeza, afirmo que mesmo sem ela produzir-se-" a reflex*o da imagem unida e distinta. Afirmo assim porque a imagem quebrada e confusa  produzida por todas as superf  $cies, desiguais e "speras; porm, aquela imagem de um pano colorido, que se v , distint  $$ssima num espelho oposto, v ,-se confusa e quebrada sobre o muro que reproduz uma determinada sombra da cor deste pano. Se V. E. Ilustr $ssima pegar uma pedra ou uma ripa de madeira n*o t*o lisa que reflita perfeitamente as imagens, e colocar-se em dire'*o obl  $$qua ao olho, como se quis ssemos verificar se ela

 plana e reta, perceber " distintamente sobre ela as imagens dos objetos que se encontrarem en contrarem encostad encostados os do outro lado da ripa, t*o distintas que, apoiando um livro em cima, poder" ser lido comodamente. Mas se este experimento for conclu $do colocando-se o olho perto da extremidade de algum muro reto e comprido, primeiro perceber-se- "  um perptuo curso de exala')es em dire'*o ao cu, especialmente quando o muro for atingido pelo Sol, assim como todos os objetos parecem tremer; depois, o muro do outro lado parecer"  aproximar-se, e ver"  que, quando estiver bem perto, sua imagem se apresentar "  refletida naqueles vapores ascendentes, nem -midos nem pesados, pelo contr "rio, secos e leves. E que mais? N*o chegou ainda ao ouvido de Sarsi tudo aquilo que foi falado, especialmente por Tycho, a prop%sito das refra')es que se operam nas exala ')es e vapores que circundam a Terra mesmo que o ar seja sereno, seco e sem chuva e umidade? Tamb m n *o se ap%ie, como ele faz, sobre a autoridade de  Arist%teles e de todos os mestres de perspectiva, porque ele n*o poder" fazer outra coisa que afirmar que eu sou um observador mais cuidadoso que eles, o que, segundo meu parecer,  de todo contr"rio 1  sua inten'*o. Parece-me que tudo o que expus   uma resposta suficiente ao argumento de Sarsi. Passemos, pois, ao segundo. 22. Se  por acaso algu +   +m    se atrevesse a afirmar: nada impe de de que o vapor aquoso, mesmo grosso, impulsionado ao alto por alguma for  & a, a, cause assim refra  &  o e reflex      o do   cometa (parece-me que n      o existe outra solu  &  o: por longa   experi   )  ncia foi demonstrado que os corpos  quanto   quanto mais ralos e transparentes, me nos nos brilham, ao menos em apar )   )ncia,    o   contr (   (  rio quando s     o grossos e escuros; como, pois, o cometa brilhava com uma luz t      o intensa, suficiente para superar o   brilho das estrelas de primeira grandeza e os pr $$    prios    planetas, sua mat +   +  ria dever (   (    ser   grossa e escura ao menos em alguma parte; com efeito, observamos a ma deira, deira, sendo grand   o,   esbranqui   ada mais que esplendorosa e   .  ssima sua refra  &  o,  & ada sem algum raio brilhante); e se este vapor fumacento foi t      o grosso de refletir uma luz t      o brilhante e intensa, e se, como  

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De acordo com a teoria naturalista da poca, o verbo "imprimir", do qual deriva o termo "impress )es", n*o pode referir-se a nenhuma qualidade prim"ria (elementar, particular) de um element elemento, o, porque elas j " surgem com o pr %prio elemento; deve por isso ser relacionado a algum elemento "acidental". Ent*o a frase "impress)es metereol%gicas" adquire o sentido de "varia ')es atmosf ricas".

 

Galileu quer, ela ocupou uma parte bastante ampla do c +   +  u, u, que  que aconteceu nas estrelas que brilhavam atrav +   +  s deste vapor   embaixo, n     o suportavam refra   &  o alguma ins $$  lita    e n      o aparec iam iam maiores nem menores que antes? Com certeza, havendo ao mesmo tempo medido o mais exatamente poss ..    vel a dist 3     uma e outra estrela que circundavam o 3  ncia entre  uma cometa de toda parte, verificamos que as nossas medidas n      o eram diferentes das de Tycho; todavia, a experi   )  ncia nos   ensina, e Vitello e Halazen o deixaram escrito, que as grandezas das estrelas e suas respectiva s dist 3   3ncias    variam pela   interfer )   )ncia    de tais vapores.  ,  necess   necess (   (  rio, ent      o, afirmar ou que estes vapores   foram   t      o leves e ralos que n      o impediram   de forma alguma a luz dos astros (eles,  por +   +m,    j  (   demonstraram serem menos   aptos a produzir a luz do cometa por refra   &  o) ou, o que +   muito mais verdadeiro, que foram nulos.

Podemos raciocinar muito sobre sobre este argumento, o que n *o me parece ser do agrado de Sarsi. Em primeiro lugar, nem o Sr. M"rio nem eu ousamos nunca afirmar que os vapores aguacentos e grossos foram atirados para o alto para produzir o cometa; assim, toda a argumenta '*o que se ap%ia na impossibilidade desta posi '*o cai e desaparece. Em segundo lugar, que os corpos se iluminem sempre menos, quanto 1 apar,ncia, conforme sejam mais ralos e not " veis, e sempre mais quanto mais grossos, como afirma Sarsi ter verificado atrav s de longas experi,ncias, eu o considero bem errado. Confirma-me esta teoria uma -nica experi,ncia, isto , observar igualmente iluminada uma nuvem como se ela fosse uma montanha de m"rmore, mesmo sendo o material da nuvem suficientemente mais ralo que o das montanhas. Assim, n *o percebo que necessidade tenha Sarsi de afirmar que a matria do cometa  mais densa e escura que a dos planetas (assim parece-me que ele afirme, se entendi bem o significado de suas palavras), e, al m disso, n*o tendo muita certeza de que o cometa fosse mais brilhante que as estrelas de primeira grandeza e os planetas. Por m, mesmo que ele fosse assim, por que introduzir tanta densidade de matria, se n%s percebemos os vapores crepusculares resplandecerem mais que as estrelas e do que ele? Sem falar daquelas pequenas nuvens do outro cem vezes mais brilhantes. Em terceiro lugar, mesmo aceitando que um vapor fumacento e grosso tivesse sido aquele que produziu o cometa, n*o era necess"rio que ele produzisse tanta diferen 'a nos intervalos entre estrela e estrela, mas que, por causa da refra '*o nesse vapor, ele discordasse das medidas de Tycho, e que, pelo contr"rio, diversidade alguma fosse observada medindo-os com extrema exatid*o. Se devo dizer a verdade, percebo duas coisas que me desagradam muito. Uma, que eu n *o vejo a possibilidade de poder acreditar na teoria de Sarsi sem negar a de seu Mestre, pois um diz ter medido com enorme exatid*o as dist2ncias entre estrelas e o outro desculpa-se ingenuamente de n *o ter tido a possibilidade de fazer tais observa ')es com a tranq 4ilidade que teria sido necess"ria, por falta de instrumentos grandes e exatos como os de Tycho, pelo que pede que n *o se leve em muita conta suas observa')es experimentais. A outra  que eu n*o sei de que forma explicar para V. E. Ilustr $ssima, com a modstia e reserva que desejo, a minha d - vida de que o Sr. Sarsi n*o entende perfeitamente o que sejam estas refra')es, e como e quando elas se originam e produzem seus efeitos. Por m V. E., que

sabe faz,-lo com sua infinita gentileza, comunique-lhe que os raios que cortam em 2ngulos retos, ficando o objeto 1 vista, a superf  $cie daquele ar que produz a refra'*o, n *o se manifesta refra'*o onde

 

existe possibilidade de refra '*o. Porm, as estrelas, rumo ao v rtice como aquelas que nos enviam seus raios perpendiculares 1 superf  $cie esf rica dos vapores que circulam a Terra, n *o sofrem refra'*o; mas as mesmas, conforme declinem mais ou menos na linha do horizonte e por conseq 4, 4,ncia sempre mais obliquamente cortam com seus raios a referida superf  $cie, sempre mais produzem uma refra '*o, mais falsamente nos mostram seus lugares. Avise-o tamb m de que, sendo o limite desta mat ria n*o muito alto, onde a esfera com vapores n *o  muito maior que o globo terrestre 52, em cuja superf  $cie n%s nos encontramos, a incid ,ncia dos raios originados pelos pontos pr %ximos do horizonte  muito obl  $$qua, obliq 4idade que se tornaria sempre menor quanto mais a superf  $cie dos vapores se colocasse no alto; assim, quando se elevasse tanto que sua dist 2ncia compreendesse muitos semidi 2metros da Terra, os raios que chegassem a n%s de qualquer ponto do cu muito pouco obliquamente poderiam cortar a referida superf   $cie, mas seriam como se tendessem ao centro da esfera, que  o mesmo que dizer que eles s*o perpendiculares 1 sua superf  $cie. Ora, porque Sarsi coloca o cometa mais alto que a Lua, nos  vapores que cobrissem tanta altura, n*o se poderia verificar refra'*o alguma, e por conseguinte nenhuma sens $ vel  vel apar,ncia de diversidade de lugar nas estrelas fixas. N *o  necess"rio, ent*o, que Sarsi diminua mais ainda esses vapores para desculpar a falta de refra'*o, e muito menos necess "rio  que os tire de tudo. Ca $ram outros neste mesmo erro, enquanto persuadiram-se de poder mostrar que a subst2ncia celeste n*o difere da pr%xima elementar, nem pode existir aquela multiplicidade de orbes, pois, se ela existisse, verificar-se-ia grande diversidade nos lugares aparentes das estrelas devido 1  diversidade das refra')es realizadas em tantos di"fanos diferentes; este discurso  v *o, pois a grandeza desses orbes, mesmo sendo todos os lugares di "fanos diferentes entre eles, n *o produziria 1 nossa vista refra'*o alguma, como se fossem colocados no mesmo centro desses orbes.

+ria    do cometa n    o   difere da mat +   +ria    dos   23. Passemos ao terceiro argumento: Galileu afirma que a mat +   corp //  sculos    que se movimentam ao redor   do Sol com revolu   &  o estabelecida, chamados pelo vulgo manchas solares. N     o   nego isto, pelo contr ((    rio, afirmo que no tempo no qual foi ob servado servado o cometa mancha alguma foi percebida no Sol por um m )   )s   inteiro, e mui raramente foram depois   observadas nele tais manchas; assim, algum poeta poderia, n      o sem raz      o, o,    partir daqui e afirmar brincando que naqueles dias o Sol havi   a lavado o rosto luminos ..    ssimo mais diligentemente que de   costume e, com os restos de seu banho espalhados pelo c +   +  u, ele pr $$    prio    formou  o   o cometa e depois admirou-se de que sua sujeira brilhasse mais claramente que as estrelas. Mas por que vou eu perseguir tal brincadeira po +   +tica?    Volto ao meu   discurso. Admitamos, ent     o, que cometas e manchas, por a ssim ssim dizer solares, possuam a mesma mat +   +  ria; como, ent      o, o,   esta mat +   +ria    que deve gerar o cometa sai   sempre com movimento reto e perpendicular 2  Terra,   Terra, o que +   que o leva a ir ao   redor do Sol e a movimentar-se perpetuamente no mesmo sentido ao longo das linhas paralela s da ecl   .  tica, deturpando a     face do Sol com aquelas manchas? manchas? Se a na tureza tureza dos corpos leves +   de  ir rumo ao alto, por que, ent      o, o mesmo vapor ora   sobe em linha reta, ora movimentamovimenta-se se ao redor com leis t     determinadas? Se por acaso algu +     o  determinadas? +m    afirmar que ele, por causa   da sua for  & a poderos .   movimenta-se sempre em linha muito reta e, aproximando-se do Sol, obediente 2  sua  sua vontade,  vontade,  .  ssima, movimenta-se

movimenta-se rumo ao lugar que o poder r +   + gio    do senhor indicou-lhe, com certeza me admirarei que, enquanto os outros 52

Na poca de Galileu, altura atmosf rica era considerada muito menor de quanto n %s sabemos que  hoje.

 

corpos formados pela mesma mat +   +  ria encontram-se t      o unidos ao  Sol, s $   $ o    cometa nascido pert o do Sol deseja ardentemente destacar-se o mais poss ..    vel e prefira apagar-se entre as g +   +lidas      ursas,  ursas, em lugar obscuro, em vez de permanecer entre os raios do Sol podendo sombre ((    -lo interpondo  o pr $$    prio    corpo. Por +   +m    estes s      o racioc ..    nios f  .  sicos mais que matem (   (  ticos.

Sarsi continua, como j " relatei mais acima, apresentando conclus )es arbitr"rias, atribuindo-as ao Sr. M"rio e a mim, para contestar-nos e desta forma atribuir-nos a autoria de opini)es absurdas e falsas. O Sr. M"rio, para exemplificar ser poss $ vel  vel que matrias ralas elevem-se muito acima da Terra, trouxe o exemplo da aurora boreal, querendo Sarsi com isso demonstrar ser da mesma mat ria que o cometa. Por isso, n*o satisfeito ainda, opinando que a reflex *o da luz n*o se pudesse verificar com outras condi')es atmosf ricas a n*o ser as -midas, atribuiu ao Sr. M"rio e a mim a afirma '*o de que os  vapores -midos e pesados sobem ao c u formando o cometa. Acontece que n%s afirmamos que a matria do cometa  a mesma das manchas solares, lembradas somente pelo Sr. M "rio para demonstrar como ele acha que a matria celeste possa movimentar-se, gerar e dissolver algumas mat rias53, mas nunca para afirmar que elas originem o cometa. Por tudo isto entenda, V.E. Ilustr $ssima, como meu protesto, manifestado acima, de que o cometa n *o deve ser imaginado dentro de uma enorme garrafa gordurosa n*o foi nem rid $culo nem fora de prop%sito. Nunca afirmei que o cometa e as manchas solares s*o da mesma matria; mas vou me explicar melhor agora, apesar das grandes oposi ')es de Sarsi, porque n*o tenho medo de afirmar e sustentar minha posi '*o. Ele n*o gosta de afirmar que uma matria sutil procede em linha reta rumo ao corpo solar e que, chegando l ", procede em %rbita; porm, por que n*o perdoa o argumento apresentado pelo Sr. M"rio, nem perdoa Arist%teles e os peripatticos que fazem subir o fogo em linha reta at a Lua e ali mudar seu movimento reto circular? E como faz Sarsi para sustentar que  imposs $ vel  vel que um peda'o de madeira caia do alto perpendicularmente num rio r"pido, e chegado 1 "gua comece logo a ser s er levado ao redor do globo terrestre? Mais v "lida seria, na  verdade, a outra hip%tese colocada por ele, isto , como pode verificar-se que, querendo todas as outras matrias do cometa ir juntas avidamente rumo ao Sol, ela s% tenha fugido afastando-se rumo ao norte. Esta dificuldade, como afirmo, o obrigaria, se ele mesmo n *o tivesse explicado mais acima, quando dizendo que Apoio lavava a face, jogando fora a "gua, da qual originava-se o cometa, ele n *o houvesse declarado de ter a opini*o que a matria das manchas solares sai do Sol e n *o procede em dire'*o ao Sol.

  53

Como j" foi afirmado, a maior parte dos autores naturalistas contesta as teorias aristotlicas; aqui  contestada a teoria da incorruptibilidade incorruptibilida de da matria.

 

24. Observemos agora o quarto argumento: Vamos agora para os argumentos $    pticos que provam, com   muita efic ((    cia, que nunca o cometa foi    ilus    ntasma entre as trevas noturnas; mas   o v        e que nunca vagueou feito fa ntasma mostrou-se a todos, num lugar determinado com o aspecto que sempre ele teve. Com efeito, tudo aquilo que aparece ori-   ginado pela refra  realmente,  como o arco- ..    ris, o halo e muitas outras coisas parecidas,  parecidas,   &  o da luz, mesmo que n      o exista realmente,  segue sempre a lei de acompanhar o corpo lu minoso minoso por cuja luz +   gerado com movimento cont ..    nuo e obrigat $   $  rio, qualquer    que seja a dire  &  o. Assim o arco- .   .  ris IHL que, encontrando-se o Sol no horizonte A, possui o v +   +  rtice de seu semic ..    rculo   em H, se considerarmos que o Sol subir (   (   de A para D, descer (   (   na parte oposta e inclinar (   (   o v +   +  rtice H rumo ao horizonte   de seu semic .   .  rculo; e quanto mais alto subir o Sol tanto mais baixar-se- (   (   o v +   +rtice      H do arco- ..    ris; de modo que o arco- ..    ris   movimenta-se sempre no mesmo sentido do movimento solar. E isto pode-se observar tamb +   +m    nos halos, nas coroas e nos    peri   +  lios, pois tendo forma de coroa numa  determinada dist 3   3  ncia, ao redor de um corpo luminoso do qual s      o gerados, s      o   tamb +   +m    levados no mesmo rumo, por seu pr $$    prio    movimento. Pe rcebe-se rcebe-se isto mais claramente ainda na imagem luminosa  que o Sol, pondo-se, forma sobre a superf   .  c ieie do mar e dos rios: com efeito, quanto mais o sol afasta-se de n $   $  s tanto mais   afasta-se ela tamb +   +m,    at +   +   que, depois de se p 66  r,   desaparece.  desaparece.  Com efeito, consideramos que o BI seja a superf   .  cie do mar,  mar,  insensivelmente diferente de uma superf   .  c ieie plana; coloque-se em A o olho do observador do litoral; coloque-se o Sol no come   & o em F, transportem-se de D os  raios  raios FD e DA, de maneira que formem os 3  ngulos ADB, FDE de incid   )  ncia e   de reflex      o iguais em D: ent      o a luz do Sol ser (   (   vista em   D. Des  & a agora o Sol em G, e G, e da mesma forma de antes, levem-se do Sol G ao olho de A duas linh as as que formam com a reta BE 3  ngulos de   incid   )  ncia e de reflex      o iguais: elas   coincidir   o   no ponto E e n    o   em outro lugar, como resulta   claro: a luz do Sol, ent      o, aparecer (   (   em E: e pela mesma   raz      o, descendo o Sol ainda mais em H, a luz aparecer (   em  I. O contr (   (  rio acontece todas as vezes que esta mesma luz +     produzida nas (    guas pelo Sol nascente: ent      o, com efeito, como o Sol aproxima-se  mais do nosso z )   )  nite, assim tamb +   +  m a   luz aproxima-se daquele que a observa: por exemplo, antes aparecer (     E, enfimem D. Qualquer um (    em I, depois em  E,  poderia entender que estas apar )   )  ncias luminosas movimentam-se sempre em dire  &  o ao mesmo lado onde v      o os corpos   luminosos que as produzem. Como, portan to, to, o cometa, sem controv +   a-se produzido pela luz do Sol, deve +  rsia, consider a-se seguir tamb +   +m    o rumo dele; se n      o o faz, n    o   pode ser colocado entre os meteoros luminosos. Afirmo, ent      o, que nunca se   observou no cometa tal coisa. Com efeito, encontrando-se o Sol, no primeiro dia no qual no  qual foi observado o cometa, isto +    , dia   29 de novembro, de 6 graus e 43 m em Sagit (   (  rio, e tendendo   ainda rumo ao Capric $   $  rnio, necessariamente em todos os   sucessivos dias at +    necessariamente de baixar numa linha vertical qualquer; e, se observamos este +   ao 22 de dezembro teve  necessariamente movimento, o Sol naquela +    poca estava se afastando do equa dor dor sempre mais rumo ao sul; e assim, se o cometa foi do

 g )   )nero    das luzes produzidas por refra  &  o ou reflex      o, necessariamente teve que ir para o sul; contudo, foi t   o diferente seu   movimento movimen to que preferiu proceder rumo ao norte; para talvez demonstrar com isto a Galileu sua liberdade, e ensinar que ele

 

nada teve do Sol mais daquilo que t )   )  m os homens que andam na sua luz, e aonde o desejo deles os levar eles ir      o   livremente. Se por acaso algu +   +m    apresentar alguma outra regra de reflex      o e refra  &  o, diferente das acima mencionadas,  mencionadas,  regra que achasse dever-se atribuir ao cometa por alguma ra zz     nos estabelecer se o cometa,   o oculta, +    necess (   (  rio ao me nos admitindo uma vez a regra do movimento, a segue depois exat amente. amente. Se algu +   +m    quer isto, seja como quiser. Era pr $   $ prio       dos cometas n     o movimentar-se seguindo o movimento do Sol, mas fazendo o contr (   (  rio; enquanto o Sol ia para o sul, eles     fugiam para o norte; os mesmos deveriam, por +   +  m, voltando o  Sol para o norte, pela mesma raz      o ir rumo ao sul. Ent      o    quando o Sol, aos 22 de dezembro, isto +    ,  ,   na +    poca do solst ..    cio de inverno, voltava novamente para o norte, nosso cometa   devia voltar, pelo contr ((    rio, ao lugar  de   de onde se tinha afastado: todavia, guardou constantemente sempre o mesmo movi-  mento para o norte: assim, resulta bem claro que n      o existe   rela  &  o alguma entre o movime nto nto do Sol e o movimento do cometa, pois, nem mesmo que o Sol se movimente em dire   &  o a  um   um lado ou a outro, o come ta ta avan   & a com o mesmo rumo    que havia escolhido desde desde o in ..    cio.

Qual fora a seq 4 4,,ncia dos tr,s argumentos apresentados antes, ficou bem claro at   agora; e acredito que o pr%prio Sarsi n*o lhes tenha dado, por serem f  $sicos, muita considera'*o, considerando mais os seguintes, derivados das demonstra ')es %pticas, muito mais concludentes e eficazes que os anteriores: claro ind $cio de n*o ter ficado muito satisfeito com os argumentos naturais. Mas raciocine melhor e concorde que algu m que queira nos persuadir a respeito de uma coisa sen *o falsa ao menos duvidosa leva uma grande vantagem em utilizar argumentos prov " veis, hip%teses, exemplos  veross $meis, sofismas, alicer'ando-se e escondendo-se atr"s de textos muito claros, atr"s da autoridade de outros fil%sofos, de naturalistas, de ret %ricos, de historiadores. Mas apresentar rigorosas demonstra ')es geomtricas  perigoso demais para aquele que n*o as sabe utilizar bem; pois, como em rela'*o a uma coisa54  n*o existe caminho do meio entre a verdade e o falso, assim nas demonstra ')es necess"rias ou aceitamos conclus)es indubit" veis ou silogiza-se sem desculpa, sem ter a possibilidade, mesmo limitadamente, com distin')es distorcendo as palavras ou com outros recursos, sustentar-se em p, mas  necess"rio, com palavras breves e na primeira vez, permanecer Csar ou nada. Esta exatid*o geomtrica permitir"  que eu, com maior brevidade e menor t dio para V. E. Ilustr $ssima, possa me libertar das provas seguintes, provas que eu chamarei %pticas ou geomtricas mais para ajudar a Sarsi, pois possuem, das figuras em diante, muita perspectiva ou geometria. Como V. E. Ilustr $ssima pode perceber, Sarsi tem a inten '*o de concluir, neste quarto argumento, que o cometa n*o pertence ao g ,nero das imagens s% aparentes, originadas pela reflex*o e

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"Ex parte rei."

 

pela refra'*o dos raios por causa do relacionamento que possui com o Sol, relacionamento diferente daquele que n%s sabemos ser apar ,ncias puras, como os arco- $ris, o halo, os peri lios, os reflexos marinhos, todos os quais, afirma ele, movimentam-se de acordo com o movimento do Sol; mas, como em rela'*o ao cometa aconteceu o contr"rio, ent*o n*o   uma ilus*o. Aqui, mesmo que a resposta precisa teria sido afirmar que n *o h " necessidade de que o cometa deva seguir o estilo do arco- $ris, do halo e das outras imagens j " nomeadas, pois  diferente do arco- $ris, do halo e das outras, todavia eu quero conceder-lhe algo mais que a obriga '*o, se Sarsi n*o quiser ter mais pretens )es em rela'*o a mim, pois alguma argumenta'*o sua, que por ele deveria ser concludente, por mim poderia ser considerada in-til. Portanto, pergunto para Sarsi se ele considera o argumento da contrariedade do estilo observado em rela'*o ao cometa e 1s puras imagens contr"rio 1quele e de acordo com estas sejam concludentes ou n*o. Se ele responde n *o, toda a sua demonstra'*o resulta v *, nem eu acrescento mais palavras, mas, se ele responde sim,  justo que me seja permitido tambm, para concluir que o cometa   uma ilus*o, demonstrar que ele procede de acordo com o estilo de alguma v *  imagem, no que diz respeito a secundar ou contrariar o movimento do Sol. Mas para encontrar uma tal imagem n *o  nem necess"rio que eu parta de um exemplo fornecido pelo pr%prio Sarsi como o mais apto a nos fazer entender claramente que o andamento do cometa  contr"rio ao desta imagem; o que n*o me parece contr"rio, mas um exemplo muito justo. Observe, ent*o, V. E. Ilustr $ssima, sua terceira imagem, onde ele apresenta o paralelo do cometa com a reflex*o solar sobre a superf  $cie do mar; onde, uma vez que o Sol se encontre em H, sua imagem

  percebida pelo olho A segundo a linha AI; e uma vez que o Sol se encontre em G, ver-se- "  sua imagem na linha AE; e encontrando-se em F, a imagem aparecer"  na linha AD. Agora temos que observar que, enquanto o Sol nos aparece em movimento no c u atrav s de um arco HGF, parece movimentar-se junto com sua imagem em rela'*o ao cu no qual Sarsi observou o movimento do cometa e do Sol: assim,  necess"rio continuar o arco FGHLMN e prolongar as linhas AI, AE, AD em L, M, N e depois afirmar: quando o Sol encontrava-se encontrava-se na linha H, a sua imagem seria pela linha AI, que no cu corresponde ao L; e, quando o Sol chegou em G, sua imagem via-se atrav s da linha AE, e aparecia em M; enfim, chegado o Sol em F, a imagem aparece em N. Ent*o, movimentando-se movimentando-se o Sol de H rumo a F, sua imagem parece movimentar-se de L a N: por m isto, Sr. Sarsi,  movimentar-se ao contr"rio do Sol e n*o no mesmo sentido, como o senhor acreditou, ou melhor, como quis nos fazer acreditar. Eu, V. E. Ilustr $ssima, formulo esta afirma'*o porque n*o posso me persuadir de que ele pudesse equivocar-se em uma coisa t*o clara. Alm disso, em suas explica ')es Sarsi usa palavras muito impr%prias e inusitadas s %  para acordar com suas necessidades aquilo que n *o se pode acordar. Por exemplo, ele percebe que o Sol, passando de H a G e de G a F, sua imagem chega de I a E e de E a D, e o desenvolvimento de lED  um verdadeiro e real  $$ssimo aproximar-se e movimentar-se em dire'*o ao

olho A; porque a necessidade de Sarsi  poder afirmar que a imagem e o Sol se movimentam de acordo, ele resolve afirmar arbitrariamente que o movimento do Sol atrav s do arco GF  um aproximar-se ao

 

ponto A e ir para o v rtice   o mesmo que ir para o centro. Ainda mais not " vel   o fato de ele dissimular n*o perceber uma coisa muito mais absurda que se tornaria contra ele no momento em que quisesse sustentar que a imagem secundasse o movimento do objeto real; pois, se fosse assim, seria preciso necessariamente que, pelo contr"rio, o objeto secundasse a imagem. Veja V. E. Ilustr $ssima o que derivaria disto. Tire-se do trmino do di2metro O a linha reta OR que cai fora do c $rculo, e com a linha BO, que contenha qualquer 2ngulo, prolonguem-se at ela as retas DF, EG, IH nos pontos R, Q e P:  claro que, quando o objeto real estiver em movimento atrav s da linha PQR, a imagem se realizaria atrav s da lED e porque este  um aproximar-se e movimentar-se rumo ao olho A, e da forma que procede a imagem, procede (segundo Sarsi) o objeto, ent *o objeto, movimentando-se do t rmino P para R, veio se aproximar do ponto A; mas na realidade ele afastou-se; assim fica demonstrado um evidente absurdo. Note-se, alm disso, que as considera ')es de Sarsi a este respeito, isto , sobre o que acontece entre o objeto e sua imagem, s*o formuladas como se a matria onde se deve formar a imagem permane'a sempre im% vel, e movimente-se somente o objeto, pois, se afirm"ssemos que tambm esta matria se movimenta, muitas outras conseq 4 4,,ncias derivariam a respeito da apar ,ncia e da imagem. Em rela'*o 1quilo que Sarsi acrescenta, ou seja, que o cometa n*o voltou atr"s na volta do Sol, n*o se poder" deduzir nunca nada, se antes n *o ficar determinado o estado e o movimento da mat ria onde o cometa se produziu.

25. Passo, ent*o, ao quinto argumento:  Al   +  m disso, se o cometa se encontrava no n //  mero    das imagens   aparentes, foi necess (   (  rio v )   )  -lo sob um 3  ngulo bem determinado,  determinado,  como acontece com o arco- .   .  ris, o halo, a coroa e coisas   semelhantes: por +   +  m, neste ponto Galileu deve lembrar-se de te r afirmado que foi ocupada, po r estes vapores, uma regi    o   bastante vasta no c +   +u:    se for assim, afirmo que o cometa   teve que aparecer como circ unfer  unfer )   )ncia,    ou arco de uma   circunfer )   )ncia.    Com efeito, eu raciocino assim. Todas as coisas que s      o vistas sob um 3  ngulo bem determinado percebem-se   no ponto onde aquele bem determinado 3  ngulo forma-se: mas   este bem determinado 3  ngulo do cometa forma-se em mais   lugares, com disposi    &  o circular: ent      o o cometa ser (   (   observad  o em mais lugares dispostos em linha circular. A tese maior +    cert .   .  ssima e n     o precisa de demonstra  &  o alguma. Vou, assi  m, demonstrando a menor. Admitamos que o Sol encontre-se abaixo do horizonte em I, isto +    , o lu   gar do vapor fumacento ao redor de A, e que o cometa mostre-se mostre-se por exemplo em A,  posto o olho em D: admitamos que o vapor ocupe tamb +     outras partes colocadas ao redor de A, o que o pr $   +m    as  outras $ prio      

Galileu concede. Pensemos uma linha reta conduzida atrav +    centro do Sol I e do centro da vista D; dos pontos I e D +s   do  centro

 

ao lugar do cometa A concorram os ra ios ios IA e DA, que constituem o tri   3  ngulo IAD; ser (   (   o 3  ngulo  IAD o 3  ngulo bem   determinado sob o qual nos s      o enviadas  as  as imagens do cometa. Imaginemos que o tri   3  ngulo IAD movimente-se ao redor   do eixo IDH; ent     o o v +   +  rtice daquele A descrever (   (   um arco de   c .   .  rculo, onde os raios do Sol IA direto e AD refletido     formar    ados   pelo pelo v +     o sempre o mesmo 3  ngulo lAD: mas sendo alcan  & ados  +  rtice A nesta sua rota  &  o, muitas partes do vapor   espalhado nos arredores, em todas aquelas partes formar-se- (   (    aquele 3  n  gulo determinado, depois do qual deve-se necessariamente enxergar o cometa: ent      o  em todo o arco da circunfer )   )  ncia BAC    que que toca o vapor aparecer (   (   o cometa: com   certeza pela mesma raz   o   pela qual as nuvens /  midas provocam o arco- ..    ris e os halos fo rmam-se rmam-se circularmente ou em arcos de c ..    rculo. Ent   o,    se nada de semelhante ser (   (   observado no cometa, n      o dever (   (   ser posto por isso no n //  mero    das   imagens aparentes, n     o se mostrando semelhantes a eles em nada.

Mais ainda, aumenta, em seguida, minha admira'*o que nasce vendo qu *o freq 4entemente Sarsi dissimula a percep'*o das coisas que ele tem 1  frente dos olhos, na esperan 'a talvez de que sua dissimula'*o deva parir nos outros n *o uma simulada mas uma verdadeira cegueira. Ele quer, com seu argumento atual, provar que, mesmo que o cometa fosse uma imagem nua, deveria mostrar-se por meio de uma figura de c $rculo ou de parte de c $rculo, porque o mesmo acontece com o arco- $ris, o halo, a coroa e as outras v "rias imagens. N*o entendo como isto possa ser afirmado, tendo sido apresentada cem vezes a reflex*o no mar das imagens solares e aquelas proje ')es das aberturas das nuvens, as quais aparecem em forma de linhas retas bem semelhantes ao cometa. Talvez se persuada a si mesmo de que, sem outros acrscimos, a demonstra '*o %ptica que ele apresenta conclui necessariamente sua inten '*o referente ao cometa. Duvido, porm, e parece-me que, se n*o estou enganado, seu desenvolvimento seja incompleto, faltando-lhe a parte principal da tese (o que leva a um grande defeito de l %gica), isto , a disposi'*o local, em rela'*o ao olho, da superf  $cie daquela matria onde deve verificar-se a reflex *o, disposi'*o55  esta que Sarsi n *o considera; e esta   a desculpa menos grave que posso atribuir-lhe, porque, se ele tivesse percebido isto e o tivesse dissimulado para manter o leitor na ignor 2ncia, pareceme uma falta muito maior. A considera'*o desta disposi'*o inclui o todo; pois a demonstra '*o de Sarsi n*o ter" conclus*o a n*o ser que a superf  $cie do vapor ao redor do ponto A de sua figura se encontre oposta ao olho D diretamente, de modo que o eixo IDH caia perpendicularmente no plano onde se estende esta superf  $cie; pois, girando, ent*o, o tri2ngulo IDA ao redor do eixo IH, o ponto A iria ter-' minando continuamente nessa superf  $cie e descrevendo uma circunfer,ncia de c $rculo; uma vez que a

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Mais uma vez Galileu refere-se 1 teoria animista, que considera o universo inteiro, em suas partes, empolgado por v "rias disposi')es internas, que o tornam um "todo" vivente.

 

supramencionada supramencion ada superf   $cie fosse exposta ao olho obliquamente, o 2ngulo A a alcan'aria em um -nico ponto e no girar do tri 2ngulo o mesmo 2ngulo A o penetraria alm desta superf  $cie ou n*o chegaria a ela. Em suma, para querer que o cometa apare'a circular,   necess"rio que a superf  $cie onde ela   produzida seja plana e exposta diretamente 1 linha que passa pelos centros dos olhos e do Sol, o que n*o pode nunca verificar-se a n*o ser na oposi'*o diametral 1 linha que passa atrav s dos centros do olho e do Sol: por m, o arco- $ris  visto sempre do lado oposto, o halo ou a coroa sempre junto ao Sol, onde aparecem de forma circular, mas n*o sei se alguma vez os cometas foram percebidos em oposi '*o ou em conjunto com o Sol. Se, ao escrever sua demonstra'*o, passasse alguma vez pela cabe'a de Sarsi chamar aquela matria que ele imagina ao redor do ponto A, em vez de vapores, "gua marinha, ele teria percebido que sua argumenta'*o teria, da mesma forma e com as mesmas palavras, conclu $do que a reflex*o no mar deve estender-se necessariamente em linha circular; descobriu depois depois pelo sentido, que mostra o contr"rio, o engano de seu silogismo. 26. Examinemos agora o sexto argumento:  ,   /  til confirmar isto com palavras do pr $   $ prio    Galileu. Galileu.    Afirma ele, o que +   bem verdadeiro, que estas luminosas imagens v      s observam na paralaxe a mesma lei que observa o   corpo luminoso que as origina; assim, se algumas dessas imagens fossem originadas pela Lua, admite-se a mesma  paralaxe; aquelas originadas pe lo lo Sol possuem sua pr $$    pria    diversidade de aspecto. Al  +  m disso, ao combater a teoria de    Arist $$  teles    e assumindo um argume nto nto tirado da paralaxe, escreve:  Afirmar enfim que o cometa   fogo e  

colocado abaixo da Lua  imposs $ vel,  vel, pois op)e-se a ela a pequenez da paralaxe estudada pela cuidadosa observa'*o de muitos astr+nomos importantes. Concluo assim a quest      o. Segundo Galileu, todas as puras   apar )   que admite o Sol; o cometa n    )ncias    produzidas pelo Sol admitem a mesma paralaxe   que   o admite a mesma paralaxe  que admite o Sol; logo, ele n    pelo Sol. Se algu +     o +   algo de aparente produzido   pelo +m    est (   (   em d  /  vida sobre a proposi    &  o menor   deste silogismo, compare  as observa   &5  es de Tycho com as   dos outros, quando se referem ao cometa de 1577: o mesmo Tycho, por suas observa  &5  es, considerou demonstrada a dist 3   3  nci  a do cometa do centro da Te rra, rra, no dia 13 de novembro, s $   $    de duzentos e onze semidi   3  metros terrestres, enquanto o Sol   se distanciava daquele centro ao menos mil, cento e cinq 44  enta       semidi   3  metros e a Lua sessenta. Em rela  &  o a esse nosso racioc .   .  n io, io, se cada um quisesse lemb rar rar as observa   &5  es que, na  

Disserta'*o proferida por um dos padres, meu m mest  est re, re, exp 66  s,    flcar-lhe- (   (   suficientemente clara a verdade desta proposi    &  o;   com efeito, encontraremos a paralaxe do cometa sempre maior do que a do So l.l. Nem observa   &5  es semelhantes podem ser   suspeitas a Galileu, pois ele mesmo foi testemunha dessas ob serva  serva   &5  es corretas, de acordo   com c (   (  lculos astron 6   6  micos   operados por grandes astr 6   6  nomos.

5  completamente falso que o Sr. M "rio e eu tenhamos escrito ou falado que as imagens produzidas pelo Sol possuam a mesma paralaxe dele (como Sarsi afirma aqui como alicerce de seu silogismo); pelo contr "rio, o Sr. M"rio, depois de ter observado e considerado muitas destas imagens, acrescenta: "Em rela'*o a estas imagens, em algumas a paralaxe   nula e em outras opera muito diversamente daquilo que ela faz nos objetos reais". N *o se encontra no texto do Sr. M "rio a afirma'*o

de que a paralaxe seja igual 1 do Sol ou da Lua, a n*o ser no halo; nos outros e tamb m no pr%prio arco- $ $ris,  diferente. E falsa, ent *o, a primeira proposi '*o do silogismo. Observemos agora quanto seja

 

 verdadeira a segunda e quanto conclua, conclua, uma vez que a paralaxe de todas as v *s imagens deve ser igual 1  do Sol. Sarsi quer, seja com a autoridade de Tycho, seja com a de seu Mestre, provar (como lhe   necess"rio) que a paralaxe observada nos cometas  maior daquela do Sol, mas n *o fornece observa')es particulares de Tycho e de muitos outros astr+nomos de renome, enunciadas em rela '*o 1 paralaxe do cometa; e procede assim para que o leitor n*o perceba como s*o diferentes entre elas. E quaisquer que elas sejam, ou s *o exatas ou s*o erradas; se s*o exatas, assim deve-se acreditar completamente nelas,   necess"rio concluir que ou o pr %prio cometa se encontra ao mesmo tempo abaixo do Sol, e sobre firma-mento,ou, por n*o ser ele um objeto fixo e real mas vago e v *o, n*o   ligado 1s leis dos elementos fixos e reais; por m, se tais observa')es s*o erradas, carecem de autoridade, nem se pode determinar coisa alguma atrav s delas; e o pr%prio Tycho, entre tantas dificuldades, escolheu, como se fossem mais certas, aquelas que serviam mais 1 sua determina'*o antecipada, de querer colocar o lugar do cometa entre o Sol e V ,nus. Em rela'*o depois 1s outras observa')es apresentadas por seu Mestre, elas s*o t*o diferentes entre si que o Mestre mesmo as considera n *o aptas a estabelecer o lugar do cometa, afirmando que as observa')es foram conduzidas com instrumentos inexatos e sem a necess "ria considera'*o das horas e da refra'*o e de outras circunst2ncias; por outro lado, ele mesmo n *o leva os outros a acreditar muito nele, mas resume-se a uma -nica observa'*o que, n*o necessitando de instrumento algum, mas podendo-se realizar simplesmente simplesmente a olho, a antep )e a todas as outras: e esta foi a conjun'*o perfeita da cabe'a do cometa com uma estrela fixa, conjun'*o que foi observada ao mesmo tempo em lugares distantes entre si. Mas, Sr. Sarsi, se aconteceu assim, isto , de todo contr"rio

1s vossas necessidades, pois deduz-se daqui ter sido nula a paralaxe, enquanto apelais 1 autoridade dele para confirmar vossa proposi '*o, isto , que tal paralaxe  maior que aquela do Sol. Observai, ent *o, como os pr%prios autores por v %s citados testemunham contra a vossa tese. Depois, em rela'*o 1quilo que afirmais de que n%s mesmos confessamos que as observa ')es dos grandes astr+nomos foram realizadas com muita exatid*o, respondo-vos que se observardes melhor onde e quando foram realizadas, compreender $eis que podiam ser consideradas exatas mesmo que elas tivessem sido mais diferentes entre elas daquilo que foram. Com efeito, foram consideradas exatas e suficientes para refutar a opini *o de Arist%teles de que o cometa fosse objeto real e bem perto da Terra. N*o sabeis que o vosso pr%prio Mestre mostra que mesmo o intervalo entre Roma e Anversa, em um objeto real que estivesse acima da regi *o suprema do ar, pode originar uma paralaxe maior de 50, 60, 100 e mesmo de 140 graus? E se isto  verdade, n*o poder*o ser chamadas observa ')es exatas e poderosas aquelas que, sendo todas menores de um -nico grau, diferem entre elas de poucos minutos? 27. Leia agora V. E. Ilustr $ssima o -ltimo argumento: Enfim, n      o podemos omitir aquele argumento que   mesmo sozinho pode convencer bastante a um homem desejoso de procurar a verdade mais que discutir aquilo que vimos

afirmando. Experimentamos Experimentamos cada dia que tudo aquilo que n    formaa est (     o possui uma determinada form (  vel, que ilude os olhos   dos homens com imagem v    luz,  acaba sua pr $$    pria    de cor e luz,     vida em tempo brev ..    ssimo, e em brev .   .  ssimo tempo tamb +   +m      

 

muda em v ((    rias formas: ora extingue-se, extingue-se, ora  ora acende-se novamente; ora torna-se mais ralo, ora brilha de luz mais intensa; ora suas partes separam-se, or a juntam-se novamente; em suma, n      o aparece  nunca   nunca igual por muito tempo. Se tudo isto   for comparado com o est ((  vel cometa,  mostra quanta disc $      movimento e aspecto do cometa,  $  rdia de comportamento e de natureza   existe entre ele e tais imagens v      s. Por isso, se n      o encontras nada semelhant e ao cometa, por que afirmas que existe entre eles afinidade de natureza ou algum v .   .nculo?    Antiq 4.   4.  ssimos e $  timos fil  $  sofos   o afirmaram, e o afirmaram tamb +   +m    os   modernos e os mais eruditos; atualmente apenas Galileu op 55  e-se    a eles; mas parece que a verdade, se n      o me engano, op 5   5e-     se a Galileu.

Sarsi considera tanto esta argumenta '*o que lhe parece que somente esta   suficiente para persuadir seu intento. Todavia, eu n*o percebo a efic"cia persuasiva dele, pois considero que, ao produzir estas imagens v *s, interv m o Sol como eficiente e as nuvens e os vapores ou outras coisas como matria; portanto, o eficiente  perptuo, quando n*o se aliena da mat ria, e o arco- $ris, o halo, os perilios e todas as outras apar,ncias s*o perptuas; a breve, ent*o, ou a longa dura'*o da estabilidade e posi'*o da matria deve ser aceita. Qual racioc $nio nos dissuade de que possa existir acima das regi )es elementares alguma matria mais dur" vel do que as nuvens, a neblina, a chuva que cai em pequenas gotas, ou outras matrias elementares assim como a reflex*o ou a refra'*o do Sol realizada neles nos mostre o arco- $ris, os perilios, os halos por mais tempo? Mas, sem partir dos nossos elementos, a alvorada, que  uma refra'*o dos raios solares na regi*o de vapores, e as reflex)es na superf  $cie marinha n*o s*o elas perptuas apar,ncias, assim como se o observador, o Sol, os vapores e a superf  $cie do mar permanecessem sempre na mesma posi '*o, poder-se-ia ser sempre a alvorada e a linha espl,ndida sobre a "gua? Alm disso, deriva-se da menor ou maior dura'*o uma diferen'a essencial pouco conclusiva; at  dos pr%prios cometas, sem procurar outros exemplos, foram observadas algumas durar mais de noventa dias; e outros desaparecer no quarto ou at  no terceiro dia. E, pois, que observou-se que as mais diuturnas aparecem, mesmo desde o primeiro momento, muito maiores que as outras, quem sabe se n*o existem, mesmo com freq 4 4,,ncia, algumas que permane'am n*o somente poucos dias mas tambm poucas horas, mas que por serem muito pequenas n *o possam ser facilmente observadas! E para concluir, que no lugar onde se formam os cometas exista matria apta a conservar a si mesma mais que a nuvem e a neblina elementar, os pr %prios cometas no-lo asseguram, originando-se de mat ria ou em matria n*o celeste e eterna, nem se dissolva necessariamente em pouqu $ssimo tempo, assim a d- vida  ainda se aquilo que  produzido nesta mat ria seja uma pura e simples reflex*o de luz, e por conseguinte uma imagem aparente, ou se   outra coisa fixa e real. Portanto, coisa alguma ap %ia a argumenta'*o do Sr. Sarsi, nem a concluir "  se ele primeiramente n*o demonstrar que a matria do cometa n*o  apta a refletir ou refranger a luz solar, porque, por aquilo que diz respeito 1 dura'*o de poucos ou muitos dias, a dura'*o dos pr%prios cometas nos d" mais que certeza. agora ao moviment movimentoo que Galileu 28. Passemos agora 1 segunda quest*o deste segundo exame: Chego agora

afirma ter sido retil   ialmente pela raz    .  neo, coisa que eu  nego com boas argumenta  &5  es. Estou induzi  do a fazer isto espec ialmente   o    que ele ingenuamente confessa de n      o saber ou n    o   ousar explicar   isto: aquela raz      o +   t      o evidente e t      o eficaz para nos  

 

dissuadir do movimento retil .  neo   que, mesmo talvez desejando-o muito, Galileu n      o conseguiu dissimul   (  -la. -la.   Se com

efeito (s     o palavras suas)   atribu $mos ao cometa apenas este movimento, n *o se pode explicar de que forma aconteceu que n*o s% ele se aproximou sempre mais do z,nite mas at alcan'ou o p%lo: onde, ou

 necess"rio abandonar esta maravilhosa teoria, e n *o conseguiria faz ,-lo, ou  necess"rio acrescentar vre absolutamente corajoso tenha sido outro movimento, e n*o ousaria.  Assim, +   muito esquisito que um homem li   tomado por um repentino terror, qual seja, o de n      o ousar pronunciar um discurso j  (   estudado. Eu, na verdade, n      o o   consigo imaginar.

 Aqui, antes de prosseguir, n*o posso evitar ficar um pouco magoado com Sarsi por esta acusa'*o, de todo imerecida, que ele me atribui, de ser dissimulador, estando essa acusa'*o muito longe de minha profiss*o, a qual consiste em confessar livremente como sempre fiz, encontrar-me quase completamente cego para poder penetrar os segredos da natureza, mas estar muito desejoso de conseguir um pequeno conhecimento de algum deles, a cujo desejo nada   mais contr"rio que a falsidade e a dissimula '*o. O Sr. M"rio, em seu texto, nunca fingiu coisa alguma, nem p +de fingir, pois que, tudo aquilo que prop+s de novidade, apresentou-o sempre como d - vida ou conjetura; nem procurou fazer com que os outros considerassem certo o que ele e eu consider " vamos duvidoso, no m"ximo prov " vel, e expusemos 1  considera'*o dos mais inteligentes que n%s, para alcan 'ar, com a ajuda deles, a confirma '*o de alguma conclus*o verdadeira e a exclus*o total das falsas. Por m, se o texto do Sr. M"rio  verdadeiro e sincero, o vosso  cheio de dissimula '*o, Sr. Lot"rio, pois que, para abrir caminho 1s confuta')es, nove vezes sobre dez fingis n *o entender aquilo que o Sr. M "rio escreveu, dando um sentido muito alheio 1s inten')es dele, e muitas vezes acrescentando ou tirando, manuseais arbitrariamente a mat ria, de tal maneira que o leitor, acreditando naquilo que apresentais como contr"rio, permane'a na idia de n%s termos escrito muitas ingenuidades, e que as descobristes e as refutastes: o que foi at agora observado por mim e ser" observado igualmente no restante do texto. Mas chegando ao ponto, qual   a raz*o que vos leva a escrever que n%s temos desejado fortemente, mas n*o podido, dissimular que o cometa, movimentando-se com simples movimento retil $ $neo, tivesse necessariamente que proceder sempre rumo ao v rtice, nem se afastando nunca dele? Quem vos fez ciente desta conseq 4 4,,ncia, a n*o ser o pr%prio Sr. M"rio, que a descreve? Conseq 4, 4,ncia que ele, com certeza, haveria podido dissimular e v %s, por vossa amabilidade, haver $eis disfar'ado sua dissimula'*o. E que mais? Mesmo v %s, duas linhas acima, escrevestes que eu ingenuamente confessei n*o saber ou n*o ousar explicar este racioc $nio por mim apresentado, e logo em seguida acrescentais que eu haveria desejado imensamente dissimul"-la. E n*o   uma contradi'*o, apresentar, escrever, publicar ingenuamente uma tese, sendo o primeiro a apresent "-la, escrev ,-la e public "-la, e depois v %s afirmardes que ele tenha desejado dissimul "-la e escond,-la? Realmente, Sr. Lot"rio, desejais muito que existam no leitor uma grande simplicidade e um conhecimento relativo.

Examinemos agora se neste texto, onde n *o dissimulamos nada, n *o existe, em vez, alguma dissimula'*o de Sarsi. Em poucas palavras, existe, com certeza, mais que uma. Primeiro, para ele abrir o

 

campo 1 sua declara'*o de que eu sou um ge+metra muito ignorante por n *o ter chegado a entender aquelas conseq 4 4,,ncias que, por demonstra'*o, n*o precisam de ci ,ncia maior que algumas pequenas j "  repetidas teses do primeiro livro dos Elementos, ele me acusa de afirmar aquilo que nunca foi falado nem escrito por mim; e, enquanto n %s afirmamos que se o cometa se movimentasse em linha reta ele nos apareceria movimentando-se em dire'*o ao v rtice e z,nite, Sarsi retruca que temos afirmado que ele, movimentando-se, tivesse que chegar at  o v rtice e o z,nite. 5 necess"rio que Sarsi confesse aqui, ou n*o haver entendido bem aquilo que significa a frase "movimentar-se rumo a um lugar", ou haver desejado, com falsidade e simula'*o, atribuir-nos uma mentira. N*o acredito que seja verdadeira a primeira hip%tese, pois, assim, deveria ele considerar tambm que a afirma'*o "navegar rumo ao p%lo" e "atirar uma pedra em dire'*o ao cu" chegariam a significar que a nave alcan'a o p%lo e a pedra o cu; ent*o nos resta a afirma '*o de que ele, dissimulando entender o nosso verdadeiro texto, nos atribui as imerecidas obje')es. Alm disso, Sarsi n*o refere com sinceridade estas palavras do Sr. M "rio, mesmo em um outro ponto, pois, onde ele afirma ser necess "rio ou eliminar o movimento retil  $$neo atribu $do ao cometa, ou, considerando-o verdadeiro,  necess"rio acrescentar alguma outra raz *o pela devia'*o aparente, Sarsi, arbitrariamente, muda as palavras "alguma outra raz *o" em "algum outro movimento" para poder depois, fora de qualquer inten '*o minha, induzir-me a falar do movimento da Terra, escrevendo aqui v "rias teses v *s. Finalmente conclui Sarsi n *o ser ele um adivinho, por m com muita freq 4 4,,ncia chega a querer penetrar os profundo profundoss racioc $nios alheios. 29. V. E. Ilustr $ssima preste aten'*o: Pergunto eu, ent      o, se este outro movi  mento que poderia explicar tudo e que Galileu n     o se atreve a levar 2  frente   frente deve-se atribuir  a   a este vapor do cometa ou algum outro corpo, segundo o movimento do qual ele pare  Acredito que a primeira hip $   verdadeira,   & a movimentar-se s $$   aparentemente.    $  tese n      o seja verdadeira,   porque, com efeito, efeito, destruir-se-ia assim aque aquele le movimento re retil   til   .  neo e perpendicular, pois, se o vapor sobe da Terra colocada abaixo do equador, por exempl  o, com movimento perpendicular, e por outro movimento este mesmo vapor +   levado rumo ao   norte, este segundo movimento necessariamente destruir (   (    o primeiro. Depois, se apesar de tudo o cometa parecer movimentar-se rumo ao norte, ao menos ap arentemente, arentemente, ser (   (    necess (   (  rio afirmar,  afirmar,  ent      o, que tudo isto origina-se do   movimento de outro corpo qualquer. Com certeza, quando Galileu afirma que o movimento a acrescentar-se seria a causa s $$   do    aparente desvio do cometa, muito claramente admite que  este  este movimento deve ser colocado em outro lugar que o vapor do cometa, pois ele necessita que se movime nte nte rumo ao norte s $$     aparentemente. Se   isto for verdade, n      o entendo de qual    corpo seja originado este movimento. Pois, com efeito, para Gali   leu, n      o existem os orbes celestes de Ptolomeu, e, segundo   seu sistema, n   o   existe nada de s $$  lido    no c +   +  u, n      o acreditar (   ( ,   ent      o, que o cometa   se movimente de acordo com o movimento movime nto daqueles orbes que ele considera n      o existentes. Mas, chegado a este ponto,  ponto,  escuto n      o sei que m me assoprar no ouvido, em voz baixa e timidamente: o movimento da Te rra. rra. Longe de mim esta palavra contr (   (  ria 2   verdade e   desagrad   religiosos. Com  Com certeza, sopraste cautelosamente em voz muito baixa. Se fosse assim, ficaria (  vel para os ouvidos religiosos. confirmada clamorosamente a opini   fundamento.     o de   Galileu, opini     o que n      o se encontrava baseada sobre este falso fundamento. 

Com efeito, se a Terra n     o est (     n    (   em movimento, este movimento retil .  neo   o est (   (   de acordo com as observa  &5  es sobre o   cometa; para os cat $   portanto, igualmente certo que este movimento movimento retil   $  licos +   certo que a Terra n    o   se move; ser (   ( , ,     portanto, .  neo n    o     

 

concorda em absoluto com as observa  &5  es de cometas e por isso   deve-se julgar n      o apto para nossa quest      o. Nem acredito    que isto tenha chegado chegado ao conhecim conhecimento ento de Galileu, que eu conheci ssempre empre como pi piedoso edoso e religios religioso. o.

Como V. E. percebe, aqui Sarsi procura mostrar que movimento algum que seja atribu $do ao pr%prio cometa ou a outro corpo mundano n *o pode manter movimento retil  $$neo, movimento introduzido pelo Sr. M"rio substituindo junto o aparente desvio do v rtice. Este discurso   de todo suprfluo e v *o, pois nem o Sr. M "rio nem eu escrevemos alguma vez que a causa de tal desvio dependesse de algum modo, seja da Terra, seja dos c us ou seja de outro corpo. Sarsi o introduziu  voluntariamente; ent*o ele mesmo se responda, e n *o tenha a pretens*o de obrigar os outros a sustentarem aquilo que ele n*o afirmou, n*o escreveu nem pensou, segundo confiss *o do pr%prio Sarsi, que abertamente admite n*o acreditar que eu haja tido a idia alguma vez de introduzir o movimento da  Terra para salvar um tal desvio conhecendo-m conhecendo-mee como pessoa piedosa e religiosa. Mas, se  assim, com que prop%sito o apresentaste e com qual finalidade procuraste mostr "-lo inapto a uma tal necessidade? Parece-me melhor prosseguir. 30. Continue V. E. Ilustr $ssima a leitura: Se n      o estiver enganado, n    o   foi um movimento qualquer do   cometa que atormentou Galileu e o obrigou a inventar alguma coisa que desconhecia ou que n    o   se atrevia a expor, mas o   atormentou apenas aquele movimento mediante o qual, al   e aproxima-se ma is is do p $   lo. +  m   do nosso v +   +rtice    ou z )   )nite,    el   $lo.        Ent      o, se o cometa n   o   tivesse chegado al   +  m do z )   )  nite, n      o ha veria veria existido a necessidade de Galileu cogitar a respeito deste outro movimento. Ele mesmo parece admitir isto com suas pr $   $ prias      palavras   palavras quando diz: Se n*o colocarmos

outro movimento a n*o ser o movimento reto e perpendicular, afirmaremos, ent*o, que o cometa sobe s% em linha reta em rela '*o ao nosso z ,nite e n*o ir"  mais para a frente.  Admitamos, ent    o,    que nunca   cometa algum haja ido al   avia, que mesmo assim seu movimento pode explicar-se com +  m do nosso z )   )  nite; afirmamos, to ddavia, este movimento retil  .  neo. Com efeito, consideremos o globo terrest re re ABC, sendo B o lugar de onde sobe o vapor; o olho do espectador encontrar-se- ((      em A, tendo sido observado o cometa no come  & o, o, por exemplo, em E, e seja G o lugar a ele   correspondente no c +   +  u; consideremos que o  cometa   cometa se movimente para cima ao longo da linha BO, por espa  & os os iguais E, F,  F,  FM, MO: afirmo que, mesmo que todo aquele vapor suba ao longo da linha DO, nunca, por toda a eternidade, alcan   & ar  ar ((      o nosso z )   )  nite, nem aparentemente. Com efeito, vamos tra  & ando ando uma linha AR paralela 2   BO: nunca o   movimento aparente do cometa resultar (   (   ser amplo quanto o GR e nunca o raio visual poder (   (   coincidir com a linha AR.  AR.  Como, com efeito, o raio vis .   .  vel deve sempre encontrar-se com a  reta  reta BO, ao longo da qual aparece o cometa, e como o raio  AR +   paralelo 2  linha  linha BO, n      o poder (   (   nunca encontrar-se co m as camadas paralelas: portanto, nunca o raio por meio do  qual v )   )  -se o cometa poder ((     alcan  & ar ar R;   e, por conseq 4)   4)  ncia, o movimento aparente   do cometa n      o somente n      o alcan  & ar  ar (   (    nosso z )   )nite    S mas nem o ponto R que se encontra muito longe do  z )   )  nite. Aparecer (   ( ,   com efeito, no come  & o em G, depois   em F, depois em I, enfim em L, etc; mas nunca alcan  & ar  ar (   (   R.

Sarsi volta, como V. E. Ilustr $ssima percebe, a alterar o texto do Sr. M "rio, querendo demonstrar que ele escreveu que o movimento perpendicular 1 Terra tivesse a finalidade de conduzir o

cometa ao ponto vertical; isto n *o se encontra em seu texto, mas encontra-se, pelo contr "rio, que tal movimento procederia rumo ao v rtice: segundo meu parecer, Sarsi age assim para ter ocasi *o de nos

 

apresentar esta demonstra'*o geomtrica, constru $da sobre fundamentos n*o mais profundos que o racioc $nio sobre a defini '*o das linhas paralelas, de cuja a '*o algum poderia talvez deduzir uma conclus*o n*o muito honrosa para Sarsi. Pois, ou ele acha esta sua conclus*o e demonstra'*o uma coisa muito inteligente e invulgar, ou algo que podia haver sido demonstrado tamb m por crian'as: se ele a considera uma coisa infantil, pode ter certeza de que nem o Sr. M"rio nem eu nos encontramos num n $ vel  vel de conhecimento t*o infeliz que por falta de tal conhecimento tiv ssemos que errar; porm, se ele a considera como coisa sutil e nova, eu n *o saberia como evitar pensar que ele  de uma intelig ,ncia pobre e que precisa retornar 1  disciplina do Mestre. A verdade, ent *o,   que o movimento perpendicular 1 superf  $cie terrestre n*o alcan'a nunca o v rtice (com exce'*o, porm, daquele que sai do mesmo lugar do observador, coisa esta que talvez talv ez Sarsi n*o nota), mas  tambm verdade que nunca n%s afirmamos que ele o alcance.

31. Al   +  m disso, desde que, como Galileu mesmo afirma, o mo vimento vimento do cometa pareceu mais r (   ( pido    no come  & o e   diminuiu pouco a pouco, +   necess (   (  rio ver em que propor  &  o a   diminui    &  o do movimento deve proceder nesta linha reta.  reta.  Com certeza, se examinarmos afigura de Galileu, quando o cometa encontrar-se em E, veremos que aparecer (   (    em G;    quando depois, percorrendo percorrendo os espa   & os os igua is is EF, FM, MO, mostrar seu movimento aparente nos pontos F, I, L, ver-se- (   (     que seu movimento movimento alcan  porque o arco FI resulta ser apenas a metade de GF, e IL a metade de  & a a diminui    &  o m (   (xima;    FI, e assim para os outros, o movimento aparente do cometa deve diminuir, ent      necess (     o, na   mesma propor  &  o.  ,  necess  (  rio   saber, por +   +  m, que o movimento observado do cometa n      o diminui    nesta propor  &  o: pelo contr (   (  rio, nos primeiros dias sua diminui   era percebida com facilidade. Com efeito, percorrendo no in ..    cio mais ou menos    &  o foi t     o insignificante que n      o   era tr )   )s   graus por dia, tendo j   (   decorrido vinte dias, pareceu haver diminu ..  do    apenas um pouco aquela velocidade inicial. Se    quisermos at +   + julgar    os cometas de Tycho dos anos de 1577    e 1585, poderemos com clareza entender como permaneceram afastados daquela grande diminui    &  o. Se   algu +   +  m me perguntar agora em que consistir (   ( ,   ent      o, a medida do movimento   aparente do cometa ascendente em linha reta, respondo: se o cometa come   & ar ar a aparecer quando   o vapor que o produz n      o   se encontra muito distante da Lua, coisa muito prov (    disso considerarmos que o lugar do globo terrestre do qual (  vel, e al  +  m  disso o vapor se eleva seja distante de n $$  s   sessen ta ta graus, respondo que o movimento aparente do cometa, por todo o tempo de sua

dura   &  o, transpor ((      menos de um grau  em   em 31 minutos. Com efeito, seja o globo terrestre ABC, a concavidade da Lua GFH, distante do centro D da Terra 33 semidi   3  metros, segundo Ptolomeu; Tycho, na realidade, coloca uma dist 3   3  ncia  

 

 quase dupla, o que seria mais vantajoso para mim; e seja A o lugar do qual enxerga-se o cometa, B o lugar do qual sobe o vapor. Afirmo que quando se vir o cometa em E, o 3  ngulo  DE A ser (   (   de um grau e 31  minutos; por isso, se tra  & armos  armos    AF paralela a DE, o 3  ngulo FAE ser (   (   tamb +   +  m de um grau e 31 minutos, pois  +   alternado com DAE entre as mesmas    paralelas; ent     o as duas retas, AE e AF, interceptar      o   no c +   +  u o arco de um grau   e 31 minutos. Mas a reta AF,  paralela a DE, n     o alcan   & ar  ar (   (   nunca o come ta ta como ficou assentado an tes: tes: ent      o ele n      o concluir (   (   nunca o movimento de   um grau e 31 minutos. O fato fat o de o 3  ngulo DEA encontrar-se  no c 66  ncavo    da Lua com um grau e 31 minutos +   facilmente   demonstr ((    vel. Porque, como +   conhecido   por por hip $$  tese,    o 3  ngulo EDA havendo sessenta graus no tri  3  ngulo ADE, e al  +  m   disso o lado AD de um semidi  3  metro terrestre, e o lado DE  de 33 semidi   (  metros; aceitando que 36, soma dos dois lados    AD, DE, est ((     para 32, diferen  & a dos mesmos lados, assim 173 20 5, 5, tangente da semi-soma dos outros dois 3  n   gulos, isto

+    , do 3  ngulo de sessenta graus, est (   (   ao   quarto n /   /  mero, encontrar-se- (   (   163 036, tangente do 3  ngulo de 58 graus e 29   minutos, os quais, subtra ..    dos de   sessenta graus, isto +    , da   metade dos dois 3  ngulos remanescentes, deixar      o o 3  ngulo   DEA de um grau e 31 minutos, segundo regras trigonom +   +tricos.   

Eu acreditei, pela demonstra'*o anterior de Sarsi, que ele tivesse visto, e talvez entendido, o primeiro livro dos  Elementos  da geometria; porm aquilo que ele escreve aqui me coloca em grande d- vida a respeito de sua habilidade matem"tica, pois, pela figura delineada arbitrariamente, quer tirar a propor'*o da diminui'*o da velocidade aparente do movimento atribu $do pelo Sr. M"rio ao cometa onde ele j" havia demonstrado n *o haver observado que em todos os livros dos matem"ticos nunca ningum se preocupou com as figuras, todas as vezes que  relatada a descri'*o; e que em astronomia particularmente seria de todo imposs $ vel  vel querer manter, nas figuras, as propor')es que realmente existem entre os movimentos, as dist2ncias e as grandezas dos orbes celestes, propor ')es que sem preju $zo algum da ci,ncia alteram-se tanto que aquele c $rculo ou 2ngulo que deveria ser mil vezes maior que um outro n*o alcan'a nem dois ou tr,s graus. Observe-se, agora, tambm o segundo erro de Sarsi, isto , imaginar que o mesmo movimento deve aparecer realizado com as mesmas aparentes desigualdades por todos os lugares de onde ele seja observado e por todas as dist 2ncias ou alturas onde o objeto m % vel se encontre. Todavia a verdade   que, havendo marcado no movimento retil  $$neo, ascendente em forma perpendicular, muitos espa 'os iguais, por exemplo, os movimentos aparentes de quatro partes pr%ximas da Terra apresentar*o no cu

entre elas muta')es muito mais desiguais que aquelas de quatro outras partes bem afastadas; assim, a desigualdade, que nas partes baixas era grand $ssima, estando longe, nas outras permanecer ", em vez,

 

insens $ vel  vel Assim da mesma forma, em outra propor'*o, parecer*o realizar-se os mesmos atrasos se o observador estiver perto do in $cio da linha do movimento, e n *o parecer*o estar longe. Contudo Sarsi, pois encontra na figura (p"g. 179) que os arcos GF, FI, IL, isto , os movimentos aparentes, diminuem grandemente e muito mais daquilo que n*o foi percebido no movimento do cometa, persuadiu-se de que tal movimento n*o pode ser apto de forma alguma, para ele, nem percebeu como tais diminui ')es podem aparecer sempre menos desiguais, conforme a altura do objeto m% vel seja maior. Ele sabe muito bem que nas figuras n*o se observam, nem  muito importante observar, as devidas propor')es, o que ele mesmo nos testemunha naquela figura onde mostra que o 2ngulo DEA   s% de um grau e meio apesar de mostrar-se a n%s no desenho com mais de quinze graus, e o semidi 2metro da concavidade lunar DE  apenas triplo do semidi2metro terrestre DB, que ele afirma ser 33 vezes maior; isso devialhe ser suficiente para conhecer qu *o grande   a ingenuidade daquele que quisesse descobrir o racioc $nio de um ge+metra medindo com os instrumentos suas figuras. Ent *o, concluindo, afirmo, Sr. Lot"rio, que pode existir muito bem, em um mesmo movimento retil $neo e uniforme, uma aparente diminui'*o, grande, mdia, pequena, m $nima ou mesmo n*o percept  $ vel;  $vel; e se quiserdes provar que nenhuma delas corresponde ao movimento do cometa, ser " necess"rio que desenheis outra figura em  vez de medir as j" desenhadas; e vos asseguro que escrevendo v %s tais coisas n *o receber $eis o aplauso de outros, a n*o ser daqueles que n*o entendem nem o Sr. M "rio nem mesmo a v %s e que d*o vit%ria ao mais prolixo e 1quele que fala por -ltimo. Escute, V. E. Ilustr $ssima, aquilo que apresenta Sarsi por -ltimo. Ele quer provar, segundo meu parecer, por aquilo que relata sobre a pequenez do movimento aparente que o movimento retil  $$neo, j"  muitas vezes lembrado, n*o  absolutamente apto para o cometa (acredito nisto mas n *o tenho certeza, pois o mesmo autor, depois de suas demonstra ')es e c"lculos, n*o conclui nada). Por causa disso pressup)e ele que o cometa, em sua primeira apari'*o, distasse da Terra 32 semidi 2metros terrestres, e que o observador estivesse colocado sessenta graus longe do ponto da superf  $cie terrestre que perpendicularmente encontra-se abaixo da linha do movimento deste cometa; manifestadas as duas hip%teses, demonstra que a quantidade do movimento aparente pode alcan 'ar, no cu, apenas um grau e meio; e termina aqui sua exposi '*o, sem finalidade e sem chegar a conclus *o alguma. Porque Sarsi n*o o fez, vou tirar eu, ent *o, duas conclus)es: a primeira ser" que o mesmo Sarsi gostaria que o leitor ing ,nuo chegasse a uma conclus*o por si mesmo, e a outra que verdadeiramente deriva daquela premissa e que n*o  fruto de pessoas ignorantes. Eis a primeira: "Ent*o, leitor, em cujo ouvido ressoa aquilo que foi demonstrado acima, isto , que o movimento aparente de nosso cometa percorreu o c u, por muitas e muitas dezenas de graus, raciocine agora e fique certo de que o movimento retil  $$neo do Sr. M"rio de forma alguma se lhe assenta, pois, com muita dificuldade, pode por meio dele superar um

-nico grau e meio". Esta  a conclus*o dos ing ,nuos. Mas quem possuir elementos de l %gica, juntando

as premissas de Sarsi com as conclus )es, formar"  este silogismo: "Aceitando que o cometa, em seu aparecer, fosse alto 32 semidiametros terrestres, e que o observador se encontrasse sessenta graus longe

 

da linha de seu movimento, a quantidade de seu movimento aparente n*o podia exceder-se de um grau e meio; mas ele excedeu-se dezenas e dezenas de graus; (agora surge a verdadeira conseq 4, 4,ncia) ent*o, no tempo das primeiras observa')es, nosso cometa n *o se encontrava 32 semidiametros acima da  Terra, nem o observador se encontrava sessenta graus longe da linha do seu movimento". De boa  vontade seja concedido isto a Sarsi, porque esta  uma conclus*o que destr%i suas pr%prias premissas: mesmo que, de um certo ponto de vista, seu silogismo permane 'a imperfeito, nem se oponha ao Sr. M"rio, o qual j"  abertamente escreveu que um simples movimento retil $neo n*o   suficiente para satisfazer 1  aparente muta'*o do cometa, mas   necess"rio acrescentar alguma outra causa de seu desvio; este racioc $nio, esquecido por Sarsi, tira toda for 'a a qualquer racioc $nio seu. Mas   bem conhecido, al m disso, outro grande erro de l %gica em seu discurso. Sarsi quer, pela grande mudan'a de lugar do cometa, demonstrar que o movimento retil  $$neo do Sr. M"rio n*o lhe era adequado, porque a mudan'a que se origina de um tal movimento  pequena: e, pois, a verdade  que a este movimento retil $ $neo podem seguir mudan'as pequenas, med $ocres e mesmo muito grandes, conforme o objeto m% vel se encontre mais acima ou mais abaixo, e o observador mais ou menos longe da linha deste movimento, Sarsi, sem perguntar para o opositor a que altura ou a que dist 2ncia se encontra o objeto e o observador, coloca ambos em lugares adaptados 1  sua necessidade e n*o 1  do opositor, e afirma:  Aceitamos que o cometa, em princ  pio, ..     seja alto 32   semidiametros, semidiametros, e o observador afastado sessenta graus. Porm, Sr. Lot"rio, se o opositor disser que o cometa n *o se encontrava a muitas milhas de dist 2ncia e o observador tambm bastante perto, o que fareis deste silogismo? s ilogismo? Qual ser" vossa conclus *o? Nenhuma. Haveria sido necess"rio que n%s, e n*o v %s, houv ssemos atribu $do ao cometa e ao observador tais dist2ncias e ent*o nos haver $eis destru $do com as nossas pr%prias armas; e, mesmo querendo nos destruir com as vossas era necess "rio provar antes que tais eram verdadeiramente as dist2ncias adequadas (o que n*o fizestes), em vez de imagin"-las arbitrariamente, escolhendo outras mais prejudiciais por causa do advers"rio. Este particular j"  me leva a crer um pouco que seja mesmo  verdade aquilo que nunca quis acreditar, isto , que v %s fostes disc $pulo daquele mesmo do qual vos declarastes porque cai ele pr%prio, se n*o estou enganado, no mesmo erro, enquanto quer demonstrar errada a opini*o de Arist%teles e dos outros que consideraram o cometa como coisa elementar 56  com sua resid,ncia tambm na regi*o elementar. A eles, porm, op)e-se, como enorme inconveniente, o  volume desmedido que o cometa deveria possuir, e seria incr $ vel  vel que a Terra pudesse dar-lhe lugar e alimento; situa-o depois, para mostr "-lo como uma m"quina enorme, e sem permiss*o dos advers"rios, na parte mais alta da esfera elementar, isto , na mesma concavidade da esfera lunar, e daqui, aparecendo da forma que n%s o vemos, ele deduz que seu volume deve ser pouco menos que quinhentos milh)es de milhas c-bicas (note o leitor que o espa 'o de uma -nica milha c -bica   t*o

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 A interpreta'*o desta frase  amb $gua porque o termo "elementar" pode ser referido tanto ao significado "terrestre", isto . que o cometa seja de origem terrena, tanto ao significado "prim "rio", isto , que o cometa seja pr -existente e n   o     acidental. A clara refer,ncia aos peripatticos e ao pr %prio Arist%teles nos faz optar, contrariamente a muitos editores de Galileu, pela segunda vers *o, por ser ela muito mais de acordo com a mentalidade filos %fica da poca e do autor em exame.

 

grande que poderia conter mais de um milh *o de navios, que provavelmente nem existem no mundo), m"quina ent*o anormal e desonesta demais, e cara demais para o g ,nero humano que a tivesse que sustentar. Porm Arist%teles e seus disc $pulos responder*o: "Pai nosso, afirmamos que o cometa   elementar e pode acontecer que esteja longe da terra cinq 4enta ou sessenta milhas ou talvez nem isso, e n*o 121 704, como v %s o considerais arbitrariamente. Portanto, seu corpo n *o  de tantos milhares de milhas, nem imposs $ vel  vel de ser saciado e alimentado"; aqui s%  resta, ao opositor, aceitar e calar-se. Quando se deve convencer um advers"rio,  necess"rio enfrent"-lo com suas melhores e n*o com as piores afirma')es, do contr"rio deixar-se-ia a ele sempre a possibilidade de retirar-se livre, deixando o opositor atordoado e sem mais racioc $nio, como aconteceu com Rog rio ao aparecer de Ang lica. 32. Vejamos agora como ele continua e queira ler V. E. Ilustr $ssima este quarto argumento:  Apesar de a Terra Terra estar im $$  vel    e n      o ser prudente para um homem religioso afirmar isto, todavia, se algu +   +  m quer saber de   mim se com o movimento da Terra pode-se explicar o movimento do cometa em linha reta, respondo: se outro movimento algum n     o pode ser concebido sobre a Terra a n      o ser aquele pensado por Cop +   +  rnico, nem assim com este movimento   retil   .  neo conseguimos salvar os fen 66  menos    do cometa. Apesar de que pelo movimento anual de Cop +   +  rnico, o Sol, segundo   seu parecer, v )   )  -se do equador mover-se que r ao sul, quer ao norte (e todavia el  e considera im $   $vel),    contudo qualquer um   desses movimentos realiza-se em um semest re re inteiro e naquele breve espa  & o de quar enta enta dias, quando apareceu o cometa, o Sol pareceu movimentar-se s $$   um    pouco, isto +    , tr )   )s   graus,  graus,  e n      o muito maior, por causa deste movimento da Terra, p 6   6  de   ser percebido o desvio aparente do cometa; o qual, mesmo acrescentando-lhe todo aquele movimento que se originava aparentemente de seu movimento retil  .  neo, nunca  poder   poder (   (   igualar o movimento observado do cometa.

Sarsi quer demonstrar aqui que nem colocando o movimento da Terra, como foi colocado por Coprnico, poder-se-ia explicar e sustentar este movimento retil  $$neo e aquele desvio do v rtice; porque, mesmo que o movimento da Terra origine o aparente desvio do Sol quer rumo 1 regi*o austral, quer rumo 1 boreal, todavia no espa 'o de cento e quarenta dias, quando foi observado o cometa, este desvio

*

,

n o foi de mais que tr s graus, nem muito maior que isso podia aparecer o cometa; assim, esta medida junto com aquele -nico grau e meio que podia originar a outra dependente do pr%prio movimento retil $ $neo nos deixa bem longe daquele grand $ssimo movimento que se percebeu nele. N *o havendo n%s afirmado nem falado que este aparente desvio seja causa de qualquer movimento de qualquer outro corpo, especialmente corpo terrestre, terrestre, que o pr %prio Sarsi confessa saber que n%s o consideramos falso, aparece com muita clareza que ele o introduziu arbitrariamente para fazer aumentar o seu volume.  Assim, n*o temos obriga '*o alguma de responder sobre aquilo que nunca afirmamos. Por m, n*o quero me abster de afirmar que duvido fortemente de que Sarsi esteja j" com uma idia perfeita dos movimentos atribu $dos 1 Terra, nem das v "rias e numerosas apar,ncias que por causa deles haver $amos de perceber nos outros corpos mundanos. Vejo que Sarsi, sem diferen 'a alguma de posi'*o, embaixo ou fora da ecl $ $ptica, dentro ou fora do grande orbe, no norte ou no sul, perto ou longe da Terra,

considera que, da mesma forma que um desvio aparece no corpo solar, colocado no centro desta ecl $ $ptica, deve da mesma forma ou um pouco diferente ser percebido em qualquer outro objeto vis $ vel,  vel,

 

colocado em qualquer lugar do mundo; isto est" bem longe de ser verdade, n*o resultando contradi '*o alguma do fato de que, por meio de postura diferente, aquela mudan'a que no Sol aparece de tr ,s graus possa aparecer em um outro objeto de dez, vinte, trinta graus. Concluindo, se o movimento atribu $do 1   Terra, que eu, como pessoa piedosa e cat %lica, considero falso e inexistente,  adequado para justificar tantas e t*o diferentes apar,ncias como podem ser observadas nos corpos celestes, n *o quero assegurar que este movimento t*o errado n*o possa tambm responder erradamente a prop%sito das apar,ncias dos cometas, se Sarsi n*o expuser racioc $nios mais l%gicos que aqueles que produziu at agora. 33. Leia agora V. E. Ilustr $ssima o quinto argumento: Tudo isto ter-se-ia verificado se o movimento de todos os cometas que existiram at +   + agora    ti   vesse sido igualmente breve e regular. Po rr +    +m,    se observarmos os outros cometas,  cometas,  cujo movimento procedeu de forma completamente diferente disto, com muito mais clareza, to rnar-se-  rnar-se- (   ( evidente    ser poss ..    vel     ou n      o admitir movimento retil .  neo   para os cometas. Pes   quisamos Cardano; segundo Pontano, ele afirma isto: "Foi  percebido por n $   $s   um cometa com cabe  & aa   pequena pequena e cauda curta, que pouco depois, adquirindo uma grandeza maravilhosa, dirigiu-se do oriente para o norte, com mo vimento vimento 2 s vezes r (   ( pido,    2 s vezes vagaroso; e at +   +   a volta de Marte e Saturno, ele    procedia ao contr ((    rio, isto +    , indo a cauda para a frente at +   +   chegar 2 s Ursas; donde, logo   que que Saturno e Marte come   & aram  aram   a movimentar-se com movimento retil   .  neo, neo,   desceu para oeste t      o rapidamente que pe rcorreu rcorreu num dia trinta graus; e, logo  que se dirigiu para  "  ries e Touro, n      disso, no   mesmo autor, segundo Regiomontano,   o foi mais percebido ". Al +  m encontramos: encontramo s: "Nos idos de janeiro de 1475 foi percebido po r n $$  s   um cometa sob a Libra co m as estrelas da Virgem, cuja testa movimentou-se lentamente at +   + encontrar-se    perto da Espica; caminhando antes atrav +   +s   das pernas de Boote para a   esquerda, afastando-se, tanto assim que descreveu, num dia normal, um arco de ci  rcunfer )   graus,  )  ncia m (   (  xima de quarenta graus,  onde, encontrando-se no meio do C   3  ncer, estava distante do   zod  .  aco 67 graus no m (   (  ximo; indo, ent      o, atrav +   +  s dos dois    p $$  los    do zod  .  aco e do equin $$  cio    at +   + o    meio dos p +   +s   de Cefeu, e  em seguida atrav +   +  s do seio de   Cassiop +   +ia,    sobre o ventre de    Andr 66  meda;    depois, avan   & ando ando ao longo do   Pisce boreal, onde diminu .   .  a muito seu   movimento movimento,, aproximava-se, ent      o, do   zod   .  aco, etc.". Por isso, no come  & o e no  fim,  fim, movimentou-se com movimento bem va   garoso, no meio, meio, em vez muito r (   ( pido,    o  

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 que se op  e bem abertamente a este movimento retil  neo; com   efeito, este movimento  sempre   mais r  pido no come o e   depois diminui devagar; por +   +m,    m, op 55  e-se    a tudo isto com grande  evid  )  ncia o cometa de Pontano,  Pontano, vagaroso no come   & o e muito   r (   ( pido    no fim. Escuta aq uilo uilo que se pode ler nas Meteoras: "Lembro que uma vez ca ..    do da estrela de 8  caro, levava para   a frente uma pequena cauda e com movimento lento caminhava so b o frio c +   +  u boreal; aqui colocava novamente a cabe  & a em     frente, e com movimento favor (   (  vel rumava para oeste, avan  & ando  ando  rapidamente, at +   + chegar    entre  os  os ferozes cornos do Touro de Agenor ". Nestes dois cometas, com muito maior dificuldade, pode-se explicar aquele movi   mento retil   .  neo, havendo eles    percorrido com o pr $   $ prio    movimento um inteiro semic .   .  rculo m (   (  ximo em pouqu ..    ssimo te mpo; mpo; com efeito, para explicar este movimento ser ((   de    pouca ajuda qualquer movimento da Terra. N    o possuo a m ..    nima inten  &  o de oferecer um elenco dos   cometas e de seus v ((  rios    movimentos, por +   +m,    se algu +   +m    pesquisar aqueles que trataram destes argumentos, encontrar (   (    muitas coisas que n   o   combinam de forma alguma com o movimento retil .  neo. neo.      Falamos at +   +   demais a respeito do   movimento e da subst 33    ncia do cometa.

 Aqui Sarsi, relatando as outras v "rias mudan'as realizadas por outros cometas e descritas por outros autores, acaba confirmando suas palavras. Mas aquilo que escrevi antes responde tambm a esta

 

tese, nem  necess"ria outra coisa, se antes, deixando de lado Sarsi os racioc $nios gerais e levando em  vez em conta as caracter $sticas particulares dos cometas, n *o comece a verificar se eles eram altos, baixos, austrais ou boreais, se apareceram em poca de solst  $$cios ou equin%cios; particularidades que Sarsi n*o observou, e necessar $ssimas para um exato racioc $nio, como ele mesmo poder" verificar todas as vezes que prestar maior aten'*o a esta pesquisa. 34. Vou apresentar agora a -ltima quest*o do nosso exame:  Agora resta pesquisar a barba ou cabeleira do cometa ou, como voc )   )    gosta de cham (   (  -la, caud a,  que com aquela curvatura le va va os astr 6   6  nomos a brigar.  brigar.  Todavia Galileu acha poder oferecer uma explica  &  o satisfat $$  ria    tamb +   +  m para isto. Por +   +  m aqui devo, em primeiro lugar,  lugar,  acrescentar que n     o existe motivo algum para que ele consider e seu este novo sistema de explicar a cauda, pois Galileu exp 66  s   esta sua teoria que j (     havia sido   delineada por Kepler e publicada por ele com suficiente clareza. Com efeito,  procurando os motivos motivos pelos quais as caud   as dos cometas 2 s vezes parecem curvas, afirma que isto n      o deriva da paralaxe,  paralaxe,  o que foi demonstrado tamb +   +m    em outro lugar, nem da refra  &  o, apresentando muitas   provas provas desta teoria; por +   +m,    no fim,  fim,  afirma que este fen 6   6  meno deve ser deixado   entre os v (   (  rios segredos da   natureza. Quis, ent      o, pr evenir evenir isto, pois Galileu afirma n     o ter encontrado ningu +   +  m que tenha escrito a respeito, al  +  m de Tycho. Kepler e Galileu diferem entre eles s $   $    nisto: Galileu apresentou a hip $$    tese que aquele n      o julgou de  import 3   3  ncia alguma, deixando assim, por causa desta pouca  po uca   import 33  ncia,    a quest     o n     o resolvida.

Sarsi, na verdade, mostra-se desejoso demais de me tirar completamente qualquer vest $gio de gl%ria: e n*o satisfeito de descobrir como falso e n *o concludente o racioc $nio apresentado como meu pelo Sr. M"rio, isto , que a cauda do cometa 1s vezes nos parece em forma de arco, acrescenta que eu n*o apresentei nada de novo, pois tudo havia sido j" publicado, e em seguida recusado como errado por Jo*o Kepler; assim, no esp $rito do leitor, todas as vezes que se examinasse a rela'*o de Sarsi ficaria o conceito de eu ser um ladr *o de idias alheias, mas ladr*o de pouca conta, que vai juntando at  coisas recusadas. Porm, quem sabe se a pequenez do roubo n *o me fa'a ser considerado, por Sarsi, at  mais

, culpado do que se eu me tivesse aplicado a roubos maiores, por ter uma maior intelig  ncia? E se por acaso, em vez de roubar uma coisinha sequer, me tivesse dedicado com maior afinco 1  procura de textos n*o muito conhecidos em nossos pa $ses, e, havendo encontrado alguma publica '*o de algum bom autor, houvesse eu tentado suprimir o seu nome e atribuir a minha autoria a obra inteira, talvez este procedimento lhe tivesse parecido her %ico e grande, enquanto o outro lhe pareceria desastrado e infame. Porm eu n*o sou t*o generoso e livremente confesso minha covardia. Por m, mesmo sendo muito pobre de coragem e for 'as, sou rico de honra; assim n*o quero, Sr. Lot"rio, permanecer com esta honra, mas quero, com toda liberdade, escrever e demonstrar vossa falta, deixarei que a explique melhor na apresenta'*o de vossas desculpas. O pr%prio Tycho quis dar uma explica '*o a esta aparente curva da cauda, derivando-a de algumas hip%teses apresentadas por Witelo, mas o Sr. M "rio demonstrou que ele n *o havia

compreendido aquilo que Witelo Witelo havia publicado, por serem elas de todo insuficientes para demonstrar esta curva. O pr%prio Sr. M"rio acrescentou aquela teoria que a ambos parecia ser a -nica causa

 

 verdadeira desta curvatura. Op)e-se Sarsi, e, querendo contest "-la e ainda mais querendo atribu $-la a Kepler, cai no mesmo erro que Tycho, declarando n*o ter entendido nada a respeito daquilo que escrevem Kepler e o Sr. M "rio, ou ao menos fingindo n *o entender nada de ambos, querendo que ambos escrevam a mesma coisa quando escrevem duas coisas fatalmente diferentes. Kepler quer explicar a raz*o da curva como se a cauda do cometa fosse curva de verdade e n *o uma apar,ncia; o Sr. M"rio a sup)e reta e procura a causa da apar,ncia da curva. Kepler a reduz a uma diversidade de refra')es dos pr%prios raios solares, originadas da mesma matria celeste da cauda, mat ria que s%  naquela parte que serve 1 produ'*o da cauda (mais ou menos densas segundo os graus de aproxima '*o com uma estrela mais ou menos densa) produz tantas refra ')es que, de todas elas, resulta uma -nica refra'*o distensa n*o retamente mas em arco. O Sr. M"rio introduz uma refra'*o originada n*o pelos raios do Sol mas pelas caracter $sticas do cometa, n *o da matria celeste aderente 1 sua cabe'a mas originada pela esfera vaporosa que circunda a Terra: assim, a for 'a eficiente, a matria, o lugar e a maneira destas produ')es s*o muito diferentes, nem existe outra igualdade entre estes dois autores a n *o ser a

-nica palavra refra  &  o.  o.  Eis as precisas palavras de Kepler: "A refra '*o n *o pode ser causa desta curva, a menos que imaginemos alguma coisa prodigiosa, alguma matria mais ou menos densa segundo os graus de aproxima'*o desta estrela, excetuando-se o lado onde vira a cauda". Ser" poss $ vel,  vel, Sr. Lot"rio, que vos deixastes levar pelo desejo de diminuir minha honra, qualquer que ela seja em rela'*o 1 ci,ncia, assim de n*o levar em considera'*o n *o s% minha reputa'*o mas nem aquela de muitos outros amigos  vossos? E a esses amigos, com mentiras e falsidades, procurastes fazer acreditar que vossa teoria fosse  verdadeira e bem fundamentada e dessa forma adquiristes o seu aplauso e seus elogios, mas agora, se eles lerem esta minha publica '*o, atrav s dela compreender*o quantas vezes e de que forma quisestes trat"-los de ing ,nuos, eles considerar-se-*o ofendidos por v %s, e a considera'*o que eles tiveram de v %s mudar". Bem diferente, ent*o,  o racioc $nio apresentado e recusado por Kepler, pessoa que eu sempre

"



considerei honesta, sincera e s bia, e que, com certeza, confessaria que minha teoria  completamente diversa da dele, e da mesma forma que a sua teve que ser recusada a minha deve ser aceita, pois   claramente comprovada, mesmo que Sarsi procure contest"-la. 35. Vamos examinar qual  a for'a de sua contesta '*o: Pesquisemos se, como afirma Galileu, a curva da cauda p 6   6  de nascer da refra  &  o. Com efeito, o cometa n      o   parece parece haver observado as leis descritas por Galileu a seu respeito: curvar-se somente todas as vezes que caminhasse rumo ao horizonte indo quase paralela a ele, cortando-o vertical-  mente; rumar ao z )   )nite    todas as vezes que  virasse naquela dire  &  o. Com efeito, guardou sua primitiva curvatura s $   $ tr     )   )  s ou    quatro dias, quer perto quer longe do horizonte; depois pareceu desviar-se da linha que podi   a alcan  & ar ar o Sol, atrav +   +  s da   cabe   & a do cometa, n     o mostrando, por +   +m,    curva alguma, apesar de o caminho da cauda aparecer ami  /  de  inclinado  inclinado para o horizonte. Por +   +  m, se Galileu falasse a verdade, deveria ser percebido no in .  cio muito mais reto que quando subia para o   alto. Com efeito, levantou-se tanto sobre o horizonte que se mostrou quase vertical; assim, subindo avan  & ava ava sempre mais  

inclinado para o horizonte, cortando muitos planos verticais, como qualquer um pode perc eber eber por meio do pr $   globo,  $ prio    globo,  observando-se, por exemplo, em qualquer globo celeste, o lugar do cometa e o caminho da cauda correspondente ao dia 20

 

de dezembro. Com efeito, naquela +    poca, a cauda passava entre as duas /  ltimas estrelas da cauda da Grande Ursa, e a   cabe   & a do cometa era distante de Ar tur tur 25 graus e 54 minutos e da Coroa 24  graus e 25 minutos. Se, ent      o, for   encontrado o cometa sobre um globo e for descrito o caminho da cauda, esta aparecer (   (   na mesma volta do globo que emerge   do horizonte, mais ou menos segundo um plano vertical; subindo mais, encontrar-se -  encontrar-se - (   (   depois mais ou menos paralela ao   horizonte: todavia, mesmo nesta po si   si    &  o n    o   apresenta curva alguma.

Esta   uma forma ineficiente demais para confutar uma demonstra '*o de perspectiva que alcance uma conclus*o, pois Sarsi quer que outros consigam mais com suas hip %teses, as quais podem ser alteradas e acomodadas 1 sua necessidade. Perdoe-me Sarsi, para suspeitar assim, pois ele pr %prio mais freq 4entemente d" ocasi*o de n*o nos permitir acreditar naquilo que ele apresenta. Que crdito se deve dar 1s hip%teses de algum em rela'*o aos acontecimentos passados, dos quais n *o sobra nada, enquanto o mesmo, falando de coisas permanentes, atuais, p -blicas, impressas, de dez hip%teses apresentadas nove s*o alteradas e at relatadas ao contr"rio? Reafirmo que a demonstra'*o apresentada pelo Sr. M"rio   justa, geomtrica, perfeita e necess"ria; Sarsi devia procurar antes entend,-la com perfei'*o e depois, se n *o lhe parecesse exata, mostrar sua falsidade, seja demonstrando falsos argumentos, seja demonstrando falso o desenvolvimento do racioc $nio, o que, ali "s, n*o fez nada disso ou talvez muito pouco. Nossa demonstra'*o prova que o objeto observado, sendo colocado em linha reta e originado fora da esfera vaporosa, perto e inclinado para o horizonte ou muito acima dele, apresentar-se-"  curvo ao olho longe do centro desta esfera de vapor, porm, se aquele surgir no horizonte ou for muito acima dele, apresentar-se- "  a n%s completamente reto ou com uma curva impercept $  vel.  $vel. O cometa que estamos pesquisando agora, que nos primeiros dias foi visto abaixo e inclinado,   visto inclinado tamb m; subindo, mostrou-se reto e assim ficou, pois sempre apareceu muito alto; o cometa de 77, que eu observei continuadamente, pois manteve-se sempre baixo e muito inclinado, foi sempre visto com muita curva: outros menores, que observei bem altos, apresentam-se

"

)

retos: assim, o efeito da curva estar  de acordo com essas conclus es todas as vezes que procedermos com observa')es verdadeiras. Verifiquemos aquilo que Sarsi contesta 1 nossa demonstra'*o e quanta import2ncia possuem suas hip %teses. 36. N     o vejo como pode acontecer que Galileu aceite com  tanta certeza que uma regi    o vaporosa tenha aparecido   ao redor da Terra, quando ele mesmo ensina fundamentalmente que esses vapores originam-se em lugares mais altos que os outros, querendo alicer   & ar ar sua teoria sobre o movimento retil   .  neo. Ele at +   +   afirma que os pr $   $ prios       cometas s      o formados s $   $     por aqueles vapores sa .   .  dos do cone de sombra da Terra. Ent      o, se o vapor se afasta da superf  .  cie da Terra tr )   )  s mil passos   aqui e l   (   estende-se ainda por mais de  mil l  +    guas, mesmo assim esta  regi     o vaporosa conservar (   (   uma figura esf  +  rica? Com   certeza aqueles que at +   +    hoje relataram os rudimentos da esfera ensinam que a parte mediana do ar, que consta   consta   especialmente de vapores (mesmo mantendo uma figura determ inada), inada), +   um esfer $   $  ide mais oval que redondo, pois, nas    partes abaixo dos p $     dissolvem menos pelo Sol e sobem por isto mais alto que nas partes abaixo do $  los, os vapores se  dissolvem

c ..    rculo dos equin $    , onde se dissolvem com mais facilidade pe la la proximidade do calor do Sol. Ent    o,   $cios    e da zona tropical     o, se esta regi     o n      o pode ser esf  +  rica e n      o   se afasta homogeneamente da Terra, e n      o possui igual densidade em todas as

 

suas partes, a curva da cauda n      o poder (   (   nunca originar-se da esfericidade desta re  gi    o que n      o existe. Afirmo tudo isto   em rela  &  o ao parecer de Galileu sobre a   quilo que diz respeito diretamente ao cometa. cometa. Ele mesmo impede impede que se acrescente outra coisa, pois numa longa exposi   o apresentou aquilo   que pensava dizer a respeito com poucas palavras, nos  &   impedindo, ent     o, de falar mais sobre   o assunto. Como poder .   efeito,  haver refutado alguma coisa que ele n    .  amos, com efeito,    o   apresentou e que n     o pod   .  amos adivinhar? Vamos em frente.

Como V. E. Ilustr $ssima pode claramente perceber, Sarsi contesta que nossa demonstra '*o se ap%ia sobre um falso fundamento, isto , que a superf  $cie da regi*o vaporosa   esf rica, o que ele, de muitos modos, prova ser errada. Em primeiro lugar, diz que n %s afirmamos muitas vezes que estes  vapores sobem mais de um lugar que de outro. Mas esta hip%tese n*o se encontra no texto do Sr. M"rio:  verdade que ele relata que em tempos determinados aconteceu que alguns vapores subiram mais que de costume; mas isto is to verificou-se poucas vezes e por muito pouco tempo; porquanto afirmar, afirmar, por causa disso, que a figura da regi*o vaporosa n*o   redonda   uma afirma'*o arbitr"ria de Sarsi.  Alm disso, afirma outra falsidade, isto , que n%s relatamos ser o cometa originado por aqueles mesmos vapores que, ultrapassando o cone de sombra, formam a aurora boreal; isto tamb m n*o se encontra na texto do Sr. M"rio. Acrescenta em terceiro lugar: Se um tal vapor subisse a um lugar por tr )   )s     milhas e em outro mil l    guas, dever-se-ia ainda considerar esta figura como esf   +   +  rica?   N*o senhor, Sr. Sarsi, e aquele

que afirmasse uma coisa parecida seria um grande ignorante, segundo meu parecer; por m, n*o encontro ningum que a tenha afirmado, nem sonhado, acredito eu. Citai o nome de algu m. Em rela'*o aos cientistas que ele coloca em quarto lugar, ou seja, aqueles que ensinam os primeiros elementos da esfera, e que afirmam que a figura desta regi *o  mais oval que redonda, respondo que Sarsi n*o deve ficar admirado por ter chegado ao conhecimento disto e eu n *o; pois eu n *o aprendi astronomia com esses mestres de pouco fundamento, mas com Ptolomeu, que n *o me parece que haja escrito a prop%sito. Mas, mesmo aceitando que esta figura fosse de verdade oval e n *o redonda, o que concluir $eis, Sr. Lot"rio? Nada mais que a cauda do cometa n *o  dobrada em forma de arco de uma circunfer,ncia, mas em linha oval; coisa que eu posso conceder sem preju $zo para nossa explica '*o e para nosso mtodo de demonstrar a causa desta curva aparente; por m n*o posso conceder-vos aquilo que gostar $eis de deduzir afirmando: Se esta regi     o vaporosa n      o +   esf  +  rica, nem uniformemente longe da Terra, nem   uniformemente uniformem ente densa (tese apresentada por tr,s vezes, com palavras diversas, para espantar os ing ,nuos), a  curva da cauda n     o pode derivar de uma tal coisa redonda que n      o existe.  existe.  Esta conclus*o n*o se deduz

logicamente das nossas premissas, o m "ximo que pode derivar   que esta curva n*o   parte de uma circunfer,ncia mas de uma linha oval: e este seria vosso muito m $sero ganho, mesmo que tiv sseis certeza de que esta regi*o era oval e n *o esf rica. Com efeito, se esta curva for uma figura de arco de circunfer,ncia ou de elipse ou de linha parab %lica ou hiperb%lica ou espiral ou outras, n *o acredito que algum o possa determinar com certeza, pois as diferen'as dessas inclina ')es, num arco de dois ou tr,s

graus no m"ximo, resultam de todo impercept  $ veis.  $veis.

 

Devo ainda considerar as -ltimas palavras das quais concluo misticamente v "rias conseq 4, 4,ncias e v "rias idias ocultas de Sarsi. Primeiro, entende-se bem claramente que ele pesquisou o texto do Sr. M"rio n*o objetivamente, com a finalidade de estud "-lo ou louv "-lo, mas com a firme resolu'*o de impugn"-lo (como percebi desde o come 'o); desculpando-se de n*o hav ,-lo confutado mais, afirmou: Como contestar coisas que ele n      o relatou e que eu n      o podia adivinhar?   A A verdade  bem o contr"rio, isto , ele

n*o contestou outras coisas a n *o ser aquelas n*o apresentadas pelo Sr. M "rio, que ele procurou adivinhar. Acrescenta que o Sr. M"rio escreveu com palavras obscuras, e que numa disserta '*o bem longa n*o esclareceu o significado. Respondo a isto que o Sr. M "rio teve uma inten '*o bem diferente da do Mestre de Sarsi. Este Mestre, como  claro no in $cio do texto de Sarsi, escreveu para o vulgo, para ensinar-lhe com suas explica ')es aquilo que sozinho n *o poderia compreender. Mas o Sr. M "rio escreveu para os mais s"bios que n%s, e n*o para ensinar, mas para aprender, e por isso apresentou sempre em forma de d- vida e n *o doutrinariamente, fazendo refer,ncia 1s doutrinas dos mais s"bios: e se nossa publica'*o parecesse t*o obscura para Sarsi, devia, antes de censur "-la, esclarec,-la e n*o contestar aquilo que n *o entendeu, com perigo de queimar-se. Por m, se eu devo expor abertamente meu parecer, na verdade n*o acredito que Sarsi passe para a frente sem impugnar a maior parte das coisas escritas pelo Sr. M "rio por n*o t,-las compreendido, mas, ao contr "rio, porque elas eram abertamente claras e verdadeiras, e por isso considerou melhor afirmar n*o entend,-las do que, contra a sua vontade, aceit"-las e louv "-las. Quero referir-me agora ao terceiro exame, onde Sarsi, por meio de quatro proposi ')es, coletadas livremente entre mais de cem que encontramos no Discurso  do Sr. M"rio, se esfor'a por fazernos parecer pouco inteligentes: todas as outras, mais importantes que estas, passa-as sob sil ,ncio e as  vai acomodando acomodando 1 sua opini*o, acrescentando, tirando e torcendo sempre alguma coisa. 37. Veja V. E. Ilustr $ssima:  Antes de examinar corri maior cuidado algumas teorias de Galileu, como vou   fazer, gostaria que todo mundo ficasse ciente de que nada est (   (   mais fora de minhas inten  &5  es que combater em favor de    Arist $$  teles.    N    o me preocupo, no momento,  momento,  em pesquisar se s      o verdadeiras ou fa lsas lsas as teorias daquele grande homem.  Quero demonstrar que as m (   ( quinas    postas em movimento por Galileu Galileu foram de pouca resist )   )  nci  a e validade, as tentativas   foram v     s, e, para falar abertamente, as proposi    &5  es principais  sobre  sobre as quais, como sobre suportes, apoiava-se todo o peso de sua demonstra   &  o n     o t )   )m    apar )   )  ncia alguma de verdade, e, se algu +   +  m quiser examin (   (  -las com cuidado, as considerar (   ( ,   ,    acredito, falsas. Na tentativa de contestar, ent      o, o parecer de   Arist  Arist $   $  teles, afirma entre outras coisas que o ar n      o pode   movimentar-se no mesmo sentido do c +   +u   lunar; disto se   segue que nem por este movimento pode ser acendido, como  Arist $$  teles    deduzia.

Como, pois, afirma Galileu, aos corpos celestes deve ser atribu $da uma figura perfeit  $$ssima, ser", ent*o, necess"rio afirmar que a superf  $cie c+ncava deste cu   esf rica e lisa, sem permitir aspereza alguma; porm, aos corpos lisos n *o aderem nem ar nem fogo; por isso, n *o se movimentar*o com o

nto tirado de uma experi   ncia.  Com efeito, afirma ele, fa'amovimento deles.  Ele prova tudo isso com um argume nto )  ncia.

se virar ao redor de seu centro um vaso semi-esf rico liso e sem aspereza alguma; o ar contido n *o se

 

movimentar" com seu movimento, o que nos mostra uma vela acesa colocada n *o longe da superf  $cie interna do vaso, cuja chama n *o se dobra para lado algum com o movimento do vaso; ao contr "rio, se o ar fosse levado junto com o movimento do vaso, levaria consigo aquela chama tambm. At +   + aqui    fala   Galileu. Nisto voc )   coisas que s    o,   outras que n    )   poder ((   encontrar      o aceitas como verdadeiras e outras que n      o o s      o,   o s    o      nem mesmo consideradas verdadeiras e demonstradas falsas.  Antes de tudo, se algu +   +m    negar a afirma  &  o apresentada por Galileu, isto +    , que ao c 6   6  ncavo lunar deve-se   atribuir figura esf  +  rica e lisa, de que forma poder (   (   ser demonstrado o contr (   (  rio ?  Com efeito, se se deve atribuir aos corpos celestes uma form a lisa e redonda, deve-se faz )   )  -lo especialmente para que   n      o resulte impedido seu movimento. Pois, se as superf  .  cies segundo as quais os orbes est      o em contato permitissem alguma   aspereza, sem d   /  vida esta atrasaria seu movimento movimento.. Al  +  m disso, a superf   .  cie externa do c +   +  u superior, segundo Arist $   $  teles, teles,   necessita ser redonda para n      o  deixar  deixar surgir um vazio em seu movimento, va zio zio que se manifestaria se existissem 3  ngulos. ngulos.   Por +   +m,    todos esses racioc .   .  nios n      o possuem   for     & a alguma neste caso. Com efeito, se esta superf   .  cie c 6   6  ncava no c +   +  u lunar n      o  

+   nem redonda nem lisa, mas (  spera, n    o   +   tolice alguma, pois ao seu movimento n      o se pode opor o corpo pr $   $ximo,    seja   ele ar ou fogo, e n     o surge vazio algum,  algum,  pois pois sempre +   introduzido um corpo no  lugar do outro. Al   +  m disso, se admitimos   esta aspereza, muito melhor se conserva a jun   &  o de todos os corpos m $   $  veis: com efeito, de acordo com o movimento do c +   +  u, u,   movimentam-se movimentam -se os elementos superiores cujos movim movimentos entos percebemos gerar cada dia muitas coisas e destruir muitas outras.  Na verdade, Galileu, afirmando dever-se atribuir necessariamen necessariamente te aos corpos mais nobres uma forma redonda, desejar (   (     que os homens, muito mais nobres que o c +   +u,    sejam redondos e lisos? Por +   +  m, segundo os or (   (  culos dos s (   (  bios, preferimo-los  quadrados. Haveria preferido, preferido, ent      o, afirmar que a cada um fosse melhor atribuir a figura que +   mais apta para conseguir   sua finalidade. Disto, n     o sem raz     assim: portanto, como a concavidade da Lua deve, de certa   o, algu +   +  m poderia concluir  assim:   forma, coligar e juntar estes corpos infe riores riores 2  queles superiores, foi necess (   (  rio fabric (   (  -los (  speros e compactos, em vez de   lisos.

Sem ir mais para a frente, encontramos aqui sempre as mesmas artimanhas de Sarsi. Primeiro, n*o se encontra no texto do Sr. M "rio a afirma'*o, segundo Sarsi feita por n %s, de que a corpos lisos e limpos n*o adere nem ar nem fogo: Sarsi nos imp )e esta falsidade arbitrariamente para abrir caminho 1  teoria, exposta um pouco mais abaixo, de um certo lastro de vidro. Al m disso, Sarsi finge n *o perceber que a nossa afirma '*o relativa 1 concavidade lunar como superf  $cie de todo esf rica, lisa e limpa, n *o    verdadeira por ser uma hip%tese nossa, mas porque Arist%teles assim afirma bem como os seus seguidores, cuja opini*o contestamos sem aceitar as premissas 57. E, fingindo encontrar no texto do Sr. M"rio aquilo que n*o existe, simula n*o perceber aquilo que muitas vezes repetimos abertamente, isto , que n%s n*o admitimos aquela multiplicidade de orbes s %lidos at  agora aceita, mas consideramos difundir-se nos imensos campos do universo uma sutil subst 2ncia etrea por meio da qual os corpos s%lidos mundanos v *o vagando com movimento pr%prio. Mas que estou eu afirmando? Lembro-me agora de que Sarsi havia percebido tudo isto antes, na parte 34, onde afirma: Pois, para Galileu, n      o exis- 

  57

"Ad hominem."

 

tem os orbes celestes de Ptolomeu, e, segundo o sistema do pr $$    prio    Galileu,  Galileu, n      o encontramos no c +   +  u nada de s $   $  lido 5  . N*o

pode, assim, o Sr. Sarsi esconder o fato de haver internamente entendido que n %s afirmamos que a concavidade lunar  perfeitamente esf rica e lisa, falamos n *o porque a aceitamos como tal, mas porque assim considerou Arist%teles, contra o qual 59 estamos nos opondo. Porque se tiv sseis acreditado ser mesmo a nossa opini *o, nunca ter $eis nos perdoado esta contradi'*o, isto , negar completamente qualquer diferen'a entre orbes e solidez para depois admitir os dois: erro muito mais grave que todos os outros que levastes em considera'*o. Muito v *o , ent*o, todo o restante do vosso racioc $nio, onde vos esfor'ais em provar que a concavidade da Lua deve ser sinuosa e "spera em vez de lisa e limpa; este esfor'o  v *o, reafirmo, e n*o vou dar nenhuma resposta. Todavia, quero que (como afirma o grande poeta) "entre n%s se lute como cavaleiros"60, e considerar qual  a for'a da sua opini*o.  Afirmais, Sr. Sarsi: Se algu +   +m    negasse que a superf  .  cie c 6   6  ncava  lunar   lunar fosse lisa e limpa, de que forma e com  que meio seria poss ..    vel afirmar o contr (   (  rio?   Acrescentais Acrescentais depois, como se fosse uma prova apresentada pelo

advers"rio, um discurso fabricado arbitrariamente e de f "cil confuta'*o. Com efeito, se o advers "rio respondesse e afirmasse: "Sr. Lot "rio, aceitando que os orbes celestes sejam de mat ria s%lida e diversa da concavidade lunar, assever assevero-vos o-vos que  necess"rio que esta superf  $cie c+ncava deva ser limpa e lisa mais que um espelho: pois, se ela fosse sinuosa, as refra ')es das estrelas vis $ veis,  veis, chegando at  n%s, apresentariam continuamente uma srie de extravag 2ncias, como nos acontece justamente quando observamos os objetos externos atrav s de uma janela cujos vidros s *o polidos e alisados, ou atrav s de outra, cujos vidros n*o est*o trabalhados; e seja porque os objetos est*o em movimento ou seja porque movimentamos movimentam os a vista, as figuras que passam atrav s dos vidros lisos n*o sofrem altera'*o alguma, mas passando atrav s de vidros n*o trabalhados  imposs $ vel  vel contar quantas e quais formas extravagantes apresentam; o mesmo aconteceria se a concavidade lunar fosse sinuosa e ficar $amos admirados em ver com quantas mudan'as de figuras, movimentos e situa')es as estrelas fixas ou errantes se nos apresentariam de acordo com a passagem atrav s de um ou outro orbe lunar; mas, n*o percebendo diversidade alguma, ent*o a concavidade  lisa". O que responder $eis a tudo isto, Sr. Sarsi? Precisar " de muito trabalho para nos persuadir de que este discurso n *o  novo para v %s, mas que o considerastes suprfluo, e que n*o me pertence, mas  de outros, j" abandonado como obsoleto e superado, e que   melhor, enfim, enterr"-lo. Este , pois, o meu racioc $nio para provar que a concavidade lunar  lisa e n*o sinuosa. Observamos agora qual  o apresentado por v %s para provar o contr"rio, e lembramos que estamos discutindo sobre os elementos superiores, isto , se eles s *o levados ao redor pelo movimento celeste ou n*o (pois este  o ponto controverso da conclus*o), isto : "Ar e exala')es n*o podem ser movimentados com o movimento celeste" 61 havendo eu afirmado que o c+ncavo lunar   liso e havendo-o provado com a uniformidade das

58

"Cum enim nulli Galilaeo sint caelestes Ptolomaei orbes, nihilque, ex eiusdem Galilaei systemate, in coelo solidi inveniatur. inveniatur."" "Ad hominem." 60 "Tra noi per gentilezza si contenda";  uma frase de Ariosto. 61 "Aer et exhalatio ad motum caeli moveri non possunt." 59

 

refra')es. V %s, provando o contr "rio, afirmais: Se aceitamos que a concavidade +   sinuosa, resulta muito melhor   explicada a conex   o   de todos os corpos m $$  veis,    pois, assi m,  movimentam-se os elementos superiores de acordo com o movimento celeste. Mas, Sr. Lot"rio, este  o erro que os l%gicos chamaram de peti'*o de princ $pio, pois

considerais aceito aquilo que   colocado como pergunta, e que eu nego j ", isto , que os elementos superiores se movimentem. Possu $mos quatro conclus)es, duas minhas e duas vossas. A minha primeira : "A concavidade   lisa" e a segunda: "Por isso os elementos n *o s*o levados em movimento". Que a concavidade seja lisa foi provado por mim atrav s das refra')es das estrelas, e a conclus*o  clara. A vossa primeira :  A concavidade +    (  spera   e a segunda: Leva consigo os elementos. Provais que a concavidade  "spera porque assim , e com o movimento dela s*o levados os elementos celestes, e deixais o advers"rio na mesma situa '*o que antes, sem ganhar nada, o que poder" continuar a afirmar que a concavidade n*o   "spera nem leva consigo os elementos. Era necess"rio, ent*o, para sair do c $rculo fechado, que tiv sseis demonstrado uma das duas conclus)es com outro meio. Nem replique que demonstrastes satisfatoriamente a desigualdade da superf  $cie afirmando que assim juntam-se melhor as coisas superiores com as inferiores, pois para junt "-las  suficiente uma simples uni *o, e v %s mesmo mais abaixo aceitais a mesma ader,ncia e uni*o tambm quando a concavidade   lisa e n*o

"spera, porque esta prova resultaria superficial demais. Nem a outra teria mais for 'a, se por acaso tivestes a pretens*o de ter provado que levam consigo os elementos superiores, pois por meio deste movimento produzem-se os nascimentos e as mortes, e talvez por causa dele s*o puxados para baixo o fogo e o ar superior, que s *o tambm fantasias fundadas no ar; e muito tarde conseguir $amos nos esquentar se tiv ssemos que esperar a expuls*o do fogo para a Terra e especialmente que v %s agora mesmo declarastes que ele empurra para cima, e por isto faz for'a, e empurrando, de uma certa forma, adere sempre mais 1 superf   $cie da Terra: racioc $nios e discursos infantis, pois aceitam e contestam as mesmas coisas, segundo uma ing ,nua inconst2ncia. 38. Verifiquemos agora com quais outros meios prova no argumento seguinte a mesma conclus*o:  Mas devo eu procurar em outras partes argumentos contra Galileu, quando ele mesmo os oferece abundantemente? Segundo a opini     o dele, nada +   mais verdadeiro do que a Lua ser n      o somente (  spera, mas, como uma   segunda Terra, possuir seus Alpes, Olimpo, C   (  ucaso, descer em vales, estender-se em  vastas plan ..    cies, quando sem d  /  vida   montes lunares n     o podem ser admitidos na   Lua. E a Lua n      o +    , por po r acaso, um  corpo  corpo celeste muito nobre? Porventura n      o +   muito mais nobre do que o pr $$    prio    c +   +u,    no qual se mo ve ve como carruagem e que habita como se fosse sua casa? Por  que a Lua, ent     o, n     o deve ser bem lisa, mas (  spera e   montanhosa? As pr $   $ prias    estrelas n      o possuem, segundo o   testemunho de Galileu, uma figura variada e cheia de 3  ngulos?   E E o que existe de mais nobre entre as subst 3   3  ncias celestes?    Acrescento que nem mesmo mesmo o Sol, se voc )   )   acredita nas apar )   )  ncias, foi agraciado com uma figura t      o nobre; pois nele v )   )  em-  se algumas luzes muito mais claras que em outras partes suas que o mostram a n $   uniforme.  $  s como (  spero e de luz n      o uniforme.  Por isso, se o argumento de Galileu n      lunar existe aspereza,   o +   persuasivo, e +    poss ..    vel admitir que na concavi dade

acredito que ningu +   que po ssam ssam ser levados com ela vapores e ar. Ga lileu, lileu, por +   +m    poder (   ( negar    +m,    n      o provar (   (   facilmente    que esta aspereza n     o pode ser admitida.  admitida.  A A este ponto n      o podemos deixar de lado  aquilo que ele escreve na carta n //  mero      

 

3, dirigida a Marcus Welser, isto +    , que   as manchas solares s      o vapores fumacentos conduzidos em volta pelo movimento   do corpo solar. Ent   o   o corpo   solar +   liso e n      o poder (   (   levar consigo tais   vapores, ou +    (  spero e montanhoso, e assim o   mais nobre dos corpos celestes n    liso. Ademais, na segunda carta ao mesmo Marcus, Galileu afirma:   o +   nem esf  +  rico nem liso. Ademais,

O Sol movimenta seu ambiente ao redor de seu centro: por m o corpo ambiental deve ser muito mais

    movimenta-se  movimenta-se por causa do movimen movimento to de um corpo muito ralo e leve que o pr%prio ar. Por isso, se o corpo solar s $$  lido  leve que se encontra ao redor, n      o entendo por que o mesmo   c +   +  u s $$  lido    n      o possa levar consigo, com seu movimento, um   corpo que lhe seja inclu ..    do, o mais leve  poss   poss ..    vel, isto +    , a esfera elementar. elementar.

 Antes de continuar, volto a replicar, contra Sarsi, que n*o  minha opini *o que o cu, corpo muito nobre, tenha figura muito nobre, isto , uma esfera perfeita, mas   opini*o do pr%prio  Arist%teles, contra o qual o Sr. M "rio argumenta diretamente.62  Por aquilo que me diz respeito, n *o havendo nunca lido as cr +nicas de nobreza das figuras, n *o posso saber quais sejam as mais ou menos nobres, ou as mais ou menos perfeitas; por m, creio que sejam todas elas igualmente antigas e nobres, ou, para especificar melhor, que n*o sejam mais nobres ou mais perfeitas nem menos nobres e menos perfeitas, a n*o ser pela sua utilidade, isto , que as figuras quadradas sejam mais aptas para as constru')es do que as redondas, e que para movimentar carruagem as figuras esf ricas sejam mais aptas que as triangulares. Voltando ao argumento de Sarsi, ele afirma que eu lhe ofereci muitas raz )es para provar a aspereza da concavidade da superf  $cie do cu, visto eu mesmo falar que a Lua e os outros planetas (corpos tamb m celestes e muito mais nobres e perfeitos do que o cu) possuem superf  $cie montanhosa, "spera e desigual; e se tudo isto for verdade, por que n*o se deve afirmar que esta desigualdade pode-se encontrar tambm na figura celeste? O pr%prio Sarsi pode responder aqui da mesma forma que ele faria com algum que lhe quisesse provar que o mar deveria ser todo cheio de espinhas e escamas porque assim o s*o as baleias, os atuns e outros peixes que o povoam.  A pergunta que me coloca, ou seja, qual deveria ser a causa que permite 1 Lua ser lisa e limpa, eu respondo que a Lua e os outros planetas todos, sendo por si mesmos escuros, resplandecem s %  devido 1 ilumina'*o do Sol, sendo, assim, necess "rio serem de superf  $cie "spera, porque, se fossem de superf   $cie lisa como um espelho, n *o chegaria at n %s reflexo algum de luz, eles seriam completamente invis $ veis  veis para n%s, e, conseq 4entemente, a influ ,ncia deles sobre a Terra resultaria nula, e nula seria a influ,ncia rec $proca,.em suma, sendo cada um nulo por si mesmo, n *o existiriam um para o outro. Ao contr"rio, uma enorme desordem se geraria se os c us fossem feitos de uma subst 2ncia s%lida e limitada por uma superf   $cie n*o perfeitamente lisa, porquanto (como (como relatei mais acima), por causa das refra')es continuamente perturbadas sobre uma superf  $cie sinuosa, nem os movimentos dos planetas nem suas figuras, nem as proje ')es de seus raios para n%s, e, por conseguinte, de seus aspectos, poderiam apresentar-se a n%s a n*o ser muito confusos e desregulados. Eis, Sr. Sarsi, uma raz *o muito eficaz para responder 1 vossa pergunta: e como pr,mio por esta resposta, tirais fora de vosso texto aquelas palavras

responder 1 vossa pergunta: e como pr,mio por esta resposta, tirais fora de vosso texto aquelas palavras onde afirmais eu haver relatado repetidamente serem as estrelas de figuras diversas e angulares, pois, 62

"Ad hominem."

 

sabeis muito bem que, em consci,ncia, isto   uma mentira, e que nunca afirmei uma tese parecida; aquilo que pudestes entender ou haver lido  que as estrelas fixas possuem luz viva e brilhante; assim, o pequeno corpo delas n *o pode ser percebido distintamente por ser circundado de raios de luz t *o brilhantes.  A respeito daquilo daquilo que Sarsi relata, no final, a prop%sito do Sol e dos vapores fumacentos que se geram e nele se dissolvem e de seu ambiente, nunca afirmei qual dos dois segue o movimento do outro outro,,  visto que o desconhe'o, e poderia, por isso, verificar-se tambm que nem o ambiente nem o corpo solar se movimentam, mas que  natural para ambos aquela convers*o, a qual conhe 'o bem porque a  vejo, isto , que as manchas d*o uma volta inteira cada quatro semanas mais ou menos. Porm, quando se puder ter um exato conhecimento disso, n*o vejo qual seria a sua utilidade na nossa presente discuss*o, onde somente contra Arist %teles63' e raciocinando por hip %teses64, hip%teses 1s vezes at falsas, por causa da grande diferen'a da matria do Sol e do ambiente, estamos procuran procurando do se a concavidade lunar s%lida e lisa, como n *o parece ser, andando ao redor (outra teoria falsa), leva consigo a luz, que talvez n*o exista tambm. Acrescente-se outra enorme diferen'a, a qual Sarsi afirma n*o conseguir entender que deveria ser, pelo contr"rio, uma identidade, isto , que igualmente e com a mesma aptid*o e facilidade pode acontecer que um corpo fluido contido dentro de uma concavidade de um corpo s %lido esf rico, que se movimente ao redor, seja levado embora como se o conte-do fosse uma esfera s%lida e o ambiente um l $ $quido; que seria a mesma coisa algu m pensar que, do mesmo modo que o movimento de um rio leva consigo um navio, assim o movimento do navio deveria levar consigo a "gua de um p2ntano, o que   completamente falso: porque, por experi ,ncia, vemos um navio, ou mesmo mil navios, que enchessem um rio inteiro, ser movimentado pelo movimento daquele, mas, ao contr "rio, o curso de um navio impulsionado a uma velocidade qualquer n*o  seguido por nenhuma m $nima gota de "gua. A raz*o de tudo isto n*o deveria ser misteriosa, pois n *o se pode for'ar a superf  $cie de um navio sem for'ar do mesmo modo a m"quina inteira, cujas partes, sendo s%lidas, isto , bem unidas e ajustadas, n*o podem ser separadas ou diferentes; assim, algumas cedem ao impulso do ambiente externo e outras n*o. Nada disso acontece nem com a "gua nem com outro fluido, cujas partes, n *o possuindo em si for'a pr%pria interna65 ou for'a de ades*o sens $ vel,  vel, com muita facilidade separam-se e diferenciam-se; assim aquele v u sutil de "gua, que toca o corpo do navio,  suficiente para obedecer ao seu movimento, mas as outras partes mais afastadas, abandonando as mais pr %ximas, e estas as mais pr%ximas ainda, bem perto da superf  $cie libertam-se completamente de sua for'a e poder. Acrescente-se a tudo isso que o impulso m % vel impresso conserva-se muito mais tempo e com muito mais for 'a nos corpos s%lidos e pesados, mais que nos fluidos e leves: como podemos observar quando um grande peso, pendendo de uma corda, conserva por muitas horas o impulso e o movimento dados uma vez s %;

63

"Ad hominem." "Ex suppositione." 65 Colocando uma for 'a interna nos elementos, torna-se sempre mais evidente que Galileu pertence ao grupo dos fil %sofos naturalistas, isto , animistas. 64

 

e, ao contr"rio, quando se quer agitar o ar de um quarto fechado, cessando o impulso que o movimenta, permanece im% vel completamen completamente, te, sem reter o impulso. Quando, ent*o, o ambiente e o movente s*o l $ $quidos, e fazem for'a sobre um conte-do s%lido, encorpado e pesado, est "  se imprimindo um movimento sobre um sujeito apto a receb,-lo e conserv "-lo por muito tempo; pois um segundo impulso que chegue encontra ainda o movimento impresso do primeiro, o terceiro encontra o impulso do primeiro e segundo, o quarto junta-se ao movimento do primeiro, segundo e terceiro, e assim por diante, onde o movimento do m %bil n*o permanece somente conservado mas tamb m aumentado: porm, quando o m%bil  l  $$quido, sutil, leve e, por conseguinte, impotente para conservar o j" impresso, pois tanto  o movimento que se imprime quanto aquele que se perde, querer imprimir-lhe imprimir-lhe  velocidade   trabalho v *o, como seria v *o querer encher a peneira das Belidas, que derrama tanto quanto se enche.66  Eis demonstrada, Sr. Lot "rio, a grande diversidade que se encontra nestas duas opera')es que vos pareciam uma coisa s%. 39. Passemos agora ao terceiro argumento: Concedemos a Galileu que a superf   .  cie interna deste orbe seja   lisa e redonda: nego que o ar n      o possa aderir aos corpos leves. Com certeza a l  3  mina de vidro B colocada sobre a (    gua,    gua, apesar de bem lisa, n   o   boiar (   (   menos que se   fosse   de outra mat +   +ria    mais (  spera, e o  ar aderente a ela reter (   (   a (    gua A C,  C,   que se movimenta movimenta ao redor do vidro par paraa que n    que,  ent      o deixe afundar a l  3  mina. Por que,    o, o ar n      o se afasta dela quando  

+   impulsionada para longe da l  3  mina de vidro pelo peso da  (    gua que desce, mas adere com for   & a a ele n      o d  (   lugar, a n      o   ser impulsionada por uma for  & a maior? Al   +  m disso, se algu +   +m,    havendo encontrado uma prancha de m (   (  rmore bem lisa,  lisa,  colocar-lhe em cima outro corpo pesado, igualmente liso, depois movimentar de todos os lados a prancha de baixo, perce-  ber (   (   que estar ((     levando consigo tamb +   +  m o   corpo sobreposto; todavia, se se tirar o peso com o qual aquele corpo se ap $   $  ia   sobre a t ((    bua, ele n   o   permanecer (   (    aderente. Aquilo que obriga, ent      o, o corpo sobreposto a movimentar-se com o   movimento da prancha +   a compress      o com   a qual o peso faz press      o sobre a prancha posta em baixo, baixo, p 6   6  r-do-sol como   cada um dos corpos +   comprimido pelo outro, obrigando ca da da um a movimentar-se com o movimento do outro, assim, afirmo que a concavidade da Lu a, a, de uma certa forma, +    comp rimida rimida pelo ar ou pelas ex ala  ala  &5  es inclu .   .  das, se ficarem   rarefeitas, como acontece sempre: com efeito, quando se rare    fazem, desprezando a limita  limita  &  o do lugar anterior, expandem-se   em um espa   & o muito maior e impulsionam, segundo a pr $$    pria    possibilidade, todas  as   as partes dos corpos que formam o ambiente, e por isso as do pr $$    prio    c +   +u, u,       se alguma se opuser 2   dilata  &  o. N    o   +    necess (   (  rio, ent      o, admirar-se que da   compress   o   nasce alguma ades      o que Junta e amarra estes dois corpos, e assim movimenta ambos com um /  nico   movimento.

Sarsi continua nesta sua fantasia, querendo afirmar que eu tambm aceitei que o ar n*o adere aos corpos Usos, o que n *o foi dito nem por mim nem pelo Sr. M"rio. Ademais, eu n *o entendo bem o que ele queria significar por ader,ncia. Se ele entende uma c%pula que resiste 1  separa'*o de tudo e divide-se da outra superf  $cie, e que n*o se toquem, afirmo que esta ader,ncia existe e  muito grande,

que, por exemplo, a superf  $cie da "gua n*o se dividir" da superf  $cie de uma prancha de cobre ou de outra matria a n*o ser por uma grande for'a, neste caso n*o tem import2ncia se esta superf  $cie seja ou 66

Segundo a mitologia, as Danaides, da estirpe de Belo, deviam, por puni '*o, encher de "gua uma peneira ininterruptament ininterruptamente. e.

 

n*o limpa e lisa, sendo suficiente um estranho contato: contato que os segura juntos t *o ajustados que

1s vezes as partes dos corpos s %lidos e duros n*o possuem outro gl-ten a n*o ser isto; porm, esse tipo de ader,ncia n*o  de utilidade alguma para Sarsi. Mas se ele entende uma conjun '*o na qual as duas superf   $cies, isto , a s%lida e a -mida, n*o possam, mesmo tocando-se, movimentar-se uma contra a outra, como seria necess"rio para Sarsi poder provar, afirmo que uma ader,ncia semelhante n *o existe entre s%lido e l $ $quido e nem mesmo entre dois s%lidos. Vemos, assim, que, em dois m "rmores planos e bem lisos, a primeira ader ,ncia  tanta que levantando um o outro vai junto, mas o segundo tipo de ader,ncia   t*o fraco que, se as superf  $cies em contato n *o se encontrarem bem eq 4idistantes do horizonte, mas um pouco inclinadas mesmo como um fio de cabelo, o m "rmore inferior logo descer "  para a parte inclinada; e, ao movimentar-se uma superf  $cie sobre a outra, n *o se encontrar" resist,ncia, mesmo que se haja percebido uma resist ,ncia muito grande querendo-as destacar e separar. Assim, a jun'*o de "gua com o barco, mesmo produzindo enorme resist,ncia para quem quisesse separar as duas superf   $cies, encontraria, mesmo assim, m $nima resist,ncia em movimentar uma superf  $cie sobre a outra, fazendo-a escorregar; e, como afirmei mais acima, o navio movido a grande velocidade n *o leva mais nada consigo a n *o ser aquele v u de "gua que o toca, 1s vezes pode acontecer que se dispa desta "gua para vestir-se com outra sucessivamente. Aposto que Sarsi aceitar " que, colocando-se no mar um navio molhado com vinho ou tinta, depois de ter percorrido uma meia milha, n *o ficar" vest  $$gio do primeiro l $ $quido que o circundava; podemos admitir que isso aconte'a igualmente com a "gua que o toca, isto , que continuamente vai mudando: e o sebo que envolve o navio inteiro, mesmo muito firme, depois de pouco tempo  levado pela "gua que lhe escorrega em cima; o que n *o aconteceria se a "gua em contato com o navio permanecesse sempre a mesma, sem mudar.

No que diz respeito 1 prancha de vidro que b %ia entre duas pequenas represas, afirmo que estas represas n*o se sustentam pela ader,ncia do ar com a prancha que n *o deixa escorrer a "gua sobre a mesma; pois, se fosse assim, deveria acontecer o mesmo se coloc "ssemos na "gua a mesma prancha um pouco -mida, porque n*o  acredit" vel que a "gua possa aderir menos a uma superf  $cie -mida que a uma superf  $cie seca; todavia, percebemos que, quando a prancha   -mida, o represamento n*o se realiza, mas a "gua desliza sobre a prancha. As represas, ent *o, formam-se por causa da ader ,ncia do ar sobre a superf  $cie da prancha: e podemos perceber com freq 4, 4,ncia grande parte da "gua sustentar-se em abund2ncia particularmente sobre folhas de repolho e outras ervas, em camadas muito mais altas das das represas que se formam ao redor da prancha da qual demos um exemplo. Por -ltimo, quando ele afirma que comprimir ou pesar, sem outra for 'a que permita ader,ncia,

 suficiente para que um corpo siga o outro, conform conformee o exemplo que ele nos oferece, isto , das pedras lisas colocadas uma sobre a outra, das quais a superior que comprime segue o movimento da inferior

 

levada em algum lugar, eu aceito a experi,ncia, mas n*o percebo o que ela tem a ver com a nossa argumenta'*o: primeiro, porque n%s estamos discutindo sobre um corpo l  $$quido e sutil, cujas partes n*o possuem tanta conex *o que ao movimento de uma deva seguir o movimento do conjunto, como acontece num corpo s%lido; segundo, Sarsi, superficialmente demais, prova que o fogo, o ar e as exala')es contidas dentro da concavidade lunar produzem um impulso e pesam sobre a superf  $cie desta concavidade, enquanto introduz, como causa da compress *o, uma rarefa'*o cont  $$nua destas subst2ncias, as quais, dilatando-se, e por isso procurando sempre espa'o maior, produzem uma for'a que age contra seu recipiente, ficando assim, de certo modo, presas a este recipiente, seguindo seu movimento.. Este discurso  verdadeiramente superficial, porque, quando Sarsi afirma com certeza que movimento as subst2ncias contidas se rarefazem e se dilatam continuamente, o advers "rio, com n*o menor raz*o (digo n*o menor, porque Sarsi n*o aduz raz*o alguma), afirmar"  que elas v *o continuamente se juntando e se restringindo. Mas, aceitando que elas se rerefa 'am continuamente e disto nas 'a a conjun'*o 1 concavidade e, enfim, o movimento em conjunto, podemos acreditar que mil anos atr "s, quando a refra'*o era considerada uma utopia (como ainda agora Sarsi considera), o movimento em conjunto n*o devia existir, faltando a causa que o produzia. Com efeito, n*o existe nada que me impe'a de dizer para Sarsi que esta sua rarefa'ao, que se produz continuamente, n*o  ainda t*o forte assim para obrigar e fazer press*o sobre a concavidade lunar, mas poder " alcan'ar isto daqui a dois ou tr,s anos; e neste tempo, concordo em aceitar que a esfera dos elementos superiores come 'ar" a movimentar-se, mas por enquanto conceda-me Sarsi aceitar que ela ainda n *o se moveu. N*o gostaria que, se Sarsi, por acaso, considerasse este tipo de resposta como rid $culo, come'asse a rir, pois  ele mesmo que nos d"  motivo, esquecendo tambm em sua publica '*o que algumas subst2ncias materiais se rarefazem e se dilatam perpetuamente. Mas eu quero ajudar o pr %prio Sarsi e mostrar-lhe um ponto a seu favor, ensinando-lhe que esta rarefa 'ao eterna e press*o contra a concavidade da Lua   suprflua, logo que ele consiga demonstrar que o ar  levado consigo com o balde, sobre o qual n*o se comprime e n*o pesa absolutamente, sendo ele colocado na mesma regi*o que o ar. 40.  Mas observemos quanta verdade est (   (   contida no experimento sobre o qual funda-se especialmente a opini    o   de Galileu. Se uma gamela, afirma ele, se movimenta ao redor de seu centro e eixo, o ar incluso n *o indo

atr"s dele, pelo contr "rio permanecendo parado, n *o  levado a parte alguma. Uma vez chegara ao meu conhecimento, por meio de pessoas .  ntima s de Galileu, que ele tinha o costume de afirmar a mesma coisa em rela   &  o 2  

(    gua contida na gamela, isto +    , ela tamb +   +m    n      o se movi menta   com o movimento do vaso. A prova era que, havendo colocado sobre a (    gua parada dentro do vaso um corpo leve e   com com possibilidade de boiar, por exemplo, um pequeno pau, ou um pequeno cani    & o, o, perto da orla da gamela, fazendo depois o  vaso girar, o cani    & o permanec ia ia sempre no mesmo lugar. Sei  por certo que esta e outras experi   )  ncias deram muito valor 2  intelig   intelig )   )  ncia de Galileu que, por  meio  meio de coisas de muito pouca

import 33    ncia, bem 2   vista de todo mundo, com enorme faci lidade   levava os homens ao conhecimento de coisas tremendamente dif     presente   .  ceis. N     o quero diminuir-lhe a import 3   3  ncia deste merecimento: por +   +  m, no que diz respeito 2  presente  discuss     o, encontrei serem falsas as duas experi   efeito,   )  ncias (perdoe-me, Galileu, mas estou afirmando a verdade). Com efeito, 

 

acredito que se ele fez vira r a gamela s $$     uma ou duas vezes para n      o fazer   perceber perceber o movimento da (    gua, por +   +m,    se   continuasse a vir ((  -la,    ent   o   compreenderia realmente se a (    gua se movime movimentaria  ntaria   com o movimento da gamela ou se  permaneceria parada. p arada. O cani    gua, se n    gamela,    & o ou pauzinho colocado sob a   (     o for colocado muito longe da orla da gamela,  virar (    gua   (   com muita velocidade, e mesmo que a gamela pare o cani    & o continuar (   (   a movimentar-se, e poder-se- (   (   ver que a (   e os corpos colocados em cima, por causa do impulso rece bido, bido, continuar      o virando por muito tempo, mesmo que com   sempre maior lentid     o. Na verdade, ningu +   +  m, cogita que realizamos estas experi  )  ncias descui  dadamente, pois explico que  pegamos um vaso semi-esf   semi-esf   +  rico de metal I escavado habilmente   com com o torno e procuramos fazer que virasse ao redor de um eixo CE, unido 2  pr   pr $   $ pria    gamela, e assi  m passasse por seu centro, como se, prolongado, tivesse a forma de eixo esf  +  rico;   constru ..  mos    uma base bem est (   (vel,    para que n      o fosse movime ntada ntada com o movimento do vaso, e havendo feito passar o eixo pelo buraco E, e apoiando-o no suporte na parte mais baixa, fixamo-lo verticalmente: assim, virando o eixo com a m      o, necessariamente a gamela moviment ava-se ava-se com o mesmo movimento. Na verd   ade n      o s $   $ a    (    gua  se   se movimenta com o movimento movime nto do recipiente mas o ar tamb +   +m,    que +   o exemplo da do do por Galileu. Tudo isto demonstra que a chama da vela, colocada pr $   $  xima da superf   .  cie do vaso, dobra-se com pequeno desvio na mesma dire  &  o onde se movimenta o recipiente.  recipiente.  Tudo isto +   demonstrado com muito mais  clareza   clareza pela folha de papel A, suspensa por uma sutil linha de seda, da qual um lado encontra-se perto da superf   .  cie interna do vaso. Co m efeito, se movimentarmos agora a gamela de um lado, o papel tamb +   parte oposta com rec  proca +m    virar ((     na mesma dire  &  o; e, se virarmos a gamela na   parte .   .   rota  &  o, levar (   (   consigo a folha de    papel na mesma mesma dire   &  o sua com o ar que lhe adere.

 E desta verdade e certeza tenho muitos s (   (  bios testemunhos: antes de tudo, muitos padres do Col  +    gio Romano;   entre outros, todos aqueles que quiserem conhecer o que aprendi do meu mestre  , e foram muitos. N     o quero passar sob   sil   )  ncio o nome daquele que, famos .   .  ssimo por seus conhecimen tos tos como por sua nobreza, pode enaltecer-me, bem como 67   minhas teorias, e testemunhar minhas palavras; isto +    , Virginio Cesarini    , que muito se admirou como uma coisa, at +   +   

aquele momento considerada verdadeira por muitos, pudesse ser arg 4   4  ida como falsa com tanta certeza; e, contudo, assistiu  

2  realiza   realiza  &  o daquilo que a maioria negava poder ser realizado. Tudo isto foi demonstrado por experi   )  ncia, mas, mesmo que n      o houvesse sido experimentado nunca, a raz      o o   haveria provado. O ar e a (    gua,  sendo da natureza dos corpos /  midos, cuja caracter .    gua, .  stica +   aderir aos pr $   $ prios    corpos lisos, lisos,  

n      do vaso; por isso, se admitirmos esta ades      o poder   o   nunca aderir 2   superf .  cie   o, +    necess (   (  rio admitir tamb +   +  m o  

67

5 o mesmo D. Virginio Cesarini da dedicat %ria.

 

movimento dos corpos /  midos. Primeiro, co m efeito, a parte que toca o recipiente movimentar-se- (   (   com o seu movimento, do   mesmo modo daquela que adere ao vaso; segundo, esta parte movi   mentada desta forma levar (   (   consigo aquela que lhe adere;   esta segunda parte levar (   ( uma    terceira, etc; e, pois, que este movimento apresenta quase uma espiral, n      o +   de admirar-se    que com uma ou duas voltas da gamela n     gua; porquanto as primeiras partes desta     o foi percebido   o movimento da (   espiral encontram-se muito perto da supe rf   rf   .  cie do recipiente e por isso o movimento n      o se espalhou nas partes mais   internas, pois elas se rarefazem, e por isto n      o segue m logo o movimento daquela parte que as leva consigo.  N     o se admire ningu +   +m    se o movimento  do ar, nessas nossas experi  )  ncias, mostre ser m .   .  nimo, m (   (  ximo em vez o   da (    gua. Com efeito, efeito, o ar ficando rarefei rarefeito to enquanto a (    gua se  condensa  condensa mais, mesmo que o ar, pelo movimento do vaso ao  qual ele est (   (   aderindo, movimente-se com mais facilidade, todavia n      o leva consigo com a mesma facilidade o ar pr $   $  ximo, ximo,    pois +   segurado pela for  & a das outras  partes   partes do ar parado, e com uma pequena compress      o ou rarefa  &  o pode, por breve   tempo, iludir a for  & a do ar que o leva  consigo.   consigo. Contudo, aquele que queira experimentar com mais clareza se um corpo esf   +  rico virando leva consigo o  ar,  ar, mande virar o globo A, por exemplo, sust entado entado sobre seus p $   $  los B e C, com um eixo   D, e suspenda um papel 2  linha   linha sutil E, assim de modo  que   que chegue quase em contato com o globo: quando se iniciar a rota  &  o da esfera para um lado, o papel F movimentado pelo   ar +   levado na mesma dire   &  o, o, especialmente  especialmente se o globo for suficientemente amplo e for girado com muita velocidade.  E o fato de que, seja na gamela, seja na esfera, perceb emos emos muito pouco o movimento do ar, n      o poder (   (   levar   ningu +   +m    a deduzir que na concavidade da  Lua o mesmo movimento ser (   (   muito pequeno  ; porque, entre outras, existe esta raz      o para o pequeno movimento do ar  na   na esfera A e na gamela I em movimento; sendo a gamela e a esfera colocadas todas no ar, sendo movimentado o ar circunstante pelo movimento delas, resulta ser sempre menor a velocidade daquele que d   cebe. Com efeito, por exemplo, se, por causa do movimento da esfera A, a super-  (   o movimento em rela  &  o 2  quele que re cebe.   f   .  cie BC deve movimentar o ar que lhe adere, expressa pelo c .   .  rculo D, sendo ele maior do que o c ..    rculo BC, o maior dever (   (    ser movimentado pelo menor: o mesmo acontecer (   (   quando o c ..    rculo D levar consigo o c .   .  rculo E. Por +   +  m, na concavidade da   Lua encontramos tudo isto ao contr (   (  rio, sendo sempre   maior a velocidade daquele  que movimenta que do que +    movimentado. Com efeito, coloque-se a Lua no c ..    rculo E, movimentando D que de ve movimentado. ve movimentar BC: sempre aquele que movimenta resultar ((      ser maior do que aquele que   +    movimentado, facilitando assim o movimento,  que igualava o movimento da pr $   $ pria    gamela, mesmo que muito veloz: ent      o   voc )   ) poder     (   (   entender que to das das as vezes que o motor for maior que o receptor, o movimento resultar (   (   mais f  (  cil: com efeito, colocada sobre a gamela uma tampa AB, a superf  .  cie   interna da gamela e da tampa com o movimento das quais o ar +   movido +   maior que o ar que deve ser movimentado,  movimentado,    porque aquela superf   superf   .  cie +   recipiente e o ar +   um conte /   /  do.

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