0128314_Historia Do Pensamento Filosofico Resumo Para Prova P1 2012

June 5, 2019 | Author: Simone de Sá | Category: Socrates, Aristotle, Thomas Aquinas, Existence Of God, Ciência
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Resumo para Prova P1 2012 História do Pensamento Filosófico :

Quando se fixou na terra, o homem passou a viver de forma mais segura e confortável, o que permitiu que ele passasse a refletir a respeito de sua própria condição, indagando sobre suas origens e sobre os fenômenos naturais. Na busc busca a de co comp mpre reen ende derr se seu u luga lugarr no mundo undo,, ele ele co conc nceb ebeu eu prim primei eiro ro a  Teogo  Teogonia, nia, que vem do do grego theos, theos, deus, deus, + genea, genea, origem, repre representad sentada a por um conjunto de deuses que constituíram o saber mitológico desses povos. Os prime primeir iros os pens pensado adore ress grego gregoss foram foram os prépré-so socr crát ático icoss da Esco Escola la Jônic Jônica, a, dividida em Escola Jônica Antiga (Tales, Anaximandro e Anaxímenes) e Escola  Jônica Nova Nova (Heráclito, (Heráclito, Empédoc Empédocles les e Anaxágoras) Anaxágoras).. Porém, Porém, eles eles se concentravam concentravam somente no primeiro elemento formador de tudo aquilo que observavam, sem se preocupar com as causas das mudanças. O pensamento filosófico filosófico teve início nas colônias gregas, gregas, nos séculos séculos VI e V a.C., da região periférica (pré-socráticos) para o centro, em Atenas (sofistas e filósofos socráticos). Há também um questionamento se a filosofia na Grécia não seria produto de filosofias orientais, pertencentes a outras civilizações. Como resposta, há basicamente duas correntes que se ocupam em delimitar essa es sass infl influê uênc ncia ias. s. Uma Uma dela delass ac acrredit edita a que que a filo filoso sofi fia a greg grega a se seri ria a mes esmo mo resul resultad tado o da contam contaminaç inação ão cultura culturall com pensam pensament ento o de outros outros povos. povos. Já a segunda, destaca que a filosofia grega revela-se como produto único dos gregos, livr livre e de qual qualqu quer er influ influên ênci cia a es estr tran ange geira ira.. Atualm tualmen ente te,, o mais co corr rreto eto se seria ria considerar a combinação das duas possibilidades. A filosofia antiga pode ser dividida em três períodos: Primeiro período: do século VII até o ano de 450 a.C., de Tales até Sócrates. Caracteriza-se pela formação ou juventude, uma vez que é durante ele que se estuda a natu atureza, za, passando a ser conhe nhecido ido e cham ama ado de Períod íodo Cosmológico. Segundo período: de 450 a.C. até o século III d.C., de Sócrates até o ecletismo. Seu foco central está no ser humano; por isso, essa fase recebeu o nome de Período Antropológico.  Terc  Terceiro eiro período: período: do século I até o século VI d.C. Por três séculos séculos coincide com o período antropológico; mas deixa evidente a decadência da filosofia grega, e seu foco passa a ser Deus ou a união teosófica com Ele. Por essa razão, denomina-se Período Teosófico. eosófic o. Sócrates O conhecimento é uma apreensão intuitiva de universais conceituais. O bem é igual a virtude e é o mesmo que a felicidade que é proporcionado pelo conhecimento. O bem, portanto, é a essência das coisas.

Sócrates foi um divisor de águas na história da filosofia na Grécia Antiga, que se divide entre os filósofos pré-socráticos e pós-socráticos, tal foi sua relevância para o pensamento filosófico ocidental. Sócrates revelava na sua postura filosófica o quanto era importante levar o conhecimento para os gregos por meio do diálogo como forma pedagógica de transmissão de saber. Ele também acreditava que a alma humana era imortal e teria de alertar o homem sobre a necessidade de conhecer a si mesmo. Além disso, disso, duvidava da possibilidade possibilidade de a virtude virtude ser ensinada, ensinada, uma vez que a moral pressupõe uma questão de inspiração e não de parentesco, já que pais moralmente perfeitos podem não gerar filhos iguais a eles.

Sócrates destacou ainda que suas ideias não eram próprias, mas sim de seus mestres, entre eles Pródico e Anaxágoras de Clazômenas. Chamou a atenção para a limitação da sua sabedoria e da própria ignorância, atribuindo os erros cometidos à ignorância, pois jamais assumiu ser um homem sábio. A introspecção sempre foi uma característica marcante da filosofia de Sócrates, que se revela no famoso lema “conhece-te a ti mesmo”, ou seja, que nos leva a entrar em contato com a nossa prória ignorância. Alcançava em Sócrates uma importância tão grande que se personificava na voz interior divina, que poderia ser de um gênio ou de um demônio. O fundador do pensamento ocidental também acreditava que a maneira mais apropriada para as pessoas viverem era se concentrando no próprio desenvolvimento intelectual, ao invés de buscar a riqueza material. Ele costumava convidar outras pessoas a se concentrar na amizade e em um sentido de comunidade, uma vez que acreditava ser esse o melhor modo de um povo evoluir. No campo da psicologia, Sócrates deixou sua contribuição ao pensar sobre a espiritualidade e a imortalidade da alma, destacando a diferença entre as duas ordens de conhecimento, o sensitivo e o intelectual, sem definir a capacidade de escolha, mas relacionando a vontade com a inteligência. Na teodiceia, ele admitiu a existência de Deus com o seguinte argumento teológico: tudo aquilo que possui uma finalidade resulta de uma inteligência e, se o homem é inteligente, também deve ser inteligente a causa eficiente que o concebeu. Pela moral socrática, a lei natural pressupõe um ser superior ao homem, um legislador, que a sancionou. Portanto, Deus não só existe, como também é Providência, uma vez que governa o mundo com sabedoria, e o homem pode atingi-lo por meio de sacrifícios e com orações. Pela moral socrática, a lei natural pressupõe um ser superior ao homem, um legislador, que a sancionou. Portanto, Deus não só existe, como também é Providência, uma vez que governa o mundo com sabedoria, e o homem pode atingi-lo por meio de sacrifícios e com orações. Para Sócrates, a forma lógica para chegar ao conhecimento científico de fato consiste na indução, quer dizer, no percurso do que é particular até o universal, do foco opinativo à ciência, do experimento ao conceito, leva à definição, para demonstrar o ideal e a reflexão sobre a essência da realidade. Ele também é considerado o fundador da ciência, em especial da ciência moral, defendendo a doutrina de que ética é sinônimo de racionalidade. Além disso, a virtude é considerada como inteligência, razão e ciência, e não um sentimento, uma tradição, uma lei e o senso comum. Isso tudo precisa ser superado, fazendo com que a razão prevaleça. Platão O conhecimento é a intuição ou a evocação dos universais, o que significa que o conhecimento é a idéia que temos sobre as coisas na perspectiva de classificá-las. Isto significa que a realidade está sob a luz, no reino das formas e das idéias universais e perfeitas, e temos de conviver com suas cópias imperfeitas que nos aparecem através dos sentidos, enquanto fenômenos. Nas idéias encontramos o bem, na forma do ideal de cada coisa. A alma e a mente (psique) se equivalem, e a alma é imortal. O bem é a realidade última (a mais importante) e alcançamos o bem através do conhecimento e da realização harmoniosa das funções naturais ( os sentidos).

No pensamento filosófico de Platão, essa busca racional possui uma natureza mais contemplativa, o que implica a busca da verdade no interior do próprio

homem como um agente participante da essência do ser. Da mesma forma que Sócrates, ocupou-se em desvendar as verdades essenciais das coisas por meio do conhecimento, desconsiderando o homem na condição de corpo, mas ressaltando a sua alma pela perfeição e com direito a um lugar no mundo perfeito das ideias. No entanto, esse formalismo pode ser encontrado na experiência sensitiva. Para Platão, também o conhecimento deve ser concebido para uma finalidade moral, com o objetivo de elevar o homem à instância da bondade e da felicidade. Assim sendo, a maneira de conhecer era, de fato, uma forma de reconhecimento, possibilitando o reencontro do ser humano com as verdades já conhecidas e capacitando-o a discernir sobre o que existe entre a aparência de verdade (o simulacro) e as verdades propriamente ditas. A alegoria da caverna é de autoria de Platão e aborda um diálogo entre Sócrates e Glauco sobre uma espécie de morada subterrânea, com homens acorrentados, que contemplam sombras projetadas. Platão foi quem escreveu a alegoria da caverna, e seu objetivo era nos fazer pensar que somos prisioneiros nela e as coisas que vemos ao nosso redor são sombras projetadas na parede. Confundimos as sombras com a realidade, supondo que o que vemos é o mundo real, mas é necessário se afastar do senso comum e da opinião e buscar o verdadeiro conhecimento. A caverna significa o mundo das aparências, as sombras representam as coisas que percebemos e a luz do sol representa a luz da verdade, que se pode atingir através do exercício filosófico. Os homens presos no interior da caverna são as pessoas presas às crenças e hábitos do senso comum. A saída da caverna é um processo lento e gradativo que poderá ser atingido por aqueles que passem a questionar e refletir filosoficamente sobre as crenças e os hábitos. Aquele que sai da caverna é o filósofo ou sábio. Ao contemplar a verdade fora dela, ele se lembrará de seus antigos companheiros e retornará à caverna para tentar convencê-los sobre a verdadeira realidade. Segundo Platão, há dois mundos: “o mundo sensível da mudança, da aparência, do devir dos contrários, e o mundo inteligível da identidade, da permanência, da verdade, conhecido pelo intelecto puro”. Um é o mundo sensível das coisas, outro é o mundo inteligível das idéias. Razão significa pensar e falar ordenadamente, com medida e proporção, com clareza e de modo compreensível para outros. Assim, na origem, razão é a capacidade intelectual para pensar e exprimir-se correta e claramente, para pensar e dizer as coisas tais como são. A razão é uma maneira de organizar a realidade pela qual esta se torna compreensível. Aristóteles Aristóteles evolui a razão através de seus raciocínio silogístico e do método analítico. A realidade deve ser o propósito final das coisas. A alma (mente, psique) é o princípio vital do corpo. O bem equivale a felicidade e pode ser alcançado pela virtude. Todas as coisas pretendem ser virtuosas.

Conhecido como o pensador que mais influenciou a filosofia ocidental, Aristóteles nasceu em Estagira, na Calcídica, em 384 a.C. Na condição de discípulo de Platão, ele discordava de uma parte fundamental da filosofia do seu mestre, que concebia dois mundos distintos, um dominado pelos sentidos humanos, em processo de mutação perene, e o outro como sendo das ideias, acessível apenas pelo pensamento intelectual, que é imutável e atemporal.

Aristóteles aceitava somente a existência do mundo em que vivemos, alegando que aquilo que se encontra além da experiência humana não poderia fazer sentido algum para o homem. Na filosofia aristotélica, a lógica é considerada como uma introdução para o conhecimento, baseada em uma estrutura de raciocínio que inclui pressupostos criados para que se possa chegar à etapa conclusiva. Quais são os princípios racionais? a) O Princípio da identidade , afirma que uma coisa, seja ela qual só pode ser conhecida e pensada se for percebida e conservada com sua identidade (particulares). b) O Princípio da não-contradição, afirma que é impossível que o triângulo tenha e não tenha três lados e três ângulos; que o homem seja e não seja mortal; que o vermelho seja e não seja vermelho, etc. Sem o princípio da nãocontradição, o princípio da identidade não poderia funcionar. O princípio da nãocontradição afirma que uma coisa ou uma idéia que se negam a si mesmas não existem. c) O Princípio do terceiro-excluído, define a decisão de um dilema - “ou isto ou aquilo” - e exige que apenas uma das alternativas seja verdadeira. Por exemplo: “Ou este homem é Sócrates ou não é Sócrates”; “Ou faremos a guerra ou faremos a paz”. Mesmo quando temos, por exemplo, um teste de múltipla escolha, escolhemos na verdade apenas entre duas opções - “ou está certo ou está errado” - e não há terceira possibilidade ou terceira alternativa, pois, entre várias escolhas possíveis, só há realmente duas, a certa ou a errada. d) O Princípio da razão suficiente também chamado de princípio da causalidade, que afirma que tudo o que existe e tudo o que acontece tem uma

razão (causa ou motivo) para existir ou para acontecer, e que tal razão (causa ou motivo) pode ser conhecida pela nossa razão. Quando o raciocínio tem como ponto de partida uma idéia geral e extrai uma conclusão que já estava implícita nessa idéia geral, chamamos de uma dedução. Por exemplo:  Todos homens são mortais. Sócrates é homem. Logo, Sócrates é mortal.

Por outro lado, quando se infere uma verdade geral a partir de um caso singular, estamos pensando de forma indutiva, e isto é chamado de uma indução: O cobre, a prata, o ferro, o zinco são condutores de eletricidade Logo, todo metal é condutor de eletricidade. A diferença entre a indução e a generalização, é que na indução nós verificamos primeiro as qualidades que se apresentam iguais em cada coisa ou cada indivíduo, para depois chegarmos a uma conclusão. Na generalização, nós aceitamos que a qualidade de uma única coisa ou de um único indivíduo serve para descrever todas as outras coisas ou indivíduos: Generalização: João é um homem forte, logo todos os Joãos são homens fortes. Giló é um vegetal verde e amargo, logo todo vegetal verde é amargo. Indução: A maçã tem vitaminas. A laranja tem vitaminas. A banana tem vitaminas. Toda fruta tem vitaminas. Aristóteles colaborou em larga escala para o desenvolvimento de muitas ciências; mas uma retrospectiva do legado do seu pensamento para a humanidade

permite perceber que o valor dessa contribuição foi bastante desigual. A sua química e a sua física são bem menos significativas do que as investigações no domínio das ciências da vida. Isso ocorreu porque ele não possuía relógios precisos nem qualquer tipo de instrumento de medição. Aristóteles também não tinha consciência da importância da velocidade e da temperatura. Na mesma medida em que seus escritos zoológicos continuavam a ser considerados impressionantes pelo próprio Darwin, a sua física estava já ultrapassada no século VI d.C. Ao contrário do seu trabalho nas ciências empíricas, há aspectos da filosofia teórica de Aristóteles que ainda têm muito a nos ensinar, com destaque para suas afirmações sobre a natureza da linguagem, da realidade e da relação entre as duas. Nas duas categorias, Aristóteles apresenta uma lista dos diferentes tipos de coisas que podem afirmar-se a propósito de um indivíduo. Essa lista contém dez artigos: substância, quantidade, qualidade, relação, espaço, tempo, postura, vestuário, atividade e passividade. Na sua escola em Atenas, chamada Liceu, Aristóteles dava preferência às ciências naturais, que estudavam exemplares da fauna e da flora das regiões conquistadas. Os estudos abrangiam as áreas do conhecimento clássico da época, como a filosofia, procurando estabelecer as bases dessas disciplinas e também a metodologia científica do estudo. No campo da psicologia, Aristóteles toma como base os conceitos de alma e de intelecto, sendo a primeira a essência de um corpo que possui vida em potencial. Já o intelecto, na visão dele, não fica restrito somente a uma relação exclusiva com o corpo, uma vez que a sua ação vai mais longe. Nesse contexto, o organismo desenvolvido assume a forma que vai lhe permitir a perfeição por intermédio da ação. Essa seria a alma, que faz com que a flora cresça e a fauna se reproduza. Para o homem, além de a alma apresentar atributos vegetativos e sensitivos, ela tem também a inteligência, que reúne condições de captar a essência de tudo, independentemente da condição orgânica. O filósofo também acreditava que a mulher era um ser incompleto e passivo, enquanto o homem seria o ser em ação. Para Aristóteles, a ética pode ser considerada como a ciência das condutas, que estuda assuntos que podem sofrer alteração. Sendo assim, ela se debate com aquilo que é essencial e imutável no ser humano, com o que pode ser adquirido por atitudes repetidas ou por costumes que legitimam as virtudes e os vícios. O seu objetivo último, portanto, consiste na garantia ou na possibilidade de conquista da felicidade. Tomando como princípio as disposições naturais do homem, a função da moral consiste em demonstrar como elas necessitam ser mudadas para se adaptar à razão. Ainda na visão dele, as virtudes se realizam sempre na esfera do homem e perdem sentido quando as relações humanas deixam de existir.  Já a virtude, seja ela especulativa ou intelectual, diferencia-se porque faz parte de um universo filosófico limitado que, excluindo a vida moral, busca o conhecimento pelo conhecimento. Dessa maneira, na filosofia aristotélica, a prática da contemplação volta o homem para Deus. Nesse sentido, se a ética está preocupada com a felicidade individual do homem, a política se ocupa em investigar as formas de governo e as instituições capazes de assegurar a felicidade coletiva na constituição do estado. A FILOSOFIA NA IDADE MÉDIA A filosofia da Idade Média pode ser considerada como o pensamento filosófico ocidental que preencheu o espaço entre o fim do mundo antigo, determinado

pela queda do Império Romano do Ocidente (476), e pelo começo dos tempos modernos, que têm seu início a partir da conquista de Constantinopla (1453) ou do princípio da Reforma Religiosa em 1517. A essa filosofia medieval posterior a 1500, costuma-se dar o nome de filosofia escolástica, que começou mesmo no século IX. Por isso, vamos dividir a filosofia da Idade Média em dois grandes períodos – a filosofia patrística e a filosofia escolástica. No período medieval, enquanto Agostinho buscou sua inspiração na filosofia platônica, Tomás de Aquino preferiu os pensamentos de Aristóteles para elaborar a filosofia metafísica cristã. Se traçarmos um perfil da filosofia medieval pelo seu conteúdo, naquilo que corresponde à sua essência espiritual, podemos conceituá-la como o pensamento filosófico ocidental que vem desde Santo Agostinho e de Anselmo de Cantuária, obedecendo ao mote: “saber para crer, crer para poder saber”. Durante esse período, a filosofia, que tem por objetivo tratar dos grandes problemas do mundo, do homem e de Deus só com as forças da razão, alia-se com a fé religiosa no pressuposto de uma unidade ideológica. Como nunca, todos vivem na certeza da existência de Deus, da sua sabedoria, do seu poder e da sua bondade. Nesse sentido, o homem podia dizer, com segurança, que sabia da origem do mundo e da sua própria natureza, cheia de sentido, bem como a sua essência homem e a sua posição no universo, tendo em vista a significação da sua vida e a imortalidade. Enquanto na era moderna indaga-se a respeito da possibilidade da ordem e da lei, na época medieval a ordem estabelece-se como algo evidente, sendo nossa a tarefa de reconhecê-la. No início da patrística, a Idade Média encontrou seu direcionamento, que foi preservado até o final. O padre Agostinho destacou-se entre o clero. Pela sua imensa sensibilidade e pela sua postura compreensiva, Agostinho juntou a patrística grega com o caráter prático da patrística latina, mesmo que os problemas que o preocupassem fossem de ordem prática e moral, como o mal, a liberdade e o destino. Para ele, a filosofia era a solução para os problemas da vida, para os quais apenas o cristianismo podia dar uma solução definitiva. Portanto, seu maior interesse estava restrito aos problemas de Deus e da alma, por serem os mais relevantes. Mesmo minimizando o conhecimento dos sentidos em relação ao conhecimento intelectual, Agostinho afirmou que os sentidos, assim como o intelecto, também consistem em fontes de conhecimento. A escolástica pode ser entendida como a linha filosófica adotada pela Igreja na alta Idade Média. Esse modo de pensar essencialmente cristão buscava respostas que justificassem a fé na doutrina ensinada pelo clero, considerado como o guardião das verdades espirituais. Essa escola filosófica prevaleceu do princípio do século IX até o final do século XVI, época que representou o declínio da Era Medieval. A tarefa dos escolásticos consistia, portanto, em harmonizar ideais platônicos com fatores de natureza espiritual, inseridos no cristianismo vigente ocidental. Mesmo quando Aristóteles é contemplado no pensamento cristão por Tomás de Aquino, o neoplatonismo adotado pela Igreja ainda é preservado, fazendo com que a escolástica seja permanentemente atravessada por dois universos distintos – o da fé herdada da mentalidade platônica e a razão aristotélica. As soluções oferecidas pela escolástica podem ser basicamente divididas em três: a solução chamada de realismo transcendente, a solução do realismo

moderado e a solução nominalista. Segundo a solução proposta pelo realismo transcendente, a ideia de uma realidade existe além da esfera mental e do objeto, consistindo na solução platônica adotada pela escolástica iniciante. Já a solução do realismo moderado traz em si uma realidade objetiva e fora do campo mental. Nesse sentido, a solução conceptualista nominalista destaca que o universal não possui existência objetiva, mas somente mental ou nominal. No caso de Agostinho, havia o clamor pelo predomínio da fé em detrimento da razão, ao passo que, em Tomás de Aquino, se acreditava na independência da esfera racional na busca de respostas mais apropriadas, embora não houvesse rejeição à primazia da fé sobre a razão. Podemos afirmar que o tomismo, ou a doutrina escolástica de Tomás de Aquino, adotada oficialmente pela Igreja Católica, caracteriza-se, principalmente, pela tentativa de conciliar a filosofia de Aristóteles com o cristianismo, desfazendo-se das doutrinas que não estavam enquadradas de acordo com os princípios aristotélicos. Contudo, o tomismo não foi totalmente aceito pelos escolásticos medievais, sendo adotado apenas na segunda metade do século XVI como arma de defesa e ataque da Contrarreforma da Igreja Católica. Coube a Tomás de Aquino a tarefa de mostrar a solução definitiva para o conflito existente nas relações entre a razão e a fé. Estamos falando de duas ciências – a filosofia e a teologia. A primeira baseia-se no exercício da razão humana, enquanto a segunda, na revelação divina. Apesar de seremindependentes, apresentam, por vezes, objetos de estudo comuns, como a existência de Deus, a essência da alma, entre outros. Segundo o tomismo, a distinção entre essas ciências tem origem mais do objeto formal, pois a teologia estuda o dogma pelo método da autoridade ou da revelação, e a filosofia o analisa pela demonstração científica ou pela razão. Portanto, teologia e filosofia não são ciências contraditórias, pois ambas procuram a verdade, e esta é uma só. Na hipótese de uma contradição entre a razão e a revelação, o erro não será jamais da teologia, mas sim da filosofia; pois nossas limitações do ponto de vista do conhecimento racional desviaram-se e não conseguiram atingir a verdade. Em resumo, todo ser material existe por causa do cruzamento de quatro causas – material, formal, eficiente e final, que constituem todo ser na realidade e na ordem com os demais seres vivos do universo. Para Tomás de Aquino, nada está na inteligência que não tenha estado antes nos sentidos, motivo pelo qual não podemos ter de Deus, de pronto, uma noção imediata. Com o objetivo de provar sua existência, Tomás procede a posteriori, ou seja, não da ideia de Deus, mas sim dos efeitos por Ele proporcionados. Dessa forma, ele utiliza o mundo sensível, cuja existência é dada pelos sentidos como ponto de partida, bem como a metafísica de Aristóteles, para demonstrar a existência de Deus de cinco modos, mais conhecidos como as famosas cinco vias: A do “Movimento” – trata-se do argumento aristotélico do primeiro motor, que afirma “não ser possível admitir uma série infinita de seres que se movem, movendo por sua vez outros seres; logo, é preciso chegar a um motor que mova sem ser movido”. Portanto, o movimento existe e é uma evidência para nossos sentidos. Tudo aquilo que se move é movido por outro motor; e se esse motor, por sua vez, é movido, vai necessitar de um motor que o mova, e assim por diante de forma

infinita, o que é impossível, se não houver um primeiro motor imóvel, que move sem ser movido, que é Deus. A da “Concatenação das Causas” – tudo está sujeito à lei de causa e efeito. Portanto, existe uma série de causas e efeitos ao mesmo tempo. Sendo assim, torna-se impossível remontar indefinidamente na série das causas. Logo, há uma causa primeira, não causada, que é Deus. A da “Contingência” – todos os seres conhecidos são finitos, pois não possuem em si próprios a razão de sua existência. São e deixam de ser. Se são todos mortais, em um prazo de tempodeixariam de ser e nada mais existiria, o que é absurdo. Portanto, os seres contingentes implicam o ser necessário, ou seja, Deus. A dos “Graus de Perfeição” – todas as perfeições possuem graus, que se aproximam mais ou menos da perfeição absoluta. Deve, pois, haver um ser supremo perfeito, que é Deus. A da “Ordem Universal” – todos os seres tendem para uma ordem, não de forma aleatória, mas por uma inteligência que os guia. Isso significa que há um ser inteligente que ordena a natureza e a impulsiona para seu fim. Esse ente é Deus. A partir desses conceitos, Tomás de Aquino concluiu o quanto podemos conhecer sobre a natureza e as virtudes de Deus. No entanto, observou que esse conhecimento é imperfeito, pois sabemos que “Deus é”, mas não “O que é”. Mesmo assim, podemos compreender que Deus é eterno, infinito e onipotente em suas relações com o mundo, além de ser Criador e Providência. Nesse sentido, a doutrina tomista acredita que a alma, como princípio espiritual, une-se ao corpo, como princípio material, para constituir uma substância. Dessa forma, possuem alma as plantas, sendo a “alma vegetativa” a responsável pelas funções de alimentação e reprodução. No caso dos animais, é a “alma sensitiva” que responde às funções anteriores, mais à sensação e à mobilidade. Para o homem,juntam-se todas as funções anteriores, acrescentando-se a racional.

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