MERCADO DE MADEIRA SERRADA NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO-AC

May 28, 2016 | Author: Myris M. Silva | Category: Types, Research, Science
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Boletim Técnico, 016...

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Boletim Técnico Dezembro de 2008-nº. 016

MERCADO DE MADEIRA SERRADA NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO-AC, 2007-2008

RIO BRANCO/ACRE

Prefeitura Municipal de Rio Branco-Acre Prefeito Raimundo Angelim Vasconcelos Vice-Prefeito Eduardo Farias

Secretaria Executiva do Programa de Zoneamento Econômico, Ambiental, Social e Cultural de Rio Branco-AC - ZEAS Secretário Municipal de Governo - SEGOV José Fernandes do Rêgo Secretário Municipal de Meio Ambiente - SEMEIA Arthur Cézar Pinheiro Leite Secretário Municipal de Agricultura e Floresta -SAFRA Mário Jorge da Silva Fadell Diretor da Fundação Garibaldi Brasil - FGB Marcos Vinícius Simplício das Neves Secretária Municipal de Planejamento - SEPLAN Antônia Francisca de Oliveira Secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais - SEMA Eufran Ferreira do Amaral Chefe Geral do Centro de Pesquisa Agroflorestal do Acre - Embrapa Acre Judson Ferreira Valentim

Grupo de Trabalho – GT

Coordenadora Geral do Programa ZEAS Nádia W. Valentim Pereira Bióloga – M.Sc. Manejo Ambiental Eixo Recursos Naturais Lúcio Flávio Zancanela do Carmo Geógrafo – M.Sc. Solos Marconde Maia Ferreira Biólogo – M.Sc. Ecologia Raimundo Nonato de Souza Moraes Engenheiro Agrônomo – M.Sc. Fitotecnia Sonaira Souza da Silva Engenheira Agrônoma Neide Daiana Soares de Brito Bióloga Eixo Cultural-político Wladimyr Sena de Araújo Antropólogo – M.Sc. Antropologia Social Eixo Sócio-econômico Raimundo Cláudio Gomes Maciel Economista – Dr. Economia Aplicada Técnica Administrativa Neuza Teresinha Boufleuer Bióloga – M.Sc. Ecologia

MERCADO DE MADEIRA SERRADA NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO-AC, 2007-2008 Kamilla Andrade de Oliveira Zenobio Abel Gouvêa Perelli da Gama e Silva Janice Ferreira do Nascimento

Programa de Zoneamento Econômico, Ambiental, Social e Cultural de Rio Branco-AC (ZEAS). Boletim Técnico, n. 016

Exemplares desta publicação podem ser obtidos no: Programa ZEAS Rua Coronel Alexandrino, 301 – Bosque Rio Branco – AC – CEP: 69909-730 Telefones: +55 (68) 3211-2200 [email protected] Tiragem: 350 exemplares Revisor técnico: Carlos Ovídio Duarte Correção ortográfica e gramatical: Ana Maria Alves de Oliveira Designer e diagramação: Thiago Nicheli e Gilberto Lobo Fotos: GT/ZEAS e Dhárcules Pinheiro Geração de mapas: Kamilla Andrade de Oliveira-Bolsista SEMA-Programa ZEAS 1ª edição 1ª impressão, 2008. Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610)

Instituições colaboradoras Governamentais Universidade Federal do Acre – UFAC Secretaria Estadual de Floresta – SEF Não Governamentais Engenharia e Tecnologia da Informação – VECTRA Núcleo de Estudos de Planejamento e Uso da Terra – NEPUT Apoio Financeiro Banco da Amazônia Prefeitura Municipal de Rio Branco-PMRB Execução Prefeitura Municipal de Rio Branco-PMRB Autores

Kamilla Andrade de Oliveira Estudante de Engenharia Florestal Bolsista SEMA-Programa ZEAS [email protected] Zenóbio Abel Gouvêa Perelli da Gama e Silva Engenheiro Florestal, D.Sc. em Economia Florestal Professor Adjunto da Universidade Federal do Acre [email protected] Janice Ferreira do Nascimento Engenheira Florestal, Mestranda em Ciências Florestais-UFLA [email protected]

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Oliveira, Kamilla Andrade de Mercado de madeira serrada no município de Rio Branco-AC, 2007-2008. / Kamilla Andrade de Oliveira, Zenobio Abel Gouvêa Perelli da Gama e Silva, Janice Ferreira do Nascimento. - Rio Branco: PMRB, 2008. (Boletim Técnico, 016). 50p.: il. Programa de Zoneamento Econômico, Ambiental, Social e Cultural de Rio Branco-AC, ZEAS. 1. Madeira – Mercado – Rio Branco (AC). 2. Madeira – Aspectos Econômicos – Rio Branco (AC). 3.Madeira – Exploração – Rio Branco (AC). I. Título. II. Série.III. Silva, Zenóbio Abel Gouvêa Perelli da Gama e. IV. Nascimento, Janice Ferreira do.

Bibliotecária responsável: Vivyanne Ribeiro das Mercês CRB-11/600

Armazenamento de toras. Foto: Dhárcules Pinheiro (2008).

Madeira Área deserrada. pasto sob pastejo. Foto: Foto:Dhárcules DhárculesPinheiro Pinheiro(2008). (2008).

SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS RESUMO ABSTRACT INTRODUÇÃO.............................................................................................................. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................. 1 ÁREA DE ESTUDO...................................................................................................... 2 COLETA DE DADOS PRIMÁRIOS................................................................................... 2.1 Método de coleta de dados............................................................................ 2.2 Método de amostragem................................................................................. 2.3 Intensidade amostral..................................................................................... 3 COLETA DE DADOS SECUNDÁRIOS............................................................................... 4 GEOPROCESSAMENTO E ELABORAÇÃO DOS MAPAS....................................................... RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................... 1 LOCALIZAÇÃO DAS MADEIREIRAS................................................................................ 2 ORIGEM DA MATÉRIA-PRIMA....................................................................................... 3 GRAU DE CONCENTRAÇÃO.......................................................................................... 4 POTENCIAL MADEIREIRO............................................................................................ 5 PRODUÇÃO X CONSUMO........................................................................................... 6 DISTÂNCIA E CUSTOS COM TRANSPORTE..................................................................... 7 PREÇO................................................................................................................... CONCLUSÕES.............................................................................................................. REFERÊNCIAS.............................................................................................................. ANEXO

17 19 19 20 20 21 21 22 23 25 25 26 28 31 35 36 39 41 43

LISTA DE FIGURAS Figura 1 Localização do município de Rio BrancoAC....................................................................... 19 Figura 2 Mapa de distribuição espacial das indústrias madeireiras na área urbana do município de Rio Branco-AC.................................................................. 26 Figura 3 Mapa de tipologias florestais do município de Rio Branco-AC em 2006............................................ 31 Figura 4 Mapa do potencial madeireiro do município de Rio Branco-AC.................................................... 33 Figura 5 Destino da madeira serrada no município de Rio Branco-AC, nos anos de 2007-2008.................... 35 Figura 6 Gráfico de custo com transporte das empresas madeireiras do município de Rio Branco-AC, nos anos de 2007-2008.............................................. 36 Figura 7 Gráfico da distância média percorrida no transporte de toras das áreas de exploração até às empresas madeireiras do município de Rio Branco-AC.................................................................. 37 Figura 8 Mapa do raio de exploração a partir dos principais pólos madeireiros do município de Rio Branco-AC.................................................................. 38

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Intensidade amostral no setor madeireiro do município de Rio Branco-AC em 2008.................. 22 Tabela 2 Origem da matéria-prima das serrarias do município de Rio Branco-AC, nos anos de 20072008.................................................................... 27 Tabela 3 Percentagem de madeira oriunda de planos de manejo e áreas de conversão para as serrarias do município de Rio Branco-AC, nos anos de 2007-2008........................................................... 28 Tabela 4 Produção de madeira serrada no estado do Acre em 1996, 2002 e 2004........................................ 29 Tabela 5 Espécies encontradas na fisionomia Floresta Aberta com Bambu + Floresta Aberta com Palmeiras (FAB + FAP)............................................ 32 Tabela 6 Preço praticado por produto nas serrarias do município de Rio Branco-AC, no período de 2002 a 2008.................................................................... 39

MERCADO DE MADEIRA SERRADA NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO-AC, 2007-2008 Kamilla Andrade de Oliveira Zenóbio Abel Gouvêa Perelli da Gama e Silva Janice Ferreira do Nascimento RESUMO: O presente estudo, sobre o mercado de madeira serrada no município de Rio Branco, tem como objetivo fornecer informação técnica para subsidiar a elaboração de estratégias e políticas públicas voltadas à economia florestal. Por intermédio da atualização de banco de dados no biênio 2007-2008 sobre atividade madeireira nas serrarias, foi possível disponibilizar informações sobre a origem da matéria prima, seu desenvolvimento e atual estágio econômico, bem como seu comércio como produto processado. Para o levantamento de informações sobre as serrarias atuantes neste município, no período mencionado, foram utilizados formulários, assim como dados secundários gerados por estudos anteriores sobre este segmento de mercado. Este trabalho foi pautado na análise integrada por geoprocessamento dos dados com cruzamento de informações de tipologias vegetais e potencial madeireiro gerando informações relevantes ao avanço da exploração pelo mercado que utiliza como matéria prima madeiras de florestas tropicais em Rio Branco. Os resultados obtidos permitiram inferir que o pequeno número de firmas madeireiras de Rio Branco se caracterizava, classicamente, como um oligopólio. Das firmas entrevistadas, 80% foram classificadas como micro indústrias, 10% como de médio porte e 10%, de grande porte. Verificouse que foram consumidos em Rio Branco, aproximadamente, o volume de 411.850 m³/ano de madeira em tora, sendo gerado, desse volume, 144,07 mil/m³ de madeira processada. Em termos econômicos, constatou-se que os custos com transporte variaram de R$ 35,00 a R$ 100,00/m3, de acordo com a distância da área de extração da madeira até a planta fabril, onde a distância média observada foi de 119 km. Dos resultados alcançados, é possível argumentar também que a exploração madeireira

pode se viabilizar com obras de infra-estrutura planejadas pelo governo federal e implementação de projetos de apoio, como manutenção das estradas existentes e criação de novas onde o acesso é inviável, possibilitando, assim, a redução nos custos do transporte da madeira aumentando o alcance econômico da exploração madeireira. Termos para Indexação: economia florestal, avanço da exploração madeireira, potencial madeireiro.

Tora de madeira sendo deslocada no pátio de armazenanmento. Foto: Dhárcules Pinheiro (2008).

THE LUMBER MARKET IN THE RIO BRANCO CITY, STATE OF ACRE, 2007-2008 ABSTRACT: This study addresses the lumber market established in the Rio Branco city, capital of the State of Acre-Brazil. Its objective is to provide technical-economics information in order to give support in the elaboration of strategies and public policies forward to the local forest economy. Therefore, was updated the data base related to the 2007-2008 period concerning the timber activities in the local sawmills, and so making public figures about the source of the raw forest material, its development and current economic status, as well as its trade as processed product. For the information survey, about sawmills acting in this city, during the mentioned period, were used questionnaires and secondary data generated by prior studies on this sector. This research was carried out taking into account an integrated analysis making a relationship, using remoting sensing data, between forest typology and the local wooden potential, generating important finds about the moving of the logging in order to meet the demand by raw forest material coming from the Rio Branco’ tropical forest. The results obtained made possible to point out that a small number of the timber firms running in Rio Branco characterized itself as an oligopoly. Out of the sampled firms, 80% were classified as micro firms, 10% as medium firms and 10% as having a large size. It was also verified that the log consumption, in Rio Branco, was about 411,850 m³/year, which generated 144.07 thousand cubic meter of lumber. In economics terms, was identified that the cost of log transport ranged, due to forest-sawmill distance, from R$ 35.00 to R$ 100.00/m3, as the average distance was 119 km. Added to that, the generated results made also possible to argue that is infra-structure planned by the Government as well as the implementation of support projects can make the regional logging feasible. Example of these Government activities are either improvement or repairs of actual roads and building of others, where the access is not proper yet. In this way, it is possible to decrease cost with the log transport, which would increase of the economic distance for the logging activity in the Rio Branco city. Index terms: Forest economics, spatial moving of logging activity, wooden potential.

Beneficiamento Área de pasto. de madeira. Foto: Dhárcules Dhárcules Pinheiro Pinheiro (2008). (2008). Foto:

Transporte de toras à serraria. Foto: Dhárcules Pinheiro (2008).

INTRODUÇÃO A demanda mundial por madeira oriunda de florestas tropicais vem aumentando a cada ano e, como conseqüência, a disponibilidade de espécies madeireiras nativas vem diminuindo. O Brasil, como outros países que possuem grandes áreas de floresta tropical, apresenta um grande potencial no setor madeireiro. No entanto, um dos desafios da indústria madeireira brasileira é saber manejar de forma sustentável os recursos naturais e agregar valor à madeira gerando assim maior lucro para o país. Ressalte-se que o setor madeireiro na Amazônia contribui para a economia regional e nacional e para a geração de empregos e bem-estar social. Dentre os Estados brasileiros que fazem parte da Amazônia Legal, o Acre se destaca pelo potencial florestal que apresenta. Algumas peculiaridades do território acreano favorecem a exploração dos seus recursos naturais, tais como: ter ainda a maior parte do território coberto por florestas tropicais primárias; possuir solos, em geral, de baixa fertilidade, o que restringe o seu uso para atividades agropecuárias; apresentar extrativismo florestal intensamente praticado pelas populações tradicionais e indústria de base florestal em crescimento, devido às ações governamentais. Todos esses fatores contribuem para a criação de uma economia florestal forte. Nas décadas de 70 e 80, a indústria madeireira ocupou importante espaço na economia do Estado. Porém, após esse período esta atividade sofreu um declínio, ocasionado pela maior fiscalização e cumprimento das leis ambientais, práticas inadequadas de exploração madeireira, dentre outros fatores. Atualmente, o setor florestal vem se recuperando, transformandose numa das atividades econômicas mais importantes do Estado,

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responsável por 12,8% do Valor Bruto da Produção1 (VPB do Estado), ficando atrás somente da administração pública (ACRE, 2006). Essa recuperação pode ser explicada por dois fatores: uma mudança na base produtiva, ao diminuir a produção de matéria-prima e aumentar a de produtos manufaturados, e maior agregação de valor no setor industrial. Porém, SILVA (2000) relata que a agregação de valores aos produtos madeireiros é comprometida, pois não são prioridades do setor madeireiro local adotar novas tecnologias e aperfeiçoar a produção e comercialização de seus produtos. O autor ainda afirmou que é importante investir não só no processamento primário, mas também na transformação da madeira em produtos industrializados diferenciados, gerando benefícios econômicos e sociais com agregação de recursos à cadeia produtiva. Um fato importante para a economia florestal é o planejamento do espaço físico, dos investimentos, das políticas de incentivo e a compreensão de quais são os atores que detêm os recursos florestais e como esses recursos estão distribuídos entre os diferentes tipos de propriedades. É neste planejamento que os princípios econômicos se inserem. Eles podem ser usados para formular e analisar as questões de políticas florestais sobre a existência e desenvolvimento de economias de mercados (SILLS e ABT, 2003). Portanto, os estudos de mercado são capazes de responder questões como fixação de preços, organização da produção, distribuição do produto, racionamento e previsão do futuro. De acordo com SANTOS et al. (2001), que estudaram 1

VBP é a expressão monetária da soma de todos os bens e serviços produzidos no território econômico, num dado período de tempo. O indicador representa a somatória dos produtos finais e insumos.

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demandas tecnológicas para o sistema produtivo de madeira no estado do Acre, as pesquisas sobre mercado de produtos de madeira foram apresentadas como de alta prioridade, com o objetivo de identificar os produtos requeridos pelos consumidores e disponibilizar essas informações aos agentes da cadeia de produção, assim como, identificar o funcionamento e as oportunidades do mercado. SILVA (2000, 2003 e 2004), ao abordar o mercado madeireiro acreano, apontou que estudos para análise das estruturas deste mercado, identificadas em anos diferentes (em 1995, 1996 e 2002), mostram os reflexos destas estruturas em atender às necessidades do consumidor de bens madeireiros. Diante do exposto, esta pesquisa teve como objetivo fazer um diagnóstico do setor madeireiro do município de Rio Branco, com objetivos específicos de analisar a dinâmica da comercialização de madeira tropical serrada e o processo de obtenção da matéria prima no Município, em 2007 e 2008, visando subsidiar a elaboração de estratégias políticas e econômicas para o setor, principalmente na esfera municipal.

Madeira beneficiada. Foto: Dhárcules Pinheiro (2008).

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MATERIAL E MÉTODOS 1 ÁREA DE ESTUDO O estudo foi conduzido nos principais pólos madeireiros do município de Rio Branco, capital do estado do Acre, que possui uma área de 8.658 Km2. O Município localiza-se no sudeste do estado do Acre, sudoeste da Amazônia Ocidental, entre as coordenadas geográficas 10001’22” e 10004’14” 67042’43” de longitude oeste e 67040’3” e de latitude sul (Figura 1).

Figura 1. Localização do município de Rio Branco-AC.

Fonte: Base de dados do Programa de Zoneamento Econômico, Ambiental, Social e Cultural de Rio Branco-AC – ZEAS.

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2 COLETA DE DADOS PRIMÁRIOS Fizeram parte da coleta de dados para este estudo as firmas madeireiras (serrarias e fábricas de compensados) instaladas no município de Rio Branco-AC. 2.1 Método de coleta dos dados A coleta de dados obedeceu às seguintes etapas: a) Formulação dos instrumentos de coleta de dados: a coleta de dados primários desenvolveu-se mediante a aplicação de um formulário em entrevistas face a face junto aos representantes do setor madeireiro de Rio Branco (Anexo). De acordo com SPROULL (1988) e GIL (1995), este procedimento é o mais apropriado nas situações em que se necessita de um maior aprofundamento nas respostas. b) Conteúdo dos instrumentos de coleta de dados: os formulários objetivaram coletar informações relacionadas: (i) à caracterização administrativa da firma; (ii) à quantificação da produção industrial; (iii) à disponibilidade e preço da matériaprima; (iv) ao preço de mercado do produto final e (v) ao mercado-alvo. c) Teste piloto do formulário: antes de se efetuar a coleta definitiva de dados, procedeu-se, com uma amostragem piloto, a um teste do formulário empregado nesta pesquisa, subsidiando, com isso, a reformulação deste instrumento de pesquisa. Dessa maneira, foi possível avaliar a clareza das questões incluídas no mesmo. Ressalte-se que este procedimento também é sugerido por SPROULL (1988) que realça a importância da análise dos resultados de um pré-teste em um levantamento de dados no

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que concerne: (i) à geração de dados em um nível desejado e (ii) à perfeita interpretação, pelos entrevistados, dos itens incluídos no formulário. 2.2 Método de amostragem A coleta de dados realizou-se segundo uma amostragem por acessibilidade, descrita por GIL (1995). Assim, foram selecionados os entrevistados em acordo com a acessibilidade que o entrevistador tinha para com eles, admitindo-se que, de alguma forma, os entrevistados podiam ser representativos do universo pesquisado. 2.3 Intensidade amostral Para obtenção dos dados primários, foi programada a coleta de informações junto ao maior número possível de representantes de empresas que constituíam o setor madeireiro de Rio Branco. Esse procedimento foi possível após a obtenção do número total de firmas cadastradas junto à Associação dos Madeireiros do Acre, correspondente a 15 serrarias, número inferior ao mínimo fixado por TOMPKIN (1967) para a amostragem em um levantamento. O autor relatou que uma amostragem mínima necessita de 50 amostras, mais 1% da população, quando a população potencial total for maior do que 5.000 indivíduos ou 50 amostras, e mais 2% da população, quando a população potencial total for menor do que 5.000 indivíduos. Contudo, algumas firmas madeireiras, que mantinham atividades em 2008, foram encontradas com suas operações

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

paralisadas à época da coleta de dados (Novembro/2008 a           Janeiro/2009), impossibilitando a realização de um censo total no             setor em análise. Dessa forma, a coleta de dados efetivamente  realizada alcançou a intensidade amostral indicada na Tabela 1.  

Tabela 1. Intensidade amostral no setor madeireiro do município de  Rio Branco-AC em 2008.

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informações do IBAMA/AC, ano referência 2006 (comunicação oral).  

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Essa diferenciação embasou-se nas categorias em que           as firmas são cadastradas as Superintendências Estaduais   junto           do IBAMA, onde uma mesma empresa (ou grupo empresarial)  tem um registro para a sua indústria e um outro registro para   seus pontos de vendas (depósitos).  

       3 COLETA DE DADOS SECUNDÁRIOS

   

                    

Na coleta de dados secundários foram utilizados os que  constam nos documentos obtidos nos seguintes organismos:   Superintendência Estadual do IBAMA, Federação das Indústrias           do Estadodo Acre (FIEAC) e Sindicato das Indústrias          Madeireiras    do Estado do  Acre  (SINDUSMAD).             Para se corrigir os efeitos inflacionários sobre os valores econômicos adotados nesta pesquisa, esses itens foram  convertidos em Dólar Estadunidense. Para tal, utilizou-se a taxa  de câmbio fixada pelo Banco Central para a cotação da moeda nacional (Real), tendo como base o valor oficial de venda do

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Dólar Estadunidense (R$/US$). Inicialmente, foi feito um censo nos pólos madeireiros para saber o número de empresas em funcionamento, tipo de indústria e porte. Para obter essas informações foram feitas entrevistas com o proprietário ou gerente das madeireiras. A partir desse levantamento inicial foram selecionados os principais dados para caracterizar a atividade econômica madeireira do Município. Os dados utilizados foram: característica e origem da matéria-prima, participação no mercado (%), custos de exploração e transporte, estocagem da madeira, característica da comercialização, espécies comercializadas, preço das espécies (em tora e serrada) e distância da área de exploração até à indústria. A estimativa da área afetada pela exploração madeireira 2 (km ) foi feita analisando a distância dos pólos madeireiros até a área florestal explorada e o volume de madeira extraído, em m³. 4 GEOPROCESSAMENTO E ELABORAÇÃO DOS MAPAS Foram utilizadas fotografias aéreas do ano de 2006, na escala de 1:60.000, cobrindo todo o perímetro urbano do Município e ajustadas com a base cartográfica oficial do Estado, fornecida pelo Programa de Zoneamento Econômico, Ambiental, Social e Cultural de Rio Branco-AC - ZEAS (RIO BRANCO, 2007). O método do Sistema de Análise Geoambiental (SAGA, 1994) foi importante para as etapas de obtenção do mosaico, avaliação e classificação das imagens para reconhecer padrões

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e objetos homogêneos com o objetivo de permitir uma análise e transferências de resultados mais eficientes e espacializados. Para elaboração do mapa da atividade madeireira foram localizados os principais pólos madeireiros sobre o mapa do município de Rio Branco utilizando o software ArcGis 9.1. Em seguida, o mapa dos pólos foi associado ao mapa de vegetação, na escala de 1:100.00, para verificação das tipologias florestais que ocorrem no raio econômico calculado pela distância média entre a área de exploração (floresta) e serrarias (cidade) nos pólos madeireiros do Município. Essas informações foram combinadas com o mapa dos planos de manejo vigentes em Rio Branco, fornecidos pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre (IMAC).

ZEAS

RESULTADOS E DISCUSSÃO 1 LOCALIZAÇÃO DAS MADEIREIRAS O levantamento de campo identificou a existência de 15 empresas madeireiras em funcionamento no município de Rio Branco, no biênio 2007-2008, porém, algumas empresas que mantinham atividades em 2008 foram encontradas com suas operações paralisadas à época da coleta de dados (Novembro/2008 a Janeiro/2009), impossibilitando a realização de um censo total no setor em análise, sendo entrevistadas apenas 10 firmas. Santos (2007), estudando a produção de resíduos da indústria madeireira no estado, constatou que a região possuia 21 serrarias e duas empresas de compensados e laminados de um total de 61 empresas em todo estado do Acre, sendo 38% do setor representado na região no ano de 2007. Utilizando-se a classificação de CAPOBIANCO et al. (2001), dentre as madeireiras avaliadas nesta pesquisa 80% foram classificadas como micro indústrias (consumo anual em tora inferior a 4 mil m³), 10% classificadas como de médio porte (consumo anual em tora superior a 10 mil e igual ou inferior a 20 mil m³) e 10%, de grande porte (consumo de tora ano superior a 20 mil m³). Essas madeireiras estão localizadas nos dois distritos industriais de Rio Branco (Figura 2).

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MERCADO DE MADEIRA SERRADA NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO-AC, 2007-2008

Figura 2. Mapa de distribuição espacial das indústrias madeireiras na área urbana do município de Rio Branco-AC. Fonte: Base de dados do Programa de Zoneamento Econômico, Ambiental, Social e Cultural de Rio Branco-AC – ZEAS (RIO BRANCO, 2007).

2 ORIGEM DA MATÉRIA-PRIMA O cenário atual do setor madeireiro mostra que, com o crescimento da industrialização e exportação dos produtos florestais, a demanda por matéria prima vem apresentando um crescimento anual regular variando entre 12% e 16%, o que indica a ampliação do setor. Nos anos de 2007 e 2008, a maior parte na matéria-prima utilizada pelas serrarias de Rio Branco foi oriunda de floresta própria (Tabela 2).

ZEAS

Tabela 2. Origem da matéria-prima das serrarias do município de Rio

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acreanas dependiam, significantemente, de terceiros para obter a sua madeira em tora. Comparando-se com SILVA (2007),              demonstra que nos anos de 1996 a 2004 as florestas próprias             participavam cada vez menos no suprimento de toras para            serrarias acreanas.  As    contidas       informações na Tabela 3 mostram que  as áreas com planos de manejo são as principais fontes de matéria prima, revelando que a madeira proveniente de área de conversão vem diminuindo consideravelmente. Com isso, torna-se evidente que as ações de fiscalização e monitoramento ambiental têm agido de forma eficiente nas políticas de redução de desmatamento e venda de madeira ilegal. 

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MERCADO DE MADEIRA SERRADA NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO-AC, 2007-2008

Tabela 3. Percentagem de madeira oriunda de planos de manejo e áreas de conversão para as serrarias do município de Rio  Branco-AC, nos anos de 2007-2008.   

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3 GRAU DE CONCENTRAÇÃO             

A Tabela 4 apresenta a participação das serrarias do   do Acre na produção de madeira serrada, nos anos estado  1996, 2002 e 2004, conforme SILVA (2000 e 2007). 

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ZEAS

Tabela 4. Produção de madeira serrada no estado do Acre em 1996,  2002 e 2004.   

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Nota: Valores de 1996 e 2002 foram gerados por Silva (2000 e 2004),  respectivamente. 

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MERCADO DE MADEIRA SERRADA NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO-AC, 2007-2008

Considerando a classificação de CAVES (1982), os valores indicados nesta Tabela revelaram que o mercado madeireiro, nos anos de 1996, 2002 e 2004, apresentava-se como um exemplo de um Oligopólio. Já, segundo MENDES (1994), estas firmas mantinham condições estáveis para indústria, buscando não competir entre si em termos de preço. Pela categorização de GREGORY (1987), também não houve uma alteração neste mercado: tanto em 1996, como em 2002 e 2004. O mercado em estudo caracterizava-se como moderadamente concentrado na produção de madeira serrada, isto é, as quatro maiores indústrias responderam por 50 a 74% da produção de madeira no estado. Os estudos de SILVA (2007) mostraram que nos anos de 1996, 2002 e 2004 a produção industrial total madeireira, no Estado, foi de 30.532, 38.881 e 33.857,96 m3 de madeira serrada, respectivamente. Um fato a mencionar é que, em 1989, as serrarias da capital produziram 113.490 m3 de madeira serrada, segundo dados da Fundação de Tecnologia do Acre (FUNTAC, 1990). CAPOBIANCO (2001) relatou que as serrarias em atividade no município de Rio Branco, em 1997, produziram 310,00 m3/ano de madeira serrada. ARAUJO (1991, 1993), por sua vez, acrescentou que, em 1990 e 1993, as firmas madeireiras de Rio Branco ofertaram ao mercado, respectivamente, 73.805 e 53.337 m3 de madeira serrada. Conforme os dados desta pesquisa, para o período de 2007 a 2008, somam-se 144,07 mil/m³.



ZEAS

4 POTENCIAL MADEIREIRO As florestas do município de Rio Branco são divididas em 12 tipologias florestais (Figura 3), sendo que as 5 principais representam 83% da cobertura vegetal. Segundo VERÍSSIMO (2006), para a análise do potencial madeireiro, devem ser considerados os estudos de zoneamento da atividade madeireira do município, indicando uma área máxima de uso não excluindo áreas com interesse para proteção integral. No município a tipologia predominante é Floresta Aberta com Bambu + Floresta Aberta com Palmeiras (FAB + FAP), representando 23,60% do município (LANI et al., 20072). Essa tipologia apresenta grande concentração de espécies apresentadas na Tabela 5

Figura 3. Mapa de tipologias florestais do município de Rio Branco-AC em 2006.

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Relatório interno não publicado

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MERCADO DE MADEIRA SERRADA NO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO-AC, 2007-2008

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Tabela 5. Espécies encontradas na fisionomia Floresta Aberta com  Bambu + Floresta Aberta com Palmeiras (FAB + FAP).  

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Fonte: LANI et al., 2007 (Relatório interno não publicado)              Dados fornecidos por relatórios internos (LANI et al.,  revelaram          2007) que  o  potencial madeireiro do Município pode  ser classificado como médio, de acordo com o mapa da Figura  4. Para tal informação foram utilizados dados de 25 inventários                florestais de planos de manejo protocolados no Instituto de Meio   Ambiente do Acre e levantamentos em parcelas amostrais em pontos representativos do Município. Para quantificar o valor da floresta, usou-se o valor da tora vendida no mercado de Rio Branco.

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Figura 4. Mapa do potencial madeireiro do município de Rio Branco-AC. Fonte: LANI et al. (2007)

De acordo com GÓES (2007), o estado do Acre apresenta uma vocação estritamente florestal, devido sua localização estratégica e vegetação natural composta basicamente por floresta tropical aberta e floresta tropical densa. O potencial econômico da flora é vasto do ponto de vista madeireiro, pela abundância e variedade de espécies. De forma geral, o Município possui reserva florestal capaz de sustentar o crescimento da atividade madeireira, sendo, porém, importante o planejamento e sua expansão voltados para a concentração econômica de Rio Branco (ACRE, 2006).

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Castanheira (Bertholletia excelsa ). Foto: Dhárcules Pinheiro (2008).

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5 PRODUÇÃO X CONSUMO As

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consumiram aproximadamente 411.850 mil/m³ de madeira em tora, no biênio 2007-2008, distribuídas em 190.200 em 2007 e 221.650 mil/m³ em 2008. A produção de madeira processada para o mesmo período foi de 68.050 e 76.20 mil/m³ de madeira. Deste total de madeira processada, 17.837 mil/m³ foi absorvido no mercado local, 7.322 mil/m³ foi direcionado para o mercado regional, 21.516 mil/m³ foi comercializado no mercado nacional e 97.500 mil/m³, no mercado internacional (Figura 5)

Figura 5. Destino da madeira serrada no município de Rio Branco-AC, nos anos de 2007-2008.

O setor florestal, composto pela extração vegetal, está somando atividades dos setores primários e secundários, mostrando que o valor bruto da produção florestal cresceu em média 8% ao ano, duplicando sua participação de 1998 a 2003 no Estado (ACRE, 2006). Para SANTOS (2007), a produtividade do setor madeireiro no Estado é considerada baixa, devido à lucratividade, à

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qualidade e ao nível de produção. A eficiência produtiva depende de vários fatores, tais como: substituição das máquinas e equipamentos, usos de novas tecnologias, qualificação de mão-de-obra, otimizando a matéria prima e disponibilidade de recursos financeiros para esta atividade. 6 DISTÂNCIA E CUSTOS COM TRANSPORTE Os dados levantados permitiram inferir que os custos com transporte variaram de R$ 35,00 a R$ 100,00/m3 de madeira em tora. De acordo com os entrevistados essa variação no custo dos transportes ocorreu devido às diferentes tipologias florestais encontradas nas áreas de exploração e às condições de trafegabilidade das estradas. As Figuras 5 e 6 mostram, respectivamente, o custo total com transporte e a distância média percorrida no transporte da madeira das áreas de exploração até à indústria.

Figura 6. Gráfico de custo com transporte das empresas madeireiras do município de Rio Branco-AC, nos anos de 2007-2008. Nota: (*) A empresa não atuou no ano pesquisado

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Figura 7. Gráfico da distância média percorrida no transporte de toras das áreas de exploração até às empresas madeireiras do município de Rio Branco-AC. Nota: (*) A empresa não atuou no ano pesquisado.

A distância média no transporte das toras foi de 119 km. Segundo SILVA et al. (2007), a produção de madeira por hectare é uma variável que afeta a distância para o transporte da madeira. Se aumentar a produção a empresa pode buscar madeira a uma distância maior. MONTEIRO et al. (2008) sugerem que as zonas de influência e a máxima distância economicamente viável para exploração de madeira dar-se-á a partir de um pólo madeireiro. Diante disso, foi criado um raio de influência a partir dos pólos madeireiros (Figura 7).

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Figura 8. Mapa do raio de exploração a partir dos principais pólos madeireiros do município de Rio Branco-AC.

Para analisar os resultados obtidos nas entrevistas, adotou-se que as áreas de floresta afetada pela exploração foram definidas como aquelas que podem ir de 98 a 120 km ao redor das madeireiras. Para obtenção desse raio verificou-se a distância média das indústrias ao local da exploração, obtidas pelas entrevistas. A área mais acessível à exploração madeireira está localizada na região do baixo Acre devido à tipologia florestal e às condições de trafegabilidade. Nessa modelagem foram utilizados mapas de estrada, dados de custo e distância da floresta aos pólos madeireiros, obtidos pelos formulários (MONTEIRO et al., 2008). Segundo CAPOBIANCO et al. (2001), a intensidade de volume retirada por hectare foi considerada baixo, sendo estimado

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em 310.000 m³/ano/tora em 1997, em um raio de exploração variando entre 74 a 200 km²/ano. No período desta pesquisa o raio médio de exploração não cresceu significativamente, como observado na Figura 8. 7 PREÇO ARIMA (2002) destacou que a variação no preço seria maior quando a elasticidade-preço da oferta for menor (curva de oferta mais inelástica). Na Tabela 6 encontram-se os dados comparativos dos gerados por SILVA (2007) com as informações usadas neste levantamento, quanto à política de formação de preço praticada pelas serrarias de Rio Branco, no período de 2002 a 2008. Tabela 6. Preço praticado por produto nas serrarias do município de                Rio Branco-AC, no período de 2002 a 2008.  

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Analisando os dados da Tabela 6, pode-se observar que os preços dos produtos da madeira tiveram um significativo aumento. Segundo alguns madeireiros entrevistados, atuantes no período da pesquisa, eles adotavam políticas de fixação de preços devido ao impacto potencial da crise que ocorreu no mercado imobiliário americano, ocorrendo em alguns casos quebra de contrato e cautela nas compras de madeira por parte do mercado internacional. Portanto, o mercado de madeira é sujeito a variações de demanda e preço conforme o cenário macro-econômico. Em sistemas econômicos, as interações consumidorrecurso podem também entrar em equilíbrio, porque conforme um recurso torna-se escasso e o seu preço aumenta, a demanda por aquele recurso diminui; ou as pessoas vivem sem ele ou procuram alternativas mais baratas (RICKLEFS, 1993).

Madeira beneficiada. Foto: Dhárcules Pinheiro (2008).

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CONCLUSÕES O levantamento de campo identificou o pequeno número de firmas madeireiras de Rio Branco responsável pela produção e venda no mercado local, o que permitiu concluir, pelos vários métodos utilizados, que esse mercado se caracterizava, classicamente, como um oligopólio. Das empresas madeireiras entrevistadas em funcionamento no município de Rio Branco, 80% foram classificadas como micro indústrias, 10% de médio porte e 10% de grande porte. Essas madeireiras estão localizadas, principalmente, nos dois distritos industriais de Rio Branco. A atuação de terceiros era importante no fornecimento de matéria-prima florestal para o setor madeireiro de Rio Branco. As madeireiras distribuídas nos principais pólos consumiram aproximadamente o volume de 411.850 m³/ano de madeira em tora, oriundas tanto do raio de exploração como de localidades próximas. A produção de madeira processada para o mesmo período foi de 144,07 mil/m³. O pequeno volume de madeira produzido, quando comparado ao de outras regiões, como também a falta da prática de uma estratégia de marketing e comercialização mais agressiva, faz com que as firmas não concentradoras no consumo de madeira, bem como no comércio de produtos madeireiros locais limitem-se a comercializar seus produtos para os mercados internacional e nacional via atuação de intermediários. Os custos com transporte variaram de R$ 35,00 a R$ 100,00/m3 de madeira em tora, de acordo com a distância da

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área de extração da madeira até a indústria, e essa distância média era de 119 km. As variáveis preço da madeira e produção apresentaram maior influência devido à distância máxima no transporte da matéria prima florestal. Estudos mais detalhados devem ser conduzidos para identificar quais faixas de distância são mais viáveis economicamente. A exploração madeireira pode se viabilizar com obras de infra-estrutura planejadas pelo governo federal e implementação de projetos de apoio, como manutenção das estradas existentes e criação de novas onde o acesso é inviável, possibilitando assim, redução nos custos do transporte da madeira a aumentando o alcance econômico da exploração madeireira.

Beneficiamento de madeira. Foto: Dhárcules Pinheiro (2008).

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