[EXPLICANDO A PSICOLOGIA SOCIAL]
February 11, 2024 | Author: Anonymous | Category: N/A
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PSICOLOGIA SOCIAL DEFINIÇÃO É a ciência que estuda a forma como as pessoas se influenciam e se relacionam entre si. É o estudo científico da influência recíproca entre as pessoas (interação social) e do processo cognitivo gerado por esta interação (pensamento social). OBJETO DE ESTUDO Os fenômenos psicológicos (cooperação, altruísmo, agressão, competição) relacionados ao indivíduo em sociedade. Estuda como o convívio acontece e quais são as leis gerais que o dirigem, assim como quais são as consequências deste processo de interação social dentro de uma sociedade com uma cultura, uma história e uma economia própria. FUNDAMENTAÇÃO O psicólogo social, ao utilizar o método experimental (científico), cria situações sociais para observar seus efeitos no comportamento do indivíduo. PRINCIPAIS CARACTERÌSTICAS 1. Individualismo 2. Experimentalismo
3. Microteorização 4. Etnocentrismo
5. Pragmatismo (Utilitarismo) 6. Cognitivismo
7. A-Historicismo
APLICAÇÃO Todas as situações que envolvem interação entre pessoas. Ex.: educação, direito, saúde, política. HISTÓRIA 1898 ⇾ Os primeiros experimentos foram relatados. 1924 ⇾ Publicação do primeiro texto. 1930 ⇾ A Psicologia Social assumiu a forma que conhecemos hoje. Pós 2ª Guerra ⇾ A Psicologia Social começou a se destacar como o campo significativo que é hoje, com a divulgação de um vasto volume de pesquisas. INTERAÇÃO SOCIAL Processo de influência mútua promotora de processos cognitivos com poder de influenciar mudanças comportamentais. ❢
A mudança comportamental ocorre também apenas como efeito da mera expectativa de interação. PERCEPÇÃO SOCIAL Processo que se encontra na base das interações sociais: a formação de impressões sobre os outros, que carrega consigo os referenciais dos grupos sociais dos quais o percebedor toma parte, seu contexto social, que predispõe a percepções. ❢
PROXÊMICA Distâncias físicas que mantemos com outras pessoas e grupos em relação a diversos fatores como sexo, status, papel social, entre outros. ❢
O quão próximo nos colocamos dos outros, em função de diversos elementos determinantes do grupo social. Muitas vezes, mantemos uma proximidade maior daquelas pessoas que representam papeis sociais semelhantes ao nosso, ou das pessoas que realizam atividades sociais complementares à nossa. Como, por exemplo, quando vamos almoçar com colegas que exercem o mesmo cargo que nós. CONCEITOS DO COMPORTAMENTO SOCIAL PERCEPÇÃO DE PESSOA Para tornar consciente e dar sentido às sensações provenientes do mundo externo, todos os sujeitos interpretam com certo grau de subjetividade, dando sentido a todas essas informações. ❢
A SUBJETIVIDADE DA PERCEPÇÃO DE PESSOA PODE SER CARACTERIZADA DE ACORDO COM A SUA
SELETIVIDADE Os diversos elementos que compõem a realidade objetiva não se apresentam em iguais condições para todos os sujeitos.
QUALIDADE DE SER ORGANIZADA E SIGNIFICATIVA Do ponto de vista psicológico, nossas percepções dos objetos são ordenadas, ou seja, respondem às leis de ordem e significado, e que precisamos delas para significar nossas sensações.
CATEGORIZAÇÃO É inevitável aplicar rótulos verbais a tudo que estimula os nossos sentidos no mundo ao redor.
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES Os traços centrais da personalidade influem, significativamente, a impressão global que temos de outra pessoa. A forma como percebemos os outros é o resultado da inter-relação do conjunto de traços que caracterizam o sujeito. O resultado desta mistura de características nos permite formar impressões sobre os outros, muito mais do que uma simples soma de cada traço.
COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL Expressões faciais, o tom de voz, os gestos, a linguagem corporal, e o modo de olhar. Através dela podemos expressar emoções, transmitir atitudes, opiniões e preferências, comunicar traços de personalidade e facilitar a comunicação não verbal complementando a mensagem falada. O comportamento não verbal nos fornece diferentes pistas que contribuem de forma significativa na construção de nossas impressões gerais sobre os outros. EXPRESSÕES FACIAIS Existem pelo menos seis grandes manifestações emocionais: raiva, felicidade, surpresa, medo, nojo e tristeza. Segundo Darwin, as expressões primárias transmitidas pelo rosto são universais. O processo de codificação e decodificação das emoções pelas expressões faciais estaria relacionado com a evolução e não com fatores culturais. Segundo Paul Elkman, Manifestamos de forma específica nossas emoções dependendo do grupo cultural ao qual pertencemos. COMO EXPLICAMOS O COMPORTAMENTO DAS PESSOAS ATRIBUIÇÃO DE CAUSALIDADE - TEORIAS DE ATRIBUIÇÃO (FRITZ HEIDER) As pessoas explicam os eventos cotidianos com a tendência de atribuir o comportamento dos outros a causas externas (fatores ambientais, situacionais) ou causas internas (fatores pessoais, características da pessoa). ❢
ERRO FUNDAMENTAL DE ATRIBUIÇÃO Na atribuição de causalidade existe um tipo de erro que muitas vezes realizamos quando tentamos explicar porque alguém fez o que fez. ❢
Em muitas ocasiões consideramos que os outros são responsáveis pelo que acontece e quando se trata de nós mesmos, consideramos que as nossas ações foram determinadas pelas circunstâncias. O tempo pode alterar nossas perspectivas sobre a explicação de nosso comportamento ou do comportamento dos outros. Com o passar do tempo, consideramos que os determinantes do comportamento são mais relativos a fatores externos, às circunstâncias. Outro fator que contribui no erro de atribuição é a cultura. Em uma visão do mundo ocidental é mais frequente considerar que os determinantes do comportamento são pessoais mais do que circunstanciais. Assim, existe uma distorção na maneira como explicamos o comportamento dos outros, onde muitas vezes ignoramos importantes determinantes situacionais. Isto pode ser explicado através da diversidade de perspectivas e percepção situacional. TEORIA DA INFERÊNCIA CORRESPONDENTE (EDWARD JONES E KEITH DAVIS) Frente a uma história ou relato de alguém, costumamos inferir aquilo que desconhecemos, como os motivos internos ou as características de personalidade dos envolvidos.
Assim, consideramos que as verdadeiras causas por trás do acontecido estão relacionadas com fatores pessoais e passamos a explicar os atos através de disposições internas. Imagine você no supermercado fazendo compras, e vê uma senhora de aproximadamente 35 anos brigando com uma criança de mais ou menos 4 e que aparenta ser sua filha, o que você pensa a respeito dessa suposta mãe? Na maioria das vezes, quando não presenciamos o acontecimento anterior, consideramos a mulher pouco paciente ou muito estressada e que briga com o filho por todas estas condições internas. TEORIA DO MODELO DE COVARIAÇÃO (HAROLD KELLEY) Tenta explicar este processo de atribuição causal. Explica como decidimos em fazer uma atribuição interna ou externa. ❢
Esse pensamento coincide com o do Heider ao supor que no processo de atribuição, reunimos informações que nos facilitam poder chegar a uma conclusão. Estes dados são variações do comportamento do sujeito avaliado ao longo de certo tempo, ou seja, para poder explicar porque alguém fez o que fez, podemos usar informações relativas à maneira como o sujeito vem agindo. TIPOS DE MODELO DE COVARIAÇÃO
CONSENSO Informação relacionada à forma como a pessoa avaliada se comporta frente ao mesmo estímulo. Como a pessoa usualmente se comporta diante do mesmo estímulo?
DISTINTIVIDADE A informação distintiva refere-se como o sujeito avaliado reage frente outros estímulos. Como o sujeito observado reage frente a outros estímulos?
CONSISTÊNCIA Descreve a frequência com a qual o comportamento observado frente ao estímulo específico se apresenta em tempo e situações diferentes. Com que frequência o comportamento observado se apresenta em tempo e em situações distintas?
Mas por que nos parece que nossas impressões são corretas quando na maioria das vezes elas acabam sendo erradas? Segundo Aronson, Wilson e Akert, este fato pode ter várias razões. Destacamos algumas: - 1º Vemos as pessoas em um número limitado de situações e, portanto, nunca temos a oportunidade de verificar que as nossas impressões estão erradas. - 2º Muitas vezes não percebemos que nossas atribuições são erradas porque, sem notar, fazemos com que elas se transformem em realidade (profecias autorrealizadoras). Isto acontece quando interagimos de tal forma com as pessoas que elas acabam reagindo a nós da maneira que esperamos. Por exemplo, podemos cumprimentar secamente alguém que consideramos antipático e esta pessoa acaba cumprindo com as nossas expectativas, sendo antipático conosco pelo jeito pouco sociável com o qual nos aproximamos. - 3º Talvez deixemos de compreender que estamos enganados se várias outras pessoas concordem a respeito do que outra é (ainda que estejamos errados). Para podermos entender melhor a precisão de nossas atribuições e impressões, não podemos esquecer a existência do erro fundamental de atribuição e das profecias autorrealizadoras. Na medida em que somos mais conscientes das nossas tendencionalidades, poderemos ser mais justos ao julgar os outros. Segundo Myers, o erro de atribuição é fundamental, já que nos permite entender porque explicamos da nossa forma os outros, e desta maneira podemos estudar com mais clareza as atribuições que fazemos e suas consequências. De fato, as atribuições podem estar relacionadas a diversos fatores importantes dos comportamentos interpessoais. PROFECIAS AUTORREALIZADORAS Quando interagimos de tal forma com as pessoas que elas acabam reagindo a nós da maneira que esperamos.
DESEJABILIDADE SOCIAL Consiste nos cuidados que os sujeitos têm para se mostrar como mais “certinhos” a fim de serem socialmente aceitos. AUTOESQUEMAS Modelos mentais que utilizamos para representar o que somos para nós mesmos. AUTOCONCEITO Representa as crenças específicas pelas quais definimos quem somos. Podemos incluir também os “eus possíveis”, ou seja, o que gostaríamos ou desejamos ser no futuro. Representa nossos autoesquemas que afetam de forma significativa a maneira como processamos as informações sociais. Assim, a forma como percebemos, lembramos e julgamos os outros e a nós mesmos, depende desses autoesquemas. As experiências de sucesso e de fracasso alimentam o autoconceito. Estas experiências cotidianas permitem que os indivíduos se autoavaliem. Por exemplo, se me considero muito capaz intelectualmente, terei uma grande tendência a avaliar aos outros em termos de capacidade intelectual. Terei uma forte inclinação em lembrar eventos relativos à atividade intelectual e me apresentarei como mais disponível a informações coerentes e relativas a este autoesquema. Os autoesquemas constituem o autoconceito e facilitam a recuperação e a classificação das informações que chegam até nós. Assim, as nossas experiências são, em parte, determinadas pelo autoconceito. Um exemplo claro deste fenômeno está representado pelo efeito de autorreferência onde o nosso Eu acaba influenciando a nossa memória. A maioria das nossas memórias se forma em torno de nosso interesse primário que somos nós mesmos. Alguns exemplos disto: Quantas vezes nós lembramos melhor das partes de uma história que estão diretamente associadas a nós, ou aquelas relacionadas com os elementos com os quais nos identificamos? Quantas vezes ao recordar de uma conversa, lembramos melhor das partes que dizem sobre nós mesmos? “EU” O sentido do Eu se encontra no centro de nossos mundos. Assim, podemos nos ver como atores principais das nossas vidas e tendemos a nos ver como o palco central, como os protagonistas, e superestimamos o grau em que o comportamento dos outros está relacionado com nós mesmos. EU REAL Conhecimento que temos sobre quem somos. ser.
EU IDEAL O que gostaríamos de
DESENVOLVIMENTO DO EU SOCIAL A socialização é um processo de preparação das pessoas para o desempenho de papéis sociais, e para isto elas devem desenvolver habilidades psicológicas e físicas de maneira a serem capazes de preencher expectativas comportamentais do grupo ao qual pertencem. PAPÉIS SOCIAIS No caso dos papéis que desempenhamos dentro de nosso grupo social, podemos entender como progressivamente aprendemos e desenvolvemos aspectos de nós mesmos. Isto pode ser observado especialmente ao assumirmos um novo rol. No começo, podemos nos sentir um pouco constrangidos, mas progressivamente incorporamos esse papel no nosso Eu. Os papéis sociais são sistemas de prescrições comportamentais objetivos com conteúdo socialmente definido. O aprendizado destes papéis sociais confirma o processo de socialização que acontece de maneira contínua, ao longo da existência de cada indivíduo no seu grupo social. Em toda sociedade, estes papéis são diferenciados segundo sexo, idade, gênero, parentesco, diversas atividades de subsistência e convivência, e nas relações de poder.
Também, os indivíduos experimentam vários ritos de passagem quando transitam de um papel social para outro. Este processo de socialização acontece através da intervenção de pais, companheiros e adultos de uma forma geral. Estes agentes de socialização influenciam as crianças e os adolescentes durante o desenvolvimento de papéis sociais básicos. SOCIALIZAÇÃO Processo através do qual uma pessoa se torna membro de um conjunto social. Processo de acesso e aprendizagem de todo o conjunto sistematizado e acumulado de códigos, crenças, valores e significações relevantes a certo conjunto social. COMPARAÇÕES SOCIAIS O autoconceito não se compõe unicamente pela identidade pessoal, mas também pela nossa identidade social. ❢
A identidade social de quem somos implica uma definição de quem não somos. Ainda quando nos sentimos parte de um grupo, temos consciência de nossa particularidade. Assim, sempre estamos nos comparando com as outras pessoas ao nosso redor e isto, por sua vez, nos permite entender melhor como diferimos deles. EXPERIÊNCIAS As experiências de sucesso e de fracasso alimentam o autoconceito. Estas experiências cotidianas permitem que os indivíduos se autoavaliem. ❢
Assim, ao assumir tarefas desafiadoras e ter sucesso possibilita nos sentir mais competentes. Este é o princípio de que o sucesso alimenta a autoestima. Mas, problemas e fracassos parecem causar baixa autoestima. E esta baixa autoestima pode causar problemas. Então, os sentimentos seguem, até certo ponto, a realidade. FENÔMENO DE “EU ESPECULAR” (CHARLES COOLEY) Os julgamentos das outras pessoas também causam importante impacto na autoestima. Quando as pessoas pensam bem de nós, isso ajuda a pensarmos bem de nós mesmos. Desta forma, usamos as avaliações que os outros fazem de nós como espelhos para nos perceber. Mas, o que importa para o autoconceito não é o que os outros pensam de nós, e sim o que nós percebemos que eles pensam. Isto pode nos levar a uma autoavaliação um pouco inflada em muitas ocasiões. Na verdade, nossas ligações sociais definem quem somos, pois o nosso Eu é interdependente. E, por tanto, a autoestima correlaciona-se de forma direta com o que os outros pensam de nós. Nas culturas individualistas, este fato talvez não tenha tanto peso como nas culturas orientais, pois no ocidente a autoestima é mais pessoal. AUTOCONTROLE PERCEBIDO É mais do que o esforço realizado para lutar contra, ele representa a nossa percepção do quão forte podemos ser. Este conceito está relacionado com a teoria da autoeficácia de Bandura. ❢
Para Bandura, uma convicção positiva das nossas possibilidades é altamente benéfica, pois permite que o indivíduo seja mais persistente e mais centrado nos seus objetivos. O grau de autoeficácia é a medida de quão competente nos sentimos para fazer alguma coisa. Mas os sentimentos de competência e de eficácia dependem da maneira como explicamos os nossos reverses. As pessoas bem sucedidas têm maior probabilidade de encarar os reverses com otimismo se sentindo capazes e reverter a situação. Assim, podemos dividir as pessoas em dois grandes grupos: 1. As que apresentam um desempenho adquirido Pessoas deprimidas que se tornam passivas porque acreditam que seus esforços não têm qualquer efeito.
Nestas pessoas predomina um sentimento de perda de controle sobre o que fazem e como consequência os eventos desagradáveis se tornam profundamente estressantes. 2. As que se apresentam com determinação Pessoas que assumem o comando da própria vida para procurar realizar todo o seu potencial. Estes sentimentos estão demonstrados que aumentam a saúde e a sobrevivência. Pessoas deste grupo são bem menos ansiosas e menos deprimidas, se adaptam com maior facilidade e superam expectativas no desempenho das tarefas que realizam. AUTOEFICÁCIA A convicção de uma pessoa de ser capaz de realizar uma tarefa específica. O grau de autoeficácia é a medida de quão competente nos sentimos para fazer alguma coisa. ❢ TENDENCIOSIDADE PERSONALISTA É o viés que adotamos quando justificamos nossos atos ou quando nos comparamos aos outros. Com muita frequência aceitamos créditos quando nos informam de nossos sucessos, mas somos altamente resistentes a aceitar os nossos fracassos. Quando fracassamos colocamos a culpa fora de nós. Em relação a comparações é interessante observar que a maioria das pessoas se considera melhor do que a média. Também apoiamos a autoimagem atribuindo importância às coisas em que somos bons. Temos uma particular tendência em aumentar a autoimagem distorcendo a extensão em que os outros pensam sobre nós. É por isto que em questões de opinião encontramos apoio para nossos pensamentos superestimando o grau em que os outros concordam conosco. Myers reúne algumas das explicações para estas diversas tendenciosidades personalistas: “... o indicador de autoestima nos alerta para a ameaça de rejeição social, motivando-nos a agir com maior sensibilidade para as expectativas dos outros. Estudos confirmam que a rejeição social baixa nossa autoestima, o que reforça nossa ansiedade por aprovação. Rejeitados ou desprezados, sentimo-nos sem atrativos ou inadequados. Essa dor pode motivar esforços para melhorar e uma busca por aceitação em outro lugar”. Desta forma, podemos entender que a tendenciosidade personalista pode ser vista como um importante fator adaptativo das pessoas, permitindo que as mesmas se protejam da depressão e da rejeição social. Mas, por outro lado, a tendenciosidade personalista pode ser vista também como um fator desadaptativo. Nesse caso, pessoas que culpam os outros pelos seus fracassos ou dificuldades sociais são, com frequência, mais infelizes daquelas que conseguem reconhecer seus erros. Além do mais, os reveses personalistas também inflam os julgamentos que as pessoas fazem de seus grupos, achando que seu grupo é melhor que os dos outros. ADIMINISTRAÇÃO DA IMAGEM Existe uma preocupação em nós em relação à autoimagem. Em diversos graus, estamos sempre administrando as impressões que criamos nos outros. Somos animais sociais e precisamos do outro para nos reafirmar. AUTORREPRESENTAÇÃO Relaciona-se com a nossa necessidade de representar tanto para uma audiência externa, confirmada pelas outras pessoas, como para uma audiência interna, confirmada por nós mesmos, tudo isto com a finalidade de escorar a autoestima e de confirmar a autoimagem. AUTOMONITORAÇÃO A nossa consciência sobre o outro faz com que muitas vezes ajustemos nosso comportamento procurando um acerto social. Este processo se apresenta em diversos graus em cada um, podendo estar presente em grande extensão em alguns indivíduos que se comportam como camaleões ou em menor extensão em pessoas que se importam menos com o que os outros pensam.
DESENVOLVIMENTO DA MORALIDADE (KOHLBERG) Há uma grande importância nas interações sociais que o indivíduo mantém com o que está a sua volta, na busca de um equilíbrio entre o organismo e o meio ambiente. ❢
Compreende três níveis, cada um com dois estágios, onde a passagem de um para o próximo depende da boa resolução das demandas do estágio prévio:
Moralidade Pré-Conve
Punição e obediência Orientação segundo expe
Desta forma, o sujeito vai evoluindo seus princípios morais partindo de uma ética concreta e dependente das figuras parentais até uma ética mais individual e complexa. A partir de testes fundamentados na teoria de Kohlberg observa-se que os dois últimos estágios são muito difíceis de alcançar e que existem diferenças culturais na média atingida por um determinado grupo. DESENVOLVIMENTO DA NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO É uma motivação que também se desenvolve ao longo do processo de socialização e que pode ser qualificada como proativa. ❢
Em vez de existir um déficit a ser corrigido na necessidade de realização, destaca-se um fator de motivação e dinamização que orienta o comportamento em direção a seus alvos ou metas, situados em planos distantes, em relação aos que já alcançados pela pessoa. Assim, a necessidade de realização se relaciona com padrões de busca de excelência no desempenho individual em diversos setores, como por exemplo, no aspecto profissional, acadêmico, artístico, financeiro, entre outros. A partir das pesquisas realizadas observa-se que as principais fontes da necessidade de realização são encontradas no ambiente familiar. É importante a criança vivenciar uma atmosfera que valorize elevados padrões de qualidade na execução de tarefas para promover, inclusive, a independência nas diversas situações da vida. Essa necessidade de realização tem consequências socioculturais importantes. Pessoas com alta necessidade de realização têm uma maior tendência a se orientar ao trabalho de forma competitiva sendo autoconfiantes e seguras. Isto pode derivar em efeitos macrossociais de grande relevância para sociedade. Assim, a necessidade de realização tem consequências tanto no plano individual como no plano macrossocial. Ao lado de fatores socioculturais e históricos, a necessidade de realização pode ser considerada uma importante variável psicológica a influir no desenvolvimento socioeconômico de um grupo cultural. PRIMEIROS ESTUDOS DOS GRUPOS NA PSICOLOGIA SOCIAL Na Segunda Guerra Mundial surgiram os primeiros estudos evidenciados em experimentos de laboratório, conduzidos por Sherif (1936), Lewin (1939) e Newcomb (1943). Seguidamente, Festinger (1950) e pesquisas sobre conflito, liderança, conformidade e outros processos grupais foram sendo desenvolvidas mostrando o interesse da época pela dinâmica de grupo como Zander (1968) chamou. Não entanto, todo este entusiasmo pela dinâmica de grupo foi minguando nas últimas décadas por diversos motivos. De fato, como Rodrigues, Assmar e Jablonski (2000) assinalam: “(...) a Psicologia Social norte-americana passou a se especializar, progressivamente, no estudo de fenômenos intrapsíquicos, interpessoais e microgrupais, inicialmente com a teoria da dissonância cognitiva e, em seguida, com as teorias sobre a atribuição de causalidade e sobre processamento da informação social, constitutivas da cognição social, hoje seu paradigma dominante. (...) Nesse sentido, o estudo dos processos de influência social de minorias, de identidade social e relações intergrupais, bem como de conflito e cooperação entre grupos, continua sendo foco privilegiado de interesse da Psicologia Social europeia”.
DISSONÂNCIA COGNITIVA Esforço para manter a coerência entre as cognições (convicções e opiniões). Quando uma pessoa tem uma crença sobre algo e age diferente do que acredita, ocorre uma situação de dissonância. GRUPO NÃO SOCIAL Refere-se a um conjunto de pessoas que se encontram em um mesmo lugar ao mesmo tempo sem necessariamente interagir ou se influenciar significativamente. ❢
É o caso de pessoas que se encontram em uma sala de cinema assistindo o mesmo filme. Para Cottrell (1968) a presença de outras pessoas pode levar à facilitação social ou à indolência social. Assim, quando as pessoas estão na presença de outras ficam mais excitadas ou agitadas e este fato pode facilitar certos comportamentos como desempenhar tarefas mundanas e conhecidas, mas também pode atrapalhar outras funções como, por exemplo, aprender novas informações ou comportamentos. GRUPO SOCIAL Cartwright e Zander (1968) consideram esse grupo como duas ou mais pessoas que não só interagem entre si, mas que também são interdependentes em relação às suas necessidades e objetivos. ❢
Assim, um grupo seria várias pessoas que possuem uma relação estável e partilham objetivos em comum com a consciência de que fazem parte de um mesmo grupo (por exemplo, família, amigos, colegas de trabalhos, colegas de faculdade, etc.) Quando estamos em grupo somos mais do que observadores passivos uns dos outros, mas também nos socializamos, nos misturamos, nos tornamos íntimos. Interagimos e nos influenciamos. É o caso de grupos sociais. O conceito de grupo de McGrath (1984) se fundamenta na noção de conjuntos vazios da matemática. Para este autor, a definição de grupo pode ser entendida em termos de grau. Mais explicitamente, um conjunto de pessoas pode ser melhor identificado como grupo em função de quatro condições: 1. 2. 3. 4.
Na medida que o número de membros seja mais reduzido; Na medida que estes poucos membros mantenham interações mais estreitas; Na medida que estas interações se mantenham por mais tempo e; Na medida que conservem perspectivas futuras compartilhadas.
A partir desta definição, temos a possibilidade de caracterizar diversos tipos de grupos. Assim, podemos reunir os grupos em vários sistemas de classificação considerando várias dimensões e critérios. TIPOS DE GRUPO E DEFINIÇÕES BÁSICAS 1. GRUPOS SOCIOLÓGICOS - CATEGORIA SOCIAL Conjunto de pessoas que se distingue de outras por ter em comum um atributo reconhecível a partir da perspectiva de um observador externo. Como grupos formados pela categoria gênero, idade, profissão, etc. Grupo de pessoas que fumam são da categoria de fumantes. 2. GRUPO PSICOLÓGICO Os próprios membros do grupo se identificam como fazendo parte dele por pertencer à mesma categoria social. Formados por pessoas que compartilham dos mesmos objetivos e que se preocupam uns com os outros. A diferença dos grupos sociológicos é que eles não precisam da perspectiva de um observador externo. 3. GRUPO MÍNIMO Pessoas que passam a ser classificadas de forma casual, não intencional dentro de um mesmo grupo e que começam a atuar em função dessa identificação, chegando a interagir uns com os outros. ❢ Na medida em que estas pessoas adquirem consciência de objetivos em comum elas passam a
formar grupos sociais. 4. GRUPOS COMPACTOS Grupos sociais onde seus membros passam a cooperar entre si visando o alcance de objetivos interdependentes.
5. ORGANIZAÇÃO SOCIAL Grupos sociais que se organizam definindo uma estrutura de poder reconhecível com papéis, regras e normas que regulam as interações entre seus membros e formando um sistema social hierarquizado que pode competir com outros grupos. 6. GRUPOS NATURAIS Podem ser permanentes ou temporários, formais ou informais, mas se diferenciam pelo fato de existirem independentemente das considerações de estudiosos e especialistas. 7. GRUPOS ARTIFICIAIS Organizados e identificados pelo pesquisador com o fim de avaliar os efeitos da manipulação de variáveis sobre seus membros, na observação sistemática de uma pesquisa ou experimento. FACILITAÇÃO SOCIAL Quando a presença de outros melhora o nosso desempenho em tarefas simples, e as executamos de maneira mais rápida e efetiva do que quando estamos sozinhos. ❢
O aumento da ativação acentua o desempenho em tarefas fáceis para as quais a reação mais provável – “dominante” – é a correta. Em tarefas complexas, para as quais a resposta correta não é dominante, o aumento da ativação promove a reação incorreta”. Assim, o conceito de facilitação social pode ser definido de duas formas: 1. Em primeiro lugar, facilitação social é quando o grupo social atua como elemento facilitador e as pessoas tendem a ter um melhor desempenho em tarefas simples ou familiares frente à presença dos outros. 2. Em segundo lugar, a facilitação social pode ser entendida na verdade como um fator fortalecedor das reações dominantes ou prevalentes em decorrência da presença dos outros. Esta seria a definição mais utilizada atualmente. A presença de outras pessoas favorece o desempenho quando a pessoa domina bem a resposta a ser emitida; em caso contrário, a presença de outros inibe o desempenho. VADIAGEM SOCIAL Tendência de membros de um grupo gastar menos esforços na realização de tarefas em grupo em comparação dos esforços mostrados quando realizam as mesmas tarefas sozinhos. ❢
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FORMAS DE DIMINUIÇÂO DA VADIAGEM SOCIAL Aumentando a identificação e a avaliação de cada contribuição; Aumentando o envolvimento e a responsabilidade de cada um; Aumentando o nível de motivação e o atrativo das tarefas realizadas.
REALIZAÇÃO DAS TAREFAS O fenômeno da vadiagem social pode ser visto como contrário à facilitação social, em que o esforço do sujeito quando avaliado na presença dos outros sofre uma excitação emocional. No caso da vadiagem a excitação provocada pela avaliação dos outros é trocada por certo relaxamento. Mas o desempenho melhora ou piora? Depende do nível de complexidade das tarefas. No caso de tarefas simples, como foi estudado por Ringelmann (1913), o esforço coletivo da equipe
é apenas a metade da soma dos esforços individuais. Podemos pensar que os membros da equipe se sentem menos motivados quando desempenham tarefas aditivas onde a realização do grupo depende da soma dos esforços individuais. O sujeito sente que o seu esforço não se diferencia dos outros. Este fenômeno de preguiça social pode ser visto como se os sujeitos pegassem carona no esforço do grupo. Por outro lado, quando a tarefa realizada implica um nível maior de complexidade, como os participantes
do grupo não se sentem diretamente avaliados, podem melhorar o seu desempenho. ❢ Então, os fenômenos de vadiagem social e facilitação social se diferenciam em relação à força psicológica da apreensão frente à avaliação.
❢ Como no fenômeno de vadiagem o medo da avaliação diminui pelo fato da pessoa se sentir diluída no grupo, ela pode até melhorar o desempenho em tarefas mais complexas que, em outras condições, poderia se sentir mais nervosa. LIDERANCA - Existem algumas teorias para explicar liderança: � TEORIA DO INDIVÍDUO SUPERIOR Existe certos traços de personalidade decisivos e que nos
permitem identificar quem é líder de quem não é, qualquer que seja a natureza da situação enfrentada. Mas, para compreender o comportamento social não basta levar somente em conta os traços de personalidade, pois temos sempre que considerar também a situação. � TEORIA DA CONTINGÊNCIA DA LIDERANÇA DE FIEDLER (1967 E 1978) Centra-se nas
características do líder, de seus seguidores e da situação. Afirma que a efetividade de todo líder depende do quão orientado ele é para a tarefa ou para o relacionamento e como ele controla sua influência sobre o grupo. Existem dois tipos de líderes... 1.
O líder orientado para sua tarefa ⇾ Que se preocupa mais em conseguir com o trabalho a ser feito do que com os sentimentos das pessoas envolvidas e
2.
O líder orientado para o relacionamento ⇾ Que se preocupa mais com os sentimentos e a forma como as pessoas envolvidas se relacionam.
CONFLITO E COOPERAÇÃO Ocorre frequentemente quando há tensão entre dois ou mais indivíduos como é no caso do dilema social, onde a ação que seria mais benéfica para um indivíduo, se escolhida pela maioria, produziria efeitos prejudiciais para o grupo como um todo. DILEMA SOCIL DO PRISIONEIRO Coloca o desejo de uma pessoa em cuidar de seus próprios interesses contra o desejo de também cuidar dos interesses do seu parceiro. Para chegar a uma solução desejável a ambas as partes, as pessoas devem confiar umas nas outras. Uma boa estratégia para lidar com este conflito dentro do grupo é permitindo ao indivíduo responder de maneira cooperativa ou competitiva a partir da resposta da outra pessoa. Esta estratégia é conhecida como pagar na mesma moeda e o sujeito tem a oportunidade de reagir da maneira como agiu o adversário na jogada anterior e assim poder comunicar a sua disposição de cooperar e ou a recusa de ser explorado. DILEMA SOCIAL DO BEM PÚBLICO Os indivíduos têm que contribuir para um fundo comum a fim de manter o bem público. Um exemplo são os bancos de sangue. Para que eles possam continuar funcionando, todos devem contribuir com ele. A melhor maneira de poder solucionar estes dilemas é através de negociação, procurando uma solução integrativa, na qual cada parte concede o máximo em assuntos que são sem importância para ela, mas muito importante para as outras partes. COESÃO GRUPAL Quantidade de pressão exercida sobre os membros de um grupo a fim de que nele permaneçam. Os grupos tendem a produzir pressões para a conformidade entre os membros. ❢
As pressões em geral se dirigem mais especificamente para os dissidentes com o objetivo de persuadi-los. Caso não tenha sucesso a tendência do grupo será marginalizar os membros não conformistas. NORMAS GRUPAIS Fazem parte de todo grupo social. Sem elas o grupo não sobreviveria. As normas são aprendidas e constituem um dos mecanismos mais importantes de controle social. ❢
Assim, os membros de um grupo usam as mesmas para julgar e avaliar as percepções, sentimentos e ações de seus seguidores. O estabelecimento de normas grupais representa um excelente substituto para o uso de poder, que , muitas vezes, provoca tensão e desgaste aos membros do grupo. Em vez do líder precisar usar constantemente
sua capacidade de influenciar seus orientados, a presença de normas facilita seu trabalho e dispensa o exercício constante de demonstração de poder. ATITUDE Constitui uma disposição afetiva favorável (quando positiva) ou desfavorável (quando negativa) a um objeto social. ❢
❢ As atitudes sociais têm uma configuração tridimensional composta pelos elementos cognitivos, afetivos e comportamentais. Uma organização de crenças e cognições em geral, dotada de carga afetiva pró ou contra um objeto social, que predispõe a uma ação coerente com as cognições e afetos relativos a este objeto. Predisposições internas, estáveis e duradouras, para que as pessoas se comportem ou reajam de determinada forma em relação a outras pessoas, objetos ou situações específicas. (Infopedia) As atitudes, apesar de serem bons preditores do comportamento manifesto, nem sempre se verifica absoluta coerência entre os componentes das atitudes. OBJETO SOCIAL Qualquer pessoa, grupo, objeto, entidade abstrata ou animal que pode despertar algum tipo de afeição ou interesse social nas pessoas. COMPORTAMENTOS E ATITUDES Um estudo do professor americano LaPière, em 1935, apontou uma significativa contradição entre o comportamento das pessoas e as atitudes por elas demonstradas. ❢
Este estudo não pode ser considerado como perfeito, no entanto, revela que nem sempre as atitudes nos permitem predizer com exatidão o comportamento que, por lógica, as seguiria. Apesar de não existir uma total correspondência entre atitude e comportamento, é mais do que aceito, na Psicologia Social, que o conhecimento das atitudes de um sujeito nos permite antecipar, com certa margem de erro, os comportamentos que ele pode manifestar em qualquer momento. ❢ Podemos considerar as atitudes como instigadoras de comportamento mais do que como seus determinantes. ❢ Segundo alguns psicólogos sociais, um melhor preditor do comportamento é a intenção de comportarse de uma determinada maneira. Estes autores destacam muito mais do que as normas ou as atitudes. ❢ As atitudes e as normas sociais influenciam a intenção de comportar-se de um jeito ou de outro. Por isso a intenção é o fator mais próximo da expressão do comportamento final e o prediz melhor. Por exemplo, se uma moça tem a intenção de manter relações extraconjugais com um completo estranho, sua finalidade de fazê-lo dependerá em parte, pelo posicionamento (atitudes) pró ou contra tal fato, assim como pela forma como as pessoas mais próximas e significativas para ela pensam sobre isso (normas sociais). Mas na verdade, se conhecermos a intenção desta moça, teremos uma perspectiva mais clara de como ela pode agir em último caso. NATUREZA E ORIGEM DAS ATITUDES Existem diversas explicações para a origem das atitudes. Por exemplo, segundo Tesser (1993) a origem seria genética já que elas se relacionam com coisas tais como nosso temperamento e nossa personalidade, e estes últimos se relacionam diretamente com os nossos genes. Mas, mesmo que exista um componente genético, a experiência social desempenha um papel importante na modelagem das nossas atitudes. No entanto, nem todas as atitudes são formadas da mesma maneira. Embora todas elas tenham componentes afetivos, cognitivos e comportamentais, uma determinada atitude pode basear-se mais em um tipo de experiência ou componente do que em outro. CLASSIFICAÇÃO DAS ATITUDES ATITUDES DE BASE COGNITIVA A avaliação da pessoa se fundamenta em dados relevantes sobre a propriedade do objeto em questão. ❢
Nesse caso, a função dessa atitude é a apreciação do objeto, onde a avaliação é feita considerando as vantagens e as desvantagens que tal objeto pode nos trazer. O objetivo desse tipo de atitude consiste em classificar e pesar os aspectos positivos e os negativos de um determinado objeto, para que a partir de tal avaliação o sujeito seja capaz de decidir se vale a pena ou não. ❢ As crenças e os sistemas de crenças são os elementos principais da cognição. Por exemplo, quando queremos comprar um carro ou desejamos fazer uma viagem, na hora de decidir por uma determinada marca ou por certo lugar isto depende da avaliação que realizamos de forma mais ou menos consciente de dados relevantes sobre esses objetos tais como desempenho do motor, os atrativos turísticos do lugar em questão etc. ATITUDES DE BASE AFETIVA Atitudes baseadas em emoções. Por exemplo, podemos pensar quando escolhemos um lugar para viajar não pelas informações relevantes sobre tal lugar, mas sim por certo valor afetivo, porque de alguma forma esse lugar representa, para nós, um local relacionado com alegria ou bem-estar, independentemente do que os guias turísticos ou as outras pessoas possam nos informar a respeito. ❢
Em geral, estas atitudes não resultam da revisão racional de informações, não se orientam pela lógica, estão fortemente ligadas a valores pessoais e por isso são muito difíceis de serem mudadas. Atitudes afetivas parecem estar relacionadas com reações sensoriais ou estéticas (apreciações estéticas ou gustativas em geral). Como quando gostamos de um determinado tempero ou da linha estética da marca de um carro ou de uma determinada cor. Outras atitudes podem ser ainda o resultado de condicionamentos (clássico ou operante). Elas podem assumir uma característica emocional positiva ou negativa tanto por meio do condicionamento clássico quanto do condicionamento operante. Condicionamento Clássico Um EN é associado a um EI que provoca uma resposta emocional e por repetições sucessivas, o EN acaba provocando uma resposta semelhante e se torna um EC. Imagine que você associa uma experiência agradável, como o carinho da sua mãe ou da sua avó com determinado local, por exemplo, um shopping center, onde costumavam ir quando era criança, no final você acaba tendo uma postura muito positiva em relação a esse shopping, associando-o com essas boas lembranças. Condicionamento Operante Somos reforçados ou punidos após apresentar um determinado comportamento e, assim passamos a aumentar ou a diminuir a frequência dessa determinada resposta. Por exemplo, você pode acabar tendo grande afinidade em relação a um determinado time de futebol porque seus pais sempre reforçaram esse comportamento quando você era criança. ATITUDES DE BASE COMPORTAMENTAL Segundo a teoria da autopercepção (Daryl Bem) em certas circunstâncias, as pessoas não sabem como se sentem até conseguirem observar como se comportam. Desta forma, as atitudes de base comportamental têm como fundamento as observações que fazemos sobre como nos comportamentos em relação ao objeto da atitude. ❢
Neste grupo, onde as atitudes são inferidas a partir do comportamento, a atitude inicial é, na realidade, um pouco ambígua ou pouco clara para o sujeito, já que ele precisa do comportamento para poder ter certeza. Exemplo: Quando alguém nos pergunta se gostamos de praticar exercício e respondemos que achamos que sim, já que estamos sempre praticando algum tipo de esporte. ATITUDES Neste caso, podemos pensar que a nossa atitude se fundamenta mais no comportamento realizado do que na parte cognitiva ou afetiva. COGNITIVAS
AFETIVAS
COMPORTAMENTAIS
Representação cognitiva sobre o objeto social, Instigador Sentimentos correspondendo de comportamentos pró ou oucontra não à orealidade. objeto coerentes social. com as cognições e afetos s
Relacionada às crenças e aos sistemasRelacionada de crenças Baseadas da aosnas pessoa afetos observações sobre desenvolvidos os objetos que fazemos pelos atitudinais. objetos sobre como atitudinais. nos comportamos em
FUNÇÕES DAS ATITUDES A principal função das atitudes é a de avaliar. Através das atitudes podemos ter uma postura determinada frente aos objetos sociais que nos rodeiam. Mas tem outras funções: Elas nos permitem organizar o nosso comportamento em diferentes planos, no plano da cognição, no plano dos afetos e no plano da conação (Processo mental de formação da vontade e da intenção). Conhecendo as atitudes de uma pessoa em relação a determinado objeto, podemos entender porque tal pessoa pensa como pensa, sente o que sente e age como age frente a esse objeto social. As atitudes também contribuem na orientação do comportamento, já que elas contêm uma discriminação afetiva de tudo e do todo existente no nosso ambiente psicológico. Por outro lado, as atitudes nos ajudam a formar argumentos e, assim, contribuem nas defesas de nosso eu na medida em que podemos nos justificar ou afastar de objetos ou situações desagradáveis. Por último, as atitudes desempenham um papel expressivo em relação aos nossos valores. MUDANÇA DE ATITUDE Apesar de serem relativamente estáveis, é possível mudar de atitudes em diferentes momentos e por diversas razões. Vivemos rodeados de contínuas informações que nos instigam continuamente a mudar, a pensar diferente, a nos comportar diferente. A televisão, o cinema e o rádio competem muitas vezes com as instituições clássicas responsáveis pelo processo de socialização, família, Igreja e escola. Os componentes cognitivo, afetivo e comportamental influenciam-se mutuamente procurando uma harmonia. De tal forma, qualquer tipo de mudança em um desses três componentes pode gerar mudança nos outros na procura de uma reestruturação. Assim, uma informação nova, uma nova experiência ou uma nova prática pode gerar um estado de inconsistência entre os componentes das atitudes e levar a uma mudança atitudinal. Por exemplo, quando temos alguma desavença com alguém podemos passar a desgostar dessa pessoa. Ou quando temos algum tipo de preconceito em relação a um grupo que não conhecemos e passamos a ter contato com ele, podemos mudar a forma como pensamos desse grupo, a forma como nos sentimos em relação a ele e a forma como agimos com ele. TEORIA DA DISSONÂNCIA DE FESTINGER Explica as mudanças de atitude. Afirma que existem diversos fatores capazes de propiciar mudanças de atitudes no sentido de tornar as novas atitudes coerentes com uma cognição de mais difícil mudança, fazendo com que se valorize a posição discrepante com que a pessoa se comprometeu mais. No entanto, embora sejam poderosas as técnicas de dissonância, elas são muito difíceis de aplicar em escala macro, com um grupo numeroso de pessoas. Nesses casos a comunicação persuasiva é mais adequada. A partir dos estudos clássicos, foi verificado o que torna mais eficaz uma comunicação persuasiva, tomando por base três aspectos principais:
A fonte da comunicação, A comunicação em si mesma, O tipo de audiência (quem recebe, se está resistente ou receptiva).
A partir dos dados encontrados foi comprovado que a eficácia de mensagens persuasivas depende de quem diz o que a quem. Portanto, para entender o quão eficaz pode ser uma mensagem persuasiva é importante saber se a pessoa que fala é atraente e conhece bem o assunto, se existem bons argumentos para serem apresentados e se as pessoas que escutam são mais ou menos receptivas. A Psicologia Social dispõe de uma forma objetiva de verificar a eficácia das tentativas de persuasão a partir do fato de que as atitudes podem ser medidas. EXISTEM VÁRIAS ESCALAS QUE MEDEM AS ATITUDES ANTES E DEPOIS DA TENTATIVA DE MUDANÇA
ESCALA DE FORMATO LIKERT Consiste em uma série de afirmações relativas a um objeto atitudinal (por exemplo: aborto, pena de morte, fumar em público e outros temas) onde se trabalha com afirmações favoráveis e desfavoráveis sobre o assunto. Para cada afirmação o sujeito responde em uma escala de cinco alternativas (concordo totalmente, concordo parcialmente, sem opinião, discordo totalmente, discordo parcialmente) que são posteriormente identificadas com valores numéricos na escala de 1 a 5 permitindo a soma das respostas de cada sujeito para avaliar o tipo e o grau de atitude de uma determinada população, em relação ao tema específico estudado. CRENÇAS Condição psicológica que se define pela sensação de veracidade relativa a uma determinada ideia a despeito de sua procedência ou possibilidade de verificação objetiva. Longe de ser fidedigna à realidade a crença passa a ser mais um elemento subjetivo do conhecimento. O interesse da Psicologia social pelas crenças reside especialmente na sua origem, formação, estrutura e grau de aceitação. VALORES Na Psicologia Social, o estudo dos valores vai estar mais centrado com o estudo do comportamento e das atitudes dos indivíduos. Como exemplo de valores podemos mencionar o belo a verdade. Os valores são dotados de uma estrutura atitudinal, mas com a característica de não se aplicarem a objetos particularizados. Assim, podemos entender que as atitudes detonam valores na medida em que elas se manifestam sobre objetos mais claramente delineados. Portanto, atitude congruente com o valor e ela pode nos permitir inferir o valor que está por trás. Ex.1: No caso de uma garota que não aceita ter relações sexuais antes de se casar com namorado está denotando fortes valores morais e religiosos em relação à importância que para ela tem o casamento no início da sua vida sexual. Ex. 2: Quando uma pessoa vota a favor da pena de morte no estado ou país onde vive está expressão os valores pessoais em relação a diversos aspectos éticos, morais, religiosos, entre outros. Ambos os exemplos representam temas muito polêmicos, pois envolvem valores que normalmente as pessoas têm de forma muito arraigada. PRECONCEITO Maior pesquisador: Gordon Allport. Os estudos anteriores a Allport não tiveram grandes desdobramentos, pois consideravam a questão do preconceito como algo natural. Um exemplo disto são os estudos onde se aceitava a superioridade racial. A partir dos anos 1930 iniciaram-se mudanças sobre o preconceito e, assim, entes fatos históricos foram considerados irracionais e sem fundamento científico. Na verdade, estas afirmações racistas eram expressões de interesses grupais, como consequência do processo de categorização social. CARACTERÍSTICAS DO PRECONCEITO O preconceito, como Aronson e seus colaboradores destacam, deve ser considerado onipresente (generalizado) e perigoso, pois pode levar ao ódio extremo e até o genocídio. ❢ Segundo Aronson “O preconceito é uma atitude negativa ou hostil contra pessoas de um grupo identificável, baseada exclusivamente na sua condição de membro do grupo. ❢ O preconceito pode ser positivo ou negativo. Uma pessoa pode ser a favor ou contra um determinado grupo. No entanto, na Psicologia Social o termo é usado especificamente nas atitudes negativas. DIFERENÇA ENTRE PRECONCEITO, ESTEREÓTIPO E DISCRIMINAÇÃO ESTEREÓTIPO Crenças e atributos compartilhados sobre um grupo. Temos uma tendência de generalizar a partir de similaridades percebidas e dificilmente nos focamos no que é diferente, já que ao nos basearmos no que é comum conseguimos tomar decisões mais rapidamente para poder atuar sem demora.
Durante o processo de socialização, somos levados a entender e categorizar o mundo que nos rodeia e formamos as ideias de quem somos e os papéis a desempenhar. Assim descobrimos a que grupo pertencemos e, através dessa diferenciação, o indivíduo recolhe informações generalizadas sobre os diversos grupos. ❢ Podemos considerar então a socialização como uma das origens dos estereótipos. Assim, é pela experiência vivida no processo de socialização que os estereótipos são aprendidos, acomodados e assimilados e depois integrados em um determinado contexto cultural e sócio-histórico. Considerando que o estereótipo é uma crença compartilhada, e a crença é uma cognição relacionada a um objeto, podemos considerar o estereótipo como sendo o componente cognitivo do preconceito. Podemos considerar também o estereótipo como um componente PRÉ-ATITUDINAL. ❢ De tal forma, o estereótipo permite conviver e interagir na sociedade já que ele facilita a organização de informações sobre pessoas e instituições de nosso ambiente social com os quais precisamos interagir. Mas, como estas cognições refletem, na verdade, generalizações bastante superficiais, os estereótipos não podem ser utilizados pelas pessoas de uma forma rígida, pois isto impossibilitaria enxergar as diferenças individuais e as particularidades de cada caso. OS ESTEREÓTIPOS E A FORMAÇÃO DA AUTOIMAGEM Os estereótipos também participam na formação da autoimagem de cada um. Os estereótipos grupais com os quais nos identificamos orientam, em parte, a forma como atuamos e as expectativas que temos sobre nós mesmos. Para entender melhor esta função dos estereótipos é interessante assinalar como eles se manifestam na percepção das diferenças segundo o gênero. Assim, uma mulher que comparte o estereótipo de que o sexo feminino é o sexo frágil, agirá de forma coerente, se colocando em posição onde precise ser cuidada e protegida por algum homem. O fenômeno de estereotipagem dos gêneros distancia-se de fato da realidade, com grande frequência. Por exemplo, em algumas profissões, muitas pessoas, de nossa cultura, consideram as profissionais do sexo feminino como menos competente (como médicas ou engenheiras) somente pelo fato de serem mulheres, independentemente de suas capacidades. DISCRIMINAÇÃO Preconceito é uma atitude negativa e a discriminação é um comportamento negativo. Assim, crenças e estereótipos resultam, muitas vezes, mas nem sempre, em tratamentos injustos. Desta forma, chamamos de discriminação àquela ação negativa injustificada ou até prejudicial que é exercida contra os membros de um grupo vítima de preconceito. As diversas formas de discriminação são institucionalizadas as organizações por meio de sistemas de opressão social amplamente conhecidos como racismo, machismo, homofobia, entre outros. Tais práticas, em geral associadas ao assédio moral podem convergir em qualquer forma de violência. Por exemplo, no caso da homofobia, entendida como o medo ou aversão homossexuais, essa discriminação socialmente estabelecida pode desembocar em um crime homofóbico que pode incluir desde uma agressão verbal ou psicológica até mesmo agressão física. CAUSAS DO PRECONCEITO E DA DISCRIMINAÇÃO A principal explicação para a causa do preconceito e da discriminação advém de um legado histórico e de circunstâncias sociais às quais estamos atrelados. A partir de uma análise histórica sobre a discriminação racial no Brasil alguns autores acreditavam na herança escravocrata de nosso país enquanto outros afirmam que a principal causa destas manifestações racistas é o sistema capitalista que auxiliou na manutenção de uma estrutura social discriminatória. Neste caso, a discriminação está relacionada com os ganhos materiais e simbólicos do grupo discriminador.
Autores como Adorno, entre outros, consideravam que o preconceito era um distúrbio da estrutura de personalidade autoritária. Estes autores sustentavam que a hostilidade contra os judeus muitas vezes coexistia com a hostilidade contra outras minorias. Mas estas pesquisas não encontraram suficiente suporte científico. ❢ Parece correto afirmar que o preconceito contém fortes raízes emocionais. Mas especificamente, a frustração gera hostilidade que é redirecionada e descarregada em bodes expiatórios. AGRESSIVIDADE TRANSFERIDA A frustração gera hostilidade que é redirecionada e descarregada em bodes expiatórios. Fenômeno onde os alvos para a agressividade étnica representam grupos concorrentes percebidos como responsáveis pela frustração pessoal. Tipo de agressão com certa mistura de frustração, que acaba direcionada para o primeiro que estiver por perto. O preconceito se compõe também de elementos cognitivos. ❢ Em outras palavras, a maioria dos estereótipos não é, na verdade, tanto produto da maldade das pessoas e sim da forma com elas simplificam os seus mundos complexos. Os estereótipos equivalem a ilusões perceptivas que são subprodutos da nossa capacidade de interpretar o mundo que nos rodeia. ❢ Assim, os estereótipos agrupam as pessoas em categorias que, por um lado, exageram a uniformidade dentro dos membros de um grupo e, por outro lado, aumentam as diferenças entre grupos. ❢ Somado a isto, a nossa percepção de pessoas distintivas e de ocorrências vividas nos levam muitas vezes à distorção de nossos julgamentos. Entendemos que pessoas distintivas são aquelas que se tornam salientes em um grupo por apresentar características totalmente únicas e diferentes do resto das demais. Ex.: Quando alguém se torna saliente em um grupo tende a chamar a atenção e, muitas vezes, parece ser mais responsável que o resto pelo que acontece nesse momento. Um indivíduo distinto, por exemplo, uma pessoa de alguma minoria possui uma qualidade compulsiva. Tais pessoas nos deixam conscientes de diferenças que, de outra, maneira passariam despercebidas. Se um indivíduo de alguma minoria comete um crime, ajuda a criar uma correlação ilusória entre pessoas e comportamentos. Como consequência, o grupo ao que este indivíduo pertence acaba sendo julgado injustamente como se todos os membros fossem iguais e, portanto, capazes de cometer crimes. ❢ Mas, para reduzir o preconceito, os estereótipos e a discriminação, a melhor maneira é a do contato. Precisamos colocar as pessoas de grupos diferentes colaborando as umas com as outras para poderem alcançar objetivos em comum. Esta seria uma atividade para ser praticada especialmente em escolas e com crianças. O cérebro tem pontos cegos – óticos e psicológicos – e um dos seus truques mais brilhantes é forjar a ilusória noção de que, pessoalmente, eles não existem. TEORIA CIENTÍFICA Conjunto de afirmações que podem variar em grau de abstração e que se concentram de forma lógica procurando descrever ou explicar a realidade. ❢ Para ser considerada científica toda teoria deve se fundamentar em evidências empíricas, ser verificável e possuir poder preditivo. As teorias científicas tentam entender o mundo da observação e da experiência e explicar como este mundo natural funciona. TEORIA NO ÂMBITO DA PSICOLOGIA SOCIAL COGNIÇÃO Na Psicologia Social, refere-se aos processos cognitivos por meio dos quais as pessoas compreendem e explicam as outras pessoas e a si mesmas. “Qualquer conhecimento, opinião ou crença acerca do ambiente, acerca da própria pessoa ou acerca de seu comportamento”. Festinger Estes processos cognitivos se associam também a diversos sentimentos e comportamentos. Assim, a partir deste conjunto de processos, passamos a compreender os outros e inclusive a nós mesmos.
Quando consideramos a complexidade das pessoas, a primeira característica que chama a atenção na cognição social é a rapidez com a qual compreendemos e julgamos os outros. Mais essa rapidez de julgamento tem seu preço: embora sejamos bons avaliadores em geral, também cometemos inúmeros erros quando julgamos o que são os outros e o que somos nós. Por este motivo, para entender e diminuir esses erros, a Psicologia Social procura compreender melhor o que acontece nesse processo de julgamento usando diversas teorias específicas. Segundo Kruger, no caso da Psicologia Social, não contamos com teorias de grande alcance e sim com as chamadas microteorias. Assim, muitas das teorias usadas nesta ciência são válidas em contextos e condições específicas, se fundamentando em pressupostos antropológicos específicos. As teorias mais usadas na Psicologia Social são as cognitivas. TEORIA DA DISSONÂNCIA COGNITIVA Você já avançou sinal porque estava atrasado? Já fechou cruzamento porque era sua vez de passar? Já inventou despesas médicas porque não quer seu dinheiro seja roubado por políticos corruptos? Já justificou que não foi academia hoje, mas vai amanhã e vai malhar o dobro? A maior parte das vezes elaboramos autênticas justificativas dos nossos pequenos deslizes diários de forma tão automática que eles passam praticamente despercebidos. Mas seriam essas justificativas tão autênticas e honestas quanto gostaríamos que elas fossem? Vejamos então como anulamos as discrepâncias entre nossas ações reais versus nossas íntimas convicções morais. É uma das teorias utilizadas para compreender o modo pelo qual fazemos julgamentos. DISSONÂNCIA COGNITIVA Estado psíquico que consiste em um sentimento de desconforto como consequência da discrepância entre o conteúdo que se acredita ser verdadeiro e aquilo que sabe de fato que é verdade. É um fenômeno diário de desconforto diante de cognições incongruentes. Da mesma maneira que a AMBIVALÊNCIA, a Dissonância Cognitiva refere-se a ideias conflitantes como as crenças pessoais e está relacionada às ações e tentativas que o indivíduo manifesta com o objetivo de diminuir o desconforto destes pensamentos. A Dissonância Cognitiva refere-se a uma filtragem de dados que o indivíduo realiza procurando depurar as informações que entram em conflito com a bagagem informativa na qual ela já acreditava. Assim, o indivíduo tenta ignorar as informações novas e procura perpetuar as suas crenças. A Teoria da Dissonância Cognitiva ressalta que ideias contraditórias funcionam como fonte motivadora impulsionando sujeito a criar novas opiniões, a mudar conceitos preexistentes, almejando diminuir a magnitude da dissonância ou conflito entre diversas cognições. Desta forma, manter crenças conflituosas, por exemplo, pode causar uma má adaptação do sujeito, a qual é possível piorar na medida em que o ajuste dessas crenças à realidade é menos provável. A UTILIZAÇÃO DA TEORIA DA DISSONÂNCIA COGNITIVA Sua utilização ocasiona uma adaptação, normalmente relacionada com a tendência das pessoas em relutar a aceitar informações que podem gerar conflito ou rompimento de hábitos corriqueiros. Assim, o indivíduo sustenta uma consciência parcial das informações, conseguindo sonegar certos elementos a seu estado de consciência, como uma forma de negação. Podemos considerar este fenômeno como uma maneira racional de se defender frente a informações que representam algum risco às crenças e ideias pré-existentes no sujeito. EXEMPLOS QUE EXPLICAM O FENÔMENO Exemplo de Festinger e Carlsmith Em 1959, através de um estudo de cumplicidade induzida, vários estudantes aceitaram se submeter a diversas tarefas sem sentido e altamente simples e repetitivas, tais como girar pinos ou colocar e tirar papéis de uma gaveta. Os estudantes realizavam estas mesmas tarefas de forma individual e durante longos períodos. Ao terminar, a maioria deles qualificou estas tarefas como altamente entediantes. No final, era pedido a cada
estudante um favor: eles deveriam tentar persuadir outro sujeito, na verdade um pesquisador, que as tarefas realizadas eram altamente interessantes e motivadoras, quando na verdade não eram. Eles mentiriam com o objetivo de convencer o outro a participar. Por este favor, os estudantes poderiam receber US$ 20,00 ou US$ 1,00. No grupo de controle não era solicitado tal favor. Posteriormente, os participantes eram indagados em relação à tarefa de girar pinos. Curiosamente, aqueles que receberam menos pelo favor avaliaram a tarefa de forma mais positiva do que os que receberam mais e do que o grupo controle. Esta maneira de se adaptar à situação foi interpretada pelos autores da pesquisa como uma forma de Dissonância Cognitiva. As pessoas que receberam menos dinheiro e mentiram sentiram-se sem uma justificativa externa suficiente para explicar tal atitude e, por esse motivo, tiveram que internalizar a mentira a qual foram induzidas a expressar. Por outro lado, aqueles sujeitos que receberam mais dinheiro (U$ 20,00) contavam com uma justificativa externa que explicava o comportamento deles. Por isto, este grupo de participantes não precisava internalizar a atitude à qual foram forçados e conseguiam, assim como o grupo controle, expressar o que realmente acharam. Para os pesquisadores, os participantes que receberam apenas U$1,00 careciam de uma justificativa suficientemente consistente e forte e, portanto, vivenciaram o fenômeno de Dissonância Cognitiva. Eles tinham o conflito entre a crença de não serem mentirosos, que caracteriza a maioria dos sujeitos, e a evidência de terem mentido ao fazer o favor pedido. Para poder aproximar estas duas informações os participantes tiveram que acreditar que, a final de contas, a tarefa realizada não era tão ruim assim. ❢ Segundo este exemplo, podemos entender que quando somos persuadidos a mentir e carecemos de uma justificativa clara e concreta que nos permita justificar o nosso ato, a maioria de nós tem a tendência de se autoconvencer que tal mentira não é tão falsa. Festinger batizou esse comportamento de PARADIGMA DA RECOMPENSA INSUFICIENTE. Será que o grupo de US$ 1,00 realmente acreditava nas mentiras que contava ou apenas tentava se justificar e reduzir o sofrimento por venderem suas consciências a um preço tão baixo? Exemplo de Elliot Aronson e Judson Mills Em outro estudo, Elliot Aronson e seu colega Judson Mills bolaram um engenhoso experimento para avaliar uma situação corriqueira. Alunos de Stanford, voluntários no estudo, eram convidados a se juntar em um grupo para discutir a Psicologia em torno do sexo. Mas antes de serem admitidos eles precisariam passar por um ritual de iniciação. Metade do grupo deveria recitar em público as passagens mais picantes e explícitas de "O amante de Lady Chatterley", que na década de 1950 representava o suprassumo da pornografia. Os demais leriam apenas palavras de conotação sexual contidas em um dicionário comum. Após esses diferentes procedimentos, todos ouviam, juntos, uma suposta gravação da reunião anterior, que os participantes veteranos desse mesmo grupo teriam organizado. Os diálogos resumiam-se, contudo, a monótonas discussões sobre os hábitos de acasalamento dos pássaros - como as empolgantes mudanças em suas plumagens e seus emocionantes ritos de azaração. Além disso, o ritmo da conversa era propositadamente entediante e desinteressante, sem variação no tom de voz e longas pausas entre as frases. Finalmente, os voluntários deveriam avaliar a gravação ouvida, de acordo com vários aspectos. Como era de se esperar, os que passaram pelo ritual de iniciação mais leve (ler o dicionário) detestaram a experiência e consideraram-na extremamente sem sentido e aborrecida, confessando-se arrependidos de estarem ali. Já os que sofreram um pouco mais (lendo em público as peripécias de Lady Chatterley) classificaram a mesma gravação como muito interessante e empolgante. Será que esse segundo grupo realmente gostou ou seus participantes estavam apenas tentando se justificar e reduzir o sofrimento pelo qual haviam passado? Em 1963, outra experiência de justificação cognitiva para cumplicidade forçada foi realizada com crianças. O pesquisador exibiu vários brinquedos para cada criança e solicitava que mostrasse os mais interessantes.
Os brinquedos eram separados e levados para uma sala vazia onde a criança entrava junto com pesquisador. Ao deixar a sala, o pesquisador falava à criança que ficava com o brinquedo que ela estava proibida de brincar e que caso brincasse seria castigada de forma severa. Outro grupo de crianças era advertido com um castigo mais leve, caso brincasse com o brinquedo na sala. Posteriormente, o pesquisador repetia esse procedimento, mantendo as mesmas crianças e os mesmos brinquedos com uma diferença, ele informava às crianças de que, desta vez, não haveria castigo algum e que todas elas tinham permissão para brincar com qualquer brinquedo. De maneira surpreendente, as crianças que tinham sido ameaçadas com um castigo mais leve tendiam a brincar menos ainda sabendo que não existia castigo algum desta vez. Quando os pesquisadores indagaram essas crianças expressaram menos interesse pelo brinquedo em questão, diferente do interesse que elas mesmas tinham mostrado no início do experimento. Já no caso das crianças que tinham sido advertidas com uma punição mais severa, observou-se um aumento do interesse demonstrado pelo brinquedo. Esta pesquisa permitiu o entendimento do efeito da SUPERJUSTIFICAÇÃO e o da JUSTIFICAÇÃO INSUFICIENTE. EFEITO DA SUPERJUSTIFICAÇÃO As crenças e as atitudes individuais não precisam mudar na presença de uma justificativa externa e concreta que permita explicar os atos realizados. Este é o caso das crianças advertidas com punições severas. Elas não podiam brincar, pois a ameaça era muito forte, mas ainda assim desejavam muito brincar. Uma vez que a ameaça sumia elas podiam e sentiam ainda mais vontade de brincar. EFEITO DA JUSTIFICAÇÃO INSUFICIENTE Já no caso das crianças que foram advertidas com uma ameaça mais leve precisaram de se autojustificar, pois não contavam com motivos suficientes já que a punição externa não era tão terrível assim. Como consequência, estas crianças precisaram se autoconvencer de que, na verdade, o brinquedo não era tão atrativo assim e por esse motivo, ainda quando a punição foi retirada elas não demonstraram muito interesse por brincar. ❢ Então, a Dissonância Cognitiva é um estado de tensão que ocorre quando uma pessoa tem duas cognições que são psicologicamente inconsistentes. Semelhante à MORAL DUPLA, na presença de Dissonância Cognitiva o sujeito acaba tomando uma atitude mesmo quando ele acredita em outra totalmente diferente. Como a maioria dos indivíduos, todos nós temos uma autoavaliação positiva nos levando a crer que somos pessoas do bem, capazes e inteligentes. Quando apresentamos atos que vão contra esta crença temos a tendência de procurar justificar esta incongruência e evitamos assumir a responsabilidade sobre nossos erros para mantermos a imagem de seres perfeitos frente ao espelho. TOMADA DE DECISÕES Nossas decisões são também influenciadas pelo que os outros pensam ou pensaram delas. ☆ FASE PRÉ-DECISIONAL (Festinger) Momento inicial de conflito antes de tomar uma decisão. Segundo a teoria da Dissonância Cognitiva, nesta primeira fase o sujeito precisa considerar de forma objetiva as vantagens e as desvantagens das diversas alternativas para poder avaliar cada uma cuidadosamente. A pessoa avalia suas alternativas de modo objetivo e não tendencioso. CONFLITO Tensão que envolve pessoas ou grupos quando existem tendências ou interesses incompatíveis. É um estado psicológico que pertence ao momento pré-decisional. ☆ FASE DECISIONAL Dá forma à etapa de tomada de decisão propriamente dita. Momento em que o sujeito passa a optar por uma das alternativas.
☆ FASE PÓS-DECISIONAL O indivíduo precisa fazer as avaliações das vantagens e desvantagens da alternativa assumida em contraponto com as alternativas descartadas por ele. Esta avaliação já não é mais racional como a primeira e sim emocional e tendenciosa, pois o indivíduo precisa justificar a alternativa escolhida. Após a decisão, existe sempre a experiência de certa Dissonância Cognitiva por parte do indivíduo causada pelo fato de existirem aspectos positivos nas alternativas rejeitadas e aspectos negativos na alternativa escolhida. Nesta terceira e última fase do processo decisório, o sujeito precisa reduzir essa dissonância cognitiva resultante da escolha feita por ele. ❢ Como Haroldo Rodrigues (1992) destaca: O processo decisório é, via de regra, um processo penoso, pois é precedido por uma situação de conflito a qual, ao ser tomada a decisão, não se extingue totalmente de vez que existem aspectos positivos nas alternativas rejeitadas e negativos na escolhida. Daí a experiência de um inevitável estado de Dissonância Cognitiva e a consequente necessidade de eliminá-los, se isto não for possível, pelo menos reduzi-lo. Quanto maior for o conflito na primeira fase do processo, maior passa a ser a motivação do indivíduo para reduzir a dissonância na última fase do processo. DECISÕES INDIVIDUAIS E GRUPAIS O processo de tomada de decisão pode ser feito de forma individual ou em grupo. As decisões grupais são, normalmente, muito mais arriscadas do que as tomadas de forma individual. EXPLICAÇÕES PARA A DIFERENÇA ENTRE AS DECISÕES INDIVIDUAIS E GRUPAIS 1. Nas decisões feitas em grupo, a responsabilidade fica dissolvida entre os membros, fazendo com que eles se sintam com menos responsabilidade pela decisão. Desta forma, quando a decisão for um erro, cada um dos membros do grupo passa a se defender atribuindo ao grupo e não a si mesmo a responsabilidade pelo engano. 2. As decisões grupais têm a tendência de serem mais ousadas do que as individuais, já que prevalece em nossa sociedade uma norma de valorização do risco e da audácia. Assim, dentro de um grupo, o indivíduo se sente mais desfalcado pelos outros membros para poder adotar esta norma e, assim, poder escolher alternativas, dentro do processo de decisão, que implicam mais riscos. Isto pode ser perigoso porque, muitas das vezes, as decisões feitas por grupos acabam sendo inadequadas. GROUPTHINK Os grupos são frequentemente vítimas do que Irving Janis denominou de groupthink. Este fenômeno consiste em deixar-se levar pelo desejo de manter a coesão de grupo e ignorar aspectos objetivos que evidenciam que as decisões tomadas pelo grupo são inadequadas. Assim, os indivíduos seguem o curso de ação preferido pelo grupo e não confrontam o mesmo para se sentirem aceitos pelo grupo em si. NECESSIDADE DE PERTENCIMENTO Desde que nascemos precisamos sentir que pertencemos a algum grupo, especificamente desejamos nos ligar ao grupo que nos deu origem, nossa família. Procuramos nos ligar aos outros por meio de laços permanentes e íntimos. Os relacionamentos são o ponto central da nossa existência já que, de algum modo, dependemos uns dos outros em diversos graus. Na medida em que contamos com laços íntimos e nos sentimos parte de diversos grupos com relações afetivas significativas, maiores são as nossas chances de sermos mais saudáveis e mais felizes. DETERMINANTES DO INTERESSE POR RELACIONAMENTOS O que faz com que uma pessoa goste de outra? 1. PROXIMIDADE As pessoas com as quais você tem maior contato por se encontrar fisicamente perto, acabam sendo as quais você tem maior probabilidade de desenvolver laços de amizade e amor.
Na medida em que as pessoas perto de nós demonstrem características agradáveis, ao contrário de desagradáveis, teremos grandes chances de desenvolver vínculos significativos com as mesmas, porque familiaridade gera atração e simpatia. 2. SEMELHANÇA As pessoas das quais nos aproximamos e com as quais nos relacionamos são, e alguma forma, semelhantes a nós. Gostamos de quem gosta de nós. Assim, um importante determinante da nossa simpatia por alguém está relacionado com o nosso sentimento, inconsciente ou não, de que essa pessoa também gosta de nós. 3. AUTOESTIMA O psicólogo Social William Swann realizou diversas pesquisas verificando que o grau de autoestima do indivíduo está relacionado com a simpatia que sente pelos outros. As pessoas que apresentam um conceito positivo de si mesmas, tem uma tendência maior a responder a gestos simpáticos. E, as pessoas que apresentam um conceito negativo de si mesmas, respondem de forma bem diferente. 4. APARÊNCIA FÍSICA Na nossa sociedade existem diversos padrões culturais de beleza, por exemplo, é muito frequente ligar a beleza física à bondade. Desde pequenos aprendemos que heróis e heroínas são bonitos fisicamente. TEORIA DA TROCA SOCIAL A maneira como indivíduos se sentem a respeito de seus relacionamentos, depende da forma como interpretam os benefícios que recebem e os custos em que incorre da percepção do tipo de relacionamento que merece, e também da probabilidade de que possa ter um relacionamento melhor com outra pessoa. Esta teoria que foi baseada no modelo de custo/benefício que opera em vigor na lógica do mercado e cujos princípios foram absorvidos e transformados por psicólogos e sociólogos em teorias de trocas sociais. CONCEITOS BÁSICOS DA TEORIA DA TROCA SOCIAL 1. Os benefícios são os aspectos positivos e satisfatórios do relacionamento que servem como reforço e lhe atribuem um caráter valioso. Aí estão inclusos os tipos de características pessoais e comportamentos dos parceiros, assim como nossa capacidade em adquirir recursos externos por conhecermos dada pessoa, ou seja, forma de obter status, acesso a dinheiro ou mesmo a outras pessoas interessantes. 2. Em oposição, os custos implicam em algo da ordem da perda, do dispêndio. Suportar os hábitos e as características desagradáveis de outra pessoa implica em custo. 3. O resultado de um relacionamento constitui uma comparação. Ex. 1: Sentimos-nos mais beneficiados quando nossas atitudes são cada vez mais semelhantes às de outra pessoa. Ex. 2: Quando reconhecemos que nossas atitudes são justificadas, temos um sentimento positivo. Ex. 3: Podemos afirmar que gostamos muito de alguém quando essa pessoa nos traz mais benefícios sociais. TEORIA DA EQUIDADE Teoria de Elaine Walster, Ellen Berscheid e George Homans que defende a perspectiva de que as pessoas também se preocupam com a equidade nos relacionamentos. Considera que os custos e os benefícios que uma pessoa experimenta em um relacionamento devem ser aproximadamente iguais aos benefícios e custos da outra pessoa do relacionamento. ❢ Os relacionamentos equitativos são mais felizes e apresentam maior estabilidade. RELACIONAMENTOS ÍNTIMOS – DEFINIÇÕES DE AMOR Os psicólogos sociais se dedicaram a diferenciar os diversos tipos de amor. O esquema abaixo representa a concepção de amor para o psicólogo Robert Sternberg.
AMOR “Atitude mantida por uma pessoa em relação a outra pessoa em particular que envolve predisposições para pensar, sentir e comportar-se de determinadas maneiras relativamente àquela pessoa.” Zic Rubin Zic Rubin (Psicólogo americano, pioneiro nas pesquisas sobre o amor) especificou três componentes do amor e elaborou uma escala de avaliação para cada um: 1. AFEIÇÃO Necessidade de receber carinho, aprovação, contato físico. 2. PREOCUPAÇÃO Valorização das necessidades e as emoções tanto nossas quanto dos outros. 3. INTIMIDADE Possibilidade de compartilhar pensamentos, desejos e sentimentos com outras pessoas. Segundo a Psicóloga Elaine Hatfield e suas colegas, existem dois tipos de amor: 1. AMOR PAIXÃO Emoções intensas, atração sexual e grande idealização – admiração, pelo outro. ❢ Amor passageiro, dura, no máximo, de 6 a 30 meses. Uma experiência psicológica de excitação biológica que sentimos por quem consideramos atraente. Para Hatfield, o amor paixão pode ser definido como um intenso estado de desejo e ansiedade para estar com uma determinada pessoa. Quando somos retribuídos nos sentimos altamente realizados e alegres. Quando não, nos sentimos vazios ou desprezados. 2. AMOR COMPANHEIRO Caracteriza-se pelo respeito mútuo, apego, afeição e confiança. Em termos ideais, o amor paixão conduz ao amor companheiro que é mais duradouro. Para Hatfield, a combinação que muitos desejam entre segurança e estabilidade do amor companheiro e intensidade e urgência do amor paixão é bem provável. RELACIONAMENTOS ÍNTIMOS – FATORES SÓCIOCULTURAIS O amor mais valorizado culturalmente é o amor paixão. De acordo com as pesquisas realizadas por Jancowiak e Fischer, de 186 culturas analisadas, 89% apresentam alguma manifestação reconhecida como amor paixão. Assim, podemos concluir que o amor paixão é quase universal ou pancultural, já que apenas 11,5% das sociedades e culturas estudadas não apresentaram nenhuma evidência de amor paixão. MANUTENÇÃO E ENCERRAMENTO DOS RELACIONAMENTOS ÍNTIMOS MANUTENÇÃO Durante toda vida os apegos são fundamentais. Pesquisadores comparam a natureza do apego e do amor em vários relacionamentos íntimos, como as relações entre pais e filhos, entre amigos e entre cônjuges e namorados. Alguns elementos são comuns a todas as ligações amorosas: compreensão mútua, dar e receber apoio, valorizar e apreciar a companhia da pessoa amada. O amor romântico, no entanto, é temperado por alguns aspectos adicionais: afeição física, uma expectativa de exclusividade e um intenso fascínio pela pessoa amada. Os estudos demonstram que os apegos seguros, como um casamento duradouro, podem caracterizar vidas felizes e mais saudáveis. Isto pode ser devido ao fato de que o amor companheiro representa diversas recompensas como a oportunidade para a autorrevelação íntima – uma condição alcançada de maneira gradativa – à medida que cada parceiro retribui a crescente abertura do outro.
O amor envolve o reconhecimento e a aceitação de diferenças e pontos fracos. Ele envolve, na verdade, uma decisão interna e individual de amar outra pessoa assim como um comprometimento de longo prazo em manter esse amor. ENCERRAMENTO O rompimento de vínculos produz uma sequência previsível de aflição e preocupação com o parceiro perdido, seguida de uma profunda tristeza e, eventualmente, dificuldades vivenciadas desde o princípio da separação emocional até um retorno à vida normal. Até mesmo casais cujos cônjuges há muito deixaram de sentir afeto um pelo outro, muitas vezes são surpreendidos pelo desejo de estar perto do ex-parceiro. Os apegos profundos e prolongados não costumam ser rompidos de pronto. Na realidade, separar-se é um processo, não um evento pontual que acaba de um dia para outro e precisa de tempo. Entre os casais de namorados, quanto mais íntimo e prolongado o relacionamento e menores as alternativas disponíveis, mais doloroso o rompimento. Alguns autores têm posturas mais radicais quanto ao amor, acreditando-o como força geradora de caos, de desordem, tentando assim explicar a dicotomia entre o que é dito e aceito sobre o amor e aquilo que é de fato realizado pelas pessoas. O fenômeno de influência social é um dos mais observado nas relações interpessoais. E, desta forma, a maioria dos acontecimentos estudados na Psicologia Social envolve certo grau de influência social. Mudar comportamento não necessariamente reflete uma mudança de atitudes, mas se mudamos atitudes, há grande chance de mudarmos também comportamentos ligados a estas. CONFORMIDADE Segundo Kiesler Et Kiesler, a conformidade retrata mudança de comportamento devido à influência real ou imaginada de outras pessoas. Em alguma situação, a conformidade pode ocorrer de maneira tão radical e associada à obediência que determinados indivíduos cometem atos muitas vezes atentando contra a própria vida, devido à influência de certos líderes. Como exemplo desse radicalismo, temos o suicídio em massa, ocorrido na década de 1960, com os seguidores de Jim Jones. ❢ A conformidade pode apresentar várias formas e intensidades. Em termos conceituais, a conformidade não é simplesmente “boa” ou “má” em si mesma e por si mesma. INTERESSE DOS PSICÓLOGOIS SOCIAIS Saber o porquê das pessoas se conformarem. É fundamental destacar o motivo e quando as pessoas são influenciadas por outras. Isso ajudará a compreender se um determinado ato de conformidade é sábio ou tolo. Até que ponto o ser humano é conformista ou não conformista. Em qual estágio as decisões que tomamos são baseadas nas influências e no comportamento de outras pessoas que determinam o nosso procedimento e nos ajudam a decidir ou, até que ponto nós mesmos decidimos de forma independente do outro. ❢ As pessoas submetidas a fortes pressões sociais conformam-se em um grau surpreendente. ❢ É muito provável que algumas pessoas em My Lai e em Jonestown tenham se conformado por não saber o que fazer em uma situação confusa e diferente. O comportamento das pessoas ao redor serviu como base na forma de reagir, e em função disso, resolveram operar de maneira semelhante. Algumas outras seguiram o mesmo diapasão porque temiam ser ridicularizadas ou castigadas se agissem de forma diferente. Decidiram agir da maneira como o grupo esperava e assim se protegeram da possibilidade da rejeição e do desprezo dos outros. INFLUÊNCIA SOCIAL INFORMATIVA ✎ A necessidade de saber o que é certo Segundo Aronson, Wilson & Akert influência social informativa ocorre quando “...a influência dos outros nos leva a nos conformar porque vemos neles uma fonte de informações para nos orientar o comportamento.
Conformamo-nos porque acreditamos que a interpretação da situação ambígua que os outros fizeram é mais precisa do que a nossa e que nos ajudará a escolher o curso da ação apropriada”. Pessoas se conformam ao comportamento do outro porque acreditam que esses outros estão certos. A norma é fonte da estabilidade. Um importante aspecto da influência social informativa é o fato de que ela pode levar à aceitação privada (caso em que as pessoas se conformam ao comportamento dos outros porque acreditam sinceramente que os outros estão certos). Este fenômeno fica claro no experimento de Sherif, uma das primeiras tentativas de experimentação em Psicologia Social: Colocado em um quarto escuro, o sujeito é levado a observar um ponto luminoso fixo. Em plena escuridão, as percepções visuais perdem seu quadro de referência habitual e, na falta de qualquer referência, o ponto luminoso parece se deslocar. É o fenômeno da ILUSÃO AUTOCINÉTICA. Pede-se então ao indivíduo que faça um avaliação dos deslocamentos do ponto, o que pode apresentar grandes diferenças das estimativas dos outros indivíduos. Eis porque, em um segundo tempo, quando as normas pessoais são assim fixadas, cada sujeito é colocado diante das estimativas dos outros e todos exprimem as suas em voz alta. Nessa situação, as interações dos membros acarretam uma modificação progressiva das estimativas de cada um dos indivíduos, que abandonam suas próprias normas pessoais para estabelecerem com os outros uma regra de grupo. Durante o experimento, o indivíduo toma consciência de um desvio entre suas próprias estimativas e as dos outros membros. Sente um mal-estar que o leva pouco a pouco a reduzir o desvio através de um processo de ajustamento recíproco. As diferenças são progressivamente reduzidas e constitui-se uma norma para o conjunto do grupo. Cada indivíduo reduz assim a incerteza e encontra maior segurança em um julgamento comum. ❢ A norma é a fonte da estabilidade. Caso exista no grupo uma pessoa cuja competência ou posição é reconhecida pelos demais membros, a norma tenderá a se fixar em torno da avaliação dessa pessoa. Neste caso, há ajustamento em torno de sua posição. Sua norma individual se torna um ponto de referência em uma situação na qual a ausência de indicações cria um mal-estar. Em nosso cotidiano, parece que usamos os outros para definir a realidade social e isso causa grande impacto também nas nossas emoções. Ex.: Um estudante que inicialmente se sentia tranquilo quanto à avaliação trimestral, no momento que encontra os colegas da turma, que parecem extremamente nervosos, começa a se inquietar. Assim, o aluno passa a questionar a sua calma inicial e pensa até que ponto seus colegas estão certos em se preocupar. CONVERSÃO Uma forma de influência social dramática que nos atinge muito na atualidade e que faz parte da influência no nosso cotidiano. A conversão ocorre, por exemplo, quando o indivíduo passa por uma mudança súbita no significado de sua vida baseada em um novo conhecimento que ele recebeu de um grupo. É comum as pessoas se converterem a uma religião, ideologia política ou a qualquer outro dos variados fenômenos de massa atualmente. INFLUÊNCIA SOCIAL NORMATIVA ✎ A necessidade de ser aceito Existe, além da necessidade de informação, outra razão para a conformidade. Muitos indivíduos e, especialmente, muitos adolescentes, praticam atos de enorme periculosidade colocando, na maioria das vezes, suas vidas em risco.
Por exemplo, quando um jovem “surfa” em cima de um trem, faz isso pela necessidade de se sentir aceito pelo seu grupo. A conformidade por razões normativas se dá em situações nas quais fazemos o que os outros fazem devido ao fato de não querermos atrair a atenção, de não sermos objeto de zombaria ou rejeição. Assim, a influência social nos leva a nos conformar para sermos amados e aceitos pelos demais. ❢ Esta é uma conformidade que resulta em AQUIESCÊNCIA PÚBLICA às crenças e aos comportamentos do grupo. Aronson, Wilson & Akert destacam: “Os grupos têm certas expectativas em relação à maneira como seus membros devem se comportar, e os membros respeitados do grupo conformam-se a essas regras. Os que não o fazem são considerados diferentes, difíceis, e, transviados. Os membros transviados podem ser ridicularizados, punidos, ou mesmo rejeitados pelos colegas”. CONFORMISMO Segundo o dicionário Aurélio: “Atitude de quem se conforma com todas as situações”. CONFORMISMO - Relativo ao ato em si. CONFORMIDADE - Relativo à qualidade de ser conformista. EXPERIMENTO DE OBEDIÊNCIA DE STANLEY MILGRAM Milgram investigou como pessoas se comportavam frente à autoridade de outra pessoa. Em 1961, 40 pessoas participaram de uma pesquisa e aplicaram choques quase mortais em desconhecidos somente porque um professor - outro desconhecido para eles - deu ordens para que continuassem. A aparente sessão de tortura era, na verdade, um experimento científico, e os choques, encenação de atores. Sua maior inspiração era tentar entender como pessoas que, até então, pareciam decentes e de bom caráter, podiam ter colaborado com os horrores do holocausto na Alemanha nazista. Milgram acreditava que qualquer pessoa, se submetida à pressão da autoridade, tem tendência a simplesmente obedecer. O primeiro experimento reuniu 40 voluntários homens que assumiam o papel de um "professor" que deveria fazer perguntas a um "aluno" e lhe dar choques quando ele errasse a resposta. O "aluno" era um ator que fingia levar choques cada vez mais potentes. Conforme o voluntário hesitava em seguir com as punições, o “cientista” que coordenava o estudo incentivava o "professor" a seguir com o processo. Dos 40 participantes, 65% chegou a dar choques de 450 volts enquanto os "alunos" imploravam para que parassem. Em testes posteriores, a média de 65% sempre se manteve, inclusive em testes com mulheres e em outros países. Nunca houve um voluntário que tenha interrompido o experimento para ajudar o "aluno". Uma pequena porcentagem de participantes se recusou a continuar e deixou a sala, mas sem prestar auxílio ou denunciar os pesquisadores que supostamente eletrocutavam pessoas. SITUAÇÕES DE CONFORMISMO SOCIAL São encontradas sempre que o isolamento e a confrontação com novas normas provocam uma ansiedade. Isolado de seus quadros de referência, o indivíduo acaba adotando os conjuntos de referência do novo grupo. Nas prisões, nas casas de reeducação de todos os tipos, nos grupos que têm por função transformar o indivíduo, o fato de isolá-lo de suas reações sociais anteriores o leva a se conformar com as novas normas. As instituições são aquelas que determinam, ou seja, que dão início, que estabelecem, que formatam. Uma instituição visa definir um modo de regulação global da sociedade e tem por objetivo manter um estado, "fazer durar" e garantir uma transmissão. Assim, a família, a escola, a igreja, o exército são instituições; são grupos que têm suas leis, seus sistemas de regras, seu tipo de transmissão de certo saber e uma vontade de influência sobre o conjunto das relações sociais.
PERSUASÃO Processos de informação que as pessoas se envolvem quando são expostas a mensagens que visam mudar suas atitudes. Esta linha de pesquisa tem grandes aplicações na área da propaganda e marketing. O objetivo das pessoas que trabalham com marketing é capturar a atenção do cliente potencial para poder mostrar os benefícios que ele - o cliente - pode usufruir com o produto ou serviço que está sendo trabalhado. O marketing trabalha também, na sua essência, com persuasão. O conhecimento de como a persuasão ocorre pode levar a ações que facilitam a vida de vários profissionais e a nossa própria vida particular, e como todo conhecimento, pode ser utilizado para o bem ou não. A PERSUASÃO ENVOLVE TRÊS VARIÁVEIS 1. COMUNICADOR, também chamado de fonte de persuasão; 2. COMUNICAÇÃO ou mensagem propriamente dita; 3. AUDIÊNCIA que representa o alvo da tentativa de persuasão. Pesquisas mostraram que as várias características dessas variáveis podem conduzir a uma mudança de atitude. ❢ Na verdade, nem sempre a persuasão deve ser vista como uma forma abusiva de manipular o povo. Existe uma importante linha de persuasão na Psicologia Social representada pelo Marketing Social que consiste em campanhas de saúde voltadas a induzir mudanças positivas nas pessoas. Um problema com grande parte das campanhas de saúde pública, como o anúncio contra o fumo ou a Lei Seca, é se a indução ao medo funciona realmente para mudar as atitudes das pessoas. Será que as imagens de pacientes com câncer nos maços de cigarro conseguem diminuir o consumo, ou será que, frente a uma imagem tão chocante, o fumante opta por ignorar a foto? Uma análise recente concluiu que a severidade tem efeitos positivos sobre as atitudes. As imagens não tiveram um impacto maior do que outras induções ao medo. Porém, as pesquisas com objetivo nas três variáveis da persuasão, normalmente, visam o impacto das variáveis individuais selecionadas, ou seja, de forma isolada. Isto gera problema porque muitos dos efeitos dessas variáveis acabam sendo vistos como contraditório. Por exemplo, às vezes, a similaridade entre o agente da persuasão e seu público levava a mais persuasão, enquanto, em outras pesquisas, a similaridade parecia ter pouco impacto sobre a persuasão. Assim, surge o modelo de processo dual da persuasão que foi criado por vários autores para representar essas diferenças. MODELO DE PROCESSO DUAL DE PERSUASÃO As pessoas podem usar duas estratégias diferentes quando enfrentam uma tentativa de persuasão. A principal distinção é se as tentativas de influência são processos com alto esforço mental ou conscientemente ou se a informação é processada com pouco esforço mental e de formação inconsciente. Assim, se as pessoas são motivadas a prestarem atenção à mensagem apresentada elas provavelmente examinarão o conteúdo da mensagem e terão assim menor probabilidade de serem persuadidas por fatores como a atratividade ou a similaridade dos comunicadores com eles. As mensagens com maior convencimento factual têm mais chances de serem persuasivas. Portanto, os comunicadores terão que fundamentar muito bem a suas mensagens para poder convencer o seu público, caso contrário, eles não acreditarão. Por outro lado, se as pessoas não forem capazes ou motivadas a processar a informação cuidadosamente, elas poderão ser convencidas por dicas periféricas como atratividade, similaridade e status do comunicador, assim como por aspectos não relacionados ao conteúdo da mensagem. MULTIPLICIDADE DA PSICOLOGIA SOCIAL A Psicologia Social deve ser considerada complexa, pois sua multiplicidade de campos de saber, de abordagens e de práticas é tão grande que, talvez, nunca possamos esperar uma “identidade” para ela.
Entendemos que uma ciência de construção plural deste porte, que considere os direitos fundamentais do ser humano e que seja, ao mesmo tempo, promotor de inclusão social, deve passar, necessariamente, pelo entendimento das diferenças. Na Psicologia Social, deve persistir a lógica de concepção de sujeito constituído pela sua pluralidade e diversidade. Ao pensar nos sujeitos a partir de suas diferenças estamos entrando, inevitavelmente, em questões políticas marcadas por diversas características como gênero, raça, diversidade sexual, realidades sociais, entre muitas outras. SUJEITO E SOCIEDADE PARA A PSICOLOGIA É um desafio, também da Psicologia, articular as questões de paradigmas e da ética em suas implementações práticas. Precisamos entender qual é a concepção de sujeito e de sociedade pressuposta nas bases de toda e qualquer prática psicológica. Portanto, todo psicólogo social, ao se deparar com uma problemática qualquer de um grupo específico ou confrontado pelas injustiças e desigualdades sociais em uma determinada situação, precisa questionar o referencial que orienta as suas decisões em função do que é certo e do que é errado, do que deve ser transformado ou não, do que é justo e aceitável e do que não é. OBJETIVO DA PSICOLOGIA SOCIAL A sociedade contemporânea se encontra em constante transformação. Assim, podemos dizer que um dos principais desafios nesta área consiste na necessidade de reinventar continuamente novos modos de produção de conhecimento. O objeto da Psicologia Social está representado pelos modos de produção de experiência subjetiva. A forma pela qual um determinado conjunto de práticas sociais gera uma forma específica de relação do sujeito, consigo mesmo e com os outros. Sendo assim, o objeto de estudo se encontra em permanente transformação e precisa de um questionamento contínuo tanto das estratégias de conhecimento como dos valores que dirigem as intervenções. Portanto, a Psicologia Social contemporânea tem uma função eminentemente política, colocando em questão o que somos e o que seria este mundo atual no qual vivemos. É justamente esta dimensão política da Psicologia Social que nos permite entender a relação existente entre o conceito de ética e os diversos paradigmas relacionados. PARADIGMA Estratégia de produção de conhecimento socialmente compartilhada. Contendo métodos e valores, passa a ser identificado como um modelo, um padrão a ser seguido. Podemos entender paradigma como uma produção científica que, contendo métodos e valores, passa a ser identificada como um modelo representando um padrão a ser seguido. Todo paradigma tem uma dimensão ética implícita, pois representa valores compartilhados por um grupo. Desta forma, todo paradigma tem uma função política, pois ele representa um determinado processo de subjetivação. Paradigmas são padrões psicológicos, modelos ou mapas que usamos para navegar na vida. Segundo Guareschi, são três os paradigmas que fundamentam os valores éticos também implicados na psicologia social
1. LEI NATURAL A partir da atenção dada à natureza é possível estruturar uma ética que governe os povos em todas as épocas. Inclui a visão centrada na ideia de um Criador, em uma ordem imutável estabelecida por Deus. Ou seja, a natureza como produto de um Deus Criador, representando um ente exterior que fundamenta a ordem de todas as coisas.
2. LEI POSITIVA É uma reação ao paradigma da lei natural, ou seja, há uma rejeição ideológica e epistemológica do apelo a uma ordem natural como referencial ético. Este paradigma se opõe à ideia de que existem leis universais e absolutas. Fundamenta-se no relativismo cultural refutando as leis naturais, universais e transculturais.
Representa uma manifestação ideológica contra a história de abuso dos poderes religiosos e civis que apelaram pela prevalência de leis naturais usadas para reprimir minorias que se opunham a determinados regimes. Desta forma, as leis são determinadas a partir da negociação social evitando-se a arbitrariedade. Assim, nos libertamos de uma suposta natureza cega que respaldava os mandos e os desmandos das figuras autoritárias.
3. ÉTICA COMO INSTÂNCIA CRÍTICA A partir dos dois paradigmas anteriores, com as limitações apresentadas por ambos em relação à fundamentação ética das ações e relações, encontramos pistas importantes que nos orientam frente a novas possibilidades. ❢ Segundo Guareschi, a dimensão crítica da ética nos revela que esta não pode ser considerada como algo pronto ou acabado. Na verdade, a ética está sempre por se fazer, se reinventando. Ao mesmo tempo, ela está presente nas relações humanas existentes. Ao se atualizar, a ética padece de suas próprias contradições e por isso mesmo deve ser questionada e criticada. Ao falar de ética, não estamos fazendo referência a uma Moral. Ética não se refere a um conjunto de regras que determinam padrões de comportamento considerados como certo ou errado. Ética refere-se ao Ethos, como diria os existencialistas, “uma boa morada, ou seja, uma forma de habitar um mundo apontando para uma atitude de crítica permanente de nossa história de nossos valores. Ética é um conjunto de valores e princípios que usamos para decidir três coisas fundamentais: Quero? Devo? Posso? Tem uma tentativa de ser universal. Ex: Respeito à infância. Moral é a prática de uma Ética. Ética é o princípio, moral é a prática. A relação entre ética e paradigma nos conduz a uma discussão da própria função política da Psicologia Social contemporânea. Precisamos pensar o que somos e quais são os valores que caracterizam a história da atualidade. Na verdade, tais valores representam um determinado modo de subjetivação e perpassam os próprios paradigmas. Portanto, podemos afirmar que os paradigmas não são neutros, assim como também não podem ser considerados inofensivos. A NOÇÃO DE JUSTIÇA EM PSICOLOGIA SOCIAL A chamada Psicologia Social da justiça se preocupa em demonstrar o papel crucial que os sentimentos, os valores e as crenças têm sobre o que é justo ou injusto nas ações e relações humanas. Como poderíamos relacionar justiça e ética? JUSTIÇA Segundo Aristóteles, podemos afirmar que a justiça é a virtude central da ética, pois ela comanda os atos de todas as virtudes. É possível reconhecer a relação intrínseca entre essas duas concepções. O termo justiça vem de jus, que no latim quer dizer direito. “Alguém é justo quando estabelece relações com outros seres que sejam justos. Alguém sozinho não pode ser justo. Alguém sozinho pode ser alto, branco, simpático e etc., pois isso não implica relação, isto é, não implica em outros. Agora, justo, ele não consegue ser sozinho, pois a justiça, ou a injustiça, só entra em cena no momento em que alguém se relaciona com outros. Isso quer dizer que é só à relação que se pode aplicar o adjetivo justo”. Existe justiça quando os direitos das pessoas envolvidas são respeitados. Da mesma forma ocorre com a concepção de ética. Ao afirmar que ética é relação ou que ela só é aplicável às relações, isto quer dizer que ninguém é ético a partir de si mesmo. Portanto, as pessoas não são éticas como um adjetivo individual, a partir deste pensamento, a ética está nas relações com o outro e não no indivíduo. O estudo da justiça como fenômeno psicossocial, complexo e multifacetado, outorga significado a inúmeras manifestações grupais ou individuais marcando a vida das pessoas em sociedade. Os estudos sociopsicológicos vêm revelando que os julgamentos sobre o que é merecido; sobre deveres e direitos; sobre errado e certo, estão na base dos sentimentos e atitudes das pessoas em suas interações com os outros.
❢ O psicólogo social lida com a realidade social tal como ela é percebida pelos indivíduos que a integram. Assim sendo, a justiça não é encarada ou avaliada pelo cientista social como uma entidade abstrata, uma regra de conduta válida e correta em si mesma; em verdade, interessa saber como as pessoas interpretam as situações sociais em termos do que é justo e injusto. E assim, conferem-lhes significados cognitivos e afetivos respondendo de forma socialmente apropriada ou inapropriada. JUSTIÇA DISTRIBUTIVA Justiça das distribuições de recursos compreendidos como bens, salários, serviços, promoções, entre outros. A JUSTIÇA DISTRIBUTIVA ANALISA AS SITUAÇÕES SOCIAIS EM DOIS GRANDES GRUPOS
1. PERCEPÇÃO DE JUSTIÇA Pesquisa como as pessoas concebem a justiça e como decidem o que é uma justa distribuição de recursos, tanto para elas mesmas quanto para os outros ou entre ambos. Os esforços depositados pelos sujeitos em benefício das relações sociais podem ser concebidos como investimentos para os quais os indivíduos esperam algo em troca. ❢ As pessoas não participam em relações sociais sem alguma expectativa, considerando que o tempo o os recursos que foram investidos nessas relações tenham retorno de alguma maneira.
2. REAÇÃO À INJUSTIÇA Estuda como as pessoas se comportam diante de situações em que se reconhecem como injustamente tratadas por outros. Assume-se que os indivíduos exigem justiça nas suas relações sociais e essa percepção sobre justiça é obtida pela observação do que as outras pessoas obtêm de tais relações. Desta maneira, quando ha igualdade relativa entre resultados e investimentos da troca de ambas as partes é possível que resulte em satisfação. DUAS ABORDAGENS DENTRO DA JUSTIÇA DISTRIBUTIVA ABORDAGEM UNIDIMENSIONAL - TEORIA DA EQUIDADE Propõe que o justo é o proporcional. Assim, a justiça é feita sempre quando aquele que mais contribuiu para uma tarefa recebe uma recompensa maior do que aqueles que contribuíram menos. PRIMEIRA FORMULAÇÃO DA TEORIA DA EQUIDADE Foi realizada por Homans que, em 1974, apresentou o resultado de uma pesquisa que demonstra o funcionamento da regra da justiça distributiva. O resultado da pesquisa apontou para dois grupos de funcionários de um mesmo departamento. O primeiro percebia-se como injustamente remunerado ao se comparar ao outro grupo. Embora seu salário estivesse compatível com o mercado, e, portanto, justo em termos absolutos, esse grupo passou a reivindicar um aumento da sua remuneração. Este fato estava associado às caracteres que o outro grupo apresentava. Ele era menos exigido e precisava de menos experiência embora recebesse o mesmo salário. Este é o caso da privação relativa, a recompensa de um grupo está em desigualdade com a importância percebida de seus investimentos e custos, quando o sujeito se compara em relação aos outros. A relevância da contribuição ou investimento dos resultados é na verdade uma questão de percepção unicamente o próprio sujeito pode realmente dizer quanto de valor foi investido quanto de benefício foi obtido. As expectativas em relação aos resultados esperados dependem do valor que é atribuído às contribuições feitas pelo sujeito. Talvez, estas percepções estejam até distantes de realidade objetiva. É importante considerar o que cada indivíduo avalia sobre as contribuições dadas e os resultados alcançados, sendo que a comparação entre estes dois aspectos, resultados e contribuições, representa um elemento essencial para entender as relações dos sujeitos. ❢ A equidade existe quando a relação dos resultados das contribuições é equivalente para as duas pessoas envolvidas na troca. Um exemplo que ilustra esta troca está na relação entre empregado e empregador. Os empregados exibem satisfação no difícil trabalho realizado ainda que estejam recebendo muito pouco por isso, quando os seus colegas de trabalho estão nas mesmas condições.
Estudos de Adams Outra pesquisadora, Stacy Adams, desenvolveu e formalizou as ideias de Homans, ampliando o estudo da justiça distributiva ao enfocar as consequências da falta de equidade nos relacionamentos de troca. ❢ A partir dos desenvolvimentos de Stacy Adams podemos inferir a influência da Teoria da Dissonância Cognitiva de Festinger. ❢ Para Adams, a percepção de inequidade gera tensão de forma análoga a como a percepção de equidade gera satisfação. Esta tensão pode funcionar também como força motivadora para eliminar ou reduzir a injustiça percebida. PRINCIPAIS POSTULADOS DA TEORIA DA EQUIDADE 1. 2. 3. 4.
A percepção da falta de equidade cria tensão na pessoa; A quantidade de tensão é diretamente proporcional à extensão da percepção da não equidade; A tensão criada na pessoa irá motivá-lo a reduzir esta falta de equidade; A força da motivação para reduzir a falta de equidade é diretamente proporcional à percepção dessa falta de equidade.
Ainda sendo considerada como uma das mais bem desenvolvidas teorias da justiça, a Teoria da Equidade tem recebido diversas objeções por diferentes estudiosos do conceito e fenômeno da justiça. As críticas a esta teoria são de diversos tipos, envolvendo os processos gerais nos quais se fundamentam como os problemas teóricos que são encontrados na sua formulação. ABORDAGEM MULTIDIMENSIONAL Coexistência de múltiplas formas de se fazer justiça em certa distribuição de recurso, podendo cada uma delas ser igualmente justa em função do tipo de situação social envolvida. Segundo Aroldo, Assmar e Jablonski: “A concepção multidimensional de justiça resultou do movimento crítico surgido entre os psicólogos sociais diante da pressuposição de que a equidade seria o único princípio válido para a solução de problemas de justiça que permeiam a vida social. Ao longo da década de 1970, foi intensa a relação dos postulados teóricos e aos resultados empíricos que, até então, prevalecem na literatura especializada, sendo bastante significativa e produção científica que essa abordagem passou a representar como uma via teórica alternativa para o estudo e o conhecimento das questões de justiça que afetam o comportamento social”. ❢ Um grande representante desta abordagem é o pesquisador M. Deutsch. Segundo ele, o conceito de justiça está relacionado com a distribuição de condições e bens que influenciam o bem-estar de cada indivíduo. Podemos incluir aspectos psicológicos, filosóficos sociais e econômicos. Desta forma, o conceito de justiça está intimamente ligado, não só ao bem estar individual, mas também ao próprio funcionamento da sociedade. A partir dos estudos de sobre a fenomenologia da injustiça, podemos entender melhor as críticas que este autor faz os teóricos da equidade. Segundo Deutsch, a abordagem da justiça tem sido muito psicológica e insuficientemente sócio psicológica. Ele dá foco ao indivíduo, ao invés da interação social na qual a justiça emerge. Para ele a justiça nasce do conflito a partir do qual ela passa a ser negociada. ❢ No enfoque multidimensional de justiça são ampliadas as possibilidade de se fazer justiça além do emprego do princípio da equidade. Neste enfoque, partimos da regra de que outras normas de justiça podem construir os fundamentos para repartição de bens e condições sociais que vão além da norma da equidade. Tudo isto depende também da natureza das relações sociais e dos objetivos que os diferentes grupos sociais pretendem atingir.
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