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Escola Diaconal São Francisco de Assis -------- DIOCESE DE APUCARANA --------
CARTAS PAULINAS
Frei Ildo Perondi
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APRESENTAÇÃO Caros futuros Diáconos: Paz e Bem!
Esta é a Apostila do nosso Curso de “Cartas Paulinas”. Ela é um material introdutório e sempre incompleto, porém já tem um pouco de história. A primeira redação foi feita pelo Frei Cácio Roberto Petekov, Petekov , a partir das aulas do Pe. Fonsati, Fonsati, em Ponta Grossa. Depois disso fui fazendo vários acréscimos e mudanças, sobretudo lendo os livrinhos do José Bortolini da Coleção “Como “ Como Ler...” Ler...” da Paulus. E fui acrescentando outros dados a partir da leitura de outros livros, sobretudo o livro Lettere Paoline e altre lettere, lettere , de Alessandro de Alessandro Sacchi e collaboratori. collaboratori . A finalidade da apostila é sempre dar uma introdução, seja ao tema, como a cada uma das Cartas, sobretudo contextualizando cada escrito e dando informações sobre o ambiente da comunidade ou da pessoa que recebeu o escrito. As aulas levarão em conta o que apresentamos nesta apostila, mas vamos nos deter ao texto das cartas. É preciso ler Paulo! O que – devemos reconhecer – não é assim tão fácil. Paulo tem o auxílio dos secretários e utiliza um bom grego (vamos sofrer por não termos um bom conhecimento conhecimento da língua original). Além disso, para compreendermos toda a profundidade dos seus escritos precisamos conhecer e entender os termos que o Apóstolo usa e qual o sentido que dá a eles. Nosso método de estudo será contextualizar contextualizar o escrito e depois ler. Para ler o Apóstolo é preciso não ter pressa. Ler devagar, entender o significado de cada expressão. E vamos perceber a importância das pequenas palavras, sobretudo as preposições. São elas que indicam a relação entre um termo e outro que Paulo faz muito bem. Tenho certeza que o fato de ler Paulo apressadamente, é o que faz seus escritos muitas vezes parecer sem sentido e quase nunca comentados – apesar de presentes em nossa liturgia. É certo que diante de alguns escritos (Cl, Ef, 2Ts, 1 e 2 Tm e Tt) vamos nos defrontar com o problema da autenticidade autenticidade paulina ou não. Em geral preferimos adotar uma postura mais conservadora, mas sem excluir a opinião daqueles autores que possuem outra visão. O problema da autoria não será resolvido tão logo. Então neste curso, o mais importante é ler e estudar os textos inspirados e descobrir os seus conteúdos. Utilizaremos para o estudo a versão da Bíblia de Jerusalém. Porém, ainda que seja a melhor versão para estudo, ela é limitada. Ter outras versões, compará-las e confrontá-las, e (quando é possível) ir ao texto grego será uma maneira para entender melhor o texto e descobrir sua riqueza e conteúdo. As notas de rodapé da BJ são importantes, mas também limitadas. Por isso, as notas da Bíblia do Peregrino ajudam a completar esta deficiência. A vocês compete a missão de não querer esgotar Paulo num breve curso como este. Esta é apenas uma porta que se abre. Ler e reler estes escritos (muitos deles os primeiros textos do NT) ajuda a tirar aquela idéia equivocada tão mal difundida por alguns autores que qualificam o Apóstolo como duro, frio, machista, submisso ao império... (penso que leram mal seus escritos). Cabe a vocês continuar lendo e estudando e enriquecer esta apostila. Nós podemos dizer das Cartas o mesmo que o Apóstolo escreveu escreveu a respeito dos textos sagrados que tinha em mãos: “Tudo “ Tudo o que se escreveu no passado é para nosso ensinamento que foi escrito, a fim de que, pela perseverança e pela consolação que nos proporcionam as Escrituras, tenhamos a esperança” (Romanos 15,4). Que as Cartas de Paulo nos ensinem a conhecer melhor a mensagem de Deus! Que elas nos ajudem a sermos perseverantes sermos perseverantes nas dificuldades dificuldades que vamos encontrar em nossa caminhada! Que elas nos animem a sentir a consolação que Deus nos dá quando precisaremos de um ombro amigo. Mas, sobretudo, que estas Cartas alimentem a nossa esperança! esperança! É a esperança que nos ajuda a sermos melhores, a caminhar, a não desanimar e fazer de nossas comunidades lugar de encontro, de comunhão e de caridade como foram as comunidades que receberam estes textos do Apóstolo! A vocês: graça e paz! Que o Senhor nos abençoe e que tenhamos um Bom Curso!
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CARTAS PAULINAS 1. Introdução Nos escritos do NT encontramos vinte e uma Cartas. Treze delas são atribuídas ao Apóstolo Paulo (algumas tem sua autoria questionada, como veremos adiante), e outras são colocadas sob a autoridade de outras figuras significativas da Igreja primitiva: duas são de Pedro; três de João; uma de Tiago e uma de Judas. E temos a “Carta” aos Hebreus de um autor desconhecido e que erroneamente foi atribuída a Paulo. Para a fé cristã estes escritos têm uma grande importância, seja porque são “canônicos”, “canônicos”, seja porque deram origem à sucessiva reflexão teológica. Lendo as Cartas percebe-se logo que os autores manifestam um vivo testemunho da vida das primeiras comunidades. Estas Cartas enriquecem muito o quadro que obtemos do livro dos Atos dos Apóstolos, composto no final do I século. As Cartas Paulinas são uma reflexão teológica teológica ou pastoral num segundo momento (com exceção da Carta aos Romanos). Antes disso, houve o trabalho missionário de fundar e organizar as comunidades. É certo que o número de comunidades fundadas pelo Apóstolo Paulo e seus companheiros foi muito maior daquelas que receberam alguma Carta. Outra constatação importante importante é que não foi possível conservar todos os escritos paulinos. Algumas cartas se perderam e não estão no cânon bíblico. Antes do estudo propriamente dito das Cartas Paulinas, vamos conhecer um pouco melhor a figura do seu autor. Sem conhecê-lo bem, é também sempre mais difícil entender toda a riqueza da sua mensagem. O ambiente e o contexto de cada uma das comunidades será conhecido por ocasião do estudo particular de cada Carta.
2. Paulo de Tarso O Apóstolo Paulo nasceu entre os anos 5 e 10 dC, na cidade de Tarso da Cilicia (At 9,11; 21,39; 22,3). Era filho de judeus, da tribo de Benjamin e como era o costume foi circuncidado ao oitavo dia. São Jerônimo informa que seus pais eram de Giscala, na Galiléia. Paulo cresceu seguindo a mais perfeita tradição judaica (Fl 3,5). Tinha uma irmã e um sobrinho que moravam em Jerusalém (At 23,16). Sua profissão era artesão, fabricante de tendas (cf. At 18,3). O seu estado civil também é um tanto incerto, ainda que na maioria das vezes se afirme que era solteiro. De fato, em 1Cor 7,8 ele escreve “ Aos “ Aos solteiros e ás viúvas, digo que seria melhor que ficassem como eu ”. Mas em 1Cor 9,6 ele escreve “ Não “ Não temos o direito de levar conosco nas viagens uma mulher cristã, como fazem os outros Apóstolos e os irmãos do Senhor e Pedro?”. Pedro?”. Ainda jovem foi para Jerusalém e, na escola de Gamaliel, se especializou no conhecimento da sua religião. Tornou-se fariseu, ou seja, especialista rigoroso e irrepreensível no cumprimento de toda a Lei e seus pormenores (At 22,3). Cheio de zelo pela religião, começou a perseguir os cristãos (Fl 3,6; At 22,4s; 26,9-12; Gl 1,13). Esteve presente no martírio de Estevão, cujos mantos foram depositados aos seus pés (At 7,58). Continuou perseguindo a Igreja (At 8,1-4; 9,1-2) até que se encontrou com o Senhor na estrada de Damasco (At 9,319). A experiência de Jesus mudou completamente a sua vida. De perseguidor passou a ser o anunciador até a sua morte, provavelmente em 68 dC. Na sua primeira missão apostólica, entre os anos 45 e 49, anunciando o Evangelho em Chipre, Panfilia, Pisidia e Lacaônia (At 13-14), passou a usar o nome grego de Paulo de preferência a Saulo 1, seu nome judaico (At 13,9). Era um homem bem preparado, além de conhecer bem a sua religião (o que pode ser comprovado pelas muitas citações ao AT), possuía boas noções de filosofia e das religiões gregas do seu tempo. Em Tarso, sua cidade natal, havia escolas filosóficas (dos estóicos e cínicos) e também escolas de educadores. Ali nasceu Atenodoro, professor e amigo do imperador Augusto. Paulo algumas vezes utiliza frases desse
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16,37s; 22,25-28; 23,27). Embora não mencione isso em suas Cartas, como se o desprezasse, pois para ele a verdadeira cidadania é outra (Fl 3,20). Porém, ele soube tirar proveito desse título, bem como de toda a bagagem cultural adquirida, para conduzir todos a Jesus (1Cor 9,19-22). Lendo as Cartas percebemos o caráter do Apóstolo: às vezes muito meigo e carinhoso; às vezes, severo. Não abria mão das suas idéias e ameaçava com castigos. Escrevendo às comunidades comparava-se comparava-se à mãe que acaricia os filhinhos e era capaz de dar a vida por eles (1Ts 2,7-8). Sentia pelos fiéis as dores do parto (Gl 4,19). Amava-os, e por isso se sacrificava ao máximo por eles (2Cor 12,15). Mas era também pai que educava (1Ts 2,11), que gerava as pessoas, por meio do Evangelho, à vida nova (1Cor 4,15). Sentia, pelas comunidades comunidades que fundou, o ciúme de Deus (2Cor 11,2), temendo que elas perdessem a fé. Quando se fazia necessário, exigia obediência (1Cor 4,21). Muitas vezes Paulo é apresentado como alguém distante do povo e das suas comunidades, incapaz de manifestar sentimentos, indiferente ao drama das pessoas, anti-feminista, moralista e assim por diante. Os que vêem Paulo com esses olhos esquecem-se de suas viagens, cadeias, sofrimentos, perigos e, sobret sobretudo udo,, sua sua paixã paixãoo por Jesus Jesus e pelo pelo povo povo 2. Era capaz de amar todos os membros de todas as comunidades, comunidades, sem distinção, distinção, chamando-os de “queridos” e “amados” ou “irmãos”. Queria que todos fossem fiéis a Deus. Assim se tornariam seus filhos, como por exemplo, era Timóteo (1Cor 4,17). É interessante ler as suas Cartas e anotar com quanta freqüência ele usava expressões, tais como: tudo, todo, sempre, continuamente, sem cessar, etc., e com elas expressar sua constante preocupação para com todos. E basta uma leitura mais cautelosa das suas Cartas para descobrir que Paulo não é assim tão insensível insensível e que todo o seu apostolado vem carregado de sentimentos. “ Nós “ Nós vos falamos com toda liberdade, ó Coríntios, o nosso coração se dilatou. Não é estreito o lugar que ocupais em nós, mas é em vossos corações que estais na estreiteza. Pagai-nos com igual retribuição; falo-vos como a filhos: dilatai também vossos corações! ” (2Cor 6,11-13). Encont Encontrou rou dific dificuld uldade ade para para ser ser aceit aceitoo como como Apósto Apóstolo. lo. As suspe suspeit itas as vin vinham ham do fato fato ser um perseguidor e sobretudo porque não foi escolhido pessoalmente por Jesus. Quatorze anos após a sua conversão, subiu a Jerusalém, para o Concílio, onde defendeu a não circuncisão para os pagãos. Ele mesmo se defendeu das acusações (Gl 1,12, 2Cor 9,2-3; 12,1-4). Para ele, anunciar o Evangelho era uma obrigação: “ Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho! ” (cf. 1Cor 9,15-17). Em sua incansável missão de anunciar o Evangelho Paulo sofreu muito, mas não desistiu. Ele mesmo relata algumas das situações difíceis que passou: “ Muitas vezes, vi-me em perigo de morte. Dos judeus recebi cinco vezes os quarenta golpes menos um. Três vezes fui flagelado. Uma vez apedrejado. Três vezes naufraguei. Passei um dia e uma noite em alto-mar. Fiz numerosas viagens. Sofri perigos nos rios, perigo dos ladrões, perigos por parte de meus irmãos de estirpe, perigos dos gentios, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos dos falsos irmãos! Mais ainda: fadigas e duros trabalhos, numerosas vigílias, fome e sede, múltiplos jejuns, frio e nudez! ” (2Cor 11,23b-27). Teve que lutar contra os falsos missionários (cf. 2Cor 10-12) que anunciavam um Evangelho fácil, que fugiam da humilhação e da tribulação. Anunciavam um Jesus sem a cruz. Paulo anunciava o Jesus Crucificado, ainda que isso isso fosse fosse escândalo escândalo (1Cor 1,23) 3. Porém a cruz não era o fim. O mesmo Jesus da cruz é também o Jesus Ressuscitado Ressuscitado (1Cor 15).
3. Paulo e os Atos dos Apóstolos Se Lucas, na segunda parte dos Atos (16-28), fala unicamente da atividade do Apóstolo Paulo, isso não significa que ele tenha sido o único. Paulo tornou-se o símbolo de todos os missionários que souberam levar a Boa Nova de Jesus Cristo pelo mundo afora. E Paulo sozinho não teria atingido seu êxito, se não fosse a grande ajuda de tantas pessoas que com ele abraçaram a fé, que o acolhiam em suas casas (At 16,15.34; 18,3.7) ou que contribuíram com alguma ajuda para as suas necessidades (Fl 4,15-16; 2Cor 11,9). Também é importante notar que nem sempre podemos ficar somente com as informações históricas que Lucas nos dá sobre Paulo. Alguns estudiosos simplesmente as ignoram, já que lendo os Atos se
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Os Atos dos Apóstolos foram escritos cerca de 15 anos após a morte do Apóstolo. Como se sabe, Paulo não era muito bem aceito em certos grupos cristãos. Lucas tentou resgatar a imagem e o trabalho evangelizador do Apóstolo. Paulo é, para Lucas, a figura ideal para representar o caminho do discípulo na história. Um caminho feito de testemunhos em meio aos conflitos. Mostra que o caminho do discípulo não é diferente do caminho do Mestre (cf. o Evangelho de Lucas). Por isso, serve-se de alguns (não todos) os fatos marcantes da vida de Paulo, apresentando-os a seu modo e segundo sua visão. A estrutura dos Atos dos Apóstolos muitas vezes coincide com a do Evangelho de Lucas. Nem sempre os Atos e as Cartas coincidem nas informações. E nesses casos, devemos dar mais crédito às Cartas. Dois exemplos comprovam isso 4. Comparando At 17,17 e 18,5 com 1Ts 3,1a.6a. Lucas afirma que “ Enquanto Paulo esperava em Atenas, ficou revoltado ao ver a cidade cheia de ídolos... Quan Quando do Sila Silass e Timó Timóte teoo cheg chegar aram am da Ma Mace cedô dôni nia, a, Paul Pauloo se dedi dedico couu inte inteir iram amen ente te à Pala Palavr vra, a, testemunhando diante dos judeus que Jesus era o Messias ”. Paulo contudo, tem outra versão: “ Assim, “ Assim, não mais podendo agüentar; resolvemos ficar sozinhos em Atenas, e enviamos a vocês Timóteo... Agora, Timóteo acaba de chegar da visita que fez a vocês, trazendo boas notícias sobre a fé e o amor de vocês ”. A comparação mostra claramente a diferença. De acordo com os Atos, Paulo estava sozinho em Atenas. Quando os dois companheiros chegam, Paulo já está em Corinto. De acordo com a 1Ts, Paulo e Silas ficam sozinhos em Atenas e Timóteo vai e volta sozinho de Tessalônica. Evidentemente deve-se dar crédito à versão de Paulo. Outro exemplo vem de 2Cor 11,24-25, em que Paulo afirma: “ dos judeus recebi cinco vezes os quarenta golpes menos um. Fui flagelado três vezes; uma vez fui apedrejado; apedrejado; três vezes naufraguei; passei ”. Olhando para o que Lucas diz de Paulo nos Atos, podemos perguntar: um dia e uma noite em alto-mar ”. Onde estão as referèncias às cinco vezes em que Paulo afirma ter sido punido com as 39 pauladas? Lucas ignora completamente as 195 chicotadas que Paulo recebeu. E onde os Atos falam de flagelações? Lucas contenta-se em narrar uma (At 16,22-23), omitindo as demais. Por quê? Certamente porque em seus planos.bastava narrar uma flagelação. Nos Atos não se mencionam as três flagelações. Também Lucas narra somente o grande naufrágio da quarta viagem (na qual talvez estava presente). E lembramos que quando Paulo escreve suas Cartas ainda estamos na terceira viagem. E mesmo assim garante ter passado 24 horas em alto-mar. O certo, porém, é que a vida e obra de São Paulo são bem maiores do que aquilo que nos relatam os Atos e as Cartas.
4. Paulo e Jesus Paulo seguramente não viu o Jesus histórico e nem ouviu sua voz e suas palavras. Teve uma forte experiência experiência do Cristo Ressuscitado (At 9,3-9; 1Cor 15,8). Alguns não queriam reconhecê-lo como Apóstolo pelo fato de não ter sido um dos Doze Apóstolos e de não ter sido escolhido por Jesus e de não ter vivido com Ele. Alguns textos das Cartas dão margem a interpretações diferentes. Por exemplo, em 2Cor 5,16b ele escreve: “Mesmo “Mesmo que tenhamos conhecido Cristo segundo as aparências, agora já não o conhecemos assim”. assim”. Outro texto como 2Cor 12,1-6 poderia induzir que Paulo estivesse em Jerusalém por ocasião da Paixão do Senhor. Há outros que pensam que Paulo fazia parte do Sinédrio 5 e que tenha votado pela condenação de Jesus, a partir da expressão “ dei meu voto” voto” (cf. At 26,10). Porém, a maioria dos autores segue a linha de que Paulo de fato não conheceu pessoalmente Jesus e não teve contato com ele. O Apóstolo não tinha ainda em mãos os evangelhos escritos. Ele os trazia impressos na sua carne, marcada por toda sorte de sofrimentos (1Cor 11,21-29), a ponto de estar crucificado com Cristo (Gl 2,19), trazendo em seu corpo as marcas da paixão de Jesus (2Cor 4,10; Gl 6,17), e completando, no seu corpo, o que faltava das tribulações de Cristo (Cl 1,24). Assim ele podia dizer que “ já “ já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” mim ” (Gl 2,20). Pelos escritos do Apóstolo Paulo, nós verificamos também algumas diferenças entre o seu modo de anunciar e o modo como Jesus anuncia. Jesus anunciou a sua mensagem praticamente aos judeus, da
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da sua vida, onde sofreu a sua paixão. Jesus falava em aramaico e anunciava o reino em parábolas, criadas a partir da observação atenta da vida simples do povo da roça e das aldeias. Paulo, ao contrário, embora também soubesse falar o aramaico, anunciou e escreveu em grego, porque seus ouvintes eram judeus da diáspora e pagãos que falavam a língua oficial da época. Paulo também era um bom observador da vida cotidiana, porém usava as imagens sobretudo da vida e da cultura urbana, das grandes cidades. Ele falava do atletismo, dos esportes, da construção civil, das paradas militares, das lutas nos estádios, da vida dos soldados, etc. 6 Por isso, tentava inculturar a mensagem de Jesus de Nazaré (que viveu a maior parte do tempo na Galiléia) para o universo da cultura grega.
5. A “conversão” Os Atos relatam três vezes a conversão de Paulo, e as versões nem sempre são iguais. Antes, os relatos se complementam e se justificam. A primeira vez (At 9,1-25) insere-se no contexto do martírio de Estêvão e de outras conversões. Encaixa-se entre a conversão do eunuco etíope (8,26-40) e a de Cornélio (10,1–11,18). A segunda vez o relato é feito aos judeus (22,1-21). E a terceira vez (26,1-23) é narrada diante das autoridades políticas (judeus e não-cristãos). No plano de Lucas os três relatos da conversão de Paulo seriam uma espécie de proclamação universal: aos cristãos, aos judeus e aos não-judeus. Lucas pode querer mostrar o universalismo universalismo da mensagem de Paulo. O evento de Damasco, historicamente historicamente foi sempre conhecido como “conversão de São Paulo” (temos ( temos inclusive a festa no dia 25 de janeiro). Porém, Paulo não utiliza nunca a palavra “ metanóia”. metanóia ”. Também o que aconteceu com Paulo não segue o sentido que no AT os Profetas davam ao termo: “voltar”; “retornar”. Paulo não retornou ao farisaísmo. Ao contrário ele abandona o rigor da Lei. Sabemos que Paulo havia se tornado um fariseu sem reprovação (Fl 3,6b). Era o máximo que um fariseu poderia alcançar, ser chamado de “irrepreensível”, isto é, que observasse toda a Lei, seguramente também que cumprisse os 613 preceitos 7. Os fariseus ( = separados) de fato acreditavam que o Messias viria quando todo o povo cumprisse a Lei fielmente, por isso consideravam o “povo da terra” e da Galiléia uns “malditos” porque não cumpriam a Lei (cf. Jo 7,49). Portanto, o que Paulo faz é “encontrar” o verdadeiro caminho; encontrar-se com o Senhor. Depois da experiência no caminho de Damasco, ele volta a estudar tudo o que tinha aprendido e se dedica a conhecer a mensagem de Jesus. Alguns estudiosos entendem que este foi um longo processo até abraçar de vez o seguimento de Jesus Cristo e tornar-se o grande evangelizador.
6. Um missionário que escreve cartas às suas Igrejas O grande carisma de Paulo é ser missionário. Depois de ter fundado as florescentes comunidades cristãs no mundo helenístico, ele não as deixou privadas de assistência, mas as acompanhou com a sua guia pastoral: a “preocupação por todas as Igrejas” representa, como ele mesmo afirmava, a sua “preocupação quotidiana” (2Cor 11,28). E para manter os contatos com essas comunidades, para ajudá-las a resolver os seus problemas e para rendê-las mais eficazes no seu testemunho ao mundo circunstante, Paulo se tornou escritor: as suas cartas nasceram da missão e em vista da missão. Paulo conhecia o bom funcionamento do correio do império romano e soube fazer deste meio, um instrumento de evangelização. Foi assim, sem saber e sem querer, o primeiro grande escritor do Novo Testamento. As Cart Cartas as fora foram m escr escrit itas as em funç função ão da situ situaç ação ão conc concre reta ta das das comu comuni nida dade des. s. O Após Apósto tolo lo acompanhava o crescimento das mesmas, com todos os seus problemas e dificuldades. Por isso, também a sua leitura hoje deve levar em conta a situação específica da comunidade à qual foi destinada cada uma delas. O seu modo de ser missionário também é diferente da mentalidade grega da época. Paulo trabalhava trabalhava
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Numa sociedade onde em algumas grandes cidades até dois terços da população era escrava, Paulo encontrou seu lugar social entre os trabalhadores trabalhadores empobrecidos, ainda que pudesse fazer valer seus direitos de Apóstolo e fundador de comunidades (1Cor 9,1-18; 2Cor 11,7-12).
7. O Epistolário Paulino O conjunto das Cartas Paulinas compreende um total de treze Cartas que reivindicam a paternidade do Apóstolo Paulo. A ordem em que se encontram no cânon bíblico não reflete a data em que foram escritas, mas foram organizadas segundo a sua extensão. Alguns procuram agrupar as Cartas do seguinte modo: a) Cartas maiores: Romanos, 1-2 Coríntios, Gálatas e 1-2 Tessalonicenses. b) Cartas da prisão: Efésios, Filipenses, Filipenses, Colossenses e Filemon. c) Cartas pastorais: 1-2 Timóteo e Tito. Outra classificação pode ser feita a partir da possível autoria das mesmas: Cartas Proto-Paulinas: Proto-Paulinas: que seguramente são autênticas, autênticas, isto é, que são de autoria do Apóstolo Paulo, e que são aceitas por todos os estudiosos: Romanos, 1-2 Coríntios, Gálatas, Filipenses, 1 Tessalonicenses Tessalonicenses e Filemon. Cartas Deutero-Paulinas: são aquelas cuja autenticidade não é segura ou é negada por um certo número de estudiosos: Efésios, Colossenses e 2 Tessalonicenses. Trito-Paulinas: 1-2 Timóteo e Tito. Essas dificilmente seriam do Apóstolo Paulo, pois usam uma linguagem diversa e tratam de problemas que existiam nas comunidades no final do I século. É certo que algumas Cartas de Paulo foram perdidas. Em 1Cor 5,9 já se fala de uma Primeira Carta aos Coríntios. Em Cl 4,16, Paulo se refere a uma Carta escrita aos cristãos de Laodicéia. E temos ainda a famosa “Cartas em lágrimas” aos Coríntios (2Cor 2,4). Alguns estudiosos afirmam que a Carta aos Filipenses é um conjunto de vários bilhetes. E também que a 2Cor é um ajuntamento de várias cartas, enviadas em datas diferentes. As Cartas não foram escritas do próprio punho pelo Apóstolo. Ele as ditava (cf. Rm 16,22) e às vezes assinava (cf. Gl 6,11). Talvez a carta a Filemon tenha sido o único escrito com sua própria mão.
8. O estilo e linguajar das Cartas Paulinas Em Tarso havia o comércio de escravos, que Paulo deveria conhecer bem, pois usa essa imagem para falar da morte e ressurreição de Jesus (1Cor 6,20; 7,21-25). E várias vezes ele usa a imagem da “compra e resgate” para ilustrar a ação de Jesus em favor dos cristãos. Também havia uma ambiente cultural muito grande: arte, arquitetura, esportes, etc., e que Paulo conhecia muito bem, basta ver como usa seus conceitos para elaborar suas metáforas, como por exemplo a questão da “parada militar”. Em suas Cartas encontramos vários hinos (1Cor 13; Fl 2,5-11; etc.) que podem ser provenientes provenientes das comunidades onde Paulo evangelizava e que talvez não sejam de sua autoria, e que eram usados nas
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Ano 49: Em Jerusalém para o “Primeiro Concílio” Concílio” da Igreja (At 15,1-35). Anos 49 a 52: Segunda viagem missionária. Anos 53 a 58: Terceira viagem missionária. Anos 59 a 62: Quarta viagem missionária. Ano 68: Morre mártir em Roma.
10. As etapas da história Para compreender as Cartas Paulinas é importante situá-las no seu contexto histórico. A história das primeiras comunidades comunidades do NT pode ser dividida em três grandes partes 9:
Dos anos 30 a 40 Dos anos 40 a 70 Dos anos 70 a 100 O anúncio do Evangelho entre A expa expans nsão ão Miss Missio ioná nári riaa no Organ Organiza ização ção e consol consolida idaçã çãoo os judeus mundo grego das comunidades a) Dos anos 30 a 40 É um período curto de apenas dez anos. O ponto de partida é a manifestação de Pentecostes Pentecostes (At 2,136) que gera o anúncio da Boa nova por toda a Palestina (At 2,41.47; 4,4; 5,14; 6,7; 9;31). Este período é também chamado “Movimento de Jesus”. Este período termina com a crise provocada pela política do imperador Calígula Calígula (37-41) e pela perseguição dos cristãos por parte do rei Herodes Agripa (41-44) 10. Neste período a maioria dos cristãos era formada por judeus convertidos. Fundavam comunidades ao redor das sinagogas, à margem do judaísmo oficial. O seu crescimento obrigou-os a criar novas formas de organização, como por exemplo, a escolha de novos animadores, animadores, chamados diáconos (At 6,2-6). O objeto da pregação era o anúncio da chegada do reino (Mt 10,6) e a Morte e Ressurreição de Jesus (At 2,23–3,6; 3,14-15; 4,10-12). Os evangelhos ainda não tinham sido escritos. E por isso eles liam o AT a partir do evento Jesus Cristo e repetiam os ditos e feitos de Jesus a partir do testemunho dado por aqueles que tinham visto e ouvido Jesus Cristo. Já neste período aparecia a primeira divergência entre os cristãos judeus. Havia um grupo mais ligado a Estevão, que buscava uma abertura aos judeus da diáspora e ao helenismo (At 7,1-53). De outro lado havia o grupo ao redor de Tiago, ligado aos judeus da Palestina, que defendia uma fidelidade à Lei de Moisés e à “Tradição dos Antigos” (Mc 7,5; Gl 1,14). Na primeira perseguição só os cristãos ligados ao grupo de Estêvão foram perseguidos (At 8,1). Porém, na segunda perseguição, aquela de Herodes Agripa (At 12,1-3), todos os grupos cristãos eram alvo da repressão. Esta perseguição aos cristãos, na Palestina, teve como conseqüência a missão para fora do território judeu. Paulo e Barnabé, seguindo a linha de Estêvão, estavam entre esses missionários que foram pelo mundo para formar novas comunidades.
b) Dos anos 40 a 70 A perseguição, o desejo missionário e a vontade de anunciar a boa nova a “toda a criatura” (Mc 16,15) levou os cristãos para fora da Palestina. Nesses trinta anos o Evangelho se expandiu por todo o
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→ Da cultura judaica
→ para a cultura grega (helenismo)
→ Da realidade rural
→ para a realidade urbana
→ Das Das comu comuni nida dade dess ao ao redo redorr das das sina sinaggoga ogas
→ para para comu comuni nida dade dess ao ao red redor or das das cas casas as ( oikó j) nas periferias das gran randes des cidade dadess da Ási Ásia e da Euro Europpa.
Estas passagens foram marcadas profundamente pela mudança de mentalidade e pela tensão entre os cristãos vindos do judaísmo e os novos cristãos que vinham de outras culturas (At 15; Gl 2). Foi um doloroso processo de conversão com muitos conflitos ao interno do próprio cristianismo. Imaginamos a dificuldade dos cristãos judeus, formados dentro da visão judaica da Lei, e que deviam abrir-se para uma visão universal de Deus. A passagem da visão de um povo eleito, privilegiado por Deus entre todos os povos para a certeza de que em Cristo todos os povos faziam parte de um único povo (multirracial e pluricultural) pluricultural) diante de Deus (Ef 2,17-18; 3,6). As comunidades que surgiam, pequenas pequenas e frágeis, levavam a sério a mensagem de Jesus. E foram os outros a reconhecer isso. Em Antioquia, para distingui-los, deram a eles o nome de Cristãos (At 11,26). E começaram assim a adquirir a sua própria identidade. Os Atos dos Apóstolos relatam a beleza e o vigor dessas primeiras comunidades (At 2,42-47; 4,32-37). Mas a dificuldade nossa hoje é que não temos as notícias de todas as primeiras comunidades. Os Atos e as Cartas relatam basicamente a missão do Apóstolo Paulo e das comunidades surgidas através da sua missão. Quase nada sabemos do trabalho de outros missionários, das comunidades espalhadas pelo norte da África, na Itália e pelas outras regiões e que estavam presentes no dia de Pentecostes (At 2,9-10). Pouco sabemos também das comunidades da Síria e da Arábia, cujo centro era Antioquia. A comunidade de Antioquia chegou a competir em autoridade e influência com a de Jerusalém. Foi desta comunidade que Paulo partiu para as suas viagens missionárias, e onde viveu muito tempo.
c) Dos anos 70 a 100 Alguns fatos políticos políticos ajudam a entender esta terceira fase da história. A ascensão de Nero ao poder do império romano, com a perseguição aos cristãos, o martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo. O massacre aos judeus, sobretudo no Egito (66 dC) e a revolução judaica na Palestina, iniciada no ano 68 dC e que levou à brutal destruição de Jerusalém no ano 70. As comunidades cristãs ainda eram pequenas e sem influência, influência, e por isso se tornaram alvos fáceis da perseguição romana. Por outro lado, a destruição de Jerusalém e o fim do estado judaico e das suas instituições instituições religiosas, provocou a separação definitiva entre cristãos e judeus. Tornaram-se duas religiões distintas, inimigas entre si, que se excomungavam mutuamente. E foi também o período do surgimento de muitas religiões e doutrinas gnósticas gnósticas e mistéricas, mistéricas, que começavam a invadir o império romano. Elas penetraram também nas comunidades cristãs e provocaram novos conflitos e tensões. No final do século I os cristãos foram perseguidos pelo imperador Domiciano. O cristianismo foi declarado religião não-lícita pelo império.
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1 e 2 TESSALONICENSES 1. A cidade de Tessalônica Tessalônica foi fundada em 315 aC por Cassandro, general de Alexandre Magno, no lugar de uma antiga vila chamada Thermas. Para habitar a nova cidade, Cassandro transferiu a população de muitas pequenas vilas do Golfo Termaico. A nova cidade recebeu o nome em homenagem à sua mulher, Thessalonike, irmã de Alexandre Magno, portanto, filha de Felipe II da Macedônia. Thessalonike tinha nascido no dia da vitória de seu pai sobre os tessálios em 353 aC. Tessalônica, de fato, significa “vitória dos tessálios”. tessálios” . A cidade de Tessalônica ocupava um lugar privilegiado e estratégico no mar Egeu. Estava situada no fértil vale do rio Vadar, protegida ao norte pelas montanhas montanhas Khortiatis e aberta ao sul para o golfo Termaico. Seu porto era um dos mais movimentados do mar Egeu. Distava 150 km de Filipos pela via Egnatia que colocava em contato com a região do Épiro de um lado e com o Bósforo de outro. Na época de Paulo era, no dizer de Strabão, “ a metrópole da Macedônia - a mais populosa cidade”. cidade ”. O escritor romano Cícero, que se exilou ali de maio a novembro de 58, escreveu: “ Tessalônica está situada no meio do nosso império” império ” (as Atticum 3,19). O poeta Antípatro (50 aC - 25 dC) nela nascido, a celebra como “Mãe “Mãe de toda a Macedônia”. Macedônia ”. Em 168 aC, os romanos conquistaram a Macedônia e a transformaram em Província Romana. Em 146 aC, Tessalônica tornou-se a capital da Província Imperial da Macedônia. Nela, morava, o procônsul romano, representante do imperador. Após a batalha de Filipos em 42 aC, obteve de Augusto o título de “ cidade livre”. livre”. Era administrada por uma assembléia popular eleita anualmente pela população e por magistrados chamados chamados “polita “politarcos” rcos”.. Como era costume costume na época, época, somente somente os cidadãos cidadãos nascidos nascidos em Tessalôn Tessalônica ica tomavam parte na vida democrática da cidade. Os pobres, escravos, libertos e estrangeiros domiciliados (metecos) estavam excluídos da organização da cidade. No tempo de Paulo, Tessalônica era uma cidade de segunda grandeza no império, pouco menor que Alexandria do Egito, Antioquia da Síria, Corinto, Éfeso, Cartago e Lião nas Gálias. Sua população era formada por grande número de romanos e gregos, e caracterizada por fortes contrastes políticos-sociais. políticos-sociais. De um lado os comerciantes comerciantes e armadores vindos de todas as partes do império, com todos os direitos e de outro a grande massa de pobres. Os escravos eram quase a metade da população. Havia também uma numerosa e influente colônia judia, com sua própria organização, com sinagoga, tribunal e cons consel elho ho de anci ancião ãoss e o priv privil ilég égio io de “rel “relig igiã iãoo lí líci cita ta”. ”. No camp campoo reli religi gios oso, o, havi haviaa em Tess Tessal alôn ônic ica, a, como nas outra grandes cidades do Império Romano, um grande sincretismo religioso. religioso. A deusa principal da cidade era Nike – a deusa da vitória. Havia ainda templos dedicados dedicados a Zeus ou Júpiter – pai de todos os deuses; Netuno ou Posseidon Posseidon – deus do mar; Ísis e Osíres – deuses do Egito e outros. Um dos principais cultos era o de Dionísio – Baco, um dos cultos de mistério com fortes ligações com a vida pós-morte. De fato, uma das tribos deslocadas por Cassandro na fundação de Tessalônica, chamava-se Tribos Dionisias. As moedas da cidade traziam a esfinge desse deus. O culto do imperador também ocupava um lugar importante. Tessalônica se orgulhava com o título de Neókoros, Neókoros, concedido somente às cidades que tinham permissão de construir templos ao imperador. O culto
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Como era seu costume, Paulo dirigiu-se, em primeiro lugar, aos judeus e por três sábados ensinou na sinagoga (At 17,2). Sua pregação teve certo sucesso (At 17,4). Mas uma insurreição de judeus invejosos invejosos (At 17,5-10) obrigou Paulo e seus companheiros a abandonar a cidade, indo para Beréia (At 17–10 ) e depois para Atenas (At 17,15ss). De Atenas, Paulo enviou Timóteo a Tessalônica (lTs 3,1) para sustentar a jovem Igreja. Parece que era desejo seu ir pessoalmente à Tessalônica, outra vez. Mas algo que desconhecemos atrapalhou seus planos. Durante sua permanência em Tessalônica, os judeus, provavelmente incitaram os pagãos contra Paulo e contra os neo-convertidos. Sua partida da cidade não foi suficiente para serenar os ânimos. Os cristãos eram ainda objeto de calúnias por parte dos judeus (lTs 3,6-10). Assim na impossibilidade de ir pessoalmente, Paulo enviou Timóteo. Nesse ínterim, Paulo partiu de Atenas, onde sua mensagem não foi bem recebida, para Corinto, onde Timóteo o encontrara no seu regresso de Tessalônica.
3. As Cartas Segundo At 18,5 e lTs 3,6 as duas cartas foram escritas durante a permanência de Paulo em Corinto, pelo ano 50/51, durante a sua segunda viagem missionária. a) A primeira carta é fruto da descrição, feita por Timóteo, da situação da jovem Igreja. Esta Carta não é somente a primeira em ordem de tempo, mas também o primeiro escrito do Novo Testamento. No que se refere ao essencial da vida cristã, as notícias eram boas. Os cristãos de Tessalônica permaneciam firmes na fé, esperança e caridade. Sua fé tinha sido aprofundada por causa das dificuldades dificuldades e das provas encontradas (cf. lTs 1,3; 3,6-8). No entanto, a comunidade não tinha entendido bem a doutrina sobre a Parusia, e se preocupava pela sorte de seus membros mortos antes da vinda de Cristo (4,13). Isso gerava desvios morais, angústias, tristezas e até ociosidade. Assim a carta de Paulo tem duplo objetivo: - um encorajamento encorajamento da fé dos cristãos e uma ação de graças por sua operosidade (1–3); - corrigir os desvios que surgiram na comunidade, comunidade, sobretudo no que se refere à sorte dos mortos na ressurreição e sobre a segunda vinda de Cristo (4,13–5,10). b) Os estudiosos que defendem que a segunda carta também é de autoria do Apóstolo Paulo, afirmam que ela foi escrita, provavelmente, alguns meses depois da primeira Carta e praticamente tem o mesmo objetivo. Talvez as palavras de Paulo “ nós os que estivermos vivos... ” em lTs 4,15 tenham motivado ainda mais a preocupação de uma parusia iminente. O Apóstolo procura desfazer tais idéias descrevendo os sinais que precederão a vinda de Cristo (2,1-12) e exortando todos a se dedicarem ao trabalho (3,10-12).
4. Estrutura das Cartas a) 1 Tessalonicenses – É dividida em duas partes:
1,1
E NDEREÇO
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É uma grande ação de graças pela realidade da Igreja de Tessalônica. É quase uma crônica emocionante, mas cheia de gratidão a Deus. Paulo lembra a sua expulsão de Filipos, o encontro com os tessalonicenses, a acolhida do anuncio do Evangelho, o período transcorrido na cidade, as dificuldades suas e dos cristãos, a viagem de Timóteo e as boas notícias recebidas. E termina com uma oração para que Senhor faça crescer sempre mais os tessalonicenses no amor e na conduta irreprovável.
4,1 – 5,22
5,23-28
2 ª PARTE: EXORTAÇÕES E VÁRIOS ENSINAMENTOS: 4,1-2 Introdução 4,3-8 → a busca da santidade no amor; 4,9-12 → o amor fraterno; 4,13-18 → o destino daqueles que morreram; 5,1-11 → os tempos e o momento do fim; 5,12-13 → os responsáveis responsáveis da comunidade; comunidade; 5,14-22 → exortações conclusivas. CONCLUSÃO
Na primeira parte se nota a presença do binômio “nós-vós”. “nós-vós”. O “nós” dos missionários e o “vós” dos tessalonicenses. tessalonicenses. Isso mostra a indiscutível indiscutível comunhão que unia Paulo e seus companheiros à comunidade de Tessalônica. O nexo dessa união é a aceitação do anúncio de Jesus morto e ressuscitado. A participação nesse fato cria a união entre os evangelizadores e os evangelizados. Essa união se dá pela palavra acolhida e anunciada, a mesma fé e esperança. Nasce assim uma nova união. Basta notar o freqüente uso do termo “irmãos” na carta (14 vezes). Na segunda parte, prevalece os motivos de exortação, encorajamento, instrução (4,10ss; 5,12). Aqui Paulo se mostra como guia da comunidade. Fala com decisão, segurança e autoridade. Usa verbos no imperativo. Mas não se trata de uma exposição fria de princípios morais. Paulo fala ao coração e procura convencer. Percebe-se a consciência que Paulo tem de sua própria vocação apostólica.
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5. Mensagem: Alguns pontos importantes que podemos concluir das duas cartas: a) Temos aqui exemplo do que era o kerigma missionário, onde já se pode perceber um sentido trinitário do anúncio. Insiste-se na adesão ao único e verdadeiro Deus. b) Pelas Cartas se pode perceber também as dificuldades encontradas, os primeiros problemas que surgiram nas comunidades e o modo como o Apóstolo tentou resolvê-los. resolvê-los. c) O Evangelho é verdadeiramente “Palavra de Deus” (2,13). A 1Ts é o primeiro escrito do NT. Esta Carta não é endereçada a pessoas, mas a uma Igreja (1,1). É o novo Israel que Deus amou e escolheu (1,4; 2Ts 1,11). d) É interessante a preocupação com a Parusia e a Escatologia e as soluções propostos por Paulo. e) Na comunidade percebe-se já a existência de alguns ministérios, a quem Paulo recomenda o respeito (1Ts 5,12). Porém, todos são instrumentos na mão de Deus (1Ts 4,9) e devem se ajudar mutuamente (1Ts 5,14). f) A oração é importante para o bem da comunidade, que tem também os dons do Espírito (carismas). Os cristãos devem ter o discernimento, porém não devem apagar o Espírito e não devem desprezar as Profecias (1Ts 5,19-21). g) Os cristãos devem esperar com paciência à vinda de Cristo, portanto, devem trabalhar e inserir-se na vida social, ganhando o pão de cada dia com o trabalho (cf. 2Ts 3,5-15). A história humana prossegue o seu curso, sem que possamos estabelecer a data do seu fim. i) Os temas trabalhados nestas duas Cartas permanecem atuais. O anúncio da palavra é sempre novo. “ Por esta razão é que sem cessar agradecemos a Deus por terdes acolhido sua Palavra, que vos pregamos não como palavra humana, mas como na verdade é, a Palavra de Deus que produz frutos em vós, os fiéis ” (1Ts 2,13). De outra parte, muitos são os que hoje anunciam a Palavra com fins enganosos, anunciam anunciam ainda o “fim do mundo” (por ignorância ou com objetivos objetivos econômicos), enganando multidões. multidões. Palavra de Deus é palavra que produz a vida e não o medo!
CARTA AOS FILIPENSES
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Romana da Macedônia. Porém, Filipos manteve seus privilégios privilégios e era administrada por Roma. Filipos tinha direitos de colônia romana (At 16,12). Na época de Paulo, a cidade estava em declínio, pois as minas de ouro e prata estavam esgotadas. Havia, na cidade, uma colônia judia muito pequena, pois não possuíam sinagoga. Na cidade havia, além dos cultos locais trácios trácios e macedônios, culto ao imperador romano, coexistindo coexistindo com outras religiões vindas do Oriente, chamadas religiões mistéricas. mistéricas .
2. A comunidade de Filipos Filipos, assim como Tessalônica e Beréa, foram evangelizadas por Paulo, na sua segunda viagem missionária (At 15,36–18,22). Paulo, Silas, Timóteo e Lucas chegaram a Filipos em 50/51 vindos de Trôade. Desembarcaram em Neápolis, porto distante 12 km da cidade. Filipos foi a primeira cidade da Europa a ser evangelizada. Em At 16,6-10, Lucas procura mostrar como essa missão é guiada pelo Espírito. Como não havia sinagoga na cidade, Paulo e seus companheiros, no sábado, foram para fora da cidade, às margens de um rio, onde provavelmente os judeus costumavam rezar (At 16,13). As primeiras conversões aconteceram entre as mulheres. A mais conhecida é Lídia, era uma comerciante de púrpura, natural de Tiatira, na Ásia Menor, que foi batizada por Paulo com toda a sua família (At 16,14-15). Foi Lídia quem hospedou Paulo e seu grupo. A nova Igreja devia contar com poucos judeus. Era formada, sobretudo, por gentios e as mulheres, parecem ter ocupado um lugar importantes nela. Não sabemos quanto tempo Paulo permaneceu em Filipos. Podemos supor uma estadia de alguns meses. Sua permanência na cidade foi tumultuada pela libertação de uma jovem escrava que possuía um espírito de adivinhação (At 16,16ss). Os donos da escrava, que obtinham lucros com suas adivinhações, se sentiram lesados e denunciaram Paulo e Silas aos magistrados. Ambos foram presos, açoitados açoitados e colocados na prisão. Esta é a primeira prisão do Apóstolo. À noite, um violento terremoto sacudiu a prisão e libertou os prisioneiros. O carcereiro tentou o suicídio, julgando que os prisioneiros haviam fugido. Impedido por Paulo, se converteu e foi batizado com toda a sua família (At 16,24-34). No dia seguinte, sabendo que Paulo não podia ser flagelado nem preso, pois era cidadão romano, os magistrados o libertaram com Silas e rogaram r ogaram para que deixassem a cidade (At 16,35-40). Paulo partiu de Filipos em direção de Tessalônica com Silas e Timóteo. Lucas ficou na cidade. Paulo o reencontrou ali na sua segunda visita a Filipos (At 20,5-6). Alguns autores pensam que Lucas era
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sua Carta aos Filipenses, alude “às cartas” de Paulo aos mesmos destinatários. Uma parte dos autores modernos afirma a unidade de Filipenses. Filipenses. Outros, baseados em critérios literários, levantaram a hipótese de três pequenas cartas ou bilhetes. Os argumentos são os seguintes: a) a alusão que Policarpo faz às “cartas” de Paulo; b) o próprio Paulo, em Fl 3,1, parece aludir à uma outra carta; c) a ruptura no discurso e no tom em Fl 3,1 e 3,2 e em 4,9 e 4,10. A violenta denúncia dos adversários do capítulo 3 não se enquadra nos capítulos 1 e 2. Também em 4,10-20, onde o Apóstolo desenvolve o motivo do agradecimento, não combina com o conteúdo precedente. Assim, a hipótese que Filipenses é formada por três pequenas cartas, é bastante aceita hoje. Em ordem cronológica cronológica as cartas seriam as seguintes: 4,10-20 1,1–3,1a + 4,2-7.21-23 3,1b.4,1.8-9
Carta A Carta B Carta C
“Carta A”: Fl 4,10-20 Paulo se encontrava preso. Os cristãos de Filipos souberam e preocupados com a sua situação enviaram-lhe donativos através de Epafrodito, membro da comunidade, que tinha também, o dever de assisti-lo na prisão. Provavelmente, logo após a chegada de Epafrodito, Paulo teria enviado esse bilhete de agradecimento. “Carta B”: Fl 1,1–3,1a + 4,2-7.21-23 Epafrodito, que fora enviado para assistir Paulo em sua prisão, ficou gravemente enfermo. A comunidade comunidade de Filipos soube de sua doença e preocupou-se também com ele. Uma vez restabelecido, restabelecido, Paulo enviou-o de volta com esse novo bilhete em que fala de sua condição de prisioneiro por causa do Evangelho, manifesta esperança de uma libertação em breve e exorta os filipenses à concórdia. “Carta C”: Fl 3,1b-4,1.8-9 Nesse texto, Paulo já não se refere mais à sua prisão e alerta a comunidade sobre o perigo de certos adversários. Com toda probabilidade, Paulo se refere aos judaizantes.
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d) A Carta aos Filipenses nos mostra que Paulo já vê a necessidade de organizar as comunidades. Elas têm os epíscopos e diáconos. e) A ausência da sinagoga mostra que a comunidade pode nascer independente dos judeus. É a abertura aos outros povos. f) Outro fator importante é a presença e a participação participação das mulheres na Igreja nascente. É numa casa delas que a Igreja se reúne. A carta fala ainda de outras duas (Evódia e Síntique), ainda que estejam em conflito, Paulo lembra que elas o ajudaram muito na luta pelo Evangelho. g) Na carta temos um importante hino cristológico. Talvez já existisse e que fosse cantado nas celebrações e Paulo o tenha inserido na Carta. Este hino é a síntese do Evangelho que ele anuncia. O hino tem dois movimentos: 1. Descendente. É Jesus que se esvazia, se tornou humano, humilhou-se, foi obediente, obediente, servo e desce ao mais profundo da condição humana, e termina na cruz (cf. Is 52,13–53,8). Jesus é sujeito da sua ação... 2. Ascendente. Deus é sujeito e exalta Jesus, ressuscitando-o ressuscitando-o e colocando-o no posto mais elevado que possa existir. Jesus é Senhor do Universo e da história (cf. Is 52,13-15; 53,10-12). h) Paulo também se encarnou. De hebreu, circuncidado, fariseu, perseguidor da Igreja, observador da lei, sem reprovação (cf. 3,5-6), por causa de Cristo, Paulo perde tudo, abandona a Lei e através da fé busca a justiça (cf. 3,7-9). Também ele se esvaziou: “ Considero tudo uma perda” perda ” (3,8). Também ele se considera um servo (1,1). i) Em meio a tantas opções de religiões, os filipenses escolhem seguir Jesus Cristo, alguém que morreu na cruz. Paulo também sofre a perseguição. A comunidade também enfrenta as dificuldades, mas continua carregando a sua cruz. j) A comunidade de Filipos compreendeu compreendeu bem o que é a mensagem de Jesus Cristo. Ser cristão é ser solidário, partilhar, repartir... É isso que a comunidade fez (4,10-20). Comunidade solidária com as necessidades do Apóstolo e com o sofrimento na doença de Epafrodito. Também Paulo faz isso, se for preciso vive na necessidade e sofre as privações... Mas isso não é problema, porque “ Tudo posso nAquele que me fortalece!” fortalece! ” (4,13). l) A Carta mostra também como a missão evangelizadora é uma tarefa comunitária. Basta ver o nome das pessoas envolvidas (Paulo, Timóteo, Silas, Epafrodito, Lídia, Sízigo, Evódia, Síntique...). m) A comunidade deve se preocupar e defender-se dos “cães” e dos falsos operários. Aqueles que querem dividir, que querem anunciar um outro evangelho. Diante desses, Paulo reage com dureza. O Apóstolo se mostra contrário aos “judaizantes” que querem que os pagãos façam a circuncisão, do contrário serão impuros (cf. 3,2-3). Mas também são perigosos aqueles que querem um evangelho fácil, sem a cruz
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AS CARTAS AOS CORÍNTIOS 1. A cidade de Corinto A fundação da antiga cidade de Corinto perde-se no tempo, calcula-se que foi em torno a mil anos antes de Cristo. Era uma cidade famosa por seus vasos pintados e bronze trabalhado; um importante centro marítimo e comercial. Em 146 aC, o cônsul Lucius Mummius arrasou completamente a antiga cidade para suprimir uma rival comercial do novo porto de Delos do qual os romanos dominavam todo o mar Egeu. Um século mais tarde, em 46 aC, Júlio César, após sua vitória sobre Pompeu, mandou reconstruir a cidade com o nome de “Laus Julia Corinthus”. Seus primeiros habitantes foram romanos, sobretudo soldados das legiões vencidas em Farsola. A eles, logo se juntaram povos provenientes de outras vilas da Grécia e de outras partes do império. A princípio a nova Corinto vivia da exploração das ruínas da antiga cidade de onde retiravam muitos tesouros. Mas, por causa de sua excelente posição geográfica, entre dois mares, a nova cidade prosperou. Também, o porto de Delos, seu concorrente, entrou em declínio na guerra contra Mitridates. Corinto estava situada a 8 km do istmo que une o Peloponeso ao continente. Era formada por duas partes; a cidade alta ou Acrópole e a cidade baixa. A Acrópole estava situada sobre o monte chamado Acrocorinto com 573 m de altura. Era habitada apenas por soldados e por pessoas que trabalhavam nos templos ali construídos, construídos, tais como o da deusa Fortuna, do Sol, de Ísis e Osíres e, sobretudo, o grande templo de “Afrodite Pândemos”, ou “Vênus de todo o povo”. A cidade baixa era a parte habitada pelos civis. Estava situada entre dois portos:
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2. A evangelização de Corinto Paulo chegou em Corinto pelos anos 50/51, vindo de Atenas (At 17,32) em sua segunda viagem missionária. Dois acontecimentos nos permitem datar com certa precisão a permanência de Paulo na cidade: a) At 18,2: diz que chegando a Corinto, Corinto, Paulo foi morar com Áquila e Priscila, “chegados “chegados a pouco tempo da Itália...” depois do decreto do imperador Cláudio, que expulsou de Roma todos os judeus. Esse edito de Cláudio foi emanado no 12º ano de seu governo, que corresponde aos anos 49/50 dC. b) At 18,12-17: 18,12-17: narra o comparecime comparecimento nto de Paulo diante diante do procônsul procônsul da Acaia, Acaia, Galião que era irmão de Sêneca. Ora, pode-se determinar com precisão o governo de Galião em Corinto, entre a primavera de 51 e 52 dC. Portanto, Paulo esteve em Corinto do final do ano 50 até a primavera de 52. Ao chegar à cidade, Paulo foi morar com Áquila e Priscila (At 18,2), negociantes de tecidos que mantinham comércio em Corinto e Éfeso. Paulo começou a trabalhar com eles, fabricando o cilício – um grosso tecido de pele de cabras. Não sabemos se Áquila e Priscila já eram cristãos ou foram convertidos por Paulo. Conforme seu costume, Paulo trabalhava toda a semana e aos sábados pregava na sinagoga. Somente após a chegada de Silas e Timóteo de Tessalônica, trazendo ajuda financeira, sobretudo dos filipenses (2Cor 11,9; Fl 4,15-16), é que Paulo dedicou-se inteiramente inteiramente à evangelização. evangelização. Suas pregações na sinagoga surtiram algum efeito. Alguns judeus se converteram, entre eles o chefe da sinagoga chamado Crispo (At 18,8). Porém, diante da resistência dos judeus, Paulo abandonou a sinagoga e passou a pregar na casa de um certo Tício Justo (Titus ( Titus Justus), Justus), talvez um prosélito de origem latina, cuja casa estava ao lado da sinagoga (At 18,7).
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Logo depois, Paulo enviou Tito à Corinto para preparar a coleta para Jerusalém já planejada em 1Cor 16,1-4. Porém, com a chegada de novos pregadores, provavelmente judaizantes, a situação tinha mudado na comunidade cristã. A autoridade e a pregação de Paulo eram contestadas. Informado da situação, Paulo resolve ir pessoalmente a Corinto. Em alguns textos das duas cartas aos Coríntios, podemos descobrir o desenrolar dos fatos: a) Conforme 1Cor 16,5-9, o plano de Paulo era permanecer em Éfeso até Pentecostes; depois ir à Macedônia e de lá a Corinto onde passaria o inverno e provavelmente faria a coleta para as Igrejas da Palestina. Com a nova situação, mudam-se os planos. b) Conforme 2Cor 1,15-16, Paulo prefere ir diretamente de Éfeso a Corinto; de lá visitar a Macedônia; retornar a Corinto onde faria a coleta e partiria para a Palestina. c) De fato, Paulo esteve em Corinto, onde foi contestado contestado e ofendido gravemente, gravemente, provavelmente não pela comunidade, mas pelos judaizantes. Porém, os cristãos pareciam estar do lado dos novos pregadores. Paulo ficou muito pouco tempo em Corinto, e em vez de ir à Macedônia como se propusera (2Cor 1,15-16), retornou imediatamente a Éfeso. d) De lá escreveu sua terceira Carta aos Coríntios, conhecida como “Carta em lágrimas” (2Cor 2,4). Essa carta também está perdida. e) Tito retornou a Corinto, talvez levando a “Carta em lágrimas”. f) Paulo pretendia permanecer em Éfeso, aguardando a volta de Tito. Porém, a revolta dos ouvires de Éfeso contra Paulo (At 19,23-41), obrigou-o a partir para a Macedônia. g) Tito, Tito, vol volta tando ndo de Corint Corinto, o, encont encontrou rou Paulo Paulo na Maced Macedôni ôniaa e lhe trouxe trouxe boas boas not notíci ícias as.. A comunidade estava outra vez do lado de Paulo (2Cor 7,6-16). Então, de algum lugar da Macedônia, talvez Filipos, Paulo escreveu sua quarta carta aos coríntios, que é a nossa Segunda Coríntios.
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2) 5,1– 5,1–6, 6,20 20:: Três Três abus abusos os grav graves es a) 5,1-13: o incestuoso b) 6, 6,1-12: brigas en entre cristãos c) 6,12-20: a fornicação II - 7,1 7,1–1 –14, 4,40 40 ORIENTAÇÕES E CONSELHOS 1) 7,1-40 Matrimônio e virgindade a) 7, 7,1-16: os esposos cr cristãos b) b) 7,17 7,17-2 -24: 4: cada cada um perm perman aneç eçaa na sua sua con condi diçã çãoo c) 7,2 7,255-40 40:: as vir virge gens ns,, os celi celiba batá tári rios os e as viúv viúvas as 2) 8,1 8,1–1 –11, 1,11 As car carne ness sac sacri rifi fica cada dass aos aos ídol ídolos os a) 8,18,1-13 13:: li libe berd rdad adee cri crist stãã e aten atençã çãoo aos aos irmã irmãos os mais mais pobr pobres es b) 9,1-27: o exemplo de Paulo c) 10, 10,11-13 13:: os isr israe aeli lita tass e a ten tenta taçã çãoo da idol idolat atri riaa d) 10,14–11,1:orientações práticas 3) 11,2–14,40 11,2–14,40 As assembléias comunitárias a) 11, 11,22-16 -16: o véu véu das das mu mullhere heress b) b) 11, 11,17 17-3 -34: 4: a Cei Ceiaa do do Sen Senho hor r c) 12,1–14,40:os carismas - 12,1-31: a sua função da Igreja, corpo de Cristo - 13,1-13: “Hino ao Amor” - 14,1-40: orientações orientações práticas
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4. Segunda Carta aos Coríntios Esta Carta para ser bem entendida deve ser colocada no âmbito das polêmicas afrontadas por Paulo na comunidade. Porém, pode supor que os problemas enfrentados na Primeira Carta já tenham sido superados. Paulo fala da sua viagem à Macedônia para encontrar Tito (1,13). Depois inicia um discurso apologético apologético sobre o seu ministério apostólico, apostólico, defendendo-se dos “falsos apóstolos”. Paulo se diz “cheio de consolação” mesmo vivendo no meio das tribulações por causa do anúncio do Evangelho. Na Carta Paulo fala da sua famosa coleta em favor dos pobres de Jerusalém. Alguns autores acreditam que os capítulos 10-13 dessa carta seriam na realidade a “carta em lágrimas”. a) Estrutura da 2Coríntios : 1,1-11
SAUDAÇÕES E AGRADECIMENTO
I - 1,12–7,16 UMA CRISE JÁ SUPERADA 1) 1,12–2,13: Os fatos passados: a visita; uma ofensa recebida; recebida; a carta amarga 2) 2,1 2,144 –7,4 –7,4:: A auto auto-d -def efes esaa de Pa Paul uloo a) 2,14-17: introdução b) b) 3,1– 3,1–4, 4,6: 6: o min minis isté téri rioo da nova nova alia alianç nçaa c) 4,7 4,7–5 –5,1 ,10: 0: em vis vista ta da gló glóri riaa futu futura ra
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Assim, a carta, pode ter sido enviada a um grupo de Igrejas situadas na Galácia propriamente dita, que Paulo evangelizou na sua segunda e terceira viagem missionária (At 16,6; 18,23), e seria o primeiro escrito Paulino; ou aos habitantes da província romana da Galácia, isto é, às Igrejas de Antioquia da Pisídia, Pisídia, Icônio, Listra e Derbe, que Paulo fundou na sua primeira viagem missionária (At 13,14–14,22). As duas opiniões possuem seus defensores e argumentos de valor. A maioria dos exegetas, exegetas, opta pela tese da Galácia propriamente dita, embora Lucas não mencione as Igrejas aí fundadas. Essas comunidades comunidades eram formadas em sua maioria por gentios, gálatas convertidos (5,2; 6,12) Toda a argumentação da carta se apóia na não necessidade necessidade da circuncisão, pois quem salva é a fé em Jesus Cristo e não a circuncisão. Se eles se fazem circuncidar, o Cristo não lhes servirá para nada (5,2). De outro lado, muitos textos mostram que entre os leitores da carta havia judeus de nascimento e prosélitos. (2,15; 3,13.23.25.28; 4,3). Isto é, os leitores da carta conhecem o AT e a dialética rabínica. Caso contrário, Paulo não se serviria tanto da Bíblia para apoiar sua argumentação doutrinal. Com exceção da carta aos Romanos, Gálatas é o escrito paulino onde se encontra o maior número de
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Porém, devemos reconhecer que a carta for escrita após o Concílio de Jerusalém. De fato, a reunião em Jerusalém descrita em Gl 2,1-10 é, sem dúvida, a mesma relatada em At 15. Para aqueles que sustentam uma destinação às Igrejas da Galácia propriamente dita, a carta teria sido escrita em Éfeso entre os anos 54 a 57, na terceira viagem de Paulo. Alguns preferem datá-la em 57 da cidade de Corinto, por causa da grande semelhança com Romanos escrita ali em 58. Porém, a data mais aceita é entre 54-57, depois da Primeira Coríntios, na cidade de Éfeso.
5. DIVISÃO É difícil encontrar consenso entre os biblistas quanto à divisão da Carta. Eis uma boa proposta: I NTRODUÇÃO (1,1-10) a) Pré-escrito (1-5) b) Exortação e tema da Carta: a mensagem anunciada por Paulo é o único Evangelho, ao qual os
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A adesão a Cristo e a participação à sua experiência de morte e vida é feita mediante a fé”...não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne eu a vivo na fé no Filho de Deus que vive em mim” (2,20). Mediante a fé se obtém a justificação: “fomos justificados pela fé em Cristo e não pelas obras da lei” (2,16), pois se a justificação justificação vem pela Lei, Cristo morreu em vão (2,21; 5,4). É certo que a Lei agiu como um “pedagogo” que nos conduziu a Cristo (3,24). Paulo tem em mente a Lei que separada da fé autêntica se tornou uma série de prescrições, que são observadas para querer tornar-se bom aos olhos de Deus. O preceito do amor se torna mais mais importante (5,13-14) e a lei animada animada pelo Espírito Espírito (6,2), faz com que a fé opere por meio da caridade (5,6). Em síntese a polêmica de Paulo com a Lei é porque não quer minimizar a ação de Cristo em favor da salvação da humanidade. Especialmente deve ter em mente os cristãos vindos do paganismo, aos quais se queria exigir a circuncisão. Aceitar a Lei seria rejeitar Cristo e tornar vã a sua cruz. OBS. O problema da “justificação” apresentado aqui e melhor desenvolvido na Carta aos Romanos, historicamente produziu muitos problemas entre a Igreja Católica e as Igrejas Protestantes, ainda que os pontos em comum eram maiores que os
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oculistas (Ap 3,8) e anos mais tarde tornou-se a capital do distrito. Toda essa região tornou-se depois domínio do rei Átalo III de Pérgamo, que em 133 aC deixou seu reino para os Romanos. Em 129 aC a Frígia tornou-se parte da Província Romana da Ásia. Assim, na época de Paulo, Colossos era uma pequena e insignificante cidade da Ásia. Pelo ano de 60/61 aC, durante o império de Nero, as três cidades, Colossos, Laodicéia Laodicéia e Gerápolis, foram destruídas por um terremoto que assolou todo o vale do rio Lico. As cidades foram reconstruídas, mas a primazia coube a Laodicéia e Gerápolis. Gerápolis tinha se tornado um importante centro por causa de suas águas termais. Em 628, a cidade foi novamente destruída por outro terremoto e nunca mais foi reconstruída. Seus habitantes fundaram uma nova cidade 4km ao norte com o nome de Khonas. O povo frígio era propenso ao misticismo e à fantasia. Praticava um culto supersticioso aos anjos e demônios que existia ainda no século IV como demonstram as atas do Concílio de Laodicéia. Na região havia também um grande número de judeus. Segundo Flavio Josefo (Ant. XII, 147-153), o procônsul romano Valério Flacco (61-62 aC) seqüestrou o dinheiro dos judeus recolhido para o Templo
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Provavelmente, Provavelmente, Épafras tenha ido a Roma relatar a Paulo o estado da comunidade de Colossos e, ao mesm mesmoo temp tempo, o, pedi pedirr cons consel elho hoss e ajud ajudaa cont contra ra um umaa nova nova dout doutri rina na que que pert pertur urba bava va o ambi ambien ente te da comunidade. Épafras sabia do grande interesse de Paulo pela comunidade cristã de Colossos e também de Laodicéia. Os colossenses tinham progredido em sua fé e na caridade (1,4.8; 2,5). Porém, surgia uma falsa doutrina que ameaçava o bem-estar da Igreja. Não é fácil, precisar com exatidão que doutrina era essa. Paulo a chama de “filosofia” “filosofia” (2,8). Note-se que se entendia por filosofia qualquer doutrina, mesmo religiosa, sobre o mundo e a vida. Não sabemos se Paulo tinha ou não elementos suficientes suficientes para saber exatamente o conteúdo dessa doutrina. As alusões na carta são muito vagas. Podemos detectar algumas suas características: - Em primeiro lugar, nota-se um certo influxo de correntes judaizantes. Não se trata do judaísmo que Paulo combate energicamente energicamente em Gálatas e Romanos. Mas um resquício de judaísmo misturado com idéias de outras religiões pagãs. Paulo faz apenas uma menção à circuncisão (2,11-13). Talvez esses “filósofos”
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c) e anunciado por Paulo (23b) II. ARGUMENTAÇÃO (1,24–4,1) (desenvolvimento em ordem inversa aos temas anunciados acima) A) O combate de Paulo pelo anúncio do Evangelho (1,24–2,5)
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Somos também chamados hoje a superar as divisões em nossas comunidades, a ajudar a construir este “corpo de Cristo”. E “agindo localmente e pensando globalmente” cuidar também de toda a vida terrestre, afinal Deus é o Criador de tudo e a nós humanos foi confiado o cuidado da criação. Não idolatrar a natureza, mas prestar-lhe todo o cuidado e respeito que ela merece.
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de seus colaboradores. Conhecemos um deles, Épafras, um colossense de origem pagã que foi convertido por Paulo em Éfeso. Épafras é o fundador das Igreja de Colossos e Laodicéia. Paulo foi ajudado em sue ministério ministério por Timóteo e Erastro (At 19,22), Gaio e Aristarco (At 19,29) e Tito. O apostolado de Paulo foi interrompido pela revolta dos ourives em Éfeso, liderados por Demétrio
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Marcião, embora com o título “aos laodicenses”. Entretanto no final do século XVIII a autenticidade paulina foi colocada em dúvida pelos motivos seguintes: a) Diferenças na língua e no estilo: Em Efésios encontramos cerca de 50 vocábulos que não são
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Nenhum dos argumentos, isoladamente, são suficientes para negar a autoria paulina de Efésios. Todavia, Todavia, tomados em conjunto conjunto,, deixam, deixam, segundo segundo muit muitos os autores, autores, sérias sérias dúvidas dúvidas sobre a paternida paternidade de paulina. Efésios é, certamente, um desenvolvimento desenvolvimento mais maduro da teologia de Paulo. Efésios estaria para Colossenses, Colossenses, assim como Romanos está para Gálatas. Também a Tradição é unânime na atribuição da carta
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