HUTCHEON, Linda - Poética do pós-modernismo

March 19, 2017 | Author: Tatiana Henrique | Category: N/A
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CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editorcs de Livros, RJ.

H97p

Hutcheon, Linda, 1947Poética do pós-modemismo: história, teoria, ficção/ Linda Hutcheon; tradução Ricardo Cmz. - Rio de Janeiro: Imago Ed., 1991. 330p. (Série Logoteca) Tradução de: A poetics of postmodemism: theory, fictiou. Bibliografia. índice ISBN 85-312-0157-8

history,

1. Ficção - Século XX - História e crítica. 2. Pósmodernismo. I. Título. 11.Série.

91-0780

CDD-809.3 CDU - 82.09-3

LINDA HUTCHEON

Poética do Pós-Modernismo HISTÓRIA



TEORIA



FiCÇÃO

DEDALUS - Acervo - FFLCH-LE 801.937

Poetica do pos-modernismo :

H97pp e.3 11111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111

21300076232

- Série Logoteca -

Direção de ]AYME SALoMÃo

Tradução de RICARDO CRUZ

I

IMAGO EDITORA - Rio de Janeiro -

TOMBO:; 101998

SBD-FFLC:~-t--L;SP

suMÁRIo

Nota do tradutor

7

Agradecimentos

9

Prefácio

11 PRIMEIRAPARTE

1. Teorizando o pós-moderno: rumo a uma poética

19

2. Moldando o pós-moderno: a paródia e a política

42

3. Limitando o pós-moderno: os frutos paradoxais do modernismo

60

4. Descentralizando o pós-moderno: o ex-eêntrico

84

5. Contextualizando o pós-moderno: a enunciação e a vingança da parole

104

6. Historicizando o pós-moderno: a problematização da história

120

SEGUNDAPARTE 7. Metaficção historiográfica: "o passatempo do tempo passado"

141

8. A intertextualidade, a paródia e os discursos da história

163

9. O problema da referência

183

10. O sujeito na/da/para a história e sua estória 11.

Discurso, poder, ideologia: o humanismo e o pós-modernismo

203 227

12. O palavreado político

254

13. Conclusão: uma poética ou uma problemática?

279

Referências bibliográficas

291

Índice

319

NOTA DO TRADUTOR

Ao longo do livro são citadas inúmeras obras dos diversos campos da arte, sobretudo a literatura. Como muitas dessas obras não se encontram traduzidas no Brasil, tivemos de estabelecer um critério para que se possa citáIas na presente edição. As obras consagradas pelo público nacional, como O Nome da Rosa, são citadas diretamente em português, sem menção do título original. Aquelas que, apesar de existirem em tradução brasileira, não atingiram tanta repercussão em teffilOSde público são apresentadas na primeira vez com o título original e entre parênteses a tradução, e nas seguintes apenas com o título traduzido. As que não possuem tradução brasileira são citadas na primeira vez pelo original e entre parênteses a respectiva tradução literal, e nas seguintes apenas pelo título original. Cabe ainda alcrtar que os anos mencionados junto aos títulos de livros se referem à edição canadense.

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AGRADECIMENTOS

Conforme nos ensinaram, todo texto tem seu intertexto. Este não foge à regra. Antes de mais nada, merecem menção as esmeradas leituras de textos pós-modernos realizadas por duas colegas em especial: Alison Lee e J anet Paterson. Tais colegas não só apresentaram exemplos que merecem ser seguidos, mas se constituíram, ambas, em críticas instigantes de várias partes deste livro. O mesmo ocorreu com Graham Knight, o leitor mais crítico e perspicaz que jamais se possa desejar. Por se terem disposto a ler ou a escutar a leitura de algumas partes deste estudo, ou por terem discutido idéias comigo, gostaria de agradecer especialmente a Catherine Bel· sey, Aruna Srivastava, Susan Bennett, Magdalene Redekop e Pamela McCallum. A mesma gratidão devo expressar aos integrantes de três tur· mas de graduação da Universidade McMaster e da Universidade de Toronto, pois foram as cobaias em que se testaram tais idéias - e o estímulo para sua (às vezes total) rcformulação. Durante os últimos anos, várias platéias universitárias assistiram a palestras sobre partes da pesquisa que terminou por constituir o presente estudo. Gostaria de agradecer às seguintes instituições por me haverem convidado para proferir confências e por me darem a oportunidade de elaborar minhas idéias num fórum público: Universidade de Colúmbia, Queen's University, Universidade de Toronto, Universidade de Calgary, Universidade de Alberta, Universidade Católica da América, Universidade de Saskatchewan, Universidade de Ottawa, Universidade de Concórdia, Universidade de York, Universidade McGill,Univcrsité de Montreal e Universidade de Ontário-Seção Oeste. Da mesma forma, gostaria de agradecer às seguintes associações profissionais, cujos congressos também proporcionaram ocasiões para a testagem de novas idéias diante de novas platéias: Modern Language Association (e MLA-Seção Nordeste), Royal Society of Canada, Associação Canadense de Professores Universitários de Inglês, Associação das Literaturas do Canadá e do Quebec, Associação Canadense de Literatura Comparada, Associação Americana de Literatura Comparada, Associação Canadense de Filosofia (Sociedade de Hermenêu-

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tica e Pensamento Pós-moderno) e Associação Internacional de Filosofia e Literatura. Algumas partes deste livro também foram publica das em versões anteriores, mais resumidas (muitas vezes com enfoques bem diferentes), em diversos periódicos (Te.'lCtual Praetiee, Cultural Critique, Diaerities, Genre, English Studies in Canada) e em coletâneas de ensaios (Gender and 17wory:A Dialogue between the Sexes [org. L.Kauffman], Intertextuality and Contemporal)' Ameriean Fietion [org. P. O'Donnell e R. Con Davis], Future Indicative: Canadian Líterature and Literal)' Theory [org. J. Moss]). Sou extremamente grata ao interesse e ao apoio dos organizadores em relação ao trabalho que estava em andamento. No entanto, talvez a maior estrutura intertextual do presente estudo sejam os atuais debates a respeito da natureza e da definição do pós-moderno. Embora este livro tivesse sido concluído muito antes sem sua participação, só posso expressar minha gratidão por ter contado com mentes tão maravilhosas para pensar comigo - seja contra mim ou a meu favor. Minha dívida particular para cada uma delas se manifestará nas referências do texto, mas gostaria de mencionar com destaque aquelas que mais me estimularam e me ajudaram a forn1Ular minhas próprias noções: Andreas Huyssen, Teresa de Lauretis, Arthur Kroker, Alan Wilde, Charles Russell, Charles Newman, Brian McHale, Fredric Jameson, Terry Eagleton e, especialmente, aqueles teóricos praticantes, Martha Rosler, Paolo Portoghesi, Charles Jencks e Victor Burgin - isso para citar apenas alguns. Esta lista deve se concluir com três agradecimentos especiais. Um deles se dirige a uma instituição - o Conselho Canadense -, cuja Sociedade Killamde Pesquisas me proporcionou o tempo e o apoio financeiro necessários para escrever este livro. O segundo se dirige à Methuen, e especialmente a Janice Price, pela conl.lança e pelo enorme apoio em relação a meu trabalho. E o último, como sempre, é reservado a meu marido, Michacl, por seu constante incentivo, seu inesgotável bom humor, seu aguçado senso crítico e sua extraordinária paciência para suportar minhas obsessões pós-modernas. LindaHutcheon Toronto, 1987

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PREFÁCIO

o que não mais adiantará de nada é enaltecer ou ridicularizar o pós-modernismo en bloco Deve-se resguardar o pós-modeolo contra seus defensores e contra seus detratores. Andreas Huyssen

\!

o presente estudo não é uma defesa nem uma depreciação do empreendimento cultural que parecemos estar decididos a chamar de pós-modernismo. Aqui não se encontrarão allrmações de mudanças revolucionárias e radicais nem lamúrias apocalípticas sobre a decadência do Ocidente diante do capitalismo mais recente. Em veZde enaltecer ou ridicularizar, o que procurei fazer foi estudar um fenômeno cultural atual que existe, tem provocado muitos debates públicos e por isso merece uma atenção crítica. Baseando-se na noção de que qualquer teorização deve se originar daquilo que se propõe a estudar, no presente trabalho meu enfoque se concentra naqueles aspectos de relevante sobreposição entre a teoria e a prática estética, aspectos que nos poderiam orientar no sentido da articulação daquilo que desejo chamar de uma "poética" do pós-modernismo, uma estrutura conceitual flexível que possa, ao mesmo tempo, constituir e conter a cultura pós-moderna e nossos discursos tanto a seu respeito como adjacentes a ela. Os aspectos de sobreposição que me parecem mais evidentes referem-se aos paradoxos estabelecidos quando a autonomia estética e a auto-reí1exividademodernistas enfrentam uma força contrária na fornla de uma fundamentação no mundo histórico, social e político. O modelo que utilizei foi o da arquitetura pós-moderna, conforme foi teorizada por Paolo Portoghesi e CharlesJencks e colocada em prática por Ricardo Bofill,Aldo Rossi, Robert Stern, Charlcs Moore e outros. Por analogia, o que caracterizaria o pós-modernismo na ficção seria aquilo que aqui chamo de "metaficção historiográíka", essas obras populares paradoxais, como Cem Anos de Solidão, de García Márquez, O Tambor, de Grass, A klaggot, de Fowlcs, Loon Lake, de Doctorow, The Terrible Twos, de Reed, lhe Woman Warrior, de Kingston, Famous Last Words, de Findlcy, e Shame, de Rushdi - a lista seria longa. Existem também manifesta-

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ções paradoxais paralelas do pós-modernismo em cinema, vídeo, fotografia, pintura, dança, música e outros gêneros literários, constituindo parte da amostra da qual se origina tal poética. Em Narcissistic Narrative (A Narrativa Narcisista), meu interesse se volta para o "Pólradoxometaficcional': das narrativas autoconscientes que exigiam tanto o dist:anciamento quanto o envolvimento do leitor. Em A 'flzeoty of Parody (Uma Teoria da Paródia), meu interesse se deslocou para a questão mais geral dos paradoxos da paródia - como indicadores de uma diferença irônica no âmago da semelhança e como uma transgressão sancionada da convenção. Em vista dessa definição, a paródia parecia exigir investigação por intermédio de um modelo duplo que combinasse o semiótico (a pragmática) com o formalmente intertextual. Porém, foi ao passar para uma consideração ainda mais geral sobre a arte pós-moderna (que é, ao mesmo tempo, intensamente auto-reflexiva e paródica, e mesmo assim procura finnar-se naquilo que constitui um entrave para a reflexividade e a paródia: o mundo histórico) que percebi que as abordagens formalista e pragmática por mim utilizadas nos outros dois estudos precisariam ser ampliadas com o objetivo de incluir as considerações históricas e ideológicas exigidas por essas irresolutas contradições pós-modernas, que atuavam no sentido de desafiar todo o nosso conceito de conhecimento histórico e literário, bem como a consciência que temos sobre nossa implicação ideológica na cultura que predomina à nossa volta. Foi aí que meus interesses pessoais coincidiram com aquilo que Frank ientricchia considerou como uma crise nos estudos literários atuais, que estão presos entre a urgente necessidade de essencializar a literatura e sua linguagem num repositório textual exclusivo, vasto e fechado, e a contrastante necessidade de proporcionar "relevância" à literatura, localizando-a em contextos discursivos mais amplos (1980, xiii). Tanto a arte como a teoria pós-modernas são a encarnação dessa própria crise, não ao tomarem um dos partidos, mas as sobreviverem à contradição de ceder a essas duas necessidades. Em geral, os paradoxos podem causar prazer ou problemas. Dependendo da constituição de nosso temperamento, seremos seduzidos por sua estimulante provocação ou perturbados por sua frustrante ausência de resoluçãQ~o pós-moderno não existe dialética: a auto-reflexão se mantém distinta daquilo que tradicionalmente se aceita como seu oposto - o contexto histórico-político no qual se encaix'}/O resultado dessa deliberada recusa em resolver as contradições é uma 'contestação daquilo que iyotard (1984a) chama de narrativas-mestras totalizantes de nossa cultura, aqueles sistemas por cujo intermédio costumamos unificar e organizar (e atenuar) quaisquer contradições a fim de coaduná-Ias.Esse desafio enfatiza o processo de formação de significado na produção e na recepção da arte, mas também em termos discursivos de maior amplitude: coloca em evidência, por exemplo, a maneira como fabricamos "fatos" históricos a par-

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tir de "acontecimentos" brutos do passado, ou, em termos mais gerais, a maneira como nossos diversos sistemas de signos proporcionam sentido a nossa experiência. Nada disso é novidade para o pós-modernismo. Como Umberto Eco deJilOnstrou de maneira tão gritante em O Nome da Rosa, a codificação e a decodificação dos signos e de suas inter-relações também interessaram ao período medieval. E as contradições do auto-reflexivo e do histórico podem se encontrar nas peças históricas de Shakespeare, isso sem falar em Dom Quixote. O.que há de mais novo é a constante ironia associada ao contexto da versão pós-moderna dessas contradições, bem como sua presença obsessivamente repetida. Talvez isso explique por que, entre nossos melhores críticos culturais, tantos tenham sentido a necessidade de abordar o tema do pós-modernismo. O que seus debates demonstraram é que;
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