Exegese de Romanos 7. 7-13

May 3, 2023 | Author: Anonymous | Category: N/A
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SETECEB 2º Semestre de 2012 - Matéria: Exegese de Romanos – Professor: Fernando Meyer  ______________________  ___________ _______________________ ______________________ _______________________ _________________________ _______________________ _____________ __

I - Contexto Literário de Romanos 7: 7-13

Romanos 7: 7-13 foi escrito pelo apóstolo Paulo com o propósito maior de esclarecer uma afirmação feita por ele mesmo em Romanos 5:20; “Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa”. Este conjunto de sete versículos constitui-se numa sessão explicativa do ensino de Paulo a respeito da verdadeira função da Lei em relação ao pecado e como o pecado agiu na vida do homem por meio da mesma Lei. Ao argumentar que o cristão já não vive mais uma vida de sujeição à Lei, mas, que m novidade de espírito (7:6);  (7:6);  uma vida baseada na graça de Deus revelada na vida, vive eem morte e ressurreição de Cristo Jesus, e isto, por meio da fé, Paulo sabia que suas palavras  poderiam ser distorcidas distorcidas e mal entend entendidas. idas. Diante disso, nestes poucos versículos Paulo faz uma defesa firme da Lei, não  permitindo espaço para a ideia errônea de que a Lei teria culpa, no pecado, e consequentemente consequen temente da morte espiritual dos homens. Olhando agora, especificamente para o texto imediatamente anterior, Rm 7:1-6;  podemos relacionar algumas palavras que nos mostram uma relação direta e formal com nosso texto em questão (Rm. 7:7-13). Em Romanos 7: 1-6 vemos a ocorrência da palavra “lei” “lei” oito vezes, em Rm. 7:7-13, esta mesma palavra aparece seis vezes, vezes, e em outras seis vezes, o apóstolo se refere a ela como “mandamento”  e uma vez Paulo chama a Lei de “preceito”. Outra palavra que ocorre um

número considerável de vezes nas duas perícopes é o substantivo  substantivo  “morte”  ou o verbo “morrer ” conjugado de formas diferentes; em Rm. 7: 1-6 aparece seis vezes, enquanto que

em Rm. 7: 7-13 encontramos cinco ocorrências. O substantivo “vida” e o verbo “viver”  conjugado de formas diferentes, também estão presentes em ambos os textos; na primeira  porção ocorrem ocorrem quatros vezes, e na segun segunda da a encontramos três vezes. Além das palavras acima citadas, encontramos no versículo cinco do capítulo sete, a maior conexão de ideias entre os dois textos. O quinto versículo deste capítulo, contém de forma sintetiza, a argumentação do apóstolo sobre a função da Lei, que é de destacar e por em evidência, o pecado (aqui referido como “paixões pecaminosas”), que opera na vida do homem que vive segundo a carne;  produzindo assim assim frutos para a morte. Esta é também a ideia central da perícope perícope alvo do nosso estudo; em Rm. 7: 7-13 Paulo se empenha em explicar qual a verdadeira função da Lei.  ______________________  ___________ _______________________ ______________________ _______________________ _________________________ _______________________ _____________ __ Aluno: Antônio Cláudio de Oliveira da Silva 1

 

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II - Delimitação do Texto de Romanos 7: 7-13

Ao analisarmos algumas versões das traduções em português para o texto de Romanos capítulo 7, verificamos que existem algumas discordâncias entre elas. As versões ARA, ACF e ARC, por exemplo, consideram que o capítulo deve ser dividido nas seguintes sessões: 1-6; 7-12 e 13-25; já a NTLH expõe uma divisão da seguinte forma: 1-6; 7-13 e 14-251. Porém, à luz dos critérios hermenêuticos estudados, a para delimitação de textos  bíblicos, podemos considerar que a perícope em questão tem seu início no versículo 7 e se estende até o versículo 13 pelas seguintes razões:   Paulo havia começado o capítulo 7 explicando seu entendimento sobre a Lei,



usando inclusive uma analogia entre o casamento e a validade da Lei durante a vida homem, na tentativa de facilitar o entendimento dos seus leitores a respeito da temática da nova realidade da Lei. Embora haja uma ligação com a perícope anterior, que vai de 1-6, os versículos de 7-13 deste capítulo, apresentam uma ideia nova, coesa e contendo uma mensagem própria. Esta porção do capítulo 7 apresenta a argumentação explicativa do apóstolo Paulo a respeito da função da Lei em relação ao homem, e como o pecado se utiliza da mesma Lei para gerar a morte espiritual aos homens.   O fato de o versículo 7 se iniciar com a pergunta Τί   οὖν ἐροῦμεν, nos revela que



Paulo está introduzindo um novo pensamento, particularmente a conjunção  pospositiva οὖν,  que indica uma transição para algo novo,  e  que tem um valor inferencial ou conclusivo;  por tanto, consequentemente, então; indica o início de um novo assunto e a conclusão do assunto anterior .    Embora o verso 13 também se inicie com a conjunção pospositiva οὖν,  não



 podemos considera-lo início de outra perícope, pois ele continua tratando da temática da função da Lei. Podemos afirmar que o versículo 13 é um resumo do argumento desenvolvido dos versos de 7-12 (Lloyd Jones, 2001 pg. 150). Portanto,

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 ARA - Tradução de João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada.

ARC - Tradução de João Ferreira de Almeida, Revista e Corrigida. ACF –  Tradução  Tradução de João Ferreira de Almeida Corrigida Co rrigida e Revisada Fiel.  NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje.  ______________________  ___________ _______________________ ______________________ _______________________ _________________________ _______________________ _____________ __ Aluno: Antônio Cláudio de Oliveira da Silva 2

 

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 podemos constatar no versículo 13 o encerramento desta temática, e por sua vez, o final da perícope que compreende os versículos 7-13.

III - A Correta Visão da Lei de Deus. 1.  A Lei não é pecado, e jamais será pecaminosa. (v7. a)

O apóstolo Paulo havia feito afirmações bastante fortes a respeito da Lei, em Rm 3:20, ele declarou que ninguém seria justificado diante de Deus pelo cumprimento da Lei; em Rm 5:20 Paulo fala que a Lei entrou em cena para deixar claro para os homens o quanto são  pecadores e em Rm. 7:5 ele reforça a ideia de que a Lei serve como um espelho para mostrar ao homem sua incapacidade em atingir o padrão de d e santidade esperado por Deus. O apóstolo sabia, por experiências anteriores, que tais afirmações poderiam ser alvo de interpretações distorcidas, por isso, se antecipa a uma possível interrogação maldosa a respeito de suas argumentações, e faz uma pergunta direta sobre sua própria afirmação: “ É a lei pecado?”. Sua resposta tem a força na proporção do absurdo que tem a pergunta: “de modo nenhum!”.  Com essa dinâmica de resposta firme a uma pergunta extrema, o apóstolo

dos gentios quer deixar claro que não passa por sua mente a possibilidade de atribuir à Lei qualquer falha ou culpa. Por isso a expressão utilizada por Paulo para responder a esta indagação foi: “de modo nenhum” (μὴ  γένοιηο). Esta expressão tão utilizada por Paulo em seus escritos (só em Romanos 10 vezes), nos passa ideia de uma forte repulsa, indicando que tal ideia era inconcebível. Ao analisarmos algumas outras passagens onde Paulo emprega essa expressão, veremos que sua intensão é deixar claro que ele não está menosprezando ou criticado a Lei. Em Rm 3:3 Paulo faz uma pergunta a respeito possibilidade de Deus ser infiel para com os judeus, a resposta no verso seguinte é: “de maneira nenhuma!”. No verso 5 a  pergunta é sobre a ideia de Deus ser injusto, a resposta é a mesma: “de maneira nenhuma!”.  Em Rm 9:14 novamente a pergunta é se Deus é injusto, e a resposta mais uma vez é uma forte repulsa da parte de Paulo. O que podemos afirmar é que para o apóstolo Paulo a possibilidade de a Lei ser  pecado ou conduzir o homem ao erro, é a mesma possibilidade de Deus ser injusto ou infiel,

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uma ideia totalmente inaceitável e que jamais deveria penetrar a mente de qualquer homem, ou seja, é uma realidade r ealidade impossível de acontecer.

2.  A Lei tem um propósito divino (v7b. -11) 2.1  A Lei revela a natureza e a gravidade do pecado. (v7. B)

Após defender de forma veemente a sua argumentação sobre o papel da Lei, e deixar claro que não estava se opondo ao mandamento de Deus, Paulo agora utiliza mais uma ilustração para continuar sua explicação, agora, porém, o foco do seu discurso está sobre a real finalidade da Lei para com os homens. Paulo cita o décimo mandamento de Êxodo 20:17,  para explicar de que forma a Lei trabalha trabalha na consciê consciência ncia do homem homem.. Deste ponto em diante o apóstolo se empenha em esclarecer aos seus leitores qual é o lugar e a ação da Lei na vida do homem, e declara que foi graças à Lei que ele teve um conhecimento conhecimen to mais profundo do seu estado pecaminoso e sua real posição diante de Deus. Paulo emprega o verbo conhecer   duas vezes neste versículo, na primeira ele faz menção do pecado de uma forma generalizada, na segunda, porém, ele especifica um pecado   oo em particular; a cobiça, condenado pelo décimo mandamento: “ Mas eu não teria conhecido   pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido   a cobiça, se a lei não dissera: Não cobi çar ás ” (ARA, 1993). É importante notar a progressão do pensamento de Paulo a respeito do conhecimento do pecado. A primeira palavra utilizada no original para conhecer  neste  neste versículo é: ἔγνων, o modo indicativo do aoristo de γινώζκω, traduzido por: conhecer, saber  ou  ou vir a conhecer . Ou seja, o que Paulo quer dizer é: o conhecimento que temos do pecado antes da clareza dada  pela Lei, é generalizado, e um tanto racional; este conhecimen conhecimento to atual apenas no nível do intelecto. A segunda palavra encontrada no texto traduzida por conhecer   é: ᾔδειν, o modo indicativo mais-que-perfeito de οἶδα, traduzida por: estar (intimamente) ligado a, conhecer (alguém), relacionar-se. relacionar-se. Aqui, a conotação é de um conhecimento mais íntimo e profundo, e esse entendimento mais próximo e mais real da realidade do pecado é rresultado esultado da atuação da

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Lei. Para Paulo, essa é a função essencial da Lei, abrir os olhos dos homens para a natureza do caráter do pecado, juntamente com sua assustadora consequência consequência final. A morte. Em resumo, Paulo está afirmando que; foi a Lei quem lhe deu a dimensão exata do  pecado em sua vida, e que sem ela, jamais poderia ver com tanta nitidez a sua condição de  perdido.

2.2  A Lei traz à tona o pecado. (v8).

 Neste versículo Paulo continua explicando seu ensino a respeito da função da Lei,  porém, o foco do seu discurso aqui, recai sobre a ação do pecado, e de como ele fez e faz uso do mandamento para operar desejos fortes e impuros no íntimo do coração do homem. A ideia  principal deste versículo é: na ausência da Lei, não teríamos a consciência de que desejos  proibidos tão fortes e devastadores, ainda que não executados na prática, também são pecado diante de Deus. Porém, com a chegada da Lei, o pecado se aproveitou da ocasião da proibição  para gerar gerar “... toda sorte de concupiscência”.

A palavra grega empregada por Paulo e traduzida para o português como concupiscência foi ἐπιθσμία ν, que significa de forma simples, um desejo ardente, anseio ou um anelo. Foi essa mesma palavra que Lucas usou em seu evangelho no cap. 22 no verso 15, desejo de participar da última Páscoa com seus discípulos. quando Jesus expressa seu ardente desejo de Porém, aqui na carta paulina o contexto nos aponta o sentido negativo da palavra como:  paixão impura, desejo forte por algo proibido por Deus e concupiscência concupiscência.. Para uma melhor compreensão deste versículo, podemos neste caso fazer uma conexão com a queda do homem no Jardim do Éden em Gênesis. É certo que o pecado não exercia nenhum tipo de poder ou influência sobre o homem antes de Deus dizer de forma expressa: 2:17). O mandamento “mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás ”. (Gn. 2:17). de Deus para que o homem não comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal foi a oportunidade que o pecado precisava para agir, gerando na mulher e no homem o desejo de comer aquilo que havia sido proibido, “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desej áve vel  l  para dar entendimento” (Gn. 3:6). 3:6).

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O papel da Lei, neste caso não foi o de trazer o pecado à existência, mas de colocá-lo em evidência; fazê-lo notável e percebível, uma vez que ele fosse consumado, ainda que de forma interna e íntima.  Na sua explicação de como a Lei age, Paulo está afirmando que a sua função maior é de trazer luz sobre a verdadeira verdadeira natureza e o caráter do pecado. pecado. O pecado age se utilizando utilizando da Lei, que por sua vez revela e traz à tona a realidade assustadora do pecado. Por outro lado, sem a Lei, somos incapazes de reconhecer que é o pecado que gera a morte nós.

2.3  A consequência final do pecado é a morte. (vs. 9-11)

 Nesta parte de sua defesa da Lei, o apóstolo Paulo argumenta que o pecado foi, é e sempre será, o culpado pela morte espiritual do homem, e que a Lei serviu para nos revelar o estado de morte que é o resultado final do pecado na vida do homem. Com a expressão “ sem a lei, eu vivia”, Paulo não quer dizer, com isso, que antes de ser alvo da Lei não tinha pecado, ou que em algum momento real de sua vida ele se reconheceu como agluém sem nenheum erro ou culpa diante de Deus, mas que hoveu um tempo de sua vida em que a Lei ainda não havia operado em sua conciência o dispertar para a sua real condição espiritual. Certamente Paulo está fanzendo uma referência ao seu passado de fariseu zeloso e cumpridor da lei. “quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei irrepreensível ” Filipenses 3:6 . Quando, porém, a Lei tinge em cheio sua conciência, trazendo a mais profunda convicção de que o pecado é muito mais que uma ação prática e externa  –   o pecado  principalmente age no íntimo do ser, ser, como a cobiça –  Paulo  Paulo reconhece que sua vida anterior à sua conversão; de devoção e cumprimento irrepreensível  da   da Lei, era ilusória no sentido de ser  justificado por intermédio dela, ao se esforçar em viver cabalmente as ordenanças do mandamento, o apóstolo descubriu que a Lei é incapaz de torná-lo justo. O que lhe restou foi um forte sentimento de morte narrado da seguinte forma: “ E o mandamento que me fora para vida verifiquei que este mesmo se me tornou para morte”. 

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Se em sua argumentação no verso 8, Paulo diz que a ausência da Lei faz adormecer, ou oculta a força do pecado, com a chagada da Lei, porém, o pecado retoma seu poder de atuar, alcançando assim, seu propósito final: a morte. Essa realidade já havia sido exposta por Paulo ainda em sua carta aos Romanos 6:23. ( porque  porque o salário do pecado pecado é a morte) morte).. Prosseguindo em sua exposição sobre a ação e propósito final do pecado pela oportunidade dada pela “vinda” da Lei, Paulo volta a utilizar a mesma ideia registrada no versículo 8; que o pecado teve como ponto de partida a proibição dada pela pelo mandamento. Mais uma vez podemos voltar ao livro de Gênesis para estabelecer uma nova conexão com as declarações feitas por Paulo aqui. Deus havia deixado claro para Adão e Eva que a consequência imediata da desobediência ao Seu mandamento seria a morte, “... porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. (Gn. 2:17).

O fato é que a desobediência ao mandamento de Deus acabou acontecendo, e a  justificativa Adão foi: “ A mulher me deste por no esposa, ela me deu da árvore, e euapresentada 3:12). comi”  (Gn.por3:12).    Cobrada de sua que responsabilidade episódio, a mulher defesa:: “ A serpente me enganou  3:13).  Esta também apresenta a sua defesa  , e eu comi”  (Gn. 3:13).  declaração de Eva poderia ser escrita da seguinte forma: “A serpente/pecado me enganou e eu morri”. É justamente essa a ideia que Paulo está querendo deixar claro para seus leitores, não é a Lei que nos engana, mas o pecado. Não é a Lei que nos mata, mas a natureza essencialmente ruim e perversa do pecado que opera em nós. Portanto o papel da Lei não é de nos levar à 2:1).  morte, mas nos revelar que já estamos “mortos nos nossos delitos e pecados” (Efésios 2:1).  3.  A Lei tem natureza divina e é oposta ao pecado. (v.12)

 Nos versículos anteriores (vv.9-11), Paulo falou a respeito do porpósito final do  pecado; gerar a morte, agindo a partir da Lei, agora, agora, o desejo do apóstolo é ressaltar, ressaltar, não mais a função, mas a natureza da Lei, e para tanto, estabelece um contraste entre a Lei e o pecado, fazendo três afirmações. 3.1  A Lei é santa. (v.12a)

Com essa afirmação, Paulo quer dar um passo a mais em direção ao esclarecimento, de que para ele, a Lei não tem nenhum vínculo com o pecado, e que de forma alguma passa por

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sua cabeça a possibilidade de haver quelquer tipo de maldade ou pecaminosidade no mandamento de Deus. Certemente Paulo sabia que, também para os seus leitores, a santidade era algo exatamente oposto ao pecado, e por esta razão, ele entendia o peso que essa declaração, a respeito da Lei, teria na mente de seus leitores a favor de sua argumentação. Portanto, declarar que a Lei em sua essência é santa, ajudaria a afastar para mais longe a possibilidade da falsa interpretação, de que Paulo estivesse ensinando que a Lei é pecado. 3.2  A Lei é justa. (v.12b)

Em sua essência, a Lei comunica a justiça, que também é um atributo de Deus. A Lei é  justa porque suas reivindicações, reivindicações, apesar de impossível de serem completamente atendidas  pelo homem, elas são a medida da justiça esperada por Deus. A Lei nos revela o padrão de  justiça que agrada a Deus, padrão este, encontrado somente na pessoa de Jesus. E neste sentido registra o evangelista Mateus: “E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. 

Outro aspecto da Lei que comunica a justiça de Deus, é que todo pecado será punido de acordo com suas exigencias. (Rm. 2: 5-8). 3.3  A Lei é boa. (v.12b)

 Na terceira afirmação a respeito da natureza de Deus, Paulo declara que a Lei é boa e comunica a bondade de Deus. Podemos olhar para esse aspecto da Lei de duas formas; antes e depois do pecado. A Lei antes do pecado, ainda no jardim do Éden, tinha como finalidade de manter o homem  puro e santo, e consequenteme consequentemente nte vivo espiritualmente. A Lei depois do pecado revela ao homem sua real condição de condenado à morte eterna, com o objetivo de despertá-lo para a necessidade de salvação e dependência da graça de Deus. Com essas afirmações a respeito da Lei, Paulo distancia cada vez mais Lei em relação ao pecado, fortalecendo desta maneira a sua argumentação sobre a natureza divina da Lei. 3.4  A Lei que é boa contrasta com o pecado que é maligno. (v.13)  ______________________  ___________ _______________________ ______________________ _______________________ _________________________ _______________________ _____________ __ Aluno: Antônio Cláudio de Oliveira da Silva 8

 

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Paulo, para concluir seu argumento nesta perícope, termina como começou; fazendo uma pergunta sobre a Lei, e se refere a ela fazendo o uso substantivado do adjetivo ἀγαθὸν, traduzido como: o que é bom, o bem.  Note que Paulo não perdeu de vista a natureza boa da Lei, e continua deixando isso claro para seus leitores. A pergunta feita aqui tem o mesmo tom e teor da pergunta feito no versículo 7; “ Acaso o bom  se me tornou em morte?”. A indagação inda tende forçar uma especulação do

ensina de Paulo sobre a Lei, porém, o apóstolo já não chama a Lei de Lei, mas se refere a ela evocando uma qualidade própria de Sua natureza. Ele a de Boa! A resposta do autor da Carta aos Romanos a esta pergunta, também é a mesma do versículo 7; “de modo nenhum!” (μὴ  γένοιηο). Paulo termina seu argumento defendendo sua  posição, com a mesma força que começou, rejeitando energicamente energicamente qualquer insinuação maldosa a respeito de seu ensino sobre a nova posição do crente em relação à Lei. Por último, Paulo faz uma declaração a respeito da Lei e do pecado que realça o contraste entre eles, “o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa, causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, se mostrasse sobremaneira maligno”.   Pela segunda vez neste versículo, o apóstolo faz o uso substantivado do adjetivo ἀγαθὸν  (o que é bom, o bem), bem), e atribui ao pecado a expressão καθ᾽  ὑπερβολὴν ὑπερβολὴν ἁμαρηωλὸς  traduzido por  sobremaneira maligno, ou exsecivamente pecaminoso. pecaminoso.   Desta forma, Paulo enserra esta sessão do seu escrito, deixando claro para a igreja em Roma, e a tantos quantos queiram ou possam ler sua carta; que em momento algum ele ensina que exista qualquer união entre a Lei e o pecado, e que tal acusação contra ele, seria totalmente desprovida de verdade.

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IV - A identificação do “eu” 

É praticamente impossível trabalhar com a interpretação deste texto da Carta aos Romanos e não surgir em nossa mente a pergunta: de quem o apóstolo Paulo está falando? Quem realmente seria este “eu” registrado nas paginas desta carta?

Certamente, esta é uma pergunta que os estudiosos da Bíblia têm se empenhado para responder desde o primeiro século da era cristã, desde então, algumas hipóteses são vistas como as principais. Gostaria de me limitar a comentar apenas duas delas. A primeira argumenta que o texto fala da experiência do próprio apóstolo Paulo, a segunda aponta para a humanidade em geral, e que a narrativa desta porção do capítulo 7, tenha uma aplicação universal. Para John Murray, o “eu” retratado no capítulo 7 de Romanos, trata -se do próprio apóstolo Paulo. O comentarista sugere que a frase “Sem lei eu vivia” , , Paulo  Paulo esteja fazendo uma referência à sua vida de justiça j ustiça própria antes de ser perturbado pela convicção do pecado causada pelo “ sobrevindo o preceito, o pecado reviveu e eu morri ”. Murray deixa claro o “eu morri” precisa ser posto em contraste com “Sem lei eu vivia” , e por isso deve ser interpretado

como a morte complacente autoconfiança e tranquilidade do apóstolo. O autor afirma ainda

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que não há necessidade de se fazer uma determinação sobre em que momento da vida do apostolo isso ocorreu. (Murray, 2003 pg. 278). Segundo Lawrence O. Richards o “eu” de Romanos 7 se refere ao caso de “todos   os homens”, de acordo com ele Paulo em Romanos 2 mostrou que o gentio assim com o judeu

entende a Torá no sentido de um ensino divino concedido através de revelações, Lawrence argumenta ainda que apesar de Paulo como fariseu está descrevendo uma experiência sua, está tipificando todos os homens, tanto judeus como gentios. Outro comentarista que compartilha desta posição é John Stott. Ele diz “Em suma... embora seja uma experiência

sua, poderia ser também a de todo mundo, quer a de Adão no Jardim do Éden, a de Israel no Monte Sinai ou a nossa hoje”. Para mim, o segundo entendimento é mais plausível, tendo em vista que Adão é um tipo para toda a humanidade, e que Paulo fez uso de uma experiência própria para lançar luz sobre a realidade do homem sendo impactado pelo pecado, que lhe causou a morte espiritual  por ocasião do do Mandamento ou L Lei ei de Deus.

V - Reflexões Teológicas

O texto de Romanos 7: 7-13, quando o interpretamos corretamente, é uma porção da Palavra de Deus que certamente deve gerar em nossos corações dois fortes e profundos sentimentos: temor e gratidão. O temor deve brotar dos nossos corações porque a Lei, embora seja ao homem, impossível de se cumprir em sua totalidade, expressa a santa, justa e boa vontade de Deus. Essa mesma Lei comunica não apenas a vontade, mas também a natureza do próprio Deus,  por carregar em si atributos que são da pessoa ddoo Criador como Santida Santidade, de, Justiça e Bondade. Embora a Lei seja limitada, por sua incapacidade de santificar ou de justificar o homem diante de Deus, devemos ser gratos ao Senhor pela obra da Lei que operada em nós, revelando nosso estado de perdição e de distanciamento do Criador. Foi a Lei quem nos convenceu da assustadora condição pecaminosa em que nos encontrávamos e nos abriu os  para a necessidade necessidade de uum m Salvador.  Nas palavras de Jesus em Mateus 5:18, também podemos ver o caráter profético da Lei “ Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til  ______________________  ___________ _______________________ ______________________ _______________________ _________________________ _______________________ _____________ __ Aluno: Antônio Cláudio de Oliveira da Silva 11

 

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 se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido”. Nosso maior motivo de gratidão a Deus pelo cumprimento da é que Cristo é o cumprimento e o cumpridor da Lei “ Não penseis que vim

destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir” (Mateus 5:17) 5:17);; “ Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vosso s ouvidos”( Lucas 4:21). Certamente a Lei nos levou a ver nossa miséria espiritual de forma que de despertou em nós o mesmo grito do apóstolo Paulo: “Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor!”

(Romanos 7:25a). Graças a Deus! “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” (  Romanos 10:4.). 10:4.). Embora neste texto o apóstolo Paulo se concentre em dissertar sobre a Lei, sem dúvidas podemos notar de forma indireta a finalidade da Lei era culminar com a mensagem redentora da Graça revelada na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo.

VI - Referências Bibliográficas

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