Estrela Rubi

December 8, 2018 | Author: Ronaldo DE Lima | Category: Aleister Crowley, Freemasonry, Thelema, Masonic Lodge, Rosicrucianism
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Revista da Loja Quetzalcoatl, Ordo Templi Orientis

A HISTÓRIA DA O.T.O NO BRASIL DesDe seu nascimento em 1995 até sua maioriDaDe, os Detalhes Da história Da o.t.o. no Brasil perpassam a viDa De Diversos personagens Da história De thelema, Bem como seus conflitos, esperanças e traBalho. pág. 15

Índice Editorial pág. 3 Notícias pág. 3 A História da Ordo Templi Orientis pág. 4 A História da O.T.O. no Brasil

14

Sucessão após Crowley pág. 22 Hooráculo

pág. 32

escreva  para  nós! Além de ajudar a melhorar nosso trabalho com sua opinião, aproveite nosso espaço de comunicação para tirar dúvidas, dar ideias e manter contato com os membros da O.T.O. no Brasil. E-mails para: [email protected]

Índice Editorial pág. 3 Notícias pág. 3 A História da Ordo Templi Orientis pág. 4 A História da O.T.O. no Brasil

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Sucessão após Crowley pág. 22 Hooráculo

pág. 32

escreva  para  nós! Além de ajudar a melhorar nosso trabalho com sua opinião, aproveite nosso espaço de comunicação para tirar dúvidas, dar ideias e manter contato com os membros da O.T.O. no Brasil. E-mails para: [email protected]

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editorial 

notÍcias

M

uito se tem escrito e alado sobre a Ordo Templi Templi Orientis no Brasil e sua história em nosso País durante os seus 16 anos de existência, mas raramente estes relatos oram além de meras versões de cunho pessoal ou desabaos de egos eridos. De ato não é dicil encontrar inormação exposta online, com a acilidade de um simples click  somos bombardeados com textos e material de todo o gênero e qualidade. Sejam otos manipuladas do primeiro grupo de Iniciados da O.T.O. aqui no Brasil, biograas abricadas de indivíduos que em algum momento zeram parte da Ordem, ou ataques disarçados de pretensos estudos disponibilizados em blogs e oruns. No entanto, talvez um um dos maiores problemas seja o ato que o início de Thelema no Brasil está associado a uma prounda desinormação relativa à Ordo Templi Orientis, que inelizmente oi perpetuda por alguns devido ao receio que de outro modo suas ambições desmoronassem por alta de uma base, mesmo esta sendo vazia.

Centenário da seção britânica O.T.O. Em 2012 e.v. estamos comemorando o centenário do anúncio ormal da seção britânica da Ordo Templi Orientis, liderada por Aleister Crowley. A Loja Quetzalcoatl comemora esses cem anos com uma edição especial da Estrela Rubi, que revisita a História da O.T.O., e especialmente sua trajetória no Brasil, desde a sua chegada em 199 19955 e.v.

Aniversário da Loja Quetzalcoatl No dia 23 de maio e.v., a Loja Quetzalcoatl comemorou 12 anos de existência. Foram 12 anos anos de luta e trabalho entre irmãos. Só p oderíamos registrar aqui uma homenagem a todos da nossa Loja, que azem e zeram parte do trabalho que nos trouxe até aqui. Parabéns a todos nós!

Dois anos da Revista Estrela Es trela Rubi Assim se desenvolveu e perpetuou uma postura de imaturidade caracterizada pela alta de capacidade em assumir um compromisso compromisso de trabalho próprio e se responsabillizar pelo mesmo. Certamente para alguns é mais proveitoso aproveitrar a carona no trabalho e história dos outros, no entanto acredito que em algum momento deveríamos crescer e começar a caminhar p or nós próprios. Espero que através deste novo numero de nossa revista certos pontos de nossa história história no Brasil possam car mais claros, e assim trazer alguma luz a algums mitos que azem parte do que se tornou o olklore Thelêmico no Brasil.

É com muita satisação que, nesta presente edição, comemoramos dois anos de existência da Revista Estrela Rubi. Gostaríamos de agradecer a todos os leitores que têm nos acompanhado e que contribuíram para nosso desenvolvimento com comentários, sugestões e críticas. Esperamos continuar produzindo um material de qualidade, divulgando a Lei de Thelema e seguir atendendo a demanda de nossos Irmãos, Irmãs e estudantes sérios.

Solstício de Inverno Celebramos mais um Solstício de Inverno. Como na hora da meia-noite do Sol, a Natureza recolhe suas orças e se reugia em si mesma. Na sua introspecção, ela reúne orças para um novo renascimento. Assim como Kephra conduz o Sol através da madrugada, a semente de um novo ciclo se prepara, em silêncio. Seu orescer será aguardado com a paz que antecede um novo regozijo. A Loja Quetzalcoatl deseja um inverno sereno a todos.

Novos Minervais No dia 5 de maio oram iniciados os Novos Minervais da Ordo Templi Orientis. Que todos sejam bem-vindos. Desejamos nada mais e nada menos do que Sucesso nesse início de caminhada. Frater apollôn Hekatos Mestre da Loja QuetzaLcoatL - rio de janeiro

E   s   t   r   e l     a R   u  b  i   

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 a Hist ria da  ordo teMpli orientis Frater sabazius & Frater aMt

  o   g    i    t   r    A

UM panoraMa  sobre  a trajetória  da  ordo teMpli orientis, desde sUa fUndação até os dias atUais.

M

esmo que ocialmente undada no princípio do Séc. XX e.v., a O.T.O. representa a exteriorização e conuência de divergentes correntes de sabedoria e conhecimento esotérico, que eram originalmente divididas e guiados à contra cultura pela intolerância política e religiosa durante as idades negras. Ela remete às tradições dos movimentos Maçônico, Rosacruciano e Iluminista dos Sécs. XVIII e XIX, às cruzadas dos Cavaleiros Templários da Idade Média, ao recente Gnosticismo Cristão e às Escolas Pagãs de Mistérios. Seu simbolismo contém uma reunicação das tradições ocultas do Ocidente e do Oriente, e a resolução destas tradições permitiu-a reconhecer o verdadeiro valor da revelação do Livro da Lei de Aleister Crowley.

Carl Kellner O Pai Espiritual da Ordo Templi Orientis oi Carl Kellner (Renatus, 01/09/1851 — 07/06/1905), um rico industrial austríaco da química do papel. Kellner oi um estudante da Maçonaria, do Rosacrucianismo e do Misticismo Oriental, e viajou extensamente pela Europa, América e ásia Menor. Durante suas viagens, ele alegou ter entrado em contato com três Adeptos (um Su, Soliman ben Aia, e dois Tantristas hindus, Bhima Sena Pratapa de Lahore e Sri Mahatma Agamya Paramahamsa), e uma organização chamada A Irmandade Hermética da Luz. Em 1885, Kellner encontrou o Dr. Franz Hartmann (1838 — 1912), estudioso Teosóco e Rosacruciano. Mais tarde, ele e Hartmann colaboraram no desenvolvimento da terapia pela inalação de “ligno-sulto”, para o tratamento da tuberculose, a qual ormou a base do tratamento do sanatório de Hartmann nas proximidades de Saltzburg. Durante o decorrer de seus estudos, Kellner acreditou ter descoberto uma “Chave” que oerecia uma clara explicação de todo o complexo simbolismo maçônico e que, acreditava Kellner, abriria os mistérios da Natureza. Kellner desenvolveu o desejo de ormar uma Academia Maçônica que permitiria habilitar todos os maçons a tornarem-se amiliarizados com todos os existentes graus e sistemas maçônicos.

    l    t    a    o    c     l    a    z    t    e    u     Q    a     j    o     L   —    s     i    t    n    e     i    r     O     i     l    p    m    e Em 1895 Kellner começou a discutir sua ideia de undar uma Acade    T    o     d    r mia Maçônica com seu sócio, Theodor Reuss (Merlin ou Peregrinus,     O

 Academia Maçônica 

28/06/1855 — 28/10/1923). Durante estas conversas, Kellner decidiu que a Academia Maçônica deveria chamar-se “Ordem dos Templários Orientais”. O oculto círculo interno desta Ordem (a O.T.O. propriamente dita) deveria organizar-se em paralelo aos mais altos graus dos Ritos maçônicos de Memphis e Mizraim, e deveria ensinar as doutrinas esotéricas Rosacrucianas da Irmandade Hermética da Luz e a “Chave” de Kellner para o simbolismo maçônico. Tanto homens quanto mulheres seriam admitidos a todos os níveis desta Ordem, mas a posse de vários graus da Arte e Altos Graus maçons deveriam ser pré-requisitos para a admissão no Círculo Interno da O.T.O. Inelizmente, graças aos regulamentos das Grandes Lojas estabelecidas que governavam a Maçonaria Regular, mulheres não podiam ser iniciadas como maçons e assim seriam excluídas por denição da admissão à Ordem dos Templários Orientais. Esta deve ter sido uma das razões pelas quais Kellner e seus associados resolveram obter controle sobre um dos muitos ritos, ou sistemas, da Maçonaria; para reormar o sistema para a admissão de mulheres. As discussões entre Reuss e Kellner não levaram a quaisquer resultados na ocasião, pois Reuss estava muito ocupado com o renascimento da Ordem dos Illuminati, juntamente com seu associado Leopold Engel (1858 — 1931), de Dresden. Kellner não aprovava a recriação da Ordem dos Illuminati ou Engel. De acordo com Reuss, até sua separação nal de Engel, em junho de 1902, Kellner contatou-o e ambos concordaram a proceder com o estabelecimento da Ordem dos Templários Orientais, buscando autorizações para atuar nos vários ritos dos altos-graus da Maçonaria.

Bases Maçônicas  Theodor Reuss, além de ser o líder da rediviva Ordem Bávara dos Illuminati, era também Grande Mestre do Rito de Swedenborg da Maçonaria na Alemanha (patente datada de 26 de julho de 1901, por W. Wynn Westcott), Inspetor Especial da Ordem Martinista na Alemanha (patente datada de 24de junho de 1901, por Gérard Encausse) e Magus do Alto Conselho alemão da Societas Rosicruciana em Anglia (carta de autorização datada de 24de evereiro de 1902, por W. Wynn Westcott). Com auxílio de Kellner, Reuss contatou o estudioso maçônico John Yarker (1833 — 1913), para adquirir patentes para operar três sistemas dos altos-graus da Maçonaria conhecidos como o Antigo e Primitivo Rito de Memphis, de 97°, o Antigo Rito Oriental de Mizraim, de 90°, e o Antigo e Aceito Rito Escocês, de 33° (Conselho de Cernau, Nova York, 1807). Reuss recebeu cartas-patente de Grande Inspetor Soberano 33° do Rito Escocês de Cernau de Yarker, datando de 24 de setembro de

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1902. De acordo com uma cópia publicada, Yarker emitiu na mesma data uma permissão para Reuss, Franz Hartmann e Henry Klein operarem um Soberano Santuário 33° — 95° dos Ritos Escoceses, de Memphis e Mizraim. Yarker emitiu uma segunda patente conrmando a autoridade de Reuss para operar nos ditos Ritos em 01 de julho de 1904; e Reuss publicou uma cópia de uma patente de conrmação datada de 24 de junho de 1905. Reuss iniciou a publicação de um periódico maçônico, “The Oriamme”, em 1902. Estes Ritos, em conjunto com o de Swedenborg, oram adotados como elementos integrais dentro do esquema geral da Ordem. O Rito de Swedenborg, que incluía uma versão dos graus de Arte, em conjunto e o Rito Escocês de Cernau e os Ritos de Memphis Mizraim proveram uma seleção de “altos graus” trabalháveis tão completos como jamais existiu. Juntos, eles proveram um completo sistema de iniciações maçônicas à disposição da Ordem. Com a incorporação destes Ritos, a Ordem estava pronta a operar como um sistema maçônico completamente independente. Reuss e Kellner prepararam  juntos um breve maniesto para sua Ordem em 1903, o qual oi publicado no ano seguinte em “The Oriamme”. Kellner morreu em sete de junho de 1905 e Reuss assumiu pleno controle da Ordem. Com auxílio dos co-undadores Franz Hartmann e Heinrich Klein, Reuss preparou uma Constituição para a Ordem em 1906.

 A O.T.O. Dirigida por Reuss Rudolph Steiner (1861 — 1925), que nesta época era o Secretário Geral do ramo alemão da Sociedade Teosóca, oi patenteado em 1906 como Grande Mestre Delegado de um capítulo subordinado à O.T.O/Memphis/Mizraim e do Grande Conselho chamado Mystica Aeterna em Berlim. Steiner deu undação à Sociedade Antroposóca em 1912 e encerrou sua associação com Reuss em 1914. Em 24 de junho de 1908, o Dr. Gérard Encausse (Papus, 1865 — 1916) organizou uma “Conerência Maçônica e Espiritualista Internacional” em Paris, à qual Reuss compareceu. Nesta conerência, Encausse recebeu, sem pagamento, uma patente de Reuss para estabelecer um “Supremo Grande Conselho Geral dos Ritos Unidos da Antiga e Primitiva Maçonaria para o Grande Oriente da França e suas Dependências em Paris”. No ano anterior Encausse, juntamente com Jean Bricaud (1881 — 1934) e Luis-Sophrone Fugairon (n. 1846), havia organizado a Églaise Catholique Gnostique, a Igreja Gnóstica Católica, como um cisma da Église Gnostique, uma igreja neo-Albingense undada em Paris em 1890 por Jules Dionel (1842 — 1903). Acredita-se que Reuss recebeu consagração episcopal e autoridade primal na Églaise Catholique Gnostique de Encausse e Bricaud nesta conerência. O envolvimento de Encausse com a O.T.O., per se, é incerto. Ainda nesta conerência o Dr. Arnold Krumm-Heller (Huiracocha, 1879 — 1949) recebeu uma patente de Reuss como representante ocial para a América Latina. Krumm-Heller desenvolveu sua própria ordem, chamada Fraternitas Rosacruciana Antiqua (F.R.A.). De acordo com seu lho, Parsival, ele nunca undou Lojas da O.T.O. ou indicou qualquer ocial da O.T.O.

Reuss e Crowley 

 A   r   t   i     g  o

Como um jornalista, Reuss viajava reqüentemente à Inglaterra. Em uma destas viagens ele conheceu Aleister Crowley (Baphomet, 12/10/1875 — 01/12/1947), o qual oi admitido aos três primeiros graus da O.T.O. em 1910. Em 21 de abril de 1912 Reuss deu a Crowley uma patente, gratuitamente, indicando-o como Grande Mestre Nacional Geral X° da O.T.O. para a Grã-Bretanha e Irlanda. A indicação de Crowley incluía autoridade sobre os Ritos de língua Inglesa nos graus ineriores (maçônicos) da O.T.O., aos quais oi dado o nome de Mysteria Mystica Maxima, ou M\M\M\ Em primeiro de junho de 1912, uma Grande Loja Nacional para os países eslavos oi estabelecida por Czeslaw Czynski. Franz Hartman morreu em sete de agosto de 1912. Em setembro de 1912 Reuss publicou a “Edição de Jubileu” do “The Oriamme”, que oi a primeira edição a mencionar a O.T.O. em qualquer detalhe, e oi quase inteiramente devotada a assuntos da O.T.O.. Kellner, Reuss e Crowley eram listados como membros de grau X° da O.T.O. Também em 1912 Crowley publicou o “Maniesto da M\M\M\” no qual a M\M\M\ oi identicada como a seção britânica da O.T.O., a qual “incluía todos os países onde o Inglês osse largamente alado”. A O.T.O. é descrita neste documento como “...um corpo de iniciados em cujas mãos está concentrada a sabedoria e o conhecimento dos corpos seguintes: A Igreja Gnóstica Católica. A Ordem dos Cavaleiros do Espírito Santo. A Ordem dos Illuminati. A Ordem do Templo (Cavaleiros Templários). A Ordem dos Cavaleiros de São João. A Ordem dos Cavaleiros de Malta. A Ordem dos Cavaleiros do Santo Sepulcro. A Igreja Oculta do Santo Graal. A Ordem Rosacruz A Fraternidade Hermética da Luz. A Sagrada Ordem da Rosa Cruz de Heredom. A Ordem do Sagrado Arco Real de Enoch. O Antigo e Primitivo Rito da Maçonaria (33 graus). O Rito de Memphis (97 graus). O Rito de Mizraim (90 graus). O Antigo e Aceito Rito Escocês da Maçonaria (33 graus). O Rito de Swedenborg da Maçonaria. A Ordem dos Martinistas. A Ordem de Sat Bhai, A Ordem Hermética da Golden Down e muitas outras ordens de mérito igual, se de menos ama.” O Maniesto da M\M\M\ também deu o seguinte esquema de organização da Ordem: O° MINERVAL

E   s   t   r   e l     a R   u  b  i   

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  o   g    i    t   r    A

I° M. II° M.. III° M\ P\M\ IV°, Companheiro do Santo Arco Real de Enoch. Príncipe de Jerusalém. Cavaleiro do Leste e do Oeste. V°, Príncipe Soberano da Rosa Cruz. (Cavaleiro do Pelicano e águia.) Sócio do Senado de Cavaleiros Filósoos Herméticos, Cavaleiros da águia Vermelha. VI°, Ilustre Cavaleiro (Templário) da Ordem de Kadosch, e Companheiro do Santo Graal. Chee Inquisidor principal, Sócio do Tribunal Principal. Príncipe do Segredo Real. VII°, Inspetor General Principal Soberano Muito Ilustre. Sócio do Conselho Principal Supremo. VIII°, Pontíce Pereito dos Illuminati. IX°, Iniciado do Santuário do Gnosis. X°, Rex Summus Sanctissimus (o Rei Supremo e mais Santo). A edição de setembro de 1912 do “The Oriame” incluiu uma listagem similar de um sistema de dez graus: I - Prüing [Probacionista] II - Minerval III - Johannis-(Crat-) Freimauer [Artesão maçon] IV - Schottischer-(Andreas-) Mauer [Maçon escocês] V - Rose Croix-Mauer VI - Templer-Rosenkreuzer VII - Mystischer Templer VIII - Orientalisher Templer IX - Vollkommener Illuminat [Pereito Iluminado] X - Supremus Rex Desta orma, em 1912, Crowley e Reuss haviam condensado o sistema da Arte e dos altos-graus maçons em um sistema viável de dez graus numerados que incorporava os ensinamentos e simbolismo de um certo número de sociedades ocultistas e místicas. Os três graus da Academia Maçônica de Kellner ormavam os graus VII°, VIII° e IX° deste sistema. O décimo grau (X°), “Rex Summus Sanctissimus”, ou “Supremus Rex”, designava o Grão Mestre Geral Nacional da O.T.O para um determinado país, região ou grupo lingüístico. A suprema autoridade da Ordem, internacionalmente, era chamada de “Frater Superior” ou Cabeça Externa da Ordem (“Outer Head o the Order” — O.H.O.).

    l    t    a    o    c     l    a    z    t    e    u     Q    a     j    o     L   —    s     i    t    n    e     i    r     O     i     l    p    m    e     T    o     d    r     O

Os Grãos Mestres Gerais Nacionais tinham a autoridade para indicar seus próprios representantes, chamados “Vice-Reis”, em outros países de mesmo idioma dominante. Vice-Reis podiam ainda serem levados ao X° pelo O.H.O.. Dos Grãos Mestres Gerais Nacionais esperava-se que conduzissem os negócios da O.T.O. de acordo com a Constituição da O.T.O., mas em grande escala ora da supervisão diária do quartel-general internacional ou “Escritório Central”. O Maniesto da M\M\M\ incluía otograas da mansão de Crowley

na Escócia, chamada de Boleskine, a qual servia como “Casa de Oícios” da Ordem. Incluía também uma lista de taxas e mensalidades para cada grau, bem como uma lista de “taxas de aliação”, onde maçons poderiam aliar-se diretametne no nível correspondente ao seu próprio grau na Maçonaria. Estas listas oram reimpressas na edição de 1914 de “The Oriamme”, junto com os títulos de graus do Maniesto de Crowley traduzidos para o Alemão. Em 1912, o sistema da O.T.O., apesar de suas várias inuências, permanecia principalmente maçônico. Na Edição de Jubileu de “The Oriamme” Reuss deniu a O.T.O. como “uma ordem não pura e simplesmente maçônica, mas cada membro de nossa Ordem, homem ou mulher... deve proceder através dos graus de artesão da Maçonaria, mesmo aqueles dos mais altos-graus da Maçonaria, antes de serem iluminados e iniciados membros de nossa Ordem.” Contudo, a Grande Loja Unida da Inglaterra, a quem Crowley tecnicamente devia aliança, objetou a aceitação de Graus de Artesão na Inglaterra ora de sua jurisdição e objetou a admissão de mulheres na Maçonaria. Ainda assim, Crowley incluiu o seguinte texto em seu Maniesto da M\M\M\ “A O.T.O., ainda que uma Academia Maçônica, não é um Corpo Maçônico posto conceder os graus de artesão no sentido no qual esta expressão é normalmente entendida na Inglaterra; e assim não há conitos com ou inração aos justos privilégios da Grande Loja Unida da Inglaterra” . Em 15 de evereiro de 1913 Crowley adotou uma Constituição para a M\M\M\, submetida à Constituição Geral da O.T.O. Em 19 de março de 1913, Crowley e Reuss unidos deram patente a James Thomas Windram(Mercurius, 1877 — 1939) como representante ocial da O.T.O. na árica do Sul. Posteriormente, em 1913, visitando Moscou, Crowley compôs a Missa Gnóstica, a qual ele “preparou para o uso da O.T.O. a cerimônia central de sua celebração pública e particular, correspondendo à Missa da Igreja Católica Romana.” A I Guerra Mundial estourou em 28 de julho de 1914. Crowley mudou-se para Nova York em outubro deste mesmo ano; passando o ano seguinte trabalhando como escritor para os periódicos de George Sylvester Viereck, “The Fatherland” e “The International”, e como editor-chee posteriormente. Em dezembro de 1914, Crowley indicou Charles Stanseld Jones (Parzival, 1886 — 1950) como Grão Inspetor Geral Soberano VII° e seu representante pessoal na cidade de Vancouver. Em março de 1915 Windram indicou Ernest W. T. Dunn VII°(Maximus) como Vice-Rei atuante para a Australásia. Apesar de seu anterior anúncio sobre os Graus de Artesão, no Maniesto da M\M\M\, Crowley permanecia inconortável em relação às características maçônicas da O.T.O., por um adicional número de razões: Em contraste com Reuss, Crowley acreditava que mulheres não poderiam ser iniciadas como maçons, apesar de pensar que deveriam ser aptas a se iniciar na O.T.O.



Estava rustrado com as elaboradas preparações requeridas para a execução das iniciações maçônicas e com o tamanho dos rituais maçônicos e seu excessivo palavrório. Crowley via estes atores como impedimentos no sucesso da implantação de um trabalho entre pessoas modernas. Ele acreditava que os conteúdos simbólicos dos rituais maçônicos estava amortecido a ponto de serem inúteis. Desejava utilizar o sistema da O.T.O. para ajudar na divulgação dos ensinamentos de Thelema. Por estas razões Crowley começou a preparar rituais revisados que poderiam propagar a signicância da Arte e os altos-graus conscientemente e de orma dramática, que seriam próprios para a iniciação tanto de homens quanto de mulheres, que não inringiriam os privilégios da Grande Loja Unida da Inglaterra e que divulgariam os ensinamentos básicos de Thelema. Crowley assim o ez por volta de 1925 e adotou os rituais revisados para uso em sua própria seção da O.T.O., a M\M\M\ Crowley escreveu sobre estes rituais revisados a Arnold Krumm-Heller em 22 de junho de 1930: “Reuss tinha o hábito de iniciar pessoas com meros esqueletos de rituais tomados daqueles daMaçonaria continental. Não havia, para deixar claro, nenhuma ordem ou decência neste procedimento. Ele percebia isto pereitamente bem e era uma das razões pelas quais pedia-me para reconstruir o sistema de iniciação. Eu z um estudo comparativo de numerosos rituais aos quais eu tive acesso, e produzi uma série que oi apereiçoada para, e incluindo o 6º grau (equivalente ao Kadosh) e estes oram trabalhados em Londres com o maior sucesso. Devo azer aqui uma pausa para apontar uma mudança essencial e undamental que é necessária em qualquer ritual com o qual eu tenha algo a azer que é a completa renúncia ao culto dos Deuses-Escravagistas. É impossível para um homem livre conhecer qualquer sistema que está ligado aos etiches de selvagens cujo único motivo para ação é o medo nascido de sua própria ignorância.” Em 1915 ou 1916 Aleister Crowley escreveu “Uma Intimação a Respeito da Constituição da Ordem” (Liber CXCIV), que desenvolvia suas ideias sobre a Constituição da O.T.O. escritas por Reuss em 1906, a Constituição da M\M\M\ de Crowley, de 1913, e seu Maniesto. Gérard Encausse morreu em 25 de outubro de 1916. Charles Détré (Téder, 1855-1918) sucedeu Encausse e aparentemente também recebeu o grau X° da O.T.O. para a França, mas aleceu apenas dois meses depois. Em 1916 Reuss mudou-se para a Basiléia, na Suíça. Enquanto estava lá, ele estabeleceu uma “Grande Loja e Templo Místico Anacional” da O.T.O. e a Irmandade Hermética da Luz em Monte Verità. Monte Verità era uma comunidade utópica perto de Ascona, undada em 1900 por Henri Oedenkoven e Ida Homann, que uncionava como um centro para o qual o historiador James Webb chamaria mais tarde a “Contra Cultura Progressista”.

Em 22 de janeiro de 1917 Reuss publicou um maniesto para sua Grande Loja Anacional, a qual oi chamada Verità Mystica. Na mesma data, publicou uma versão revisada de sua Constituição da O.T.O. de 1906, com uma “Sinopse dos Graus” e um resumo “Mensagem de Mestre  Therion” em anexo. Nesta constituição revisada Reuss incluiu muitos dos tópicos da Constituição da M\M\M\ de Crowley, de 1913. Contudo, neste documento, como em muitos dos documentos de Reuss sobre a O.T.O., ele enatizava o caráter maçônico da Ordem.

 A   r   t   i     g  o

Em maio de 1917, a Loja de Crowley na Inglaterra oi invadida e echada pela polícia, sob a alegação de mandato contra “leitura da sorte” contra um de seus membros. Entretanto, o trabalho de Crowley para a publicação anti-britânica de Viereck “The Fatherland” pode ter levado as autoridades a suspeitarem de atividades anti-patrióticas na Loja de Crowley. Todos os arquivos da Loja oram apreendidos. Crowley oi orçado a temporariamente abdicar do cargo de Grão Mestre em avor de C. S. Jones para acilitar a situação dos membros remanescentes. A Loja nunca oi completamente restaurada. Em Ascona, Reuss organizou um “Congresso Anacional pela Organiza ção da Reconstrução da Sociedade em Práticas Linhas Cooperativas “, em Monte Verità, de 15 a 25 de agosto de 1917. Este Congresso incluiu leituras das poesias de Crowley (em 22 de agosto) e a récita da Missa Gnóstica de Crowley (em 24 de agosto — apenas para membros da O.T.O.). O anúncio do Congresso declarava: “Há dois centros da O.T.O., ambos em países neutros, onde pesquisadores podem ser encontrados por aqueles interessados nos objetivos deste congresso. Um é em Nova York (Estados Unidos da América), o outro é em Ascona (Suíça Italiana).” Crowley estava vivendo em Nova York nesta época; assim, evidentemente, ele e Reuss eram os únicos Cabeças Nacionais ativos da O.T.O. em 1917. Reuss pediu que sua secretária, “J. Adderley” (Isabel Adderley Oedenkoven), enviasse uma cópia do anúncio, juntamente com uma cópia do Maniesto da M\M\M\ de Crowley à Grande Loja Unida da Inglaterra, na esperança de que a Grande Loja enviasse representantes. Isto não ocorreu, mas Willian Hammond, o Bibliotecário da Grande Loja, escreveu a Reuss após o congresso e pediu mais inormações. Durante a correspondência de Reuss com Hammond, Reuss lembrou-o que haviam se encontrado 1913/14, e Reuss havia dado a ele cópias de “The Oriamme” e do “Equinox” de Crowley, o qual, havia dito, “dava detalhes sobre a O.T.O.”. Reuss estava claramente impressionado com Thelema. A Missa Gnóstica de Crowley, a qual Reuss traduzira para o alemão e ora recitada em seu Congresso Anacional em Monte Verità, é um ritual explicitamente telêmico. Em uma carta sem data para Crowley (recebida em 1917), Reuss ala excitadamente que havia lido “A Mensagem de Mestre Therion” para seu grupo em Monte Verità e que estava traduzindo o Livro da Lei para o Alemão. E ainda, “deixe esta notícia encorajá-lo! Estamos vivenciando seu Trabalho!!!” Em 24 de outubro de 1917, Reuss entregou uma patente a Rudol  Laban de Laban-Varalya (1879 — 1958) e Hans Rudol Hilker-Dunn

E   s   t   r   e l     a R   u  b  i   

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  o   g    i    t   r    A

(1882 — 1955) para operar uma Loja de Grau III° da O.T.O. em Zurique, chamada Libertas et Fraternitas. Em três de novembro de 1917, de Laban tornou-se Grande Mestre da Grande Loja Anacional Verità Mystica. Mais tarde, naquele mês, ele echou a Verità Mystica e transeriu seu centro de operações para Zurique. Em março de 1918 Crowley publicou a Missa Gnóstica no “The International”. Reuss publicou sua tradução para o Alemão da Missa Gnóstica no mesmo ano. Em uma nota no m de sua tradução da Missa Gnóstica, Reuss reeria-se a si próprio, simultaneamente, como Soberano Patriarca e Primaz da Igreja Católica Gnóstica, e Legado Gnóstico na Suíça para a Église Gnostique Universelle, dando a conhecer Jean Bricaud (1881 — 1934) como Soberano Patriarca daquela igreja. A publicação deste documento pode ser vista como o nascimento da E.G.C. como uma organização independente, sob a tutela da O.T.O., com Reuss como seu primeiro Patriarca. A I Guerra Mundial terminou em 11 de novembro de 1918. De Laban deixou a Suíça em novembro. Em evereiro de 1919 a Loja Libertas et Fraternitas rompeu sua ligação com a O.T.O. e tornou-se estritamente uma Loja Maçônica. Posteriormente regularizou-se sob a Grande Loja Suíça Alpina. Embora nenhum corpo da O.T.O. tenha restado na Suíça, Reuss continuou a conerir graus da O.T.O. a indivíduos. Enquanto Reuss persistia em armar a autoridade maçônica da O.T.O., Crowley continuava a aastar a M\M\M\ da Maçonaria. Em outubro de 1918, Crowley preparou outra substancial revisão dos rituais internos da Ordem, desta vez abandonando o termo “Maçonaria” e os característicos emblemas, signos, identicadores etc., dos graus da Arte. Ele apresentou seus rituais revisados a Reuss para a adoção pela Ordem como um todo. Em março de 1919 Crowley publicou seu “The Equinox, Volume III, No. I” (o “Equinox Azul”), o qual continha uma série de importantes documentos da O.T.O., incluindo: Liber LII: O Maniesto da O.T.O. Liber CXCIV: Uma Intimação a Respeito da Constituição da Ordem Liber CI: Uma Carta Aberta a Todos os Que Desejarem Unir-se à Ordem Liber CLXI: Sobre a Lei de Thelema Uma versão revisada do Liber XV: A Missa Gnóstica O Liber LII: O Maniesto da O.T.O. de Crowley oi baseado quase que palavra por palavra no Maniesto da M\M\M\ de 1913. Saudações telêmicas oram adicionadas, reerências aos ociais oram atualizadas, reerências aos “guinéus” oram convertidas a seus equivalentes em dólares, os nomes de duas organizações contribuintes oram apagados (a Ordem Rosacruciana e a Ordem Hermética da Golden Dawn); a tabela de taxas e as otograas de Boleskine oram retiradas e a rase “Ela [a O.T.O.] de orma alguma inringe os justos privilégios de qualquer Corpo Maçônico autorizado” oi adicionada após a listagem de organizações contribuintes, e o anúncio maçônico acima citado oi mudado para:

    l    t    a    o    c     l    a    z    t    e    u     Q    a     j    o     L   —    s     i    t    n    e     i    r     O     i     l    p    m    e “A O.T.O., embora uma Academia Maçônica, não é um Corpo maçô    T    o     d    r nico posto não serem os ‘segredos’ entendidos da mesma orma na     O

qual aquela expressão é normalmente compreendida; e então de nenhuma maneira conitos com, ou inração dos privilégios justos da Grande Loja Unida da Inglaterra, ou qualquer Grande Loja na América ou de outra parte que seja reconhecida por ela [a G. L. U. da Inglaterra].” Em 10 de maio de 1919, Reuss outorgou uma Patente a Hans Rudolph Hilker, Dr. E. Pargaetzi, R. Merlitscheke M. Bergmaier para ormarem um Supremo Conselho do Rito Escocês de Cernau na Suíça, em Zurique. Na mesma data Reuss concedeu um documento chamado “Medida de Amizade” a Matthew McBlain Thomson, undador da aziaga “Federação Maçônica Americana”. O documento reconheceu Thomson como Membro de Grau IX° da O.T.O.. Em 18 de setembro de 1919, Reuss oi reconsagrado por Bricaud pelo recebimento da “Sucessão da Antióquia” e re-apontado como “Legado Gnóstico” na Suíça para a Église Gnostique Universelle de Bricaud. Crowley retornou à Inglaterra em dezembro de 1919. Em 1920, Reuss publicou seu “Programa de Construção e Princípios-Guia para os Gnósticos Neo-Cristãos: O.T.O.”. Neste documento Reuss apresenta suas ideias para uma (altamente regulamentada) sociedade utópica. Os princípios desta sociedade eram para serem baseados nas ideias de Thelema (o Livro da Lei e aorismos de Mestre Therion eram citados e explicados); juntamente com ideias mais tradicionais do Rosacrucianismo, Gnosticismo e Yoga; e as ideias sócio-políticas “progressistas” prevalecentes em Monte Verità. Em 17 de julho de 1920, Reuss participou do Congresso da “Federação Mundial da Maçonaria Universal”, ocorrido na Loja Libertas et Fraternitas, em Zurique. Esta conerência oi realizada para complementar a “Conerência Internacional Maçônica e Espiritualista” de Papus em Paris, de 1908. Reuss, com autorização de Bricaud, advogou pela adoção da religião da Missa Gnóstica de Crowley como a “religião ocial de todos os membros da Federação Mundial da Maçonaria Universal possuidores do 18° do Rito Escocês”. Os esorços de Reuss neste sentido alharam, e ele discutiu com Matthew McBlain Thomson (que ora eleito Presidente Honorário da Federação Maçônica Internacional) acerca de assuntos de jurisdição. Reuss abandonou o congresso após o primeiro dia. C. S. Jones havia abdicado da O.T.O. em 1919, mas continuou a corresponder-se com Reuss e, em 10 de maio de 1921 Reuss designou Jones como X° para os Estados Unidos da América do Norte. Na mesma data designou Heinrich Tränker (Recnartus, 1880 — 1956), que liderava várias organizações esotéricas dentro de um movimento chamado “Pansophia”, como X° para a Alemanha. Em 30 de julho de 1921 Reuss emitiu outro “Gauge o Amity”, desta vez para H. Spencer Lewis, o undador da A.M.O.R.C., a organização Rosacruciana baseada em San Jose (Caliórnia / EUA). Este documento também reconhecia Lewis como um membro Grau VII° da O.T.O. Crowley havia conhecido Lewis antes, em 1918, na cidade de Nova York, e não cou impressionado com ele. Reuss retornou à Alemanha em setembro de 1921, estabelecendo-se em Munique. Em 3 de setembro

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de 1921 Reuss patenteou Carl William Hansen (Kadosh, 1872 — 1936) como X° para a Dinamarca. Em outubro de 1921, dada a abdicação de Dunn, Crowley apontou Frank Bennet t (Dionysus, 1868 — 1930) como Vice-Rei da Austrália.

 A Sucessão de Crowley  Há algumas razões para acreditar que Reuss soreu um ataque na primavera de 1920, mas isto não está inteiramente certo. Crowley escreveu a W. T. Smith em março de 1943: “o antigo O.H.O., após este primeiro ataque de paralisia, entrou em pânico pelo trabalho a ser realizado... Ele rapidamente emitiu diplomas honorários do Sétimo Grau a várias pessoas, algumas das quais não tinham direito a nada e alguns deles eram apenas recursos baratos.” Logo após apontá-lo como seu Vice-Rei para a Austrália, Crowley parece haver correspondido-se com Frank Bennett e discutido com ele suas dúvidas acerca da habilidade de Reuss em, eetivamente, continuar a governar a Ordem. Parece que Reuss descobriu esta correspondência; ele escreveu para Crowley uma uriosa resposta deensiva em 9 de novembro de 1921, na qual ele parecia distanciar-se e à O.T.O. de Thelema, a qual ele havia, como visto acima, abraçado. Crowley respondeu à carta de Reuss em 23 de novembro de 1921 e armou em sua carta: “É de minha vontade ser o O.H.O. e Frater Superior da Ordem e espero a sua renúncia — para proclamar-me como tal.” Ele assinou a carta como “Baphomet O.H.O.”. No registro de seu diário de 27 de novembro de 1921 Crowley escreveu: “Eu proclamei a mim mesmo como Frater Superior O.H.O. da Ordem dos Templários Orientais.” Reuss morreu em 28 de outubro de 1923 e.v.. Em suas “Conssões”, Crowley diz que Reuss “abdicou do título [de O.H.O.] em 1922 em meu avor.” Em uma carta a Heinrich Tränker, datada de 14 de evereiro de 1925, Crowley escreveu o seguinte: “Reuss era de temperamento incerto, e de muitas ormas intratável. Em seus últimos anos ele parece ter perdido completamente seu juízo, chegando a acusar o Livro da Lei de ter tendências comunistas, ideia que não poderia ser mais absurda. Ainda assim parece ter tomado algumas decisões acertadas, como ter apontado a você e a Frater Achad, e designado a mim, em sua última carta, como seu sucessor.” Em uma carta a Charles Stanseld Jones, datada Sol in Capricornius, Anno XX (12/1924 — 01/1925), Crowley disse: “na última carta do O.H.O. para mim ele convidou-me a ser seu sucessor como O.H.O. e Frater Superior.” A carta de Reuss designando Crowley como seu sucessor como O.H.O. jamais oi encontrada, mas nenhum documento crível surgiu indicando que Reuss havia designado qualquer sucessor alternativo.

 A O.T.O. Dirigida por Crowley  Aleister Crowley atuou como Cabeça Externa da Ordem de 1922 até sua morte em dezembro de 1947. O primeiro ato de Crowley como O.H.O. oi reconrmar as patentes de Jones e Tränker como Gran-

des Mestres para a América do Norte e Alemanha, respectivamente.  Tränker, por recomendação de Jones, convidou Crowley a ormalmente assumir a liderança da O.T.O., bem como de várias outras organizações, incluindo o movimento Pansophico, em uma conerência que ocorreria em Hohenleuben, perto de Weida, no verão de 1925. Os outros participantes da conerência eram: Heinrich e Helene Tränker, Karl Germer (Saturnus, 22/01/1885 — 25/10/1962) — nesta época secretário e editor de Tränker —, Albin Grau, Eugen Grosche, Martha Künzel, Henri Birven, um cavalheiro chamado Hoper, Crowley e seus associados Dorothy Olsen, Leah Hirsig, Norman Mudd, e outros.

 A   r   t   i     g  o

Os resultados desta conerência oram vários. Os participantes caram divididos sobre os ensinamentos de Crowley e o Livro da Lei, o qual era largamente desconhecido (apenas recentemente ora traduzido para o Alemão). Ocorreram conitos pessoais também. Fraulein Künzel e Herr Germer postaram-se ao lado de Crowley. Herrn Tränker, Grau, Hoper e Birven decidiram manter a Loja Pansophica independente de Mestre Therion. Herr Grosche, originalmente ladeou-se a Crowley, mas ele e Germer brigaram, e Grosche decidiu permanecer independente. Após o echamento da Loja Pansophica, em 1926, Grosche reagrupou alguns ex-Pansophistas para undar a Fraternitas Saturni. A Fraternitas Saturni reconheceu o status de Crowley como um proeta e aceitou a Lei de Thelema de uma orma modicada, mas Grosche insistiu em manter-se independente da O.T.O. e sob sua própria autoridade, e não de Crowley. A Fraternitas Saturni ainda atua na Alemanha, Canadá e outros países e não se apresenta como sendo a O.T.O.  Tränker aparentemente tentou obter para si o título de O.H.O. da O.T.O. em 1925, mas parece não ter sido largamente reconhecido como tal e cessou seus esorços neste sentido em 1930, quando ele e H. Spencer Lewis começaram juntos a trabalhar diretamente (mas sem sucesso) para o estabelecimento de um ramo alemão da A.M.O.R.C.

 A Loja Agapé A Loja Agapé N° 1 oi undada em 1915, em Vancouver (Colúmbia Britânica/Canadá), sob a autoridade de Jones e Crowley. Nos anos 30, Wilred Talbot Smith (1885 — 1957), um membro patenteado da Loja Agapé N° 1 mudou-se de Vancouver com instruções de Crowley para trabalhar com Jane Wole (1875 — 1958), que havia sido uma estudante de Crowley em Cealú, de modo a estabelecer a Loja Agapé N° 2 em Los Angeles (Caliórnia/EUA). Smith e Wole uniram um grupo em Hollywood, Caliórnia, e, juntamente com Regina Kahl (1891 — 1945), começaram a celebrar a Missa Gnóstica semanalmente em um domingo, 19 de março de 1933. A Loja Agapé N° 2 teve seu primeiro encontro em 1935. A Loja Agapé contribuiu grandemente com os esorços de Crowley para suas publicações e Crowley apontou Smith (Ramaka) como X° para os E.U.A. Posteriormente a Loja Agapé N° 2 mudou-se para Pasadena, Caliórnia, e oi liderada por John W. “Jack” Parsons (Belarion, 1914 — 1952), um respeitado engenheiro químico e pioneiro a eroespacial. Parsons oi um dos undadores tanto do Caliornia I nstitute o Technology’s Jet Propulsion Laboratory (Laboratório de Propulsão a Jato do Instituto de Tecnologia da Caliórnia) quanto do Aerojet General (Laboratóro

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Aerojato Geral, do Instituto de Tecnologia da Caliórnia).

Karl Germer Quando a II Guerra Mundial estourou em 1939, as comunicações internacionais oram cada vez mais interrompidas e as viagens de civis eram limitadas. Crowley cou muito dependente de seus representantes estrangeiros, estando impossibilitado de viajar ele mesmo. Karl Germer, o representante alemão de Crowley, oi preso pela Gestapo e connado em um campo de concentração nazista por “buscar discípulos para o residente estrangeiro, maçon de alto grau, Crowley”. Solto logo graças aos esorços do cônsul norte-americano, Germer v iajou para os Estados Unidos onde, como Grande Tesoureiro Geral e segundo em comando além de Crowley, conduziu vários negócios da O.T.O. Em 14 de março de 1942 Crowley escreveu a Germer: “Devo indicá-lo como meu sucessor como O.H.O. [...] Uma completa mudança na estrutura da Ordem e seus métodos é necessária. O segredo é a base, e você deve selecionar cuidadosamente as pessoas.” Os outros ramos europeus da O.T.O. oram grandemente destruídos ou mantidos na contra cultura durante a Guerra. Os ramos latino-americanos da F.R.A. de Krumm-Heller mantiveram um discreto contato com Germer até o princípio da década de ‘60. Ao nal da II Guerra Mundial, em 1945, apenas a Loja Agapé em Pasadena, Caliórnia, ainda uncionava. Haviam iniciações isoladas da O.T.O. em várias partes do mundo. Apesar de Crowley receber visitas de membros da O.T.O. na Inglaterra nenhum trabalho oi conduzido desde o ataque policial em 1917. As iniciações oram muito raras ora da Caliórnia. Krumm-Heller, no México, conduzia iniciações da O.T.O. mas enviou um candidato, Dr.Gabriel Montenegro (Frater Zopiron ou  Theophilos) à Caliórnia para iniciar-se.

Grady McMurtry  Durante a II Guerra Mundial, dois membros da O.T.O. Caliorniana, Grady Loius McMurtry (18/10/1918 — 12/07/1985) e Frederick Mellinger (Merlinus, 1890 — 1970) — originalmente um reugiado da Alemanha nazista — viajaram à Europa em tareas militares. McMurtry já havia estado lá e visitado Crowley em várias ocasiões. Mellinger visitou Crowley após McMurtry haver retornado aos Estados Unidos. Houve um bom entendimento entre Crowley e McMurtry, e Crowley respeitou a experiência militar de McMurtry. Em 1943 Crowley pessoalmente coneriu o IX° da O.T.O. à McMurtry e ez dele Grande Inspetor Geral Soberano da Ordem, dando-lhe o nome mágico que usaria a     l    t    a partir de então: Hymenaeus Ala 777.    o    c     l    a    z    t    e    u     Q    a     j    o     L   —    s     i    t    n    e     i    r     O     i     l    p    m    e     T    o     d    r     O

te observemos olho-a-olho em qualquer assunto objetivo, eu devo pensar em premissas totalmente dierentes daquelas concernentes à Ordem. Uma das (surpreendentemente poucas) ordens que me oram dadas oi ‘não cone em um estranho: não alhe com um herdeiro’. Isto tem sido muito maligno para mim. Fr\ [Saturnus] é, claro, o Calia natural; mas há muitos detalhes acerca da real política ou trabalho que escapam a ele. Em todo caso, ele pode apenas ser um substituto, por causa da sua idade; tenho que procurar seu sucessor. Isto tem sido um Inerno; tantos têm vindo com promessas maravilhosas, apenas para cair nas pedras. [...] Mas — e aqui é que você tem perdido meu ponto de todo — eu não penso em você deitado em uma encosta verdejante com adoráveis carneiros, tocando uma auta! Ao contrário. Sua vida verdadeira, ou ‘sangramento’, é o tipo de iniciação que busco como base primordial para o Calia. — Para — digamos 20 anos — por isso o Cabeça Externo da Ordem deve, entre outras coisas, ter tido a experiência da guerra como ela realmente é de ato presentemente.” O título “Calia”, ainda que reerindo-se de alguma orma ao senso de humor de ambos os homens como uma trocadilho com uma abreviação para “Caliórnia” (local de residência de McMurtry e localização da Loja Agapé), provém da palavra árabe Khalia, signicando “delegado”. Foi historicamente utilizada no antigo Islã para designar o sucessor do Proeta, o comandante mundial da Fé Islâmica. O uso por Crowley do termo, aplicado a Germer e McMurtry, era paralelo para a O.T.O. Em 1946, Crowley incumbiu McMurtry com documentos de autoriza ção emergencial para tomar o controle de todo o trabalho da Ordem na Caliórnia, o que incluía o único Corpo uncional da O.T.O. naquela época. Crowley também apontou McMurtry como seu representante pessoal nos E.U.A., cuja autoridade deveria ser considerada como a do próprio Crowley. Estas duas patentes, datadas respectivamente de 22 de março de 1946 e 11 de abril de 1946, necessitavam apenas da aprovação, veto ou revisão de Karl Germer. Germer oi muito bem inormado das patentes de McMurtry por Crowley, posto haver comparecido ao encontro da Loja Agapé no qual McMurtry oi-lhe apresentado. Além disto, em uma carta a Germer datada de 19 de junho de 1946, Crowley inormava a Germer que “a única limitação de seu [McMurtry] poder na Caliórnia é que qualquer decisão que tome está sujeita à sua revisão ou veto” o que removia a necessidade de uma prévia autorização por Germer. Em seis de junho de 1947 Crowley escreveu a Germer:

Em 1944, Crowley começou a discutir com McMurtry a possibilidade de ele assumir o “Caliado”. Crowley escreveu a McMurtry em 28 de setembro de 1944: “Espero que você prera meu plano para sua carreira como meu Fides Achates, alter ego, Calia & assim por diante.” Em 21 de novembro de 1944 ele escreveu novamente a McMurtry:

“Você parece em dúvida quanto à sucessão. Nunca houve quaisquer questão a este respeito. Desde sua reaparição você é o único sucessor em que tenho pensado até este momento. Tenho, de qualquer orma, tido a ideia de que, tendo-se em vista a dispersão de tantos membros, você deveria achar útil apontar um triunvirato para trabalhar sob seu comando. Minha ideia é Mellinger, McMurtry e, eu suponho, Roy [Lefngwell], apesar de eu ter estado um pouco duvidoso em relação à lealdade deste último.”

“’O Caliado’. Você deve perceber que não importa o quão intimamen-

Em 17 de junho de 1947, seis meses antes de sua morte, Crowley es-

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creveu a McMurtry e inormou-o de que apesar de Germer ser seu sucessor como Cabeça da O.T.O., McMurtry deveria preparar-se para suceder Germer. Crowley, apesar de conar na habilidade de Karl Germer em governar a Ordem como seu sucessor, evidentemente não conava em sua habilidade de encontrar e designar um sucessor apropriado para si mesmo. No que parece ter sido uma medida de contingência adicional para a possibilidade de McMurtry morrer ou car incapacitado, Crowley também avisou a Mellinger para que se mantivesse pronto como um possível sucessor de Germer, em uma carta datada de 15 de  julho de 1947. De qualquer orma, Mellinger nunca recebeu os avisos dados a McMurtry e Crowley nunca usou o termo “Calia” em relação a Mellinger.

 A O.T.O. Dirigida por Germer Crowley morreu em 1° de dezembro de 1947 e, de acordo com sua vontade, Karl Germer tornou-se O.H.O. da O.T.O., atuando do nal de 1947 até sua morte em 1962. A Loja Agapé continuou no sul da Caliórnia até 1949, após o que a Loja cessou seus encontros regulares. Os registros da Loja Agapé, consistindo nas atas das reuniões, cópias da anotações de rituais, listas de membros iniciados em vários graus na O.T.O., correspondência e registros nanceiros, oram conservados por Jane Wole e vários membros da Loja. Seguindo-se à morte de Crowley, seu testamento oi executado e os executores começaram a enviar o espólio a Germer. Germer recebeu a maior parte do material do espólio de Crowley e, eventualmente, levou-o consigo para sua residência nal em Westpoint (Caliórnia/ USA). Germer era um homem quieto e recluso, acima de tudo interessado na publicação dos escritos de Crowley. Vários membros da O.T.O. ajudaram-no neste sentido, mas, ainda que tendo havido a promoção dos já iniciados, nenhuma nova iniciação se deu.

e Metzger caíram em discórdia ao nal da vida de Germer. Frederic Mellinger escreveu, após a morte de Germer, que Metzger havia alhado em seguir o programa de instruções estabelecido para ele por Germer sob a tutela de Mellinger. De acordo com uma onte, Metzger alegava ter patenteado Gabriel Montenegro como X° para os Estados Unidos. De qualquer orma, Montenegro nunca alegou tal autorid ade e jamais mencionou quaisquer nomeação de Metzger para seus colegas da O.T.O. nos E.U.A.

 A   r   t   i     g  o

Os membros da O.T.O. na Caliórnia buscaram ativamente inuenciar Germer para que este reabrisse o acesso das pessoas à O.T.O.. Foi expressado em correspondências a preocupação de que a não iniciação de novos membros da O.T.O. resultaria na completa dissolução da Ordem. Em 1959, McMurtry oi chamado a uma reunião em Los Angeles, à qual os membros da Loja Agapé e outros oram convidados, com o propósito de tentar criar uma rente unicada para pressionar Karl Germer em retomar iniciações da O.T.O. McMurtry estava pronto a invocar as autorizações dadas a ele por Crowley para dar suporte à sua ideia. Dr. Montenegro opôs-se à ideia e os outros não lhe deram nenhum suporte; a ideia oi abandonada. Montenegro escreveu a McMurtry em 21 de novembro de 1960 para documentar sua oposição à ideia. Germer autorizou McMurtry a ormar um núcleo de um novo acesso público à O.T.O., mas Germer e McMurtry discordaram acerca de um empréstimo pessoal e outros assuntos. Quaisquer dierenças que tivessem, jamais houve a mínima sugestão de que Germer tenha considerado vetar ou revisar as patentes dadas a McMurtry por Crowley. McMurtry perdeu seu emprego na Caliórnia devido a problemas de saúde e mudou-se para Washington (E.U.A., capital) em março de 1961. Lá ele lecionou Ciências Políticas na George Washington University (Universidade George Washington) enquanto trabalhava como analista para o governo norte-americano. Também dirigiu a Washington Shakespeare Society (Sociedade Shakespeare de Washington).

Interregnum

Germer noticou McMurtry e outros que a O.T.O. seria incorporada e governada por um triunvirato de ociais, mas esta incorporação  jamais oi eetivada sob a liderança de Germer na O.T.O. Germer patenteou um Acampamento inglês da O.T.O. sob a direção de Kenneth Grant (nas. 1924), um membro de grau III°, mas echou o Acampamento e expulsou Grant da O.T.O. em 20 de julho de 1955, quando descobriu que Grant havia associado-se à Fraternitas Saturni de Grosche, havia circulado um maniesto para uma nova loja da O.T.O. sob a reunida autoridade de Germer e Grosche, e havia começado a modicar os rituais da O.T.O. sem dar notícia a Germer.

Germer morreu em 25 de outubro de 1962 sem designar um sucessor. O testamento de Germer nomeava sua esposa, Sascha, e Frederick  Mellinger como os executores de seu espólio, na orma de propriedade mantida para a O.T.O. Sascha era uma senhora de idade avançada com a mente já comprometida, aastada dos membros remanescentes da O.T.O. na Caliórnia. O espólio de Germer nunca oi avaliado. Alguns membros graduados, incluindo Grady McMurtry, não oram noticados da morte de Germer por vários anos, causando um grande atraso antes que a questão da sucessão na liderança da O.T.O. osse resolvida apropriadamente.

Germer também tomou interesse pelos esorços de Hermann Metzger (Paragranus, 1919 — 1990) na Suíça. Metzger era um estudante de um dos membros sobreviventes da seção suíça de Reuss da O.T.O., chamado Felix Lazerus Pinkus (1881 — 1947), mas sem ligações com a O.T.O. de Crowley. Germer pediu a Mellinger que supervisionasse a regularização de Metzger dentro da O.T.O. de Crowley, mas Germer

Metzger, na Suíça, publicou uma alegação de ser o Cabeça Externa da Ordem, baseada em uma eleição particular que teria se dado no dia seis de janeiro de 1963, na própria Suíça. Membros graduados da O.T.O. de ora da Suíça, inclusive Frederick Mellinger, que havia sido indicado por Germer como mentor de Metzger, não haviam sido inormados da suposta eleição de Metzger até esta alegação. Uma có-

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pia do maniesto de Metzger oi enviada a Wilred Smith, que estava morto desde 1957. Metzger não oi aceito amplamente como Cabeça da Ordem ora de seu próprio grupo. Sascha ez uma tentativa de enviar o material de Germer da O.T.O. para Metzger mas oi impedida por uma carta de Mellinger datada de 25 de setembro de 1963, que denunciava Metzger como uma raude. Metzger, posteriormente, incorporou seu sistema de O.T.O. como parte de uma nova organização de sua própria ormação, a Ordo Illuminatorum, a qual pretendia ser um reviver da ordem dos Illuminati. Metzger morreu em 1990. Kenneth Grant (n. 1924) também tentou alegar ser o Cabeça Externa da Ordem; mas ele havia sido anteriormente expulso por Germer. Grant colocou em disputa sua expulsão, alegando que jamais havia reconhecido Karl Germer como Cabeça da O.T.O.. Mesmo assim, os próprios escritos de Grant nos anos 50, em particular o maniesto da Loja Nova Ísis, reerem-se a Frater S (Saturnus, i. e. Karl Germer) como cabeça internacional da O.T.O. A organização de Grant diz que a O.T.O. cessou de ser uma organização de membros no sentido tradicional de ter Lojas e conerir graus cerimonialmente. A organiz ação de Grant também ignora a Missa Gnóstica, que é, de acordo com Crowley, “a cerimônia central das celebrações públicas e par ticulares [da O.T.O.].”

 A O.T.O. Dirigida por McMurtry  Quando McMurtry apercebeu-se da condição crítica na qual havia caído a Ordem após a morte de Germer, ele oi impelido a utilizar seus documentos de emergência dados por Crowley e assumir o título de “Calia da O.T.O.”, tal como especicado nas cartas de Crowley para ele na década de 40. Para as duas testemunhas que ele acreditava necessárias para tal ato, escolheu o Dr. Israel Regardie (1907 — 1985) e Gerald Yorke (1901 — 1983). McMurttry reeriu-se a estes dois como os “Olhos de Hórus”, como os dois mais proeminentes estudantes de Crowley sobreviventes. Ele avisou-os de seus planos de reconstruir a O.T.O. usando as cartas-patentes de Crowley e requisitou sua ajuda, a qual oi oerecida. McMurtry completou a ativação de seu Caliado em  junho de 1969, com um carta ao suíço Hermann Metzger.

    l    t    a    o    c     l    a    z    t    e    u     Q    a     j    o     L   —    s     i    t    n    e     i    r     O     i     l    p    m    e     T    o     d    r     O

Após a ativação do Caliado, os restantes membros da O.T.O. dos anos de Crowley e Germer oram convidados a unir-se a McMurtry de modo a continuar as operações regulares da O.T.O. Nesta época havia menos que uma dúzia de membros sobreviventes da antiga O.T.O. nos Estados Unidos. Soror Meral, Soror Grimaud, Mildred Burlingame e Gabriel Montenegro colocaram seu desejo de ver a O.T.O. aberta ao público em geral. Ray Burlingame havia morrido alguns anos atrás e o Dr. Montenegro morreu em 14 de julho de 1969, antes que um encontro organizacional pudesse ser consumado. Frederick Mellinger havia restabelecido contatos com a Sociedade Teosóca e estava, essencialmente, inativo na O.T.O. desde, aproximadamente, 1956, exceto por sua carta bloqueando o envio dos bens de Germer a Metzger em 1963. Mellinger morreu em 29 de agosto de 1970. Em 1969 e 1970 McMurtry, Burlingame e as Sorores Meral e Grimaud começaram a eetuar iniciações. Em 28 de dezembro de 1971 a Ordo Templi Orientis Association (Associação Ordo Templi Orientis) estava registrada no Estado da Caliornia como uma entidade legal.

Sacha Germer morreu em abril de 1975 e em 1976, quando sua morte tornou-se conhecida, a O.T.O. Association obteve uma ordem judicial para que lhe ossem entregues os arquivos da O.T.O. remanescentes que estavam ainda sob sua custódia. Esta ordem oi executada, reconhecendo-se Grady McMurtry como representante autorizado da O.T.O., pela Corte Suprema do Condado de Calaveras, estado da Caliórnia (E.U.A.), datada de 27 de julho de 1976. Dirigida por McMurtry, como Calia ou Cabeça atuante da O.T.O., várias tentativas oram eitas para se atraírem novos membros para a O.T.O. e para tornar a Ordem conhecida pelo público. Em 1970, a O.T.O. publicou as cartas do Tarot de Thoth, ilustradas por Lady Frieda Harris, pelo endereço de Dublin (Caliórnia/E.U.A.) A resposta oi lenta, mas alguns poucos novos membros oram iniciados através dos esorços centrados em Dublin, no Colégio deThelema, e em São Francisco (Caliórnia/ E.U.A.), na Kaaba Clerk House. A atividade em São Francisco colapsou e um dos novos membros abdicou. A atividade continuou por dois anos em Dublin e então oi transerida pra Berkeley (Caliórnia/E.U.A.). Em 1977, McMurtry manteve iniciações da O.T.O. em sua casa, em Berkeley e começou um grupo lá. A O.T.O. oi colocada sob as leis do Estado da Caliórnia em 26 de março de 1970 e.v. Aqueles que alegavam ser membros ou eram conhecidos como membros antigos oram comunicados da ormação desta nova corporação e oi-lhes dado um período para requererem a permanência como membros, de acordo com o precedente anterior estabelecido por Karl Germer. A corporação oi colocada sob as leis de taxação norte-americanas como entidade religiosa em 1982.

Desaos na Corte Um esorço considerável por Marcelo Ramos Motta (1931 — 1987) oi eito para assumir o controle da O.T.O. com o nome de Sociedade Ordo Templi Orientis. Motta havia sido um discípulo pessoal de Karl Germer na A\A\ por alguns anos, mas jamais obteve ormalmente uma patente para iniciar ou abrir uma Loja. De ato, ele jamais oi ormalmente iniciado na O.T.O. Após a morte de Germer, Motta proclamou-se como sucessor de Germer e ormou um grupo da O.T.O. em seu país natal, o Brasil. Motta havia primeiro reconhecido Kenneth Grant como cabeça da O.T.O., mas rescindiu este reconhecimento ao saber que Grant havia sido expulso por Germer. Motta terminou indo aos Estados Unidos para reclamar os direitos autorais sobre as obras de Crowley. Ele primeiro processou a Samuel Weiser, Inc., editora de muitos dos trabalhos de Crowley por quebra de direitos autorais, alegando ser ele o único representante da O.T.O. de Crowley. Este caso oi decidido em avor da Samuel Weiser, Inc. pela Corte do Distrito do Maine (E.U.A.). O juiz deu o parecer de que não haviam provas legais das representações de Motta concernentes à O.T.O. A O.T.O., enquanto dirigida por McMurtry, não era parte deste caso e não oi um ator neste julgamento. Durante os processos em Maine, a O.T.O. emprestou a Motta um terno para ser utilizado na Corte do 9a Corte Distrital Federal de São Francisco. O caso de São Francisco oi concluído em 1985 com Motta perden-

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do novamente. A O.T.O. dirigida por McMurtry oi reconhecida pela Corte como sendo a continuação da O.T.O. de Aleister Crowley e detentora exclusiva dos nomes, marcas, direitos autorais e outros direitos da O.T.O. McMurtry oi reconhecido como o líder legítimo da O.T.O. dentro dos Estados unidos. A decisão da 9ª Corte também reconhecia legalmente a O.T.O. dirigida por McMurtry como uma entidade com membros. Esta decisão oi apelada e levada à rente. Grady McMurtry morreu em 12 de julho de 1985, seguindo a decisão or iginal da 9a Corte, mas o processo de apelação estabeleceu que a O.T.O. continuaria como uma corporação.

 A O.T.O. Hoje Mais do que designar um sucessor, McMurtry desejava que seu sucessor osse designado pelo Soberano Santuário da O.T.O. após sua morte. A eleição deu-se em 21 de setembro de 1985, com a participação dos dois membros restantes da Loja Agapé, e Frater Hymenaeus Beta oi eleito para sucessor de Frater Hymenaeus Alpha como Calia e O.H.O. atuante da O.T.O. Hymenaeus Beta continua em seu cargo até hoje. No princípio de 1996, uma nova corporação oi undada para tratar dos trabalhos da Grande Loja da O.T.O. nos Estados Unidos, enquanto a corporação já existente oi reorganizada como International Headquarters (Quartel-General Internacional) da O.T.O.. Em 30 de março de 1996, Sabazius X° oi indicado como Grande Mestre Geral Nacional para a Grande Loja norte-americana.

Reconhecimentos Além do material de arquivo da O.T.O., o material publicado pelos seguintes protagonista e pesquisadores Históricos oi consultado enquanto se preparava este ensaio: Calvin C. Burt, W.B. Crow, Isaac Blair Evans, Antoine Faivre, S.E. Flowers, René Le Forestier, Joscelyn Godwin, Dr. J.A. Gottlieb, Ellic Howe, Francis King, Peter-Robert König, Helmut Möller, William G. Peacher, M.D., Martin P. Starr, John Symonds, M. McBlain Thomson, A.E. Waite, James Webb, e John Yarker.

gum conhecimento público na Inglaterra, em 1884 sob os auspícios de Max Theron (também conhecido comoLouis-Maximilian Bimstein, 1850 — 1927). As origens da I.H.L. não são claras mas há alguma evidência conectando-a à Irmandade de Luxor, que esteve envolvida com a undação da Sociedade Teosófca bem como da supramencionada Fratris Lucis e com o espiritualismo inglês do Séc. XIX.

 A   r   t   i     g  o

2

Nascido na Polônia, Theon viajou largamente em sua juventude. No Cairo tornou-se discípulo de um mago copta chamado Paulos Metamon. Theon oi para a Inglaterra em 1870, onde oi recrutado pelo lutierPeter Davidson (1842 — 1916) para estabelecer um “círculo externo” da I.H.L.. Eles uniram-se em 1883 por conta de Thomas H. Burgoyne (também conhecido como Thomas Dalton, 1855 — 1895), que posteriormente escreveu um livro resumindo os ensinamentos básicos da I.H.L., chamado “A Luz do Egito”. A unção deste “círculo externo” da I.H.L. era oerecer um curso por correspondência de ocultismo prático; o que seria mantido ora da Sociedade teosófca. Seu currículo incluía algumas seleções dos escritos de Hargrave Jennings e de Paschal Beverly Randolph. 3

P.B. Randolph (08/10/1825 — 29/06/1875) oi um conhecido médium, curandeiro e escritor, contando entre seus amigos pessoais Abraham Lincoln, Hargrave Jennings, Kenneth McKenzie, Eliphas Levi, Napoleão III, Edward Bulwer-Lytton e o general Ethan A. Hitchcock. A Ordem de Randolph alegava descender da Ordem Rosacruciana (por patente da “Suprema Grande Loja da França”) e ensinava curas espirituais, ocultismo oriental e princípios da regeneração da raça através da espirituali zação do sexo. 4 Yarker oi eleito Grande Mestre Soberano Absoluto para o Rito Oriental  de Mizrain em 1871. Ele oi eito Grande Mestre 96° do Soberano Santuário do Antigo e Primitivo Rito de Menphis para a Inglaterra porHarold   J. Seymour em oito de outubro de 1872. Seymour recebeu suas cartas-patentes de Jacques Etienne Marconis de Negre em 21 de junho de 1862. Yarker recebeu cartas-patentes do Antigo e Aceito Rito Escocês de Cernau de Theo. H. Tebbs, do Supremo Grande Conselho Combinado do Canadá deste Rito em 12 de janeiro de 1884. Yarker oi eleito Grande Hieroante Imperial 97° do Rito de Menphis em 11 de novembro de 1902. 5

Os seguintes indivíduos providenciaram substancial assistência na orma de inormações Históricas e/ou críticas: William Breeze, Martin P. Starr, Parsival Krumm-Heller, Soror Meral, Soror Grimaud, Lon Milo DuQuette, James T. Graeb, Bjarne Salling Pedersen, e P.-R. König.

Notas :

1 A Irmandade Hermética da Luz era uma sociedade mística que alega-

va descender dos corpos maçônicos/rosacruzes austríacos conhecidos como Fratis Lucis. A Fratis Lucis, também conhecido como a Irmandade  Asiática ou a Irmandade Iniciada das Sete Cidades da ásia era derivada da antiga Ordem da Cruz Dourada e Rósea alemã. A Irmandade Hermética da Luz também parece ter possuído conexões com a Irmandade Hermética de Luxor, que era uma sociedade mística que alcançou al-

Os que participaram do congresso oram: Theodor Reuss (representando o Soberando Santuário dos Ritos de Memphis e de Mizraim na  Alemanha, o Grande Oriente do Rito Escocês na Alemanha e a Grande Loja Nacional os Ritos Unidos Escocês, de Memphis e de Mizraim para a Grã-Bretanha e Irlanda), H.R. Hilfker, R. Merlitschek, e M. Bergmaier  (representando Grande Oriente do Rito Escocês na Suíça [basedo em uma patente de Reuss Charter datada de 10 de maio de 1919]), Dr. E. Pargaetzi (representando o Soberano Santuário dos Ritos Unidos Escocês, de Memphis e de Mizraim para a França); A. Spilmer (representando a Grande Loja da Colômbia), H. Schütz (representando o Príncipe Alexander da Grécia, Grande Protetor da Maçonaria Grega); John Anderson (representando a Grande Loja Nacional da Escócia); e Matthew McBlain Thomson (representando a Federação Maçônica Americana, a Grande Loja de Washingon e a Grande Oriente de Cuba). 6 Este texto é uma tradução do original de Frater Sabazius X°, que se en-

contra no site da Grande Loja dos EEUU.

E   s   t   r   e l     a R   u  b  i   

    4     1

 a Históri

 A   r   t   i     g  o

    l    m    t     h  .     d    n     i    m    y    m     f    o    t    u    o _     2    n     3    v     /     2    n     3    v     /    r    e    t    t    e     l    t    e     l    r    a    c    s     /    g    r    o  .    n    a    m    o    w    t    e     l    r    a    c    s  .    w    w    w     /     /    :    p    t    t     h       2    º    n     3     V

   r    e     t     t    e     L     t    e     l    r    a    c     S

   a    t    s     i    v    e    r    a    n    a     d    a    s    u  ,

    l    t    a    o    c     l    a    z    t    e    u     Q    a     j    o     L   —    s     i    t    n    e     i    r     O     i     l    p    m    e     T    o     d    r     O

   e    g     d    o     L    n    a    m    o     W     t    e     l    r    a    c     S

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da  o.t.o.

1   5 

 M  a  t   é    r   i    a  d   e  C  a   p  a

no brasil  A

té então, pouco oi escrito sobre os detalhes da história da Ordo Templi Orientis desde a sua chegada e estabelecimento no Brasil. Rumores, versões estritamente pessoais, ausência de dados precisos e às vezes até manipulação de atos têm até agora sido responsáveis por uma desinormação que nubla parte do trabalho realizado pela Ordem, impedindo-o de vir devidamente às claras. Com esse texto, que é uma versão resumida, da história da O.T.O. no Brasil, pretendemos pôr luz em pontos que oram tornados obscuros. Dentro de algum tempo, será divulgada uma versão completa e detalhada dos atos listados aqui. Fazer História é reviver e entender os passos da jornada de escolhas que nos zeram ser o que somos. Momentos diíceis oram ultrapassados, percalços nos combaliram e vitórias aliviaram o suor do trabalho. Após 17 anos de atividade, ainda existe muita antasia sobre a O.T.O. e mesmo sobre a história de Thelema e dos personagens que a zeram ativa e que a mantêm assim no Brasil. Somos parte dessa história, e portanto entendemos ser nosso dever contribuir com a porção da verdade que temos ao nosso alcance. Esperamos que o presente e uturo se beneciem disto. Esperamos também que a utilidade pública de todas essas experiências possa ser usuruída por todos com a intenção de realizar um trabalho sério. Que todos açam uma boa viagem.

E   s   t   r   e l     a R   u  b  i   

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  a   p   a    C   e    d   a Em meados de 1993, a Sociedade Novo Aeon (SNA) de Frater Aster (tam   i   r    é    t   a    M bém conhecido como Thor) operava no Rio de Janeiro. Alguns nomes se conheceram graças a esse grupo e ali trabalharam juntos, como So-

Prólogo: a Sociedade Novo Aeon

ror Babalon (na época com o mote de Hathor, e eventualmente Shaitara, Legião e O. Naob) e Frater Sorath (nesta altura com o mote de P.A.N., e eventualmente também Baphomet). Naquela altura, estavam em atividade dois grupos da SNA no Rio de Janeiro: o pioneiro, a Loja Therion, sob liderança de Sorath, e a Loja Thelema, mais jovem, sob liderança de Q.V.I.F. (também conhecido pelo mote Sekhem). A Loja Therion, apesar de ativa há mais tempo, ministrando instruções teóricas, só dispunha de cerca de cinco membros, motivo pelo qual Sorath decidiu encerrá-la. Restou o grupo Thelema, que estava sob a liderança de Q.V.I.F., ao qual se integraram os remanescentes do grupo que havia sido echado. Em complemento às instruções da SNA, Soror Babalon, Sorath e outros como Wo-Loki e também a ex-esposa de Q.V.I.F., Soror Lilith, resolveram se encontrar para estudar antes das reuniões da SNA. Na ocasião, Q.V.I.F. interpretou tais reuniões como a criação de um grupo dissidente que supostamente rivalizaria com os trabalhos da Loja Thelema. Ele se encaminhou para a cidade de Paraíba do Sul, RJ, onde então residia Aster, e o pressionou para que expulsasse os “dissidentes”. A resposta de Aster oi enaticamente contrária, uma vez que ele encarou como positiva a iniciativa de estudantes se encontrarem e debaterem. Disso resultou, naquela altura, o rompimento de relações entre Q.V.I.F. e Aster. A Loja Thelema, a partir desse momento, não pertenceria mais à Sociedade Novo Aeon. A crise culminaria num episódio em que Soror Babalon, Sorath, Wo-Loki e Lilith, avisados por Aster do que tinha acontecido apenas quando já estavam a caminho de uma das reuniões da Loja Thelema, oram proibidos de entrar na sala do grupo e impedidos de pegar robes e materiais pessoais seus que lá estavam.  Tais desentendimentos coroavam o estado de contínua estagnação que era o trabalho da SNA. Com mais esquematizações de projetos do que prática, apenas poucas instruções teóricas eram ministradas e, principalmente, nenhuma estrutura iniciática era oerecida. Essas lacunas levaram esse grupo – integrado por Soror Babalon, Frater Sorath e Frater Aster – a uma crescente rustração com a organização do movimento thelêmico no Brasil. O próprio Aster, undador da SNA, conessava a desorganização em voga e considerava que o trabalho não ia bem: tanto o grupo brasileiro que ele nomeava de Astrum Argentum (A\A\) como a SNA, que apresentava-se eventualmente como sendo “O.T.O.”, baseavam-se mais em contatos inormais, mudanças de planos e projetos vagos do que num trabalho impessoal e sistemático. Nesse contexto, Frater Aster orneceu a Soror Babalon e Sorath o endereço de contato com a O.T.O. e os dois começaram os planejamentos para trazer a Ordo Templi Orientis para o Brasil, na esperança de estabelecer uma estrutura iniciática sólida.

    l    t    a    o    c     l    a    z    t    e    u     Q    a     j    o     L   —    s     i    t    n    e     i    r     O     i     l Vale reparar que, em nosso país, muito oi dito a respeito da O.T.O., princi   p    m    e palmente por Marcelo Ramos Motta, mas na maioria das vezes também     T    o     d    r se ez uma grande conusão sobre a representação da Ordem, conu    O

são que não raro se estendeu também sobre suas associações com a A\A\ Inelizmente, essa desinormação permitiu que grupos se ormassem usando o nome da O.T.O. e que pessoas que nunca zeram parte da Ordem se apresentassem como iniciados dela, com versões pessoais do que seria o seu trabalho, mesmo nunca tendo qualquer tipo de experiência ou conhecimento sobre o real trabalho da O.T.O, nem mesmo autorização para usar o nome da Ordem ou para atuar como seus representantes. O próprio Motta, embora assinasse como membro da Ordem e tivesse até mesmo ormado a “Society Ordo Templi Orientis”, nunca oi iniciado na O.T.O.: sua relação na verdade era com Karl Germer, que era Frater Superior da O.T.O., mas cuja associação com Motta dizia respeito unicamente a A\A\ Nenhum esorço eetivo para trazer a Ordem para o Brasil havia sido realizado com sucesso até então, havendo, portanto, apenas grupos esparsos que assumiam o nome O.T.O. como uma roupa do estilo de trabalho que melhor lhes convinha realizar. A O.T.O., ocialmente, nunca esteve presente no Brasil antes de 1995 e.v. A esse grupo original veio a se unir Iskuros Australis que, sem saber da ruptura com a Sociedade Novo Aeon, tinha pretendido se unir à Loja  Thelema, mas, insatiseito com o ambiente de convívio e com o valor de taxas nanceiras cobradas pelo grupo de Q.V.I.F., procurou conselho em correspondência com Frater Sorath, na altura seu instrutor no grupo que Frater Aster considerava como sendo a A\A\ Esse contato pôs todos em reunião e Iskuros se integrou ao movimento que trabalhava para trazer a Ordo Templi Orientis. As comunicações preliminares e negociações seriam então eitas com a O.T.O. para que um grupo de Iniciação osse enviado para o Brasil.

Gestação: primeiras iniciações Em 8 de dezembro de 1995, uma comitiva de três membros da O.T.O. embarcou para o Brasil. Eram eles Frater Sharash, Frater S. e Frater A.S.B., hoje conhecido como L.M.D. A comitiva cou hospedada na casa de Soror Babalon e Sorath, na Tijuca, onde se estabeleceram para conhecer tanto os novos thelemitas que os convocaram, como também a cidade do Rio de Janeiro. Frater Sharash, em artigo para o site da Loja Scarlet Woman, no Texas, descreve a seguinte experiência: “Eu nunca recebi um nível tão grande de hospitalidade em nenhum lugar como a que esses irmãos e irmãs providenciaram para nós. As iniciações oram trabalho pesado, mas compensaram mil vezes mais que qualquer quantidade de suor que possamos ter derramado nelas.” No dia 14 de dezembro de 1995 seriam eitas as primeiras Iniciações ao Grau de Minerval, e no dia 16 de dezembro seriam eitas as do Grau I. No dia 17, seriam ainda ministrados os primeiros Batismos e Conrmações da Ecclesia Gnostica Catholica (E.G.C.). Para tudo isso, um apartamento no bairro de Laranjeiras oi alugado. Frater Aster, no entanto, não iniciara com os demais. Na verdade, durante o jantar de reunião, onde apresentariam Frater Aster à comitiva dos EUA, ele começou a se sentir mal. So-

1  7 

ror Babalon, sendo médica, identicou sintomas de um inarto e então o levaram para a emergência de um hospital. Mesmo combalido, mal tendo deixado o CTI, Aster insistiu para ser iniciado ao menos no Grau de Minerval. No mesmo dia em que o grupo de iniciação embarcaria de volta para os EUA, Frater Aster oi iniciado em sua própria casa, no Grajaú, zona norte do Rio de Janeiro. No entanto, logo após o Ritual, ele se dirigiu a Frater L.M.D. e lhe pediu o IX Grau, no qual está o Segredo Central da Ordem. Segundo Aster, Marcelo Motta já teria lhe “explicado” o Segredo. Seria, na sua mente, apenas uma questão de conrmação ocial. L.M.D. explicou não uncionar assim: possuir o texto de algumas instruções deste grau não torna a pessoa iniciada nele, isto é, não a torna verdadeiramente conhecedora e praticante do Segredo. Aster, apesar do seu renome na história de Thelema no Brasil, deveria trabalhar nos graus da O.T.O. apropriadamente e provar sucesso neles desde o começo. Era o começo do m de uma mentalidade instituída há muito tempo no Brasil de que graus representam exclusivamente patentes ormais. Desde Motta – e Frater Aster deu continuidade a este legado –, distribuía-se e revogava-se “cartas patente” com graus, inclusive supostamente o IX, não raro apresentado como um elegante pergaminho. Assim, com a mesma acilidade que se obtinha o “grau IX”, também o “perdiam”, retirado quando o “iniciado” desagradava politicamente àquele que lhe havia conerido o grau, como se a Iniciação estivesse contida num papel. Marcelo Motta, inclusive, procedeu dessa maneira com Frater Aster. Insatiseito em ter seu pedido recusado, Aster não entrou mais em contato com a O.T.O. e sequer compareceu aos trabalhos do primeiro Corpo Local no Brasil. Em outubro de 1996, ele pediu desligamento ocial da Ordem. Apesar disso, sua relação com Soror Babalon e Frater Sorath continuou amistosa. Estava, assim, ormado o primeiro grupo da O.T.O. em terras brasileiras, mas suspenso numa espécie de vácuo: de um lado, a mentalidade brasileira do trabalho, cheia de esperança e empolgação, mas ao mesmo tempo pueril, cheia de vícios históricos e ignorante da dureza que é o estabelecimento e continuidade de um projeto. Além disso, nenhum deles sabia exatamente o que de ato era a Ordo Templi Orientis, lhes sendo, até então, uma Ordem de sonhos vagos. Assim, os passos seguintes da O.T.O. no Brasil oram tropeços como de uma criança.

Inância: liderança & confitos Para requisitar às lideranças internacionais da Ordem o nascimento de um Corpo Local, era necessário que estabelecessem entre si os cargos administrativos que cada um iria desempenhar. Em conversa entre os membros brasileiros, oi decidido que Iskuros Australis, por ser quem melhor dominava o inglês, deveria ser Mestre do Corpo Local, considerando a necessidade de contato constante com as lideranças internacionais. Soror Babalon originalmente cou com a Secretaria e Sorath com a Tesouraria. Pouco depois, caria ela com a Tesouraria e ele, com a Secretaria. As lideranças internacionais acataram com a distribuição

de tareas. Em 16 de maio de 1996 oi estabelecido o Acampamento Sol no Sul na cidade do Rio de Janeiro. As correspondências dessa época com o exterior são termômetro de um espírito grato, ebril e sonhador. Estava no rol de e-mails e axes trocados agradecimentos ao grupo de Iniciação, relatos de experiências mágickas e aconselhamentos. As lideranças internacionais estiveram em contato estreito.

 M  a  t   é    r   i    a  d   e  C  a   p  a

O ano parecia promissor. O grupo aumentaria: novas Iniciações seriam realizadas por Frater S., que um ano depois retornara ao Brasil. Em 23 de novembro de 1996 oi ormado mais um Corpo Local da O.T.O. no país, na cidade de São Paulo: o Acampamento Therion, liderado por Piarus. O amor inicial, no entanto, seria posto à prova. O primeiro desacordo surgiu ainda com a presença da equipe de Iniciação no Brasil, quando, discutindo sobre as estratégias de atuação da O.T.O. no Brasil, Iskuros Australis deendeu a ideia de que o recém-ormado grupo deveria trabalhar entre eles, echado, sem iniciar novos membros, enquanto Soror Babalon e Sorath deenderam que não havia sentido em trazer a Ordem para o Brasil se não osse para diundir a Lei e mantê-la aberta aos interessados. No começo do ano de 1997, esse tema ainda estava sendo discutido. Mais tarde, Iskuros Australis acabou reconsiderando sua posição. Mesmo assim, estava preparado um terreno para um choque de personalidades que, inelizmente, não caria restrito ao campo administrativo. A tensão crescia – principalmente entre Sorath e Iskuros Australis – misturada aos preparativos do Acampamento Sol no Sul. Soror Babalon e Sorath cobraram o início das atividades do Acampamento, bem como o aluguel de um local – que alguns membros do Acampamento se dispuseram a pagar – para sediar práticas de ritualística e Magick, mas Iskuros, como Mestre, demorou quase oito meses após a autorização do uncionamento do Corpo Local para reunir o grupo. Além disso, não sediou nenhum local como Templo. No começo, recuava quando a tendência era assumir um trabalho mais visível.  Tais desavenças de propostas para o trabalho zeram Soror Babalon e Sorath deixarem seus cargos administrativos em janeiro de 1997. Nesta altura, caram Iskuros Australis como Mestre do Acampamento, sua namorada, Soror Sirinxe, como Secretária, e Frater Sabak, seu amigo de inância, como Tesoureiro. Em abril de 1997, Sorath e Soror Babalon deixaram o Acampamento, entendendo-o como um ambiente de trabalho hostil. O choque com Iskuros Australis apenas cresceria. Em São Paulo, no Acampamento Therion, ocorriam desavenças paralelas, mas similares. Soror Neertite, Secretária daquele Acampamento, oi colocada em bad report (advertência por má conduta) por se opor à ingerência de Iskuros Australis, líder apenas do Rio de Janeiro, nos assuntos de São Paulo. No dia 27 de julho de 1997, num dos picos desta crise, Soror Babalon cogitou se desligar da Ordem. Sua decisão, quando comunicada, alarmou

E   s   t   r   e l     a R   u  b  i   

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  a   p   a    C   e    d   a    i   r    é    t   a    M

os líderes internacionais – assim como seus Iniciadores – e uma atenção menos espectadora e mais intensa da O.T.O. se voltou ao Brasil, azendo Soror Babalon reconsiderar sua posição. Somando isso à continuidade da briga pública entre Sorath e Iskuros Australis, o resultado oi a vinda ao Brasil, em novembro deste ano, de Frater Orpheus como Grande Inquisidor Geral da O.T.O.: um auditor designado a apurar e resolver um problema interno da Ordem, quando as partes envolvidas já não parecem poder resolver por si só. Acompanhando-o, vieram também Frater S., Frater Sharash e Soror Loa. Uma das possibilidades de solução ao conito é que o trabalho da O.T.O. no Brasil osse dissolvido. A princípio, Iskuros Australis e Sorath não queriam, nem diante disso, dialogar. A emergência e a insistência de Soror Babalon ez com que as partes discutissem e se reconciliassem – mesmo que longe de resolver todos os problemas acumulados. Tentaram, assim, estabelecer uma trégua. O Inquisidor ouviu a versão e críticas de todos eles, mas a consideração nal oi a de que estavam dispostos a continuar o trabalho. A O.T.O. no Brasil continuaria operante. Nesta altura, com a presença dos Irmãos de ora, também oi realizada a primeira Missa Gnóstica ocial no Brasil. Desde o começo, a E.G.C. esteve adormecida devido à ideia errônea do ocialato brasileiro de que Missas Gnósticas não poderiam ser celebradas. De ato, Missas ociais da E.G.C. demandam a presença de um Sacerdote ou Sacerdotisa ordenados, o que exige, no mínimo, o grau de Cavaleiro do Leste e do Oeste da O.T.O. No entanto, Missas de treino podem – e devem – ser realizadas por ociais em treinamento, dada sua importância como ritual central da O.T.O. Na primeira Missa ocial realizada no Brasil, o Sacerdote e Sacerdotisa responsáveis por ela oram Frater Orpheus e Soror Loa, hoje Representante do Frater Superior (FSR) para a Alemanha. Iskuros Australis atuou como Diácono em treinamento, Soror Babalon e Frater Sorath como Crianças. Retornando às atividades no Acampamento Sol no Sul, Soror Babalon assumiu a liderança dos trabalhos da E.G.C por recomendação de Frater Orpheus, que assumiu como Bispo para o Brasil. Mesmo nessa altura, o número de iniciações realizadas no Brasil era promissor: no mundo inteiro, éramos o país que mais iniciava novos membros. O período de tréguas, no entanto, seria encerrado por uma grave turbulência na vida pessoal do Mestre do Corpo Local. A má gestão de conitos amiliares, que diziam respeito exclusivamente à vida privada dele e de um Irmão da O.T.O., acabaram culminando na suspensão deste Irmão por Iskuros Australis. Mais uma vez, embora com gravidade inédita até então, os bastidores de problemas pessoais rapidamente contaminaram o que deveria ser um espaço de trabalho impessoal, submetendo a Ordem a uma torrente de complicações que só deviam dizer respeito a ela no campo da raternidade, e não no administrativo.  Tal situação chegou a paralisar todos os trabalhos do Acampamento. Não ossem alguns membros do Sol no Sul, as consequências teriam sido muito piores na vida pessoal dos envolvidos.

    l    t    a    o    c     l    a    z    t    e    u     Q    a     j    o     L   —    s     i    t    n    e     i    r     O     i     l    p    m    e     T    o     d    r A liderança do modo que estava se tornou insustentável. Iskuros Austra    O

lis, aceitando por m a sugestão das lideranças internacionais, decidiu se aastar do cargo e recomendou Soror Babalon para substituí-lo como Mestre do Corpo Local. Apesar dos choques de outrora, Iskuros Australis recorreu a ela nos momentos de crise. No dia 7 de novembro de 1998, ela assumiu a maestria do Corpo Local, que na mesma ocasião deixou de ser Acampamento para se tornar Oásis Sol no Sul, dando mais um passo em seu processo de maturidade. Disso se seguiria um gradual período de transição no norte do trabalho do Corpo Local. Para começar, Missas Gnósticas passariam a ser realizadas com regularidade e as instruções sobre Thelema e Magick ganhariam densidade e cunho prático. Apesar disso, também se prenunciava o último espasmo das crises passadas. Mesmo antes de assumir como Mestre do Corpo Local, Soror Babalon avisara Iskuros Australis que ela teria de reintegrar o Irmão que ora suspenso por ele, uma vez que aqueles problemas não diziam respeito à Ordem. Mesmo mantendo, na altura, a recomendação de Soror Babalon para próxima líder, Iskuros Australis também assumiu que ela estaria trabalhando pessoalmente contra ele. Nesta época, Soror Babalon também oi nomeada como Representante do Frater Superior (FSR) para o Brasil, com autoridade para planejar o trabalho nacional. Somando-se a isto, durante uma Iniciação a ser realizada em São Paulo, as lideranças internacionais deniram que seria Soror Babalon, e não Iskuros, a liderar o rito. Insatiseito, ele pediu desligamento da Ordem. Foi prontamente atendido. Os membros da O.T.O. no Brasil só viriam a enxergar a totalidade do que estava acontecendo algum tempo depois: Soror Babalon havia sido encarregada de realizar novas Iniciações em São Paulo e, ao término do ritual, o próprio grupo do Acampamento Therion pressionou Frater Piarus, Mestre do Corpo Local, para revelar a ela o que vinha ocorrendo: já há algum tempo, Piarus estava trabalhando nos bastidores com Iskuros Australis para “retirar” aquele Acampamento da O.T.O. e colocá-lo sob a autoridade da “O.T.O. Foundation”, uma dissidência da O.T.O. sediada na Inglaterra. De ato, já há algum tempo, em reuniões de Corpo Local, Piarus dizia que o Acampamento Therion já não estaria mais ligado à O.T.O . Deste enredo, acabou-se resultando também o desligamento de Piarus da Ordo Templi Orientis. Quase simultaneamente ao término do Acampamento Therion, em 1999, já nasceria o Acampamento Laylah, na cidade de São Paulo. Essa transição oi um período tumultuado por discussões e brigas, muitas vezes levadas a público na Internet, acerca do recente passado mal resolvido. Soror Babalon chegou a receber e-mails e teleonemas ameaçadores. Temendo que a conduta de ex-membros expusesse a O.T.O. em listas públicas, a orientação passada oi, então, de que ninguém da Ordem se maniestasse ou respondesse mais a qualquer ataque. Essa abordagem, além de decente, revelou-se ecaz.

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No Rio de Janeiro, o então Oásis Sol no Sul estabelecera seu primeiro  Templo numa casa alugada no bairro da Tijuca, próxima ao Maracanã. Nessa época, o Templo chegou a ser arrombado, seu material ritualístico oi roubado e suas paredes oram pichadas. Seguiu-se, a partir disso, um período de reestruturação. No Rio de Janeiro, o ano de 2000 marcou a consciência de que o legado do Sol no Sul devia ser nalizado. Desse processo, e como ato mágicko, nasceu o Oásis Quetzalcoatl, substituindo o velho trabalho por algo novo. Gradualmente, os ataques oram cessando. O trabalho poderia continuar, revitalizado. Longe de ter sido um mar de rosas, todo este período concretizou o trabalho da Ordem no Brasil na base da constância e paciência. A O.T.O. no Brasil havia sido testada, sobrevivido e poderia seguir adiante.

 Juventude: problemas editoriais Uma coisa importante a ser percebida é que, durante a antiga liderança do Acampamento Sol no Sul, o método usado para ncar a bandeira da O.T.O. no Brasil oi travar uma política de tensão com outros grupos esotéricos ou iniciáticos, principalmente aqueles thelêmicos sediados no Rio de Janeiro. Iskuros Australis requentemente atacava Frater Aster. Com o tempo, oi percebido que essa postura deveria ser superada, sendo típica de uma ase pueril. Soror Babalon ainda mantinha contato com Frater Aster e tinha em mente que qualquer atrito seria contraproducente tanto para a O.T.O. como para a diusão de Thelema. As brigas do passado já tinham ensinado o bastante acerca da esterilidade de relações grosseiras. Como política de boa vizinhança, oi organizado um encontro com alguns thelemitas no Rio de Janeiro. A reunião oi realizada na casa de Frater Aster, no Grajaú, estando presentes ele mesmo, Soror Babalon, Frater Q.V.I.F. (que nesta altura já reatara com Aster) e Frater ABO: os dois últimos, na época, à rente da Loja Nova Ísis. O objetivo da reunião era rmar uma política raternal entre os diversos grupos. Isso, a princípio, oi bem recebido por todos. Independente do estilo de trabalho e divergências, cou denido que todos iriam se respeitar mutuamente e cessar as brigas na Internet, que inevitavelmente prejudicavam o movimento thelêmico como um todo no Brasil. Soror Babalon também sugeriu a ideia de ser realizado um evento thelêmico anual que reunisse os grupos ou ordens thelêmicas interessadas. A proposta seria um encontro sob a égide de Thelema, onde os diversos grupos apresentariam resultados e exporiam seu estilo de trabalho uns aos outros e aos aspirantes. A ideia oi muito bem recebida. Além disso, devido à convivência de anos que tinham, Frater Aster deu sua palavra a Soror Babalon que não se envolveria em qualquer ataque à O.T.O. No entanto, em 2000, uma corrida judicial na Inglaterra, desencadeada por Anthony Naylor, representante de John Symonds, iniciou processos contra a O.T.O. pela posse dos direitos autorais das obras de Aleister Crowley. Crowley, em testamento, deixou seus copyrights para a O.T.O. A reivindicação em questão se deu porque John Symonds, designado

como executor literário de Crowley, não reconhecia a legitimidade da Ordem. Os ecos desse conito chegaram ao Brasil. Nessa mesma altura, Frater Q.V.I.F. teleonou para Soror Babalon. Ele conrmou que a proposta de reunir os thelemitas de maneira independente era excelente, mas que não poderia mais aderir a ela, uma vez que estaria apoiando o movimento inglês que lutava pelos copyrights de Crowley. Ele deixou transparente que sua motivação era nanceira. Somado a isto, na mesma época, Soror Babalon encontrou textos publicados na Internet que atacavam a O.T.O. na tão discutida questão da sucessão de suas lideranças. O estilo de escrita era o de Frater Aster. Perguntado sobre os posts, Aster, a princípio, negou sua autoria. Com o passar do tempo, novos textos oram surgindo, dessa vez com a assinatura dele publicada. Entendendo isso como quebra da palavra por parte de Aster, Soror Babalon rompeu as relações que ainda mantinha com ele. A conversa que tiveram a respeito disso, no teleone, oi a última vez que se alaram.

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Assim, a iniciativa de um “encontro thelêmico” existiu apenas como ideia. De todo modo, embora sem travar maior proximidade com qualquer outro grupo, a O.T.O. no Brasil continuou mantendo uma política de boa vizinhança e de não intererência com o trabalho alheio. Os ataques nas listas de discussão virtuais continuaram por um tempo, principalmente sobre a questão editorial e dos copyrights. A poeira baixou após a resolução da corte inglesa avorecer a O.T.O. contra Naylor e Symonds. Do mesmo modo que os processos de Marcelo Motta em Maine e na Caliórnia, a questão oi resolvida com a O.T.O. sendo conrmada como detentora dos direitos autorais de Aleister Crowley, em conormidade com seu testamento.

Criatividade & crescimento A juventude da O.T.O no Brasil oi marcada por uma ase de trabalho entusiasmado e crescimento. Missas Gnósticas eram realizadas quinzenalmente, alternando a equipe de ritualística: isto é, às vezes Soror Babalon desempenhava o papel da Sacerdotisa, às vezes Soror Hathor, então Tesoureira do Oásis, e também outras Irmãs. O mesmo com Sacerdotes e Diáconos. Encontros inormais do grupo aconteciam praticamente toda semana. O Templo virou o segundo lar de muitos, servindo de pernoite para Irmãos e também de abrigo para retiros espirituais.  Também começaram a ser realizadas palestras abertas ao público, com temas introdutórios à losoa thelêmica, Magick e a O.T.O. Outros eventos sociais, como exposições de arte, apresentando obras de Irmãos e Irmãs da Ordem, também tiveram lugar no Templo do Oásis. Relatos dos remanescentes dessa época conrmam um grupo jovem, ativo e criativo, mas, por muitas vezes – o que é natural para uma ase análoga à adolescência –, diícil de organizar. Em São Paulo, no Acampamento Laylah, a então Mestre do Corpo Local, Soror Binah, deixou de manter contato e, mais tarde, descobriram que

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ela tinha deixado a cidade sem indicar ou preparar alguém para substituí-la. Correndo atrás do prejuízo, Soror Babalon treinou Soror Kali para assumir a Maestria do Acampamento e manter o Laylah uncionando. Kali assumiu ocialmente a liderança do Acampamento em 2000.

a liderança do Oásis a m de realizar uma “transição” do grupo da O.T.O. para o grupo de Iskuros Australis, como maneira de minar o trabalho da Ordem. Obviamente, todas essas considerações abortaram o planejamento de transerência da liderança.

Em meados de 2001, oram contabilizados cerca de 40 membros ativos, isto é, em situação regular para com a Ordem, requentando e trabalhando naquele Acampamento. O grupo era substancialmente maior do que o comum para um Corpo Local da O.T.O. Para o estilo da Ordem, cujo modo de trabalho se ana melhor com grupos pequenos, esse era um número excepcional, realizando ativamente a Missa Gnóstica e outros Ritos, Iniciações, instruções e conraternizações..

Conessadamente combalida pelo golpe, Soror Babalon pediu recesso dos trabalhos da Ordem e se aastou do Oásis. Por menos de um ano ela permaneceu aastada. Nessa época, Frater Lux Ferre assumiu como Mestre delegado (cargo de gestão provisória) do Oásis Quetzalcoatl.

No Distrito Federal, em 21 de março de 2000, oi aberto o Acampamento Aldebaran, sob a liderança de Frater Obscurus. Ao contrário do Laylah, o Acampamento Aldebaran não conseguiu sobreviver, devido ao número limitado de seus membros. Em 3 de maio de 2003, as portas do Acampamento estariam sendo echadas. De volta ao Rio de Janeiro, em 2001 oi realizado o Primeiro Encontro Nacional da O.T.O. no Brasil (ENOTO), no município de Paraty, aconchegante cidade histórica na Costa Verde do estado, próximo à divisa de São Paulo. Cerca de trinta Irmãos e Irmãs de todo o país saíram em vans para o hotel que os hospedou, durante três dias de encontro e palestras. Não restava dúvida de que o espírito da O.T.O. no Brasil estava devidamente solidicado.

 Antigas questões x novos percalços O trabalho dos Corpos Locais da Ordem mantinha um ritmo saudável, tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro. O ritmo constante da prática ritualística, como no caso da celebração do Liber XV, desenvolvia a maturidade mágicka dos membros. Essa época é descrita pelos que a viveram como de intensa sensibilidade e anidade entre o grupo. Alguns baques, no entanto, não deixaram de acertar o Oásis e a O.T.O. no Brasil. Um deles oi causado até mesmo por Frater Sorath, um dos responsáveis por trazer a Ordem para o país. Após ter violado juramentos mágickos reerentes a segredos Iniciáticos da Ordem, Sorath oi questionado e reagiu de maneira hostil. Seu desligamento da O.T.O. oi inevitável. Após isso, como inelizmente era de praxe, ataques pessoais oram levados à Internet.

    l    t    a    o    c     l    a    z    t    e    u     Q    a     j    o     L   —    s     i    t    n    e     i    r     O     i     l    p    m    e     T    o     d    r     O

No Rio, em termos administrativos, já há algum tempo Soror Babalon desejava transerir a liderança do Oásis Quetzalcoatl. Para isso, estava treinando Soror Hathor, então Tesoureira do Oásis. Os membros do Rio  já tinham como certa a utura mudança da Maestria. Eetivar a transição, no entanto, não se revelou tão simples. Numa aparentemente eventual reunião com Soror Babalon, Soror Hathor disse ter algo para comunicá-la. Com naturalidade, inormou estar envolvida com um grupo de Iskuros Australis – que há anos não tinha contato com a O.T.O. –, e que não poderia, portanto, assumir a liderança. Ademais, o plano inicial, até então velado, era que Hathor assumisse

A época, no entanto, não oi de desenvolvimento. Primeiramente, Lux Ferre maniestava publicamente aversão em se comunicar com as lideranças internacionais, como se isso representasse uma intererência em seu próprio trabalho. Com algum tempo à rente do Oásis, Lux Ferre também expediu aos membros um comunicado de que a O.T.O. estaria “echada para Iniciações” e que serviria de “ordem externa” para seu grupo exotérico pessoal. Isso, naturalmente, não az qualquer sentido dentro do trabalho da Ordem, e um Mestre de Corpo Local não tem qualquer autorização para um improviso desse gênero. O resultado dessa gestão arbitrária oi a saída de muitos membros do Oásis e da Ordem. Soror Babalon, então aastada, oi avisada do que estava acontecendo apenas quando as lideranças de São Paulo entraram em contato para comunicar que Lux Ferre estava passando instruções de que a O.T.O. no Brasil estaria buscando aliança com um grupo chamado Fraternitas Lucis, a m de realizar, inclusive, “troca de patentes”. Isso, novamente, não az qualquer sentido para o trabalho da O.T.O. Alarmada, Soror Babalon se reaproximou do Oásis, descobrindo o quadro em que ele se encontrava, e descobrindo também que irregularidades nanceiras estavam sendo praticadas por Lux Ferre. Após entrar em contato com as lideranças internacionais, Soror Babalon retornou aos trabalhos e reassumiu a Maestria. Em reunião com o antigo Mestre delegado e outros Irmãos, ela comunicou Lux Ferre que a situação nanceira do Oásis deveria ser regularizada, bem como um pedido de desculpas deveria ser eito, e que tudo isso estava em conormidade com a decisão das lideranças da O.T.O. Ele se recusou, e assim se deu seu nal desligamento da Ordem.

Baixas e renascimentos Vivendo altos e baixos, o trabalho da Ordem no Brasil se manteve mesmo quando beirou a ruína. Nessa época, o Oásis Quetzalcoatl esteve quase completamente esvaziado. O Acampamento Laylah, em São Paulo, também passou por crises: por algum tempo ele continuou em atividade, mas incompatibilidades administrativas entre seus membros zeram o Acampamento Laylah echar denitivamente suas portas em 2004. Mesmo a duras penas, o trabalho no Rio de Janeiro se manteve presente, recomeçando a azer Iniciações, instruções e Missas. Por algum tempo, o Oásis divulgou a revista eletrônica eMagick, com artigos sobre Magia e entrevistas com seus membros.

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Maturidade Em 2008, o Oásis Quetzalcoatl se tornou Loja. A característica que tem marcado o processo de maturidade da Loja, bem como da O.T.O. no Brasil, é o entendimento sobre as utuações do caminho, e a consciência de que a disciplina de manter o trabalho constante é o mais importante. Alegrias e rustrações, sendo humores, não podem parar a O.T.O. A princípio, a Loja – na altura, a única representação da Ordem no Brasil – assumiu uma postura mais minimalista: o Templo alugado oi abolido e a residência de Soror Babalon, no Vale de Itacuruçá, passou a sediar os eventos da Ordem. A casa de outros irmãos também hospedou as instruções mensais da Loja. A Missa Gnóstica assumiu uma requência sustentável, mensal, bem como as Iniciações, que se tornaram regulares ao longo do ano. Outros ritos também oram realizados, como o Rito de Ísis, escrito por Charles Stanseld Jones (Frater Achad). Esse ritmo vem se mantendo até o presente momento, em 2012. Em 2009, oi lançado o site da Loja Quetzalcoatl, com sua plataorma de notícias. O site da representação brasileira da O.T.O., que esteve caído por cerca de dois anos, oi reeito num ormato mais simples e objetivo, e relançado em 2010. No dia 14 de novembro de 2009, a O.T.O. no Brasil recebeu um rescor de vitalidade: nascia o Acampamento Opus Solis, Corpo Local para a cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Os irmãos mineiros, liderados por Frater Pan Ain Soph, iniciavam a organização dos trabalhos com energia e disposição: com intensa demanda de candidatos e promessas para o uturo, a esta de abertura do Acampamento oi realizada nos dias 16 e 17 de janeiro de 2010, num sítio em Azurita, cidade próxima à Belo Horizonte. Na ocasião, oi celebrada a primeira Missa Gnóstica em solo mineiro. No nal de 2011, Frater Pan Ain Soph deixou a Maestria do Opus Solis. Soror Athena, então Secretária, o sucedeu e, desde então, ela está à rente do Acampamento mineiro. Em 2010, nos dias 13, 14 e 15 de novembro, oi realizado outro evento emblemático de proporção nacional: o II Encontro Nacional da Ordo  Templi Orientis (ENOTO). Com nove anos de intervalo em relação à sua primeira edição, o ENOTO oi realizado num sítio na cidade de Queimados, Rio de Janeiro, e congregou Irmãos, Irmãs e convidados do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Seu tema oi a E.G.C., e essa oi uma oportunidade rara de passar dias inteiros de convivência e instrução sobre a Missa Gnóstica, a via eclesiástica em Thelema e o Gnosticismo como visto pela O.T.O. Missas particularmente vibrantes echaram noites onde alguns Irmãos sequer dormiram, esperando pelo toque de alvorada para realizar o Liber Resh matinal. Em 2010, a Loja Quetzalcoatl também lançou sua Revista ocial, a Estrela Rubi, em ormato digital, cuja edição de estreia levou ao ar uma entrevista exclusiva com Soror Babalon sobre o panorama de Thelema no Brasil. A Estrela Rubi, como “voz pública” da produção intelectual da Loja Quetzalcoatl, vem sendo divulgada até hoje, durante os Equinó-

cios e Solstícios. No dia 2 de janeiro de 2012, Soror Babalon anunciou a concretização de um antigo sonho: deixar a liderança da Loja para assumir exclusivamente a Representação nacional do Frater Superior. Após 11 anos à rente da Loja, e 16 anos de trabalho pela O.T.O. no Brasil, ela transeriu a Maestria da Loja Quetzalcoatl para Frater Apollôn Hekatos, que inaugurou o primeiro ano de trabalho da Loja sob sua gestão em 10 de março de 2012. Todos esperamos uma nova era, nutrida de espírito  jovial, mas com a constância da sabedoria adquirida ao longo de todos esses anos.

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Conclusão Concluímos neste volume da Estrela Rubi o resumo da História da O.T.O. no Brasil. Uma versão mais ampla está sendo trabalhada para utura divulgação. Fazendo o retrospecto dos primeiros anos, torna-se óbvio que o desenvolvimento mágicko e espiritual oi limitado. No entanto, tal experiência serviu para nos ensinar que um corpo raco e conitante – neste caso, Corpos Locais – não consegue estruturar e alimentar uma construção mais prounda e sutil, como o espírito. A saúde dos anos seguintes seria comprovada pelo aumento de práticas e resultados, bem como instruções de qualidade internacional. Os novos percalços, por sua vez, serviram para nos libertar dos humores e das utuações que assaltam qualquer trabalho. Graças a isso, constância pôde ser conquistada. Escrever a história da O.T.O. no Brasil não é apenas questão de reunir e listar datas e eventos. É uma questão de tom. Compreendemos, durante a edição deste número da Revista, que por muito tempo as atividades relacionadas a Thelema no Brasil estiveram concentradas quase miticamente na gura de indivíduos, mais do que no trabalho que eles realmente desenvolviam. A única conclusão que podemos chegar é que isso é indício de imaturidade, como todo apego ao carisma ou a aparências, que acilmente se desdobra em culto à personalidade. É muito ácil, ao se concentrar na personalidade de personagens, nublar o trabalho – ou alta de trabalho – impessoal que eles azem ou zeram. Embora seja realmente diícil alar da história de Thelema e da O.T.O. no Brasil sem alar a respeito da vida das pessoas que a zeram, o tom que buscamos alcançar é que o oco deve residir no trabalho dessas pessoas: o que oi produzido, o que deixou de ser produzido, bem como a postura destas pessoas como líderes ou em cargos de liderança, ou seja, em postos que não dizem respeito à pessoa delas, mas à representação de algo maior.  Todos os citados neste texto sabem que detalhes de suas vidas pessoais não oram expostos. Esperamos que o trabalho thelêmico no Brasil possa seguir amadurecendo no sentido da impessoalidade, para beneício de todos buscadores sinceros que procuram por estruturas de aprendizado e Iniciação, e não rostos ou mestres para seguir.

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    l    t    a    o    c     l    a    z    t    e    u     Q    a     j    o     L   —    s     i    t    n    e     i    r     O     i     l    p    m    e     T    o     d    r     O

sUcessão  após crowley 

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Frater rodney orpheus

UMa  linHa do teMpo da sUcessão da  o.t.o.  após  a Morte de crowley ,  apresentada  eM forMa  de cartas

P

or muitos anos tem havido uma grande conusão sobre a história da Ordo Templi Orientis após a morte de Aleister Crowley. Frequentemente essa conusão vem sido orquestrada deliberadamente por vários reivindicadores da Liderança da Ordem, através do uso de citações selecionadas, algumas incorretas, mal entendidos ou simplesmente raudes. Notavelmente, tais reivindicações raramente oram eitas com o suporte de uma documentação devida – omissão que o cronograma a seguir vai tentar remediar. Eu me concentrei apenas no período de 1941 até 1969, o qual contém os documentos críticos relativos à sucessão de Crowley. Construí esse cronograma tanto quanto possível diretamente de ontes primárias e adicionei meus próprios comentários para apontar, quando necessário, passagens signicativas ou esclarecer detalhes importantes do cenário em questão. Eu também contribuí ao nal com um sumário, dando minha análise pessoal sobre o signicado dos documentos.  Termo de responsabilidade: Eu sou atualmente membro da O.T.O. e venho sendo há aproximadamente 20 anos. Nota sobre as ontes: Foi do meu intuito vericar todas as ontes com a maior precisão possível. A maior parte do material oi tirada diretamente de manuscritos originais ou de cópias com boa proveniência, de dentro dos arquivos da O.T.O.. Eu transcrevi os documentos mais importantes e contenciosos, além de resumir alguns materiais de auxílio. Estou em débito com Hymenaeus Beta, Bill Heidrick, Dr. Richard Kaczynski, Frank Kroener, Dionysus Roger e Ian Rons pela pesquisa e inormações providas. Adições e comentários são muito bem-vindos.

Rodney Orpheus 2009

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1941 Crowley – K arl Kermer, abril/maio de 1941: Apontamento de Germer como grau Xº para as nações de língua alemã e emissário nos EUA. [Crowley manteve sua posição de Xº para todas nações de língua inglesa, mas, ao apontar Gemer como seu “emissário”, permitiu que ele atuasse como seu representante direto nos EUA] Crowley – Germer, 18 de ju lho de 1941: Crowley dá a Germer uma procuração e o aponta como representante da O.T.O. e A\A\, respondendo apenas ao próprio Crowley. Crowley – Germer, 24 de novembro de 1941: Note-se que provavelmente a O.T.O. vai precisar ser completamente reconstruída. O humor do Novo Aeon parece desavorável às Lojas e os “Segredos” são ininteligíveis a qualquer um que não tenha realizado um longo estudo do sistema. Neste momento há duas seções; os rituais – até a Rosa Cruz; e as redações de instrução tratando do único segredo real. O(s) ritual(is) correspondentes nunca oram escritos, exceto o Templário. Então eu espero que que a seu encargo conceber um tipo de método completamente novo de comunicação do segredo real. Este, é claro, tem sido o verdadeiro procedimento: eu simplesmente usei meus critérios e atirei os eijões para aqueles que julguei merecedores. Se os rituais, por algum milagre, tornaram-se amplamente trabalhados, bom. Eles são uma base esplêndida para o ensinamento prático.

1942 Crowley – Germer, 12 a 14 de Mar ço de 1942: Eu devo apontá-lo como meu sucessor como O.H.O., mas com termos especiais. Está bastante claro para mim que se az necessária uma completa mudança na estrutura e nos métodos da Ordem. O Segredo é a base e você precisa selecionar as pessoas certas. Você pode pegar pessoas de ora; mas todos que tiverem qualquer envolvimento conosco devem azer uma aceitação ormal do AL e uma renúncia ormal das ideias denunciadas no AL 49-56, Cap. III. Então virá a Nova Ordem Social pelas linhas dadas nos livros LII, CI, CLXI e CXCLV (ver Equinócio III. 1, pp 195-246) e o mesmo em Equinócio III. 2 – esse volume não está em minhas mãos nesse momento. A base geral de associações públicas é a Missa Gnósti-

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ca. Eu espero, depois de morrer, tê-la alçado en grand tenue por artistas treinados, para assim haver um “padrão selado” para reerência utura. Os outros rituais terão de acompanhar o melhor que puderem. Tenho dúvidas se um dia vai retornar o tempo em que haverá tanto necessidade de usar tais métodos, como lazer em cultivá-los. É claro, os segredos menores em tais ritos têm seu va lor mágico especial, e assim eles sempre terão um certo uso para certos tipos de mentes. O verdadeiro eeito mágico no candidato pode também ser de grande validade para ele, e o treinamento e a disciplina são sempre úteis. Mas como questão de propaganda eles são absurdamente lentos, pesados e desajeitados; a parte secreta é puramente cômica enquanto houver quaisquer Gerald Yorkes no mundo. [Pontos importantes aqui: 1. Germer é claramente apontando como O.H.O após a morte de Cro-

wley  Novas pessoas podem ser iniciadas na O.T.O., mas precisam aceitar  ormalmente o Livro da Lei 

Crowley – Grady McMurtr y, 21 de novembro de 1944: ‘O Caliado’. Você deve perceber que não importa o quão intimamente observemos olho-a-olho em qualquer assunto objetivo, eu devo pensar em premissas totalmente dierentes daquelas concernentes à Ordem. Uma das (surpreendentes poucas) ordens que me oram dadas oi ‘não cone em um estranho: não alhe com um herdeiro’. Isto tem sido muito maligno para mim. Fr.’. [Saturnus] é, claro, o Calia natural; mas há muitos detalhes acerca da real política ou trabalho que escapam a ele. Em todo caso, ele pode apenas ser um substituto por causa da sua idade; tenho que procurar seu sucessor. Isto tem sido um Inerno; tantos têm vindo com promessas maravilhosas, apenas para cair nas pedras. [...] Mas — e aqui é que você tem perdido meu ponto de todo — eu não penso em você deitado em uma encosta verdejante com adoráveis carneiros, tocando uma auta! Ao contrário. Sua vida verdadeira, ou ‘sangramento’, é o tipo de iniciação que busco como base primordial para o Calia. — Para — digamos 20 anos — por isso o Cabeça Externo da Ordem deve, entre outras coisas, ter tido a e xperiência da guerra como ela realmente é de ato presentemente.

 2.

Uma nova ordem social a ser baseada nos documentos de constituição da O.T.O. 3.

4. O rito público Central deve ser a Missa Gnóstica Os rituais de iniciação são lentos como propaganda, mas têm um valor mágico especial e, como a carta anterior atesta, “são uma base esplêndida para o ensino prático”. 5.

 Aqui nós podemos ver precisamente como Crowley pretendia direcionar a O.T.O. após sua morte. A última linha aparenta antecipar problemas de sigilo na era da Internet.] Nota no diário de Crowley, 13 de março de 1942: Sumário da carta para Saturnus em 12-14 de março. Toda minha propriedade está agora na OTO. A reivindicação de Pearl´s Carey St deve ser eita a você como GTG. Saturnus é legatário do residuário & meu sucessor como OHO. Instruções para ele agir como tal (1) ormar núcleos de IXº (2) Ordem Social Eqx. III 1 & 2 (3) Missa Gnóstica. Como escolher seu próprio sucessor. [Crowley aponta que ez sua Última Vontade & Testamento, no qual  documenta todas suas propriedades como sendo da O.T.O. e instrui      l    t    a seus advogados de que Germer é o Grande Tesoureiro Geral e que de   o    c     l    a verá suceder Crowley como Cabeça Externa da Ordem (O.H.O.) após    z    t    e    u sua morte. ]     Q    a     j    o     L   —    s     i    t    n    e     i    r     O     i     l Crowley inicia McMurtry no IXº grau da O.T.O.    p    m    e     T    o     d    r     O

1943

1944

[Nota para que “Calia” é o termo árabe para “sucessor”, e quando Crowley se reere a “Caliato” ele está simplesmente alando da liderança da O.T.O. após sua morte. Ele não dá aqui o título de Calia para McMurtry – Crowley está simplesmente constatando que Karl Germer  é seu sucessor natural, mas também que ele (Crowley) está tentando achar o sucessor de Germer. Crowley menciona explicitamente que está preocupado com a idade de Germer e que ele pode ser apenas uma solução provisória; e que daqui a cerca de 20 anos ele visualiza McMurtry como seu possível sucessor como O.H.O. Observação um tanto quanto premonitória – uma vez que, na realidade, isto levou 25 anos.]

1945 Nota no Diário de Crowley, 7 de fevereiro de 1945: “Feb. 7 para Saturnus política de renanciamento da O.T.O. (1) Os direitos autorais de A.C. pertencem a O.T.O. Cada novo livro, ajuste de texto, ou o que or, é um ganho direto da O.T.O.. Mantê-lo vivo e trabalhando, com a ajuda de um secretariado, deve ser importância de primeira mão para os Fundos, conhecidos por “Fundos de Publicação” ou por outro nome. (2) Valor a Grant. Se eu morrer ou or para os EUA, deve haver um homem treinado para tomar conta da O.T.O. inglesa....” [Aqui Crowley planeja que os direitos autorais de seu trabalho pertencem a O.T.O. e que o Fundo de Publicação deve ser visto como um investimento nisso. Note-se que Crowley não menciona Grant como nada mais que um possível encarregado pela flial inglesa da O.T.O. Não há nenhum sinal de autoridade dada além dessa. Compare-se esta à autoridade já conerida a Karl Germer em 1942, e à carta de Crowley a McMurtry, em 1944, onde o menciona como possível Calia após Germer. Grant é raramente mencionado no diário de 1946 e não

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é mencionado em nenhum momento no diário de 1947, presumivelmente porque ele e Crowley tinham rompido a essa altura.] Nota no diário de McMurt ry, 16 de junho de 1945: Nós [Aleister Crowley & ele mesmo] estávamos discutindo os problemas dele numa tarde que era praticamente uma daquelas da Loja Ágape em Los Angeles. Num dado instante eu disse: “Já que você me conhece, e eu conheço eles, quando eu chegar em casa (Caliórnia) eu vou dar uma olhada na situação e escrever um relatório para você”. Ao que ele  alou: “Está bem. Eu agora te nomeio Grande Inspetor Soberano Geral da Ordem”. Esse oi o único título puramente verbal que eu recebi de Crowley e para este eu não tenho nenhum documento, já que Crowley não me deu um naquele momento.

1946 Crowley – McMurtry, 22 de ma rço de 1946: Esta é a autorização para que Frater Hymenaeus A (Cap. Grady. L Mc Murtry) tome controle de toda a Ordem na Caliórnia. Para reormar a organização de acordo com seu relatório de 25 de janeiro de1946 e.v. sujeito à aprovação de Frater Saturnus (Karl J Germer). Essa autorização deve ser usada apenas em caso de emergência. Amor é a lei etc. Baphomet. O.H.O. [O relátorio mencionado oi o relatório de McMurtry sobre a Loja Ága pe, na Caliórnia, empreendido por McMurtry sob o encargo de Grande Inspetor Soberano Geral da Ordem mencionado acima. Crowley  fcou muito satiseito com o relatório e deu a McMurtry a autoridade de tentar resolver os problemas mencionados nele. Note-se que a autoridade dada aqui é para ser usada apenas em emergência – provavelmente no caso da Loja Ágape não poder resolver seus problemas sozinha. Já que um tempo depois a Loja Ágape começou de ato a ruir e Germer morreu sem estar apto a reverter o processo, eu acho que  pode ser razoável considerar tal ato uma “emergência”.] Crowley – McMurtry, 11 de abril de 1946: Este é o apontamento de Frater Hymenaeus A. Grady Louis McMurtry IXº grau da O.T.O. como Nossa representação pessoal nos Estados Unidos da América, e sua autoridade é para ser considerada como Nossa, sujeita à aprovação, revisão ou veto de nosso Vice-Rei Karl Johaness Germer IXº da O.T.O. da Rua 72 com Oeste 260, Nova Iorque. [Uma autoridade maior que a precedente. Aqui Crowley aponta ex plicitamente McMurtry como grau IXº e dá a ele completa autoridade  para representar Crowley em todos EUA, contanto que Germer não tivesse nenhum problema com isso. A menção de ambos, tanto Germer  quanto McMurtry, como membros do IXº grau mostra que Crowley  está conerindo autoridade especifcamente dentro do contexto da O.T.O.. Note-se que, ao contrário da autorização anterior, esta não está condicionada a uma situação de emergência – está plenamente ativa desde que não haja objeção de Germer. É a única vez que Crowley  conere completa autoridade para outro membro da O.T.O. e ela nun-

ca oi rescindida, nem por ele nem por Germer. Assim, após a morte tanto de Crowley como de Germer, McMurtry se torna a única pessoa na Ordem portando credenciais ofciais de liderança.]

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Germer – McMurtr y, 24 de maio de 1946: ... em qualquer passo que você decidir dar com minha aprovação. Cooperemos completamente. [Germer não az objeções à comissão conerida a McMurtry e atesta seu desejo de trabalhar junto a ele, conorme o desejo de Crowley.] Crowley – Germer, 19 de junho de 1946: A única limitação ao poder dele [McMurtry] na Caliórnia é que qualquer decisão tomada por ele está sujeita a revisão ou veto por você. [Note-se que Crowley remove a cláusula da “aprovação”, de modo que McMurtry tem autoridade para trabalhar livremente, a não ser que Germer se oponha especifcamente.] Germer – McMurtr y, 7 de agosto de 1946: Estou em posse dos dois documentos que você me enviou; não vejo razão para que você não deva mostrá-los para Roy [Lefngwell] e para quem quer que tenha título para vê-los. [Germer mostra seu reconhecimento da autoridade que Crowley deu a McMurtry, e sua aprovação para o uso de ambos os documentos.]

1947 Crowley – Gerald Gardner, maio de 1947: Faze o que tu queres será o todo da Lei Nós Baphomet Xº Ordo Templi Orientis, Grande Mestre Geral Soberano de todas as nações de língua inglesa da Terra autorizo nosso amado lho Scire (Dr. G.B. Gardner), Príncipe de Jerusalém, a constituir um acampamento da Ordo Templi Orientis no grau de Minerval. Amor é a lei, Amor sob Vontade Com o testemunho de minha mão e selo, Baphomet Xº Crowley – W.B. Crow, 30 de maio de 1947: Eu sugiro que você encaminhe todos seus seguidores da cidade de Londres para o Dr. Gardner, para que ele possa conduzi-los devidamente pelo grau de Minerval e alguns possam ao menos ajudá-lo a estabilizar os acampamentos para os graus superiores, até o de Pereito Iniciado ou Príncipe de Jerusalém. Crowley – Germer, 6 de junho de 1947: Você parece em dúvida quanto à sucessão. Nunca houve qualquer questão a este respeito. Desde sua reaparição Você é o único su-

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cessor em que tenho pensado até este momento. Tenho, de qualquer orma, a ideia de que, tendo-se em vista a dispersão de tantos membros, você deveria achar útil apontar um triunvirato para trabalhar sob seu comando. Minha ideia é Mellinger, McMurtry e, eu suponho, Roy [Lefngwell], apesar de eu sempre ter estado um pouco duvidoso em relação à lealdade deste último. [...] Eu devo deixar a decisão de ormar um triunvirato após minha morte inteiramente para você. Gardner – Crowley, 14 de junho de 1947: Gardner paga Crowley 10/10 para se aliar ao VIIº grau da Ordem. Crowley – McMurt ry, 17 de junho de 1947: Já az um tempo que não ouço notícias suas. Esse é um grande erro: eu te digo porquê, em estrita condência. Na ocasião de minha morte, Frater Saturnus é obviamente meu sucessor, mas, após sua morte, o terrível ardo da responsabilidade pode muito acilmente cair sobre seus ombros: por essa razão eu gostaria de manter você em contato próximo comigo.

EU DOU E LEGO meus livros, escritos e resultados literários assim recolhidos para meus Executores literários, livres de qualquer dever mortuário, NA CONFIANÇA que eles arão o mesmo ao Grande  Tesoureiro Geral da Ordo Templi Orientis (Ordem do Templo do Leste) na Rua 72 com a Oeste 260, Nova Iorque, com o requerimento que tal coleção deverá ser para o uso e beneício absoluto da Ordem citada e EU DECLARO que o recebimento do Grande Tesoureiro Geral da Ordem citada deve ser uma licença suciente para meus Executores literários em relação ao pagamento de minhas dívidas e despesas unerárias e testamentárias

EU AQUI REVOGO todas vontades e testamentários disponíveis até agora eitos por mim

EU PLANEJO LEGAR E APONTAR todo o restante de minhas posses, bens e resultados aos citados Karl Johannes Germer, Lady Frieda Harris e Louis Unraville Wilkinson, se vivos na data da minha morte, e se mais de um, igualmente entre eles para o beneício dele ou dela, mas requisitando-se que ele ou ela disponha igualmente do mesmo entre meus amigos éis de acordo com quaisquer desejos expressos por mim durante minha vida ou apontado em qualquer memorando escrito ou assinado por mim ou deixado entre meus documentos quando de minha mor te, declaro que tal memorando não deve ser julgado como parte de meu Testamento nem deve a e xpressão anterior de meus desejos criar qualquer disputa ou obrigação legal.

EU ORIENTO que meus executores testamentários devem se certicar como melhor acharem e para além de qualquer suspeita de qualquer possibilidade de erro no ato da minha morte

EM TESTEMUNHO a partir do qual eu até aqui ponho minha mão neste décimo nono dia de junho de mil novecentos e quarenta e sete.

EU DESEJO que, ao meu alecimento, meu corpo seja cremado, as cinzas sejam preservadas num caixão junto a meu anel-selo e que eles sejam conados ao Grande Tesouro da Ordo Templi Orientis

[Aqui, a parte importante para a O.T.O. é a seção reerente aos resultados literários: “EU DOU E LEGO meus livros, escritos e resultados literários... ao Grande Tesoureiro Geral da Ordo Templi Orientis... para o uso e beneício absoluto da Ordem citada.” É claro que ele queria que todos seus resultados literários (o que inclui os direitos autorais) ossem para a O.T.O. e aponta especifcamente o endereço de Germer como o lugar   para onde deveriam ser e nviados.]

A Última Vontade & Testamento de Crowley, 19 de junho de 1947: “ESTA É A ÚLTIMA VONTADE de mim, EDWARD ALEXANDER CROWLEY, comumente conhecido como Aleister Crowley de “Netherhood”, O Guardião de Hastings, Sussex, Inglaterra

EU APONTO Karl Johannes Germer da Rua 72 com a Oeste 260, Nova Iorque, Lady Frieda Harris, a esposa de Sir Percy Harris da 3 Devonshire Terrace Marylebone High Street London W.1. e Louis Umraville Wilkinson, Doutor em Letras cujo endereço é Westminster Bank Limited Shatesbury Avenue London W.C.1 para serem Executores de meu testamento (aqui reeridos apenas como meus Executores), exceto no tocante às propriedades e resultados (incluindo direitos autorais) relacionados a minha prossão de au    l    t    a tor, para quais propriedades e resultados    o    c     l    a    z    t    e    u     Q    a     j    o     L   —    s     i    t    n    e     i    r     O     i     l    p    m    e     T    o     d    r     O

dos resultados sobre os quais eu, na data da minha morte, possa ter poder de opinar ou apontar e

Crowley – Germer, 30 de junho de 1947: A Inglaterra em particular está começando a parecer muito brilhante: estaremos começando um Acampamento de Minerval durante o verão se o plano seguir como oi providenciado. [Esse era o Acampamento proposto sob a liderança de Gardner.]

EU APONTO Louis Unraville Wikinson e John Symonds da 121 Delside Road London W.C.3. ditos como os executores (de agora em diante reeridos como “meus executores literários”) EU ORIENTO meus Executores literários a recolher o mais brevemente possível, após minha morte, todos meus livros, escritos e resultados de natureza literária de qualquer maneira, incluindo to-

Crowley – Frederic Me llinger, 15 de julho de 1947: Estou de ato bastante ansioso para que você mantenha contato próximo comigo, apenas porque penso ser possível que, após eu e Frater Saturnos partirmos para o plano seguinte, você pode se descobrir enlaçado com toda responsabilidade de carregar o trabalho da Ordem.

2  7 

[Fica evidente nessas cartas ao longo de junho-julho que Crowley sabia que sua morte se aproximava e tentava assegurar que a sucessão devida aconteceria na O.T.O. – com Germer como Cabeça, McMurtry  e Mellinger como substitutos em caso de emergência].

tinha, alguns Rituais datilograados. Eu sei. Eu também os tenho, mas eu não quero que caiam nas mãos de outras pessoas, eu os comprarei dos Executores por um preço razoável, junto a qualquer outra relíquia que eles estejam querendo vender.

Crowley morre no dia 1 de dezembro de 1947 Membros conhecidos da O.T.O. na data da morte de Crowley: Karl Germer X°

[Note-se que Gardner não era o membro de grau mais alto da Europa, nem mesmo na Inglaterra, mas de todo modo ele era a única pessoa no momento com uma Carta para realmente iniciar novos membros na Ordem.]

Europa Frederic Mellinger IX° Herbert Smolke? Doktor von Oldershausen? Reino Unido W.B. Crow? David Curwen IX° Edward Noel Fitzgerald IX° Gerald Gardner VII° Frieda Harris (IV°?) Louis Umraville Wilkinson (IX°) EUA Meeka Aldrich Mildred Burlingame Ray Burlingame Louis Culling IX° Mary Kay? Roy Lefngwell IX° Grady McMurtry IX° Georgia Schneider IX° Jean Schneider IX° Max Schneider IX° Phyllis Seckler Helen Parsons Smith (IX°?) Wilred Smith IX° (suspenso) John Whiteside Parsons IX° (pediu aastamento, depois se reintegrou?) Jane Wole IX° [A lista ainda está incompleta.] Frieda Harris – Mellinger, 7 de dez embro de 1947: Você é o cabeça da Ordem aqui ou era Gardner? Não consigo achá-lo, eu imagino que ele morreu? [Gardner estava vivo, mas muito doente, na América. Não há menção de Grant como possível líder na Inglaterra. Frieda Harris assume que Mellinger e Gardner são os ofciais gerais na Europa.] Gerald Gardner – Vernon Symonds, 24 de dezembro de 1947: Aleister me deu uma carta me tornando o cabeça da O.T.O. na Europa. Agora eu quero qualquer papel sobre aquilo que Aleister

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1948 Harris – Germer, 2 de janeiro de 1948: Eu acho que sou um membro da O.T.O.. Eu costumava receber a Palavra do Equinócio. G.B.Gardner, 282 Strathmoore Círculo de Memphis 12 Tenn. é o cabeça da O.T.O. da Europa – Dr. W.B.Crow, 227 Gleneld Road Western Park Leiceste tem autoridade dada por A.C para trabalhar na O.T.O. e na Igreja Gnóstica Católica. Você escreveria para ele? Noel Fitzgerald Fitzgerald 24 Belsize Road N.W6 também parece ter sido convidado a iniciar o Sr. Gardner e pode ser um membro. Germer – Grant, 5 de outu bro de 1948: Germer manda para Grant seu certicado e ormulário de iniciação ao IXº, com assinatura de conrmação por Gerald Yorke. [Note-se que isso signifca que Grant não recebeu ormalmente seu IXº  até depois da morte de Crowley.]

1960 Gardner – John Symonds, deze mbro de 1950: Eu tentei começar uma ordem, mas quei doente e tive que deixar o país. Depois da morte dele [Crowley], oi dito para Germer que eu era o cabeça da Ordem da Europa, e Germer me reconheceu como tal, mas por causa da saúde ruim eu não tenho sido capaz de dar andamento às coisas. Eu tinha algumas pessoas interessadas, mas alguns oram mandados para a Alemanha com o exército de ocupação e outros viviam muito longe, então nada aconteceu. Na verdade, eu não tenho todos os rituais. O ritual de K.T. oi perdido; Gerald Yorke acha que ele pode não ter sido nunca escrito. Eu tenho até o Príncipe de Jerusalém. Você não sabe nada sobre os graus perdidos, eu suponho. [Gardner parece se reerir a carta de Harris para Germer em 1948. Não há razão para duvidar da alegação de Gardner de que Germer o reconheceu como o dirigente da O.T.O. na Europa. Note-se que esse é um caminho de mão dupla – Gardner implicitamente também reconhece que Germer é seu superior e, assim, o Cabeça da O.T.O. internacional.  A menção à gente na Alemanha provavelmente se reere a Mellinger, que estava trabalhando como tradutor e interrogador do exército de ocupação – eu assumo que Germer tinha inormado Gardner do pa-

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radeiro de Mellinger a essa altura.]

1951 Germer – Grant , 5 de março de 1951: Faze o que tu queres será o todo da Lei. Com o poder investido a mim por BAPHOMET, o último O.H.O. da ORDO TEMPLI ORIENTIS, eu por meio desta concedo a Fra. AOSSIC IXº O.T.O. (KENNETH GRANT) direito de constituir um acampamento da Ordem acima citada no vale de Londres, Inglaterra. Amor é a lei, amor sob vontade. Saturnus Xº O.T.O. New York, N.Y. 5 de março, 1951. [Uma vez que Gardner está agora admitindo que não ez nada com a O.T.O. na Europa, parece que Germer está procurando alternativas, tendo dado a Grant uma Carta para o Reino Unido. Ao dirigir o Acam pamento, implicitamente Grant aceita a autoridade internacional de Germer sobre a O.T.O. – de outro modo, a Carta não teria nenhum signifcado.] Germer – Mellin ger, 25 de setembro de 1951: ... vá em rente com a O.T.O. se você achar que deve. A carta dele [Metzger] para você em 21 de setembro não parece pegar o touro pelo chire, como ele deveria. Eu gostaria da O.T.O. operativa na Europa Central nas nossas linhas, não naquelas de Reuss. [Novamente Germer parece estar buscando por alternativas européias agora que Gardner desistiu. Germer dá a Mellinger autoridade para dirigir a O.T.O. na Europa Central.] Mellinger, 28 de o utubro de 1951: Mellinger inicia Hermann Metzger no IXº grau da O.T.O. em Hamburgo, o certicado assinado depois por Karl Germer como O.H.O. [Mellinger usa sua autoridade para iniciar Metzger. Isto revela que Metzger claramente aceita a autoridade de Mellinger para iniciá-lo, e aceita Germer como o Cabeça da Ordem.]

    l    t    a    o    c     l    a    z    t    e    u     Q    a     j    o     L   —    s     i    t    n    e     i    r     O     i     l    p    m    e     T    o     d    r     O

Mellinger – Germer, 31 de outubro de 1951: Querido Karl, 93, essa é provavelmente minha última mensagem da Alemanha.  Tudo está preparado para mudar rumo a um novo ciclo em poucos dias. Desde sexta da semana passada até segunda, Metzger esteve aqui e camos cerca de 24 horas juntos alando sobre The-

lema. A tarea não oi toda diculdade para mim, mas um tanto agradável, ao que M. mostrou-se um estudante sincero, muito talentoso e devoto à Nova Lei com total e genuína submissão ao seu Logos. Todo o desejo é de receber o máximo de material possível para estudar e passar para seu grupo a sabedoria e conhecimento oerecidos no trabalho de Mestre Therion. Para começar, eu emprestei a ele minha cópia do Equinócio Azul, que ele pretende duplicar com microlme. Ao que ele e sua loja são iniciados do Iº até o IIIº grau da O.T.O. (na versão de Reuss), eu não hesitei em prometer os manuscritos correspondentes e pedi que ele os pegasse com Lekve, a quem ele ia visitar na segunda passada. Ele copiou o ormulário de aplicação que eu usei em Hildesheim, vai imprimi-lo decentemente em casa e tê-lo assinado por seus dezesssete Irmãos e enviar as aplicações para você. Ele é ávido para pôr em prática a Missa Gnóstica e eu prometi ajudá-lo com uma revisão da tradução alemã, que ele vai mandar para nós, e com as instruções disponíveis. Ele também quer iniciar seu grupo cerimonialmente nos três primeiros graus da Ordem “reormada”, tão logo ele receba a autorização para isto, e irá estar tecnicamente pronto... ... Amor é a lei, amor sob vontade. Sempre seu, Frederic. [Mellinger está claramente trabalhando próximo a Germer e sob sua autoridade, aceitando-o como O.H.O. Ninguém no grupo de Metgzer  era maior que IIIº grau a essa altura. Mellinger vai receber aplicações dos membros do grupo de Metzger para entrar na O.T.O. dirigida por  Germer. Depois dessa carta, Mellinger se mudou para a Suíça para trabalho direto de inspeção da Loja Suíça. A reerência a (Friedrich) Lekve e a Hildesheim (onde Lekve vivia – e era Preeito!) implica que Mellinger já tinha viajado para iniciar Lekve pelo menos no IIIº dentro das instruções anteriormente dadas mensalmente por Germer. Alegações uturas de que “não havia iniciações na O.T.O. sob direção de Germer”  são assim alsas.] Testamento de Germer, 4 de dezembro de 1951: Eu deixo a totalidade de minhas propriedades e posses à minha amada esposa Sascha Ernestine André-Germer como a única herdeira [...] Em relação à propriedade da Ordem Ordo Templi Orientis [...] Eu oriento que seja passada para os Cabeças da Ordem [...] minha esposa [...] deve ser a executora dessa parte de meu testamento, junto a Frederic Mellinger.

1955 Kenneth Grant – Manifesto da Loja Nova Ísis: ... A Loja Nova Ísis está de acordo com o Mestre Therion (um Grande Mestre da O.T.O. no Passado), com o presente Mestre S., que é o Cabeça Mundial da O.T.O. no Exterior, operando nos Estados Unidos da América... [O “Mestre S.” presumivelmente se reere a Saturnus, mote de Karl Ger-

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mer. Essa rase parece invalidar a alegação utura de Grant de que ele nunca aceitou Germer como Cabeça Internacional da O.T.O.] Germer – Grant, 20 de julho de 1955: Ao senhor Kenneth Grant NOTIFICAÇÃO DE EXPULSÃO Faze o que tu queres será o todo da Lei. Você está notiicado que a muito pouca e limitada autoridade que eu te dei para estabelecer um Acampamento da O.T.O. no vale de Londres está retirada e eu ormalmente te expulso da Ordo Templi Orientis. Você abusou grosseiramente da coniança depositada em você. Ao imprimir e distribuir um assim chamado “Maniesto” sem minha aprovação e pelas minhas costas, você mostrou que lhe altam senso de decência e a autoridade devida. Ao veicular airmações alsas e enganosas, imprimindo mentiras deslavadas e se movendo sobre alsos pretextos, você se revelou moral e espiritualmente desonesto e provou ser totalmente indigno da liderança de qualquer causa que esteja ligeiramente conectada com uma Ordem como a O.T.O., muito menos de uma causa como a Lei de Thelema.

Karl Germer

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Frater Superior O.T.O. Xº O.T.O. [A linguagem aqui é inequívoca. Nesse momento, ninguém no Reino Unido tem uma Carta para iniciar novos membros ou dirigir um corpo da O.T.O. Noel Fitzgerald serve como representante de Germer até sua morte, em 1958. Nessa data, os únicos membros da O.T.O. no Reino Unido são Harris & Wilkinson e, após a morte deles, todas as atividades cessaram até os anos 70. Note-se que em ambas as cartas Germer  assina como Frater Superior da O.T.O., sendo disparates algumas alegações uturas de que Germer nunca teria usado esse título.]

1962 Karl Germer morre em 25 de outu bro de 1962 [A mulher dele não inorma Mellinger ou McMurtry sobre sua morte e Mellinger nem mesmo é nomeado como co-executor do Testamento de Germer. Ao invés de passar adiante as propriedades da O.T.O., ela as retém consigo. Ela escreve para Metzger e para um estudante de Germer na A.A., Marcelo Motta, dizendo a cada um deles que era vontade de Germer que eles ossem Cabeças da O.T.O. Isto apesar do ato de Sascha Germer nunca ter sido membro da O.T.O.! A partir dessa desinormação, criou-se muita conusão na próxima década.]

Amor é a lei, amor sob vontade. Membros conhecidos da O.T.O. na data da morte de Germer Karl Germer X° e Frater Superior O.T.O. Hampton N.J. 20 de julho de 1955 Germer – Noel Fitzge rald, 20 de julho de 1955: Hampton N.J. P.O.Box 581

Europa Annemarie Aeshbach IX° Anita Borgert IX° Frederic Mellinger IX° Hermann Metzger IX° Reino Unido Gerald Yorke (IX°?)

16 de dezembro de 1955 A QUEM POSSA INTERESSAR. Foi reportado a mim que há pessoas na Grã-Bretanha operando em nome da O.T.O. – Ordo Templi Orientis. A única autoridade para as nações de língua inglesa reside no presente Frater Superior da O.T.O., Frater Saturnus, Karl Germer. Não há ninguém na Grã-Bretanha com uma Carta válida da O.T.O. Na Grã-Bretanha, qualquer atividade sob este título é portanto espúria. Por meio desta eu aponto o Sr. Noel Fitzgerald, London W.1. como meu representante pessoal nos assuntos da O.T.O. para a Grã-Bretanha – válido até revogação – a im de reportar para mim quaisquer atividades ou reivindicações ilegais; enquanto toma ações que ele considere apropriadas.

Estados Unidos Mildred Burlingame (IX°?) Ray Burlingame (IX°?) Louis Culling IX° Roy Lefngwell IX° Grady McMurtry IX° Georgia Schneider IX° Jean Schneider IX° Max Schneider IX° Phyllis Seckler (IX°?) Helen Parsons Smith (IX°?) Jane Wole IX° Gabriel Montenegro (III°?) [A lista ainda está incompleta – altam muitos membros da Suíça. Eu também não tenho inormações sobre membros – ou se ao menos

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restava algum – em atividade no Reino Unido.]

1963 [Metzger unilateralmente tenta proclamar a si mesmo O.H.O. em janeiro, apesar de Mellinger ser seu iniciador e o membro de mais alto grau da O.T.O. na Europa, e apesar também de haver muitos outros membros de IXº grau ativos nos EUA. Mellinger descobre sobre isso em setembro deste ano quando recebe uma carta dos advogados da Sra. Germer.] Mellinger – Gard Chisholm, 25 de setembro de 1963: Querido Sr. Chisholm, Eu recebi sua carta de 20 de setembro, 1963, com a cópia anexada da Petição de Legitimação de Testamento que a Sra. Germer pretende assinar e arquivar. Você está pedindo minha opinião sobre a petição. Aqui vai: Pelas razões a seguir, eu preciso me opor à declaração na petição: “O testamento oi executado em todas as indicações”. 1) Como você sabe, o Testamento deine (em relação à propriedade da Ordem Ordo Templi Orientis) que “seja passada para os Cabeças da Ordem” e que “Frederic Mellinger deve ser co-executor (sic, no testamento está “executor”) dessa parte do  Testamento.” 2) A Sra. Germer decidiu – sem pedir minha opinião nessa importante quest ão pertencente a “essa par te do Testamento”, sem contatar-me em absoluto – aceitar o estranho “Maniesto” de Herr Metzger (impresso na primavera) como uma verdade evangélica e reconhecê-lo como “Grande Mestre Xº da Ordem e Soberano Grande Mestre Geral” (sic!). Nem a Sra. Germer, nem Herr Metzger (que pelos últimos seis anos enviou-me regularmente seus panletos, o que mostra que ele sabia muito bem meu endereço) me notiicaram antes de 28 de março de 1963 sobre a morte de Karl Germer (em 25 de outubro de 1963). [sic, deveria ter escrito 1962] ou sobre sua “eleição” impostora em 6 de janeiro de 1963. Minhas questões sobre com que autoridade Metzger assumiu os títulos acima e com que direito ez uma “convocação dos Príncipes Patriarcas” no vilarejo de Stein, Suíça, para sua “eleição”, nunca oram respondidas nem pela Sra. Germer, nem por Metzger. Tampouco pude obter uma explicação sobre as negociações que aconteceram entre os dois durante os cinco     l    t    a meses antes de me contatarem. Eles assim resolveram violar (e    o    c     l    a    z    t não “executar”, como atesta a Petição) o Testamento do alecido.    e    u     Q    a     j    o     L

  —    s     i    t    n    e     i    r     O     i     l    p    m    e     T    o     d    r     O

Karl Germer nunca en controu Herr Metzger na sua vida. Em 25 de  junho de 1951, ele escreveu para mim sobre M. tê-lo contatado por carta, pediu para eu “aconselhar aquele grupo” e deixou totalmente sob meu julgamento passar algumas instruções a Metzger, possivelmente conduzindo “aquele jovem rapaz” em algum avanço na Ordem.

Herr Metzger revelou para mim – não-intencionalmente, é claro – de onde ele tirou a coragem de reivindicar o alto escritório da Ordem num inantil “coup d’etat’” (golpe de estado); especialmente ao imprimir na primeira página de seu impostor “Maniesto” os mottos a seguir: “Ser ou não ser, eis a questão”. E “Hier stehe ich, ich kann nicht anders” (Aqui estou, não posso renunciar), aquelas bravas palavras de Martin Luthero. – Assim ele apontou involuntariamente para a única autoridade que ele tinha, mostrando suas aspirações ditatoriais: seu inado Ego. Mas a Sra. Germer cou impressionada e maliciosamente anuiu com seu consentimento, ignorando o “sagrado” (como ela disse), mas aparentemente desconortável Testamento de seu alecido marido e meu papel como co-executor. {sic} Sinceramente seu, {assinado} (Dr. Frederic Mellinger)

1966 Grant – Symonds (data desconhecida): No dia 5 de março de 1951, eu obtive uma Carta do Cab eça Externa da Ordem (Frater Saturnus/Karl J. Germer). [Note-se aqui que Grant nomeia especifcamente Germer como o Cabeça Externa da Ordem da O.T.O. após a morte de Crowley e como onte da autoridade do próprio Grant.]

1969 McMurtry nalmente descobre sobre a morte de Germer, quase sete anos depois do ocorrido. Entendendo que a O.T.O. agora não tinha um O.H.O. (como Crowley previu que poderia acontecer), ele usou suas cartas de autorização escritas por Crowley e conclamou todos os membros remanescentes da O.T.O. para trabalhar com ele e reconstruir a Ordem.

Sumário Karl Germer Iniciado no IX° grau por Crowley em 1925, e X° em 1941 Recebeu muitas autorizações claras de Crowley que o nomeavam seu sucessor como O.H.O.  Todo membro ativo da O.T.O. no mundo inteiro aceitou sua autoridade em escritos nos anos 50 Indiscutível Cabeça Externa da Ordem da O.T.O. após a morte de Crowley Grady McMurty Iniciado no IX° grau por Crowley em 1943 Recebeu várias cartas de Crowley nomeando-o como possível sucessor de Germer Recebeu autorização clara de Crowley para ser seu representante pessoal

 3  1 

As autorizações de Crowley oram aceitas como válidas por Germer Continuou trabalhando como Grande Inspetor Soberano Geral sob autoridade de Germer

Recebeu seu IXº grau de Germer, após a morte de Crowley Dirigiu um corpo local em Londres, iniciando até o IIIº grau, sob autoridade de Germer Expulso da O.T.O. por Germer

Frederic Mellinger Data do IX° grau desconhecida, mas certamente o tomou sob a direção de Crowley Recebeu carta de Crowley nomeando-o como possível sucessor de Germer Dirigiu a O.T.O. na Europa Central sob autoridade de Germer, iniciando até o grau IXº Rejeitou especicamente a reivindicação de Metzger ser O.H.O. após a morte de Germer

Hermann Metzger Iniciado ao IXº grau por Mellinger, sob autoridade de Germer Após a morte de Germer, reivindicou ser o O.H.O, sem contatar os outros membros da Ordem ora da Suíça Sua reivindicação oi desmentida por seu superior imediato, Mellinger

Gerald Gardner Foi um membro de VII° grau sob autoridade de Crowley Dirigiu um acampamento por pouco tempo, que alhou  Tentou dirigir a O.T.O. na Inglaterra após a mor te de Crowley, mas desistiu Kenneth Grant Crowley o menciona uma vez em seu diário como um possível responsável pela O.T.O. na Inglaterra

 A   r   t   i     g  o

Marcelo Motta Reivindicou ser membro da O.T.O. mas nunca teve qualquer autorização para atuar como ocial de qualquer gênero De tudo isso, as cartas de autorização de McMurtry mostram-se as únicas que qualquer um já produziu que são válidas para reivindicar a sucessão como Cabeça da Ordem. Nenhuma das outras reivindicações estão amparadas em documentação que nós tenhamos disponível. É especialmente notável que houve tantas reivindicações e contra-reivindicações nas quatro décadas passadas baseadas em absolutamente nenhuma evidência, e que, na verdade, muitas delas oram levadas a sério.

E   s   t   r   e l     a R   u  b  i   

    2     3

  a   c    i   m    ê    l   e    T   a   c   e    t   o    i    l    b    i    B

HOOR  HOORÁCULO

A estrutura da O.T.O. como a da Maçonaria ou de qualquer outra escola antiga dos Mistérios, baseia-se em um sistema iniciático onde se utilizam ritos correspondentes a graus, elaborados de orma a instruir o indivíduo, através de símbolos e alegorias, sobre os proundos mistérios da natureza, auxiliando o indivíduo a desvendar sua verdadeira identidade. Porém, além de uma estrutura administrativa, nada mais restou dos ensinamentos Osirianos divulgados por entidades Maçônicas. A Ordo Templi Orientis é hoje uma digna divulgadora da Lei de Thelema em todos os seus meandros.

Como a O.T.O. conciliou sua estrutura  maçônica, de origem osiriana, à órmula  do Aeon de Horus? Há mais ou menos um século atrás, a O.T.O., ainda nos meandros de seu nascimento na Alemanha, estava bastante ligada a alguns ritos da Maçonaria Européia. Anal de contas, não podemos esquecer que ela oi undada com a intenção de ser uma Escola para altas patentes da Maçonaria. Porém, a partir de 1918, tomando como base o Livro da Lei e poderosamente inuenciado pelo Aeon de Horus e sua Lei da Liberdade, Aleister Crowley determinou que a O.T.O. deveria ter a sua própria identidade, declarando a independência de seu sistema, separando-a denitivamente de qualquer estrutura pre-e xistente. O caráter Maçônico da O.T.O. incomodava ao Crowley por que a Maçonaria não permitia a iniciação de mulheres e Crowley julgava imprescindível a presença de mulheres iniciadas na O.T.O., também considerava os ritos maçônicos bastante enadonhos e inecientes para iniciarem pessoas com uma consciência moderna, ele acreditava que o conteúdo simbólico maçônico havia sido tão corrompido na atualidade que deixara de ter utilidade.

    l    t    a    o    c     l    a    z    t    e    u     Q    a     j    o     L   —    s     i    t    n    e     i    r     O     i     l    p    m    e     T    o     d    r     O

A partir desta data, Aleister Crowley reescreveu todos os ritos da Ordo Templi Orientis, desta eita sob a égide do Novo Aeon, bem como, alterou insígnias e modos de reconhecimento de modo a a que eles reetissem os ensinamentos da Lei de Thelema e não inringissem os direitos da Maçonaria. Sobre a renovação dos ritos da O.T.O. Crowley escreve: Eu devo ressaltar que a mudança essencial que é necessária em qualquer rito no qual eu tenha algum tipo de par ticipação é a completa renúncia do culto aos deuses escravos. É impossível a qualquer homem livre se ligar a um sistema que seja constituído por etiches de selvagens cujo único motivo para a ação seja o medo nascido de sua própria ignorância.

O Hooráculo é a resposta a uma pergunta. A cada edição, a pergunta de um leitor da Estrela Rubi será selecionada e a resposta a ela será dada  por um ou mais membros da Loja Quetzalcoatl. Caso queira submeter  sua pergunta de cunho mágicko ou thelêmico ao Hooráculo, a envie  para [email protected]. Nossa equipe editorial vai avaliar a pergunta mais inteligente e instigante e, se selecionada, vamos estudá-la, respondê-la e publicá-la na próxima edição. O Hooráculo só terá olhos – ou melhor, Olho – às perguntas mais desafadoras e que  possam ser de interesse geral.

 3   3 

s aiba  M ais sobre ...  a ordo teMpli orientis

 a l oja  Q Uetzalcoatl 

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Ordo Templi Orientis oi undada em 1904, na Alemanha, por Karl Kellner e Theodore Reuss — seu primeiro líder —, que buscavam estabelecer um Academia para maçons de altos Graus onde estes pudessem ter contato com as revelações iniciáticas descobertas por Kellner em suas viagens ao Oriente. A entrada de Aleister Crowley, em 1912, veio a alterar proundamente a Ordem, até que, naquele mesmo ano, a O.T.O. rompe seus laços com a Maçonaria e assume–se como uma organização independente e soberana.

A principal mudança trazida por Crowley para a ordem oi a implantação da Lei de  Thelema, conorme denida no Livro da Lei – Liber AL vel Legis, e o alinhamento da O.T.O. com as energias no Novo Eon, tornando esta Ordem a primeira nascida no Velho Eon a migrar para o novo. Em 1922 Crowley, com a morte de Reuss, assumiu a liderança da O.T.O.. Seu sucessor indicado oi o alemão Karl Germer, que governou a Ordem de 1947 a 1962. Como Germer não indicou um sucessor, após sua morte vários membros e não membros da Ordem tentaram assumir o controle da O.T.O. o que colocou a Ordem em sério risco de extinção. Assim, Grady McMurtry lançou mão de um documento expedido por Crowley que o autorizava a tomar o po der da O.T.O. caso esta se visse ameaçada. Assim, McMurtry tornou-se líder da Ordem em 1969, posição onde permaneceu até sua morte, em 1985. Após isso, por meio de um processo eleitoral levado a cabo pelos altos Graus da Ordem, oi empossado o atual Frater Superior, Hymenaeus Beta. Atualmente a O.T.O. está presente em mais de 70 países. No Brasil, a O.T.O. encontra–se desde 1995, com o antigo Acampamento Sol no Sul, substituído em 2000 pelo Oásis Quetzalcoatl, atual Loja Quetzalcoatl. Dando continuidade ao trabalho, em evereiso de 2010 ev oi aberto em Minas Gerais o Acampamento Opus Solis.

Loja Quetzalcoatl é um corpo ocial da Ordo Templi Orientis Internacional, undado em 23 de maio

de 2000 e.v. na cidade do Rio de Janeiro. Somos uma comunidade de homens e mulheres livres que se dedicam ao processo do auto-conhecimento e sua consequente expansão de consciência através dos princípios de Vida, Luz, Amor e Liberdade, pilares essenciais da Lei de Thelema.  Temos como um de nossos principais ob jetivos auxiliar no desenvolvimento de uma sociedade verdadeiramente livre da superstição, tirania e opressão onde o ser humano possa expressar a sua Verdadeira Vontade em plena harmonia com a essência divina que nele habita. Acreditamos que cada ser humano é uma estrela individual e eterna que possui sua própria órbita e que o objetivo primordial de sua encarnação não é outro senão descobrir as coordenadas dessa órbita e cumprir a sua Verdadeira Vontade, realizando a Grande Obra e alcançando a Felicidade Pereita. Nossos objetivos são alcançados através de um conjunto de Ritos Iniciáticos que visam despertar e ativar os chakras, propiciando a ascenção da kundalini e o acesso a estados mais elevados de consciência. Realizamos também o estudo teórico e prático da Filosoa de Thelema, Magia, Alquimia, Cabala,  Tarot, Tantra, e demais ciências herméticas que possam colaborar com o caminho de auto-iluminação dos nossos iniciados. Caso deseje inormações sobre nossas atividades ou sobre a aliação à O.T.O., consulte nosso site no endereço www.quetzalcoatloto.org ou entre em contato conosco.

E   s   t   r   e l     a R   u  b  i   

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